NO CAPÍTULO ANTERIOR: Godric's Hollow trás, de fato, inúmeras lembranças para Sirius, Arabella, Prisma e Ametista. É no casarão dos Black que há a misteriosa Bacia de Pandora, a qual provoca uma nova leva de emoções entre Ametista e Harry, que acabam se beijando. E como será o dia seguinte?

CAPÍTULO SEIS – O PÍER DE GODRIC'S HOLLOW

Despertou com dificuldade. A claridade atravessando a cortina prateada a fez lutar para abrir os olhos. Ouviu uma agitação no cômodo logo a sua esquerda. Levantou-se com dificuldade e caminhou até o banheiro. Notou através da porta nebulosa que o homem lavava seu cabelo.

         - Já acordado? – indagou Arabella sonolenta.

         - Não consegui ficar na cama com o cheiro de café. Senti saudades de Prisma...

         Sirius estava terminando seu banho quando percebeu a porta do box ser aberta e Arabella juntar-se a ele. O bruxo sorriu.

         - Você sentiu saudades dessa casa, Sirius! Dessa atmosfera... – disse a mulher concentrando seus olhos em Sirius num modo sedutor.

         - Da atmosfera Black? – supôs divertido.

         - O que posso dizer? – brincou Arabella. – Acho que eu também estava com saudades desse ar tão tradicional dos Black.

         - Sua família nunca resistiu muito ao encanto da minha, não é?

         Arabella sorriu. Sirius estava fazendo piadas logo de manhã sobre algo tão sério como aquele. Isso era definitivamente estranho, fora do comum. Mas, ela não estava pensativa o bastante para não se deixar levar por mais um beijo daquele homem. Ao final, ela empurrou Sirius contra a parede suavemente e perguntou:

         - Você pode brincar com tudo isso, mas você não pode brincar com Ametista. O que você irá fazer?

         Sirius bufou impaciente e abriu a porta do box irritado.

         - Por que você sempre faz questão de cortar o clima, Bella?! – aborreceu-se o homem. – Eu não vou fazer nada, só fui sincero ontem à noite!

         - Não, você não foi! – Arabella cruzou seus braços. – Sirius, deixe isso de lado pelo menos por um momento! Você sabe que daqui para frente, vocês terão de conviver juntos.

         Sirius balançou a cabeça em negação.

         - AH! Esqueceu-se de que Remo não estará mais em Hogwarts quando voltarmos para lá?! Você o substituirá, você sabe disso!

         O bruxo saiu do box, enrolou-se numa toalha branca estendida e bateu a porta do banheiro. Arabella suspirou chateada. "E ainda iremos até a França...", pensou aborrecida.

         Tomou seu banho rapidamente e envolveu-se num robe qualquer. Seus cabelos estavam molhados e pingavam água enquanto ela saía do banheiro. Sirius estava sentado na cama, preparado para o café. E pensar que aquele era ainda apenas o segundo dia! Arabella aproximou-se da penteadeira e olhou-se no espelho.

         - Eu sei que você quer evitar ao máximo falar nisso, mas...querendo ou não, é a realidade – arriscou a mulher, caminhando até Sirius. – Agora que o Remo está longe, você precisa tomar seu lugar, como ele tomou o seu um dia.

         Sirius suspirou.

         - Eu ainda não preparado para as perguntas, Bella.

         Arabella sorriu bondosa.

         - Prisma comentou a eles ontem sobre Thomas...

         O bruxo arregalou seus olhos para Arabella. Ela levantou uma das sobrancelhas velozmente, deixando-o lívido.

         - Preciso estabelecer algumas regras a Prisma.

         - De que vai adiantar?! Nós aumentaremos a pilha de mentiras e segredos em que vivemos todos esses anos, Sirius! Não vale a pena! Não mais! E, eu espero que você não tenha esquecido, daqui a duas semanas estaremos na França.

         Sirius nada respondeu e levantou-se da cama, dirigindo-se para fora do quarto. Parou fora dele quando Arabella disse:

         - Nós temos de contar para eles. Ou você prefere que eles saibam por outras pessoas?

         O homem tornou-se para ela e fingiu um sorriso, assim como Arabella. Ela correu até ele e o abraçou, alcançando seus lábios em seguida.

***

Hermione estava envolvida em seu roupão quando Harry entrou em seu dormitório, a face ligeiramente corada e a respiração irregular.

         - Harry! – Hermione gritou, já que não estava vestida direito.

         O jovem ficou mais vermelho ainda ao ver a amiga envergonhada.

         - Desculpa, Mione – pediu meio sem jeito. – Você sabe onde está a Ametista?

         - Não, não sei. – respondeu exasperada.

         Harry agradeceu e desceu a escada apressado. Hermione terminou de arrumar-se, deixando sua cama em perfeito estado assim como as roupas que vestira – seu pijama. Ao colocar o pé para fora de seu quarto, encontrou Sirius parado a frente da penúltima porta do corredor. Ao mesmo tempo, Rony saiu de seu dormitório e observou a cena.

