NO CAPÍTULO ANTERIOR: Capítulo de revoluções, não é? Conhecemos então a tão falada "Ártemis Figg", irmã de Arabella! Qual será o mistério que ronda a vida dessa mulher? Quem ela nunca mereceu? E por fim, o que muita gente quer saber, Rony e Mione irão se desculpar? Isso vocês descobrirão mais a frente.

CAPÍTULO OITO – HÓSPEDES INESPERADOS E ROUPAS COLADAS

- Então todos vocês pertencem a Grifinória? – indagou a mulher num tom de voz desprezível.

         Os jovens afirmaram com suas cabeças. O jantar seguia sem grandes acontecimentos. Ártemis mostrava-se uma mulher séria e irônica, dizendo sempre frases de sentidos suspeitáveis. Seus olhos corriam por todos da mesa a todo o momento, deixando-os desconfortáveis.

         - Qual casa a senhora freqüentou? – perguntou Hermione tímida.

         - Senhorita, por favor – corrigiu Ártemis secamente. – Ao contrário de minha irmã, fui selecionada para a Corvinal.

         - Hermione é monitora da Grifinória, Ártemis. – completou Arabella, lançando um sorriso para a garota.

         Ártemis pigarreou e fitou Hermione.

         - Granger, não é mesmo? – questionou observadora. – Então a Grifinória colocou novamente uma filha de trouxas na monitoria? – Hermione pegou-se ofendida ao sentir o tom preconceituoso de Ártemis sobre ela. – Eu fui monitora da Corvinal, assim como Arabella foi da Grifinória.

         Sirius segurou a risada.

         - Bella nunca pôde exercer seu poder de monitoria sendo amiga de quem ela era... – disse, interrompendo Ártemis.

         - Tiago, Remo e Pedro nunca trouxeram grandes problemas para Bella. – insinuou a mulher, olhando fixamente para Sirius.

         Hermione e Harry entreolharam-se. Havia algo entre eles.

         - Suponho que você fora uma ótima monitora, não é? Nunca deu um deslize sequer... – agora foi a vez de Sirius encará-la raivosamente.

         Sean, que observava a tudo junto dos jovens, soltou uma risada do nada. Arabella piscou para o primo, sorrindo agradecida.

         - Eu tive a idéia de um programa para nós amanhã – disse o homem, olhando para os jovens. – Haverá um amistoso entre França e Bulgária. Estive pensando se vocês não gostariam de ver uma boa partida de quadribol, que acham?

         Harry notou que as orelhas de Rony ficaram rubras repentinamente e lançou um olhar ao amigo. Rony estava emburrado – era da Bulgária que Sean estava falando. E isso lembrava vagamente um senhor chamado Vítor Krum – a quem Rony aprendeu a odiar. Sean sorriu para os garotos. O homem era muito, muito bonito mesmo. Apesar de já conservar cerca de trinta e sete ou oito anos, esbanjava a excitação de um garoto de dezessete.

         - As garotas nos acompanharão? – indagou, lançando um olhar sedutor a Hermione e Ametista, que coraram.

         Hermione estava reparando em Sean, mas seu olhar caiu em Rony, que a encarava gravemente. Ele estava dando mais uma cena de ciúmes. Agora, sobre o assunto preferido de Rony: Vítor Krum.

         - Sean, elas precisam fazer as compras para o Baile! – interrompeu-o de forma ríspida Ártemis, sentada na ponta da mesa.

         Foi Sirius que ignorou Ártemis, dizendo:

         - Ficando mais velho, Sean? – brincou Sirius.

         Willen sorriu desapontado.

         - Imagine que daqui alguns anos estarei fazendo quarenta... Quão terrível isso pode ser, Sirius?! Você sabe como é péssimo para um homem envelhecer!

         - Eu pensei que as mulheres se incomodassem mais com isso... – disse Sirius, olhando de esguelha para Arabella.

         - Mas você concorda que eu preciso estar jovem para ainda seduzir as mais belas garotas! O que um quase quarentão como eu farei daqui para frente?! – sofreu Sean, rindo em seguida.

         - Sean, mas... – começou Arabella curiosa. – Por que um Baile de Máscaras? Digo, como os convidados irão reconhecê-lo?

         - É exatamente esta a intenção, Arabella – interrompeu Ártemis seriamente. – Ele não quer ser reconhecido pelos esposos das belas garotas!

         A mesa explodiu em risadas quando Sean corou furiosamente em um tom mais do que culpado.