         Hermione cruzou seu olhar com o do jovem. Permaneceu paralisada, observando os movimentos do padrinho de Harry. Rony ameaçou alcançar a escada, mas a garota o impediu, indicando com seu braço o homem. Rony estranhou e franziu a testa fortemente quando viu Hermione arregalar seus olhos incrédula. Virou-se e viu-se arregalando os próprios olhos igualmente: Arabella e Sirius estavam se beijando.

         Imediatamente, Hermione soltou um gritinho. Rony ainda tentou fazê-la calar, mas Arabella e Sirius já haviam percebido e estavam virando para olhá-los, bisbilhotando-os. Rony não sabia o que fazer, apenas surpreender a todos. Exatamente quando os adultos viraram-se para observá-los, Rony apertou Hermione contra a parede e a beijou. No segundo seguinte, Arabella e Sirius suspiraram aliviados, pensando que Hermione estava apenas surpreendida pela atitude de Rony. Voltaram para o quarto.

         Enquanto isso, Hermione sentiu-se perder a força que a mantinha em pé e agarrou-se na camisa que Rony usava, puxando-o mais para si. Como fazia falta aquele beijo! Mesmo que fosse por, talvez, um dia. Ele conseguia fazê-la completa, sentir-se amada. Porém, Rony a soltou no momento em que ela começara a aproveitar realmente aquele beijo.

         Ao separarem-se, Hermione estava com os olhos arregalados, cheios de pavor. Pavor por amar alguém dessa forma. Agora, ela tinha certeza que era amor. Rony ajeitou sua camisa que ficara fora de eixo por causa de Hermione e endireitou-se.

         - Isso foi só para...bem...para disfarçar.

         Hermione sentiu um balde de água gelada na cabeça. Rony engoliu em seco ao notar, finalmente, o vestido que a garota usava. Era de um rosa claro com detalhes brancos na gola e na barra da saia. Ela estava divina! E Rony segurou-se para não beijá-la novamente. Era verão, nada mais natural que usar um vestido para espantar o calor das vestes usuais.

         - Claro, claro. – respondeu Hermione insegura, descendo as escadas rapidamente.

         Depois que a garota sumira de sua visão, Rony conseguiu desviar seu pensamento por um segundo do corpo de Hermione. Estava recordando a cena entre Arabella e Sirius. Sentiu uma vontade louca de sair correndo até seu melhor amigo e contar-lhe o que descobrira. Mas, pensou melhor e achou mais sensato conversar com a garota sobre como abordar o assunto para Harry.

         - Ai, Rony! Você é um idiota! – disse para si mesmo, dando um leve soco na testa, arrependendo-se de parar o beijo.

***

Harry estava apreensivo assim que terminou de descer os degraus da escada. A mansão de Godric's Hollow parecia ainda mais espetacular com a luminosidade daquela manhã de verão. A sala e todos os outros cômodos do andar inferior estavam vazios. Seguiu para a cozinha, onde encontraria Prisma, provavelmente. E, na dúvida, encontrou-a com a cara no forno.

         - Bom dia, Prisma. – cumprimentou Harry.

         A elfo tornou-se rapidamente para o jovem e sorriu estranhamente. Ela estava com um vestido verde dessa vez e seu avental estava ligeiramente chamuscado. Harry segurou a risada.

         - Bom dia, meu senhor Potter! Prisma acabou de finalizar o café da manhã, senhor! Será servido lá fora, nos jardins!

         A voz estridente da elfo entrava furiosamente pelos ouvidos de Harry, fazendo-o friccionar seus olhos e disfarçar para não rir novamente. Harry preferiu não perguntar mais nada ao elfo e caminhou para fora do casarão. Os jardins estavam floridos, a grama cortada e as árvores imponentes como sempre. No meio do âmbito, encontrou uma toalha de mesa enorme estendida sobre a relva, cheia de diversas comidas, e a Bacia de Pandora, lembrando-se da noite anterior com Ametista. Queria encontrá-la logo.

         Foi quando algo chamou sua atenção. No céu, observou um ponto distante deslocar-se velozmente em sua direção. Arregalou os olhos ao notar o objeto crescendo até pousar a sua frente. Harry agitou as vestes e encontrou-a. Ametista estava descendo de sua vassoura, a Firebolt Special, e trazia nos lábios um sorriso.

         - Nada como um passeio logo de manhã, não acha? – disse a garota num tom calmo e alegre.

         Harry sorriu. Ametista corou. Qualquer um que visse a cena de fora poderia estar rolando de risadas no chão.

         - Eu achei que seria mais gostoso fazermos o café aqui fora – e deu uma olhada geral no jardim. – Estamos no verão, não é mesmo?

         Harry ouvia a garota com atenção. Ametista calou-se. Pelo menos, pensou ele, ela não estava chamando-o pelo sobrenome ou dizendo que tudo que passaram na noite passada fora um erro. Harry resolveu arriscar-se e aproximou-se de Ametista para dar-lhe um beijo, mas ouviram Prisma gritando com Rony, que havia pegado algumas tortas de morango escondido. Ametista riu e lançou um olhar carinhoso a Harry. O jovem sentiu-se arrepiar.

         - Venham logo! – exclamou Rony, com duas tortas na boca.

         Hermione estava ao seu lado, mantendo certa distância. Rony também escolheu evitar o olhar da garota, concentrando-se no lugar. Caminhou até o abismo e sorriu. As montanhas que cercavam a depressão estavam cobertas de grama e o sol brilhava intensamente acima deles. Aquele era o primeiro despertar em Godric's Hollow. E não poderia ser mais magnífico.

***

- Não há muito o...o quê fazer aqui – dizia Sirius com a boca cheia. – É um vilarejo pacífico, o que posso dizer?! – e soltou uma risada. – Eu passei bons tempos aqui, sabem? Todas as minhas férias... Era muito divertido.

         Estavam sentados ao redor de uma toalha floral estendida sobre a grama. Prisma acompanhava-os dando palpites sobre a refeição e já havia arriscado jogar-se pelo abismo duas vezes. Sirius estava calmo novamente e parecia não confrontar com Ametista.

         - Eu lembro daquelas férias no sexto ano – interrompeu-o Arabella. – Sirius convidou todos nós para virmos para cá. É claro que Tiago já estava bastante acostumado e acomodou-se bem antes que nós – e o pessoal riu em conjunto. – Foi quando eles resolveram nos contar sobre toda a loucura dos Marotos e Remo revelou seu segredo para Lílian e Hariel. Eu já sabia bem antes, não é mesmo?! – provocou a mulher divertida.

         - Bella leu a mente de Remo. Ele não gostou muito da idéia, tenho de admitir, mas... – e todos riram novamente. – Aquelas férias foram maravilhosas... – completava saudoso.

         - Hum – disse Harry, chamando a atenção para ele. – Você também é um animago, Bella? – indagou o jovem.

         Arabella sorriu longamente.

         - Não, não. Aliás, quando soube que este aqui – e apontou para Sirius. – foi quem incentivou o Tiago e o Pe... – ela olhou para o homem, que deu de ombros. – Pedro a se transformarem em animagos clandestinos fiquei bem furiosa.

         - Bella é exatamente como você, Mione – disse Harry, fazendo a garota franzir sua testa. – Gosta de tudo certinho...

         - EI! – resmungou Hermione.

         - Mas acabei aceitando porque era para ajudar o Remo – completou a madrinha, lançando um olhar carinhoso a Sirius.

         Neste momento, Hermione e Rony trocaram um olhar. Lembraram-se do ocorrido no corredor do andar superior. Prisma deu um pulo repentinamente.

         - E na noite em que Prisma foi surpreendida?! – todos viram Sirius encolher-se ligeiramente. – Disso o senhor não fala!

         Os garotos trocaram olhares confusos. Arabella e Sirius desataram a rir. Depois de recuperarem o fôlego, Sirius procurou explicar:

         - Vocês já devem ter ouvido que eu e os garotos éramos terríveis! – Rony e Harry já se olharam sorrindo marotamente. – Numa das noites, o calor pegou pesado conosco e tivemos de arranjar alguma coisa para fazer – Arabella resmungou alguma coisa que ninguém conseguiu ouvir em som de reprovação. – AH! Bella, eu sei que você também adorou! – Arabella fez uma careta infantil. – Resolvemos então, dar uma nadada.

         - Nadada? – perguntou Hermione, segurando o riso.

         - É. Há um lago aqui em Godric's Hollow, mas você atravessa antes uma caverna, é meio escondido – Rony e Harry interessaram-se. – Nós arrastamos as garotas conosco – Arabella fechou mais ainda a cara. – e fomos até o píer.

         - Eles realmente me arrastaram! Literalmente! – reclamou mais uma vez a mulher, fazendo Sirius rir mais ainda.

         - Bom, vocês já podem imaginar o que aconteceu, não é? – instigou Sirius. – Lílian quase se afogou – Harry arregalou os olhos. – Tiago por muito pouco não afogou Pedrinho – todos se surpreenderam ao ouvir o tom do bruxo. – por causa de uma brincadeirinha dele, Remo fez questão de subir numa das pedras que tem perto do lago e jogou-se quase em cima dela – e Arabella bufou. – E Hariel...bem, Hariel...

         Ametista poderia jurar que estava quase abrindo um sorriso para Sirius. Arabella o interrompeu.

         - Hariel quase acabou o namoro de vocês naquela noite! – ela virou-se para os garotos. – Sirius tem essa...essa mania de engraçadinho que quase colocou tudo a perder...

         Tanto Harry quanto Rony tiveram ao menos uma idéia do que Sirius havia arriscado-se a fazer. Preferiram silenciarem-se.

         - O que aconteceu foi que quando voltamos para cá – retomou o homem. – Prisma estava começando a arrumar as coisas para o café da manhã – Harry pegou-se imaginando alguns momentos daquela madrugada. – e nós chegamos sem avisar... Bem, quase a matamos de susto! – e Sirius soltou mais uma gargalhada.

         Deram mais algumas risadas e Arabella estava falando novamente.