         - Acho que as garotas podem muito bem nos acompanhar no nosso esporte favorito, assim podendo nos deliciar com sua estonteante beleza. – completou Sean, piscando duplamente para as garotas.

         De fato, Hermione e Ametista notaram que Sean era realmente hábil com as palavras, apesar de provavelmente usar aquele truque com todas a mulheres da redondeza. Ou melhor, da França. E, claramente, exagerando bastante.

         - Tenho certeza que Ametista adorará – dizia Arabella, mordendo um pedaço pequeno da torta de fígado. – Ela substituiu Harry muito bem na final do Campeonato de quadribol em Hogwarts.

         - Hum, soube que o senhor Potter é um ótimo apanhador! – elogiou Sean, num tom alegre para com o garoto. – Mas, quem diria, uma garota apanhadora!

         Ametista corou ao sentir o olhar de Sean nela novamente.

         - Eu sou o goleiro da Grifinória. – comentou Rony, sentindo-se importante ao fazer parte do time.

         - Lembro-me de Carlinhos Weasley – disse Sean, sorrindo para o garoto. – Uma vez, minha irmã mais nova foi jogar contra Hogwarts num Campeonato que eles haviam criado. Ela era artilheiro e comentara comigo sobre o apanhador da escola, que além de muito ruivo – todos riram. – era também um dos melhores que ela já havia visto – Sean abaixou o volume para mais perto de Rony. – Acho até que ela gostou do seu irmão. O único problema é que ela era alguns bons anos mais velha que ele.

         Rony sorriu.

         - Estudei em Beauxbatons – continuou Sean. Rony notou que, mesmo sendo um francês, Sean possuía um perfeito inglês. Não lembrava nada o sotaque ligeiramente irritante de Madame Maxime. – Fui batedor. E adorei cada segundo de cada jogo. Sempre tive uma certa inveja dos apanhadores, sempre quis ser um – divagou. – Gostaria de vê-los jogar, principalmente a senhorita... – lançando a voz para Ametista.

         Harry não admitiu naquele momento, mas sentiu uma fraca contração de raiva ao ver a garota corar mais uma vez.   

         - Isto não é ótimo! Vamos então fazer um jogo nos fundos de casa e veremos como a senhorita se sai enlameando-se junto aos garotos. – ironizou Ártemis maldosamente, fazendo Ametista lançar-lhe um olhar de ódio.

         - Ártemis, o que é isso?! – surpreendeu-se Sean relutante. – Não seja indelicada com a garota! Está decidido! – disse ele, fugindo os olhos de Ártemis por algum motivo desconhecido. – As garotas irão conosco e depois de amanhã vocês comprar o que necessitam, certo? Será divertido, tenho certeza!

         - Sean, eu já disse que elas precisam escolher os vestidos e isso toma tempo! – enfrentou Ártemis teimosa.   

         - Mas elas ainda possuem um dia livre até o Baile, Ártemis – lembrou Arabella em defesa das garotas. – Afinal, elas também não devem precisar de muita coisa...

         - Se os seus vestidos são como as roupas que usam! Por Merlin! – completou Ártemis friamente.

         Ametista e Hermione franziram as testas incrédulas. Como ela poderia dizer aquelas coisas tão indiferentemente?! Sirius tomou a frente:

         - E se você as emperiquitar como você mesma, aí sim não haverá vestido que ajude!

         O clima estava instalado. Arabella tentava convencer a irmã de que não havia necessidade de vestidos pomposos às garotas, Sirius discutia com elas, Hermione e Ametista estavam nervosas e ofendidas, enquanto Harry, Rony e Sean apenas observavam.

         - Escutem! – gritou Willen. Todos se tornaram a ele. – As garotas irão conosco e estarão belas em meu aniversário.

         Estranhamente, Ártemis pareceu controlar-se furiosamente para não prosseguir com a discussão. Sean voltou-se para os garotos e continuou com o animadíssimo papo sobre como o Quiberon Quafflepunchers massacrou o Chudley Cannons na última partida pela temporada de Inverno – o que deixou Rony fora de seu estado espirituoso.

***

A mais quente estação do ano chegara com toda a força na Europa. E se a longínqua idéia de que na França o tempo poderia dar um desconto ainda agitava as mentes calorentas dos ingleses, essa idéia foi por água abaixo. Após o jantar, Ártemis reservou-se em sua biblioteca e deixou claro que não gostaria de ser perturbada. Aproveitando a chance, Sirius puxou Arabella para dentro de seu dormitório. A bruxa ria enquanto o homem tentava fazer-lhe cócegas, sentados na cama.