         - Aproveitando a alegria de todos hoje, queria fazer um comunicado a vocês – todos se viraram para a mulher. Sirius estava com os olhos arregalados de pavor. – Nós não ficaremos muito tempo aqui.

         Harry estranhou ao ver Sirius aliviar sua expressão.

         - Daqui duas semanas estaremos indo para a França.

         Arabella viu os olhos de Hermione brilharem e um sorriso abrir-se em seu rosto.

         - Nossa, França! É tão lindo!

         - Mas, nós possuímos um propósito para ir até lá – olhos curiosos dirigiram-se a ela. – Preciso rever a minha irmã.

         - Irmã? Ela mora lá? – indagou Hermione animada.

         - Há anos. Vocês vão conhecê-la...

         Sirius procurou desviar sua mente da irmã de Arabella. Tantas coisas aquela mulher poderia trazer a tona. E ele estava segurando seu instinto. Ele faria aquilo apenas por Arabella. E, talvez, pelo seu próprio irmão também.

***

Para o enorme desespero de Harry, o casarão em Godric's Hollow não parecia tão gigantesco quanto quando o viu na primeira vez. E a cidadezinha, muito menos. Após cerca de nove dias, o jovem não tivera sequer uma chance de ficar a sós com Ametista. Não puderam nem ao menos conversar sobre o que acontecera nos jardins do casarão naquela noite.

         Talvez fosse esta agonia que o fizesse perder a noção do tempo e esquecer-se completamente do dia tão especial que estava por vir naquela manhã ensolarada. Seus olhos estavam ainda fechados e sua mente estava em outro lugar, muito distante dali. Seguia o sonho de Harry:

A neve caía calmamente do lado de fora. Deitado sobre uma cama de casal, abraçado a um corpo macio. Os fios confundiam-se com o lençol creme do leito. Um dossel envolvia a cama levemente e criava uma atmosfera acolhedora. Foi quando aquela que estava aninhada em seu peito acordou. Harry sorriu ao cruzar seu olhar com os olhos azuis de Ametista. E, não parecia nem um pouco assustado ao vê-la apenas envolvida no lençol, as suas roupas espalhadas pelo chão do quarto. A noite passada ficaria guardada para sempre em sua mente e nada o faria esquecê-la. Os lábios da jovem carregavam um sorriso longo e pleno. Ametista guiou-se para mais perto do rosto do homem e roçou seus lábios nos dele inocentemente. Harry passou seus braços envolta dela e a beijou apaixonadamente. Estavam perto de perder a respiração quando ele paralisou o beijo e acariciou sua face lentamente. A pele clara e delicada tinha uma expressão nova naquela manhã, ele percebeu. Harry não beijava mais uma jovem por quem havia se apaixonado anos atrás. Harry amava uma mulher. A mulher mais bela do mundo. E ela seria dele para sempre.

         - Eu te amo. – ele disse lentamente, trazendo nos lábios um sorriso besta diante da beleza dela.

         Ametista concentrou seus olhos nos dele e disse, perto de seu ouvido:

         - Eu sempre te amei. – completou sussurrando.

         Harry não precisou esperar muito mais tempo para desfrutar de todas as emoções da noite passada novamente. Ele já sabia como amá-la. E eles se amariam novamente, mesmo que uma guerra se passasse do lado de fora daquele quarto.

         Porém, se ele esperava que aquele sonho continuasse, estava enganado. Devagar, adentraram no quarto silenciosamente, Hermione, Ametista, Sirius e Arabella. Rony já estava presente e fora chamá-lo.

         - Ah! Não queria acordá-lo dessa forma – dizia Arabella bondosa. – Ele parece tão feliz dormindo assim...

         Realmente, todos notaram que o garoto trazia nos lábios um leve sorriso. Um sorriso puro e satisfeito. Mas, Rony, sem dó nem piedade, apoiou-se na cama do amigo e gritou em seu ouvido:

         - FELIZ ANIVERSÁRIO!

         Harry abriu os olhos no mesmo segundo e pulou da cama, sentando-se nela. Estava ofegante e deu um soco leve no braço do amigo, que logo correu para abraçá-lo.

         - Parabéns, Harry! Agora você já está velho, não é, meu amigo?! – debochou Rony divertido. – Precisará de bengalas em breve!

         Harry desvencilhou-se dos braços do amigo e observou Arabella voando sobre ele. Antes disso, viu Prisma aparecendo na porta e puxando alguém para fora. Não deu importância e aproveitou o abraço caloroso da madrinha.

         - Parabéns, meu querido! – dizia Arabella, apertando o rosto de Harry com as duas mãos, como se fosse um bebê. – Eu esperei tanto por este momento, poder abraçá-lo no seu aniversário novamente!

         O jovem, de agora dezesseis anos, pôde notar que Arabella estava prestes a chorar, emocionada. Foi quando Sirius puxou-a contra ele e acariciou seus cabelos negros rapidamente. O padrinho de Harry aproximou-se do afilhado e sorriu longamente.

         - Estou muito feliz, Harry... Feliz aniversário! – disse calmamente, mas o garoto notou que ele estava tão emocionado quanto Arabella. Sirius abaixou-se e sentou na cama do afilhado, abraçando-o fortemente, dando cascudos na sua cabeça em seguida. – Já é um homem, hein!

         Harry realmente não via diferença alguma em fazer dezesseis anos, mas encarou aquilo como uma piada do padrinho. Foi a vez de Hermione aproximar-se desajeitada, tentando desviar seus olhos do peito de Harry, que estava nu – como um respeito ao amigo. Ignorou no momento seguinte ao vê-lo abrir um sorriso tímido a ela e abraçou-o.

         - Parabéns, Harry, você merece tudo de melhor... – dizia, aproximando sua boca do ouvido dele e completando para que somente ele a ouvisse. – Obrigado por tudo, tudo que passamos juntos nestes cinco anos.

         O jovem não conteve a emoção que sentiu ao ouvir aquilo de sua melhor amiga e deu um beijo em sua bochecha, como forma de agradecimento por todo o apoio que ela havia dado a ele durante aqueles cinco anos. Hermione deixou escapar uma lágrima e limpou-a logo. Ele sabia que ela não estava apenas feliz, mas também chateada e ferida. Hermione e Rony mal se falavam naquelas quase duas semanas em Godric's Hollow.

         Os presentes foram deixados ao pé de sua cama e Harry procurou com o olhar os conhecidos olhos azuis que tanto passou a adorar. Ametista não estava lá. Arabella cruzou seus olhos com os do afilhado e sorriu.

         - Acho melhor deixarmos o aniversariante tomar um banho, não é mesmo? – Harry sorriu em retribuição. Quando todos deixaram o quarto, somente restou Arabella, a mulher retomou. – Hoje eu prometo que você poderá conversar com ela, certo?

         Harry franziu as sobrancelhas, fingindo estar confuso.

         - Do que você está falando, Bella? – indagou meio gaguejante.

         - Você sabe muito bem do que estou falando, meu querido – respondeu carinhosamente a mulher, ainda com um sorriso. – Você poderá falar tudo o que está sentindo para ela hoje.

         Harry não tinha como negar algo a Arabella. Era como se estivesse mentindo para a sua própria mãe. A mulher estava quase saindo do quarto quando Harry disse:

         - Como posso falar para ela o que eu sinto se não tenho nem certeza do que eu realmente sinto? – indagou temeroso.

         Arabella virou-se e olhou no fundo dos olhos dele.

         - Você saberá, Harry. No momento certo, você saberá.

***

O frescor do banho recém tomado espalhava-se pelo quarto e seguia pelo corredor, envolvendo a casa com o perfume do jovem. Harry terminara de vestir uma camisa verde e uma bermuda preta quando se deparou com um papel dobrado sobre a sua cama. Já havia olhado seus presentes e ganhara muitas coisas como um novo estojo para reparar sua Firebolt de Hermione, milhares de chocolates de Rony e mais novas invenções de Fred e Jorge, uma camiseta negra da Sra. Weasley – os suéteres devem ser apenas nos Natais, pensava o garoto divertido – , uma coleção de fotos de seus pais e amigos de Arabella e uma caixa comprida e fina de Sirius, onde dentro havia o diploma de seu pai do Ministério da Magia quando se formara como um auror. Decidira pendurá-lo na parede de seu quarto. Mas, não havia notado aquele pergaminho.

         Relutante, aproximou-se da cama e tomou nos dedos o papel. Abriu-o com cautela e encontrou uma letra já conhecida. Sorriu no mesmo instante.

Harry,

Eu recebi um chamado do meu avô, que pediu para ir visitá-lo somente hoje, pois não o encontraria pelo resto das férias. Estarei de volta à tarde e espero que ainda possa cumprimentá-lo pelo primeiro aniversário seu em que nos conhecemos.

         A respeito de seu presente, eu decidi mudar meus planos. Acho que temos muito que conversar sobre aquela noite no jardim. Mas, na verdade, você sabe muito bem que a conversa vem sida adiada desde a noite na sala comunal há alguns meses atrás. Se antes eu não tinha coragem de encarar os fatos, hoje eu tenho e decidi que será melhor para nós dois se conversarmos abertamente sobre isso.

         Peço, então, que você me espere em frente à colina, na parte de baixo, às cinco horas. Não quero fazer isso perto de ninguém.

         Mais uma vez, lamento muito não estar presente agora de manhã. Desejo um bom dia a você e um feliz aniversário. Nos vemos mais tarde.

                                                                                     Ametista   

         Harry sentiu-se arder de curiosidade e pavor. Então, ela estava decidida a acabar com essa história hoje. E ele esperava estar pronto. Em seguida, imaginou seu veloz diálogo com Arabella pouco atrás. Será que além de ler mentes, ela conseguia prever o futuro? O garoto riu da própria piada e viu-se apavorado. Era o momento e deveria lutar contra a ansiedade naquelas horas no casarão de Godric's Hollow.