         - Eu já comecei a contagem regressiva. – disse Sirius sorrindo.

         Arabella cotovelou-o, ao mesmo tempo em que respondia:

         - Você até que segurou bem hoje. Relaxe, que só faltam seis dias.

         Sirius procurou seus lábios rapidamente. Após separarem-se e conterem as risadas, já que Arabella havia mordido o lábio de Sirius, a mulher retomou:

         - Eu estou muito orgulhosa do seu auto controle.

         Arabella tentou beijá-lo mais uma vez, mas Sirius não permitiu. Segurou entre as mãos o rosto da mulher e concentrou seu olhar no dela.

         - Quando você contará a ela?

         - No Baile. – respondeu seriamente.

         - Você tem certeza? – indagou Sirius novamente, como no dia anterior ainda em Godric's Hollow. – Você tem certeza mesmo que irá contar-lhe que está comigo?

         - Eu já não provei a você que nada, nada vai me fazer afastar-me de você?

         - Mas você já provou a si mesma?

         Arabella ficou calada, apenas assimilando todos os pensamentos que corriam pela sua cabeça.

         - Sim, eu já provei.

         Sirius não deixou de sorrir bobamente.

         - Porque, você sabe – completou o bruxo num tom maroto. – eu não vou agüentar ter de dormir em quartos separados de você por mais de dois dias!

         A bruxa riu em seguida, lançando seu corpo sobre o dele.

***

O dia estava ensolarado e aquecia a cabine do estádio onde estavam fixados. Pelo que parecia, Ártemis era uma mulher influente na França. Saint-Pierce não parecia muito afastado de Paris, já que para chegarem em duas horas ao estádio, localizado na região sudeste da capital.

         Sean e Sirius pareciam duas crianças prestes a abrirem seus presentes de Natal ao verem os times entrando em campo. A torcida azul, branca e vermelha explodiu ao tocar das cornetas e a equipe francesa rodear o estádio em suas Firebolts. Harry ficou atento, já que nunca havia visto o time de quadribol da França antes. Em seguida, foi a vez da torcida branca, verde e vermelha ficar eufórica. Vítor Krum vinha à frente, liderando o time da Bulgária.

         - Vamos ver como esse búlgaro nojento se sairá hoje... – disse Rony em alto tom, para que Hermione ouvisse.

         A garota bufou impacientemente e observou Ametista ao seu lado. Ela estava concentrada, seus olhos fixados na imagem masculina a sua frente: Sirius Black. Hermione notou que ele e Sean comentavam sobre seu tempo na escola.

         - Eu fui batedor também, como você sabe – dizia Sirius. – Disputei a vaga com a Hariel...

         Hermione viu Ametista mexer-se na cadeira interessada na conversa entre os homens.

         - Mas ela era pequena demais para ser uma batedora! Não tinha força suficiente para lançar um balaço muito longe. – protestou Sean.

         - E você acha que eu não sabia disso?! – brincou Sirius. – Hariel sempre nos dizia que queria ser apanhadora. De fato, ela era boa, mas preferiu a posição de batedora, já que achávamos mais do que justo Tiago ser o apanhador do nosso time.

         - E você ganhou é? Imagino que deva ter sido fácil...

         Hermione observou Sirius soltar uma gargalhada.

         - Fácil?! Nada era fácil quando se tratava de Hariel, Sean! Nós ficamos uns dez minutos trocando balaços até que eu me enchi e mandei um pouco mais forte. O balaço atingiu o estômago dela e Hariel desmaiou.

         Sean arregalou os olhos.

         - Belo modo de tratar uma garota, Sirius. Não sei como você namorou tantas delas!

         - Não havia cavalheirismo ou educação entre Hariel e eu – Sirius piscou para Sean maliciosamente. – O resultado foi que todos achavam que eu ataquei o balaço de propósito e quando Hariel se recuperou, ela me estuporou por ter feito-a desmaiar e perder a posição no time.

         - Vocês realmente se odiavam, não?

         Os olhos azuis de Sirius ficaram doces e emocionais.

         - Não. A verdade é que nem ela nem eu gostávamos de nos sentir dominados, intimidados. O problema era que somente um conseguia passar isto ao outro. Acho que é por isso que durante cinco anos nós nos odiamos. Porque sabíamos que o outro tinha controle sobre nós mesmos, entende?

         Sean arriscou um sorriso.

         - Mais ou menos... Sempre achei que você fosse ficar com a Bellinha.

         Sirius sorriu e voltou o olhar para Sean.

         - Eu gostava muito da sua prima... – ele fez uma pausa, pensativo. – Mas eu sempre amei a Hariel.

         Sean deu um tapinha nas costas do amigo e voltaram a se concentrar no jogo que estava prestes a iniciar-se. Hermione tornou seus olhos para Ametista e viu a garota trazer um leve sorriso nos lábios.

***

- Ótimo! Belíssimo! Uma extraordinária partida!

         O jogo havia acabado havia cerca de cinco minutos e eles estavam esperando para deixarem o estádio. Sean comentava como foi brilhante a manobra de Vítor Krum ao pegar o pomo e dar a vitória para a Bulgária. Havia sido apenas um amistoso entre os países, mas via-se a enorme decepção no rosto dos inúmeros franceses que deixavam as arquibancadas. Sean comentava que eles estavam apostando todas as suas fichas na nova apanhadora francesa, Francis Deboult.

         - Hum, acho que consigo um autógrafo de Vítor – disse Sean. – Que tal?

         Harry arregalou os olhos ao ver Rony corar furiosamente.

         - Nós já o conhecemos muito bem, Sean. – respondeu o garoto entre os dentes.

         - Na verrdade – ouviram uma voz atrás e tornaram-se. Encontraram o apanhador da Bulgária, Vítor Krum. – eu ouvi dizerrem que Harry estarria aqui.

         Sean olhava Krum admirado. O apanhador estava tão alto quanto no ano retrasado e tão forte quanto antes. Ametista estava boquiaberta.

         - Olá, Harry. – cumprimentou o jovem de, agora, quase vinte anos, estendendo-lhe a mão.

         Harry apertou firmemente a mão de Vítor e sorriu desajeitado. O jovem agitou a cabeça para Sean, Sirius – olhando de esguelha, temeroso – Rony, que o olhava incrédulo e furioso, e Ametista. Entretanto, os olhos duros de Krum amoleceram ao observar Hermione. Ele não a via desde o quarto ano em Hogwarts e a garota havia crescido o bastante para deixá-lo impressionado.

         Hermione arriscou um sorriso tímido ao mesmo tempo em que corou. Vítor aproximou-se ligeiramente de Hermione e notou que se encurvou para olhar bem no fundo dos olhos da garota.

         - Herm-on-nini. – foi apenas o que disse.

         Rony apertou o braço de Harry furiosamente. O amigo olhou-o apavorado pela dor que sentia e notou que Rony estava a um passo de pular em cima de Krum e arrancar-lhe a cabeça se fosse capaz.

         - Ecstive pensaando em convidá-la parra darr uma voltinha... Faz tempo que não converrsaamos...

         Hermione abriu a boca sem saber o que responder quando Sean perguntou:

         - Vocês se conhecem?

         - Ele esteve...esteve – ia respondendo Hermione gaguejando e fugindo do olhar de Rony. – em Hogwarts há dois anos atrás.

         - Hum... Bem, minha bela menina – chamou Sean em seu tom galanteador. – Se você quiser andar um pouco com o senhor Krum, estaremos almoçando no restaurante aqui ao lado do estádio.

         Hermione realmente não sabia o quê respondeu a Vitor. Ela queria aceitar somente para fazer ciúmes a Rony – o que não precisava porque ele já estava, e bastante – mas, não queria por não se sentir segura com ele. Sean decidiu por ela, piscando para a garota.

         - Vá, vá. Mas encontre-nos lá em menos de uma hora, certo mocinha?

         Vitor ainda encarava Hermione esperançoso. A garota virou-se para o apanhador e aceitou o convite, saindo com ele da cabine. Não teve a coragem de olhar para trás.

         Ainda na cabine, Sirius finalmente notou que Rony estava enfurecido. Avisou Sean de que deveriam ir reservar a mesa para o almoço enquanto deixou os três jovens no estádio. Ametista conseguiu respirar fundo somente naquele momento.

         - Este era mesmo Vítor Krum? – indagou a garota para si mesma, ainda observando na direção da porta, por onde Vítor havia saído.

         - Sim! Era o mesmo nojento, asqueroso, trapaceiro Vítor Krum! – gritou Rony as suas costas, largando finalmente o braço de Harry.

         Ametista virou-se para Rony e viu o ruivo ofegante e mais vermelho que seu próprio cabelo.

         - Você está ardendo de ciúme novamente, Rony? – perguntou Ametista num tom indiferente.

         - Não! Não é ciúme! – respondeu Rony rapidamente. – Eu...eu só não admito que ele sempre roube a minha garota!