***

Prisma havia preparado um belo banquete no almoço para os quatro hospedados. Sem contar que ela quase o matou sufocado quando o abraçou, desejando um feliz aniversário. Sirius e Arabella mantinham a emoção como de manhã e tentavam diminuir o clima de suspense que se formava entre os jovens. Hermione e Rony não conversavam, mas ainda tentavam manter um certo tom de respeito por ser aniversário do melhor amigo deles. Entretanto, Harry sabia muito bem que aquilo não duraria muito tempo, já que, como já dito, o aniversário é apenas um dia.

         Perto das cinco horas, Harry contou sobre a carta de Ametista para sua madrinha e ela permitiu que ele fosse ao seu encontro, desejando-lhe boa sorte. Sirius havia ouvido a conversa igualmente e Arabella teve de agüentá-lo pelo resto do dia ignorando-a. Mas, aquilo não importava naquele momento. Hermione estava ciente do plano de Ametista e refugiou-se no quarto, junto a um livro. Rony aproveitou a ausência do amigo e a permissão do mesmo, pegando sua vassoura emprestada para voar. Precisava distrair-se já que sofria demais com a falta dos abraços de Hermione. Ele não daria o braço a torcer.

***

Encostado nas rochas, Harry esperava ansiosamente por Ametista. Milhares de pensamentos passavam por sua cabeça. E lembranças igualmente. A noite na sala comunal em que acontecera o primeiro beijo entre eles, o surto de Ametista no dia seguinte – ainda não explicado direito para ele – , a negação de ambos sobre o que aconteceu, o novo beijo na ala hospitalar enquanto Ametista dormia, recuperando-se do ataque de Lúcio Malfoy, o reencontro após aquela noite em que eles se beijaram novamente, a negação dele sobre ela para a mesma, deixando-a confusa. E, para finalizar, a noite no lago em que viram seu pai e que nada acontecera, mas que reforçara a amizade entre eles, e a nova noite, nos jardins de Godric's Hollow. Harry tentava lembrar-se do toque de Ametista em sua cicatriz, fazendo-a ferver furiosamente, quando ela apareceu em sua frente.

         Ametista estava ligeiramente ofegante. Parecia ter corrido para não se atrasar em demasia. Ventava insistentemente naquela tarde, fazendo os fios do cabelo de Ametista ficarem desgrenhados e sua saia ondular levemente. Harry reparava em cada detalhe da garota desde aquela noite no jardim.

         - Eu quero primeiro te levar num lugar, depois nós podemos conversar, certo? – disse a garota ligeiramente ofegante.

         Harry apenas assentiu com a cabeça. Estava nervoso demais para poder falar alguma coisa. Seguiu a garota por onde ela ia, já que não conhecia Godric's Hollow como ela. Ametista guiava-o por algumas ruelas até chegarem a uma mata. Harry franziu a testa, confuso.

         - Você quer conversar no meio do mato? – supôs divertido, soltando uma frase pela primeira vez naquele dia.

         Ametista virou-se para ele e deu um sorriso. Em seguida, ela aproximou-se dele e deu um soco de leve em seu braço esquerdo. Adentraram na mata lentamente e ouvia-se apenas o farfalhar das folhas sacudidas pelos seus movimentos. Até que chegaram na entrada do que parecia uma caverna. Harry deu dois passos para dentro da caverna e ouviu o som de água bem longe. Olhou para Ametista, como se pedisse uma explicação. A garota sorriu mais uma vez em tom debochado e pediu que Harry fechasse os olhos.

         - Que?!

         - AH! Vamos lá, Potter! – provocou a jovem. – Eu não vou fazer nada com você! Apenas feche os olhos.

         Harry reparou antes de fechá-los o quanto aquela caverna poderia ser bela. Suas paredes eram cobertas de cristais que brilhavam mais que a mais brilhante estrela no céu. Logo após fechar suas pálpebras, sentiu um toque suave em sua mão esquerda. Ametista estava pegando sua mão e puxando-o para frente. Harry relutou. A garota aproximou-se dele vagarosamente e disse:

         - Confia em mim.

         Mesmo que ele não confiasse, não havia como dizer não àquela voz. Ametista segurou sua mão com mais força e guiou-o para dentro da caverna. Após alguns minutos, Harry sentia perder a noção do tempo e apenas aproveitar a proximidade de Ametista. Sua pequena mão segurava a sua com tanta força que o fazia lembrar de seu sonho daquela manhã. O toque delicado da garota era tão esperado quanto um novo encontro com seus pais.

         Pouco depois, o som das águas aumentava e logo Harry notou que não pisava mais num solo irregular como o da caverna. Parecia pisar em tábuas estreitas e ouvir apenas o canto de pássaros e o movimento aquático. Ametista parou e paralisou o corpo do garoto. Em seguida, soltou a mão dele e disse para abrir seus olhos.

         - Feliz aniversário. – completou suavemente.

         Harry arregalou os olhos diante de tanta natureza. Estava em cima de um píer que adentrava sobre um enorme lago. Árvores rodeavam toda a extensão do lago e montanhas envolviam-no igualmente. A água era cristalina e podia-se ver que o sol estava perto de se despedir, escondendo-se atrás das colinas. Um sorriso formou-se em seus lábios.