         Ametista lançou um olhar impaciente a Harry, que deu de ombros.

         - Sua garota?! Sua?! – repetiu Ametista calmamente. – Só recordando mas, eu acho que você e a Hermione não estavam mais juntos...

         - Nós não estamos, mas é só por um tempo! – corrigiu Rony.

         - Por que você continua fazendo isso?! Digo, se você quer mesmo a Hermione, por que não deixa de ser um completo idiota e corre atrás dela?! Parado aí, fazendo esse joguinho imbecil que vocês têm feito durante quase três semanas, você não tem o menor direito de brigar porque Vítor foi mais esperto que você! Encare a realidade e vá atrás dela!

         Rony estava tão irritado que ignorou Ametista e bateu a porta da cabine, descendo para juntar-se a Sean e Sirius. Ametista bufou e cruzou os braços.

         - Se ele gosta dela, por que ele não fala isso?! A Hermione está magoada demais por causa de nada! Ele quer voltar com ela, mas não dá o braço a torcer?! – dizia ela olhando para o vidro da cabine, tendo a visão do estádio, agora vazio.

         Harry aproximou-se dela e abraçou-a pelas costas. Ametista suspirou e um sorriso bobo formou-se no seu rosto. Harry respirou seu perfume de sândalo novamente e suspirou no seu pescoço.

         - Eu espero que isso nunca aconteça conosco. – disse ele sorrindo.

         - Não provoque e isso não acontecerá. – respondeu Ametista, virando-se para o namorado e encostando seus lábios nos dele.

***

O almoço correu bem e Rony fez questão de ficar calado a refeição toda. Quando Hermione aproximou-se sozinha da mesa onde estavam sentados, o garoto ruivo levantou da mesa e passou por ela, ignorando-a. Pelo resto do dia, conheceram os principais pontos turísticos de Paris e ao entardecer tomaram seu caminho de volta a Saint-Pierce.

         Ao chegarem, por volta de oito horas da noite, Saint-Pierce estava sendo atingida por um temporal, onde as sarjetas das ruas formavam fortes correntes furiosas de água. Já no castelo, encontraram Arabella jantando sozinha na comprida mesa de jantar. Mal se ouvia algo dentro das altas salas, já que a água batia contra os vitrais das paredes e provocava um barulho ensurdecedor.

         - Onde está Ártemis? Trouxe um autógrafo de Francis para ela... – disse Sean, mas parou imediatamente ao ver o olhar de Arabella.   

         Sirius aproximou-se e ficou preocupado igualmente. A mulher estava pálida, o prato estava intacto e suas pupilas estavam incrivelmente dilatadas. Sirius deu um toque em Sean para levar os jovens para os quartos enquanto Arabella estendeu um de seus braços, ainda paralisada, olhando para o nada. Sirius agachou-se e tocou os dedos compridos da mulher.

         - Si...Sirius... – ela disse, tornando a vista para o homem.

         - Que é que aconteceu? – indagou Sirius aflito.

         Arabella abriu a boca e fechou-a em seguida inúmeras vezes até dizer:

         - On...onde está a Ametista?

         - Subiu para o quarto – respondeu Sirius curioso. – Que foi?

         A mulher levantou de sua cadeira, apoiando-se no encosto da cadeira e, ainda segurando a mão esquerda de Sirius, guiou-o até a uma sala no mesmo piso, perto da saída para os fundos do castelo. Sirius pôde reconhecer a voz seca e hostil de Ártemis antes de olhar com quem a mulher conversava pela ligeira fresta da porta: um homem alto, de comprido cabelo platinado e pele pálida, mais conhecido como Lúcio Malfoy.

         Sirius arregalou seus olhos e prendeu a respiração, procurando algum resquício de calmo pela sua mente. Ártemis conversava com o senhor muito bem vestido secamente, assim como todos que ela conhecia. Arabella apertou os dedos de Sirius fortemente e puxou-o para o andar de cima, com muita relutância do bruxo. Chegando ao dormitório de Arabella, a bruxa trancou a porta e fez um feitiço de volume, para que os outros que estivessem fora do quarto não pudessem ouvi-los.

         - QUE É QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?! – vociferou Sirius.

         - Eu não faço idéia! – respondeu Arabella trêmula. – Eu estava jantando com Ártemis quando o elfo avisou que havia um tal de senhor Malfoy do lado de fora do castelo! 

         Sirius andava de um lado ao outro pelo quarto, nervosíssimo.

         - Belos amiguinhos que sua irmã anda