         - Este é o píer de Godric's Hollow – ouviu Ametista falar em seu lado. – Era praticamente o único lugar em que eu podia andar aqui quando era menor.

         - Este lugar é lindo... – arriscou Harry.

         Em seguida, tornou-se para Ametista e procurou alcançar seus olhos azuis. A garota sorriu em tom preocupado.

         - Acho que agora podemos conversar. – disse Harry matando-se de curiosidade.

         Ametista respirou fundo e caminhou até a ponta do píer calmamente sendo seguida por Harry. Ela começou, finalmente:

         - Eu acho que nós já adiamos esse assunto demais. Já está na hora de conversarmos sobre isso.

         Harry estava pensativo. Seu coração estava mais sereno do que imaginava. Ametista, por sua vez, estava agitada por dentro.

         - Eu evitei você todos esses dias – começou a falar, fazendo Harry estranhar. – Talvez, eu tenha te evitado todos esses anos...

         - Anos? – indagou Harry confuso.

         - Eu sempre ouvi muitas coisas sobre você, Harry – ela falava agora seu nome tranqüilamente. – Ouvi do meu avô, ouvi do Severo... Mas, eu sempre me perguntava por que eu estava sempre querendo saber mais e mais sobre você.

         Harry sentiu o coração começar a acelerar gradualmente.

         - Quando eu recebi a carta de Hogwarts, ano passado, você não imagina como eu fiquei! Eu...eu não sabia o que me esperava lá. A única coisa que eu sabia era que meu avô havia me colocado na mesma casa em que Harry Potter estudava – Ametista soltou algo parecido com uma risada. – Eu queria tanto te conhecer! Você não tem nem idéia do que era ouvir um falando maravilhas de você, e outro o recriminando até a morte...

         - Não me espanta saber que o Snape sempre fez questão de acabar comigo. – comentou Harry repentinamente.

         - Foi quando eu tive meu último ataque – Harry sabia que ela falava daquele sonho estranhíssimo que tinha. – aqui em Godric's Hollow.

         Os batimentos cardíacos de Harry aceleravam casa vez mais e de forma insistente. Não tinha nem idéia de seria rejeitado ou se Ametista daria o braço a torcer.

         - Eu te conheci e decidi, por conta própria, te odiar... A voz de Severo foi sempre tão mais forte do que a do meu avô...

         - Você decidiu me odiar? – estranhou o jovem.

         - Por fora, sim! Eu decidi fazer que te odiava! Digo, era tão mais fácil aceitar que te odiava...

         Harry sentiu-se extremamente confuso.

         - Como assim? Pensei que fosse muito mais fácil gostar das pessoas, não odiá-las...

         Porém, o jovem não finalizou a frase. Ametista estava com os olhos diretamente nele e, surpreendentemente, eles brilhavam.

         - Foi depois do incidente na sala comunal – disse a garota, retomando. – Eu tive um novo pesadelo e nele, eu pude ouvir o que o homem me dizia.

         - E o que ele dizia? – perguntou Harry temeroso.

         - Ele disse que nenhum daqueles que eu amava poderia me salvar... – respondeu timidamente. – Somente hoje eu entendo o que ele queria dizer com aquilo...

         Harry ficou esperando ela concluir a frase, mas sabia que seu coração já estava disparado há muito tempo. Tentava controlar a respiração com dificuldade e concentrar-se não apenas nas palavras dela, mas guardá-las para sempre.

         - E o que você entendeu? – questionou indiscreto.

         Ametista não tirava os olhos dos de Harry, eles brilhando cada vez mais. Seu coração estava disparado igualmente.

         - Ele sempre dizia uma série de nomes dessas pessoas que não poderiam me ajudar – explicava lenta e nervosamente. – Mas eu nunca pude distingui-las... – Harry franziu sua testa. – Só que naquela noite, eu ouvi um nome. Só um – Harry apenas esperava, já sabendo a resposta. – E foi o seu.

         O jovem sentiu uma reviravolta furiosa em seu estômago. O novo turbilhão de emoções faziam-no virar do avesso ao ouvir aquelas palavras. 

         - E eu fiquei com tanto medo... Eu não queria aceitar... Mas eu já sabia – dizia tudo com muita dificuldade, ainda concentrando seus olhos nos dele. – Eu já sabia que carregava alguma coisa diferente por você... Eu sempre soube...

         Harry, imediatamente, estendeu seus braços e tomou cada mão de Ametista, ofegante. A garota calou-se diante da reação dele e notou a inconstância de sua respiração. Sentiu-se arrepiar com o toque dele em suas mãos.

         - O que...que você...você quer dizer com isso? – indagou Harry gago e nervoso ao extremo.

         - Eu não quis aceitar até sentir...até ter aquela sensação que você também disse que teve no jardim naquela noite. Eu resolvi aceitar – ela pausou, temerosa. – Aceitar que eu sempre gostei de você...

         Harry não soube definir bem o que estava acontecendo naquele instante. Ele ficou surdo e apenas viu os olhos azuis de Ametista intensificarem o brilho magnífico que carregavam naquela tarde, quase noite. Foi então que entendeu a conversa com Arabella de manhã. "Como posso falar para ela o que eu sinto se não tenho nem certeza do que eu realmente sinto?", "Você saberá, Harry. No momento certo, você saberá."

         Ele sabia o que sentia por Ametista naquele exato momento. Harry sabia que estava apaixonado por ela. Tão apaixonado que não conseguia enxergar nada além dela. Sua vida vinha rodando em torno dela desde o ano anterior. E, pensando como odiou a garota! Ali estava ela, dizendo que sempre gostou dele. Harry não sabia bem como reagir. A única coisa que ele tinha certeza era dos seus sentimentos por Ametista. Ele estava apaixonado.

         Harry sequer imaginou alguma frase para ser dita a ela e tratou de soltar suas mãos lentamente, não tirando seus olhos dos dela sequer por um segundo. Seguidamente, depositou suas mãos ao lado de cada face da jovem e observou-a atentamente. Se ele esperara tanto para sentir aquilo, ele não via a hora de concretizar sua idéia. Sem pensar em mais nada, deu um passo, encostando todo seu corpo no dela e não perdeu mais tempo. Roçou seus lábios nos dela e viu-se beijando-a como em seu sonho: apaixonadamente. Porque era exatamente assim que ele estava se sentindo.

         Ametista amoleceu ao encontrar Harry beijando-a daquela maneira. Todo o temor que guardara aqueles anos ao aproximar-se dele dissolveu-se e viu-se colocando seus braços nas costas do garoto, abraçando-o mais e mais. Queria ficar daquele jeito para sempre. Sentir que ele a adorava, dizer que estava enlouquecida por ele, tocá-lo a todo o momento, beijá-lo até o fim de seus dias.

         Harry estava perdendo o ar novamente, mas nada o faria parar e mesmo que Voldemort aparecesse naquele momento para interrompê-los – como sempre acontecia – ele não pararia. Não deixaria que ela escapasse de seus braços, queria fazer dela somente dele. Mostrar o quanto estava entorpecido pelo seu perfume e quanto amava sândalo desde que a conhecera. Guiou suas mãos para a cintura da garota e enlaçou-a ao senti-la colocar seus braços envolta de seu pescoço e puxá-lo mais ainda para si. Estavam cheios de desejo e envolvidos pelo amor que os guiaria dali por diante. O sentimento era indefinível e inexplicável naquela altura. Os beijos já se prolongavam tanto que Harry sentia Ametista segurá-lo mais fortemente com medo de seus joelhos vacilarem. Sua cicatriz não doía, pela primeira vez, e sabia que era porque haviam aceitado. Aceitado que seus destinos estavam entrelaçados desde que nasceram. Mesmo que ligados pela desgraça, estavam unidos naquele momento pelo amor.

         Vagarosamente, Harry foi parando o beijo, procurando recuperar o ar, e assistiu-a abrir os olhos lentamente após o ato já terminado. Ametista trazia nos lábios um meio sorriso, mas totalmente verdadeiro. Ainda abraçados, encarando-se, Harry disse a ela, ligados pelo olhar que, provavelmente, fora o primeiro motivo que os fizeram se gostar:

         - Eu não estou, na verdade, eu venho gostando de você desde quando o Malfoy te beijou... Eu...eu fiquei roxo de ciúme. Eu sabia que você era só minha...

         Harry viu Ametista alargar o meio sorriso com os lábios ainda fechados e ela aproximar-se dele, tomando a iniciativa para um novo beijo. Harry encostou seus lábios nos dela e desgrudou rapidamente. Tinha de completar seu pensamento antes que o esquecesse por completo ao beijá-la. Ametista voltou a observá-lo atentamente.

         - Você disse que gostava de mim, certo? – disse Harry.

         Ametista concordou com a cabeça, incapaz de dizer alguma coisa.

         - Pois eu estou apaixonado por você, agora eu sei que estou...

         Harry não teve muito tempo de terminar, pois já estavam envolvidos em um novo beijo. O sol já havia se posto e as estrelas começavam a brilhar na imensidão negra. Uma ventania mais persistente atingiu-os e fez os fios do cabelo comprido de Ametista brincarem com a face de Harry. Eles ainda se beijavam com tanta vontade e carinho que nada os faria parar. Os corpos estavam quentes e unidos naquela troca de amor. Ainda não sabiam que era amor, mas em breve descobririam que seus destinos, de fato, estavam ligados. Ligados para sempre.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO: A irmã de Arabella convida-os para uma estadia na França, onde conhecem a esplendorosa moradia de Ártemis Figg. Mas a irmã mais velha da madrinha de Harry é mais estranha do que parece. Aqueles olhos amargurados e violeta escondiam algo muito sério. Mas, não podemos esquecer do tão simpático e charmoso primo... Suspire e arrepie-se em "ÁRTEMIS FIGG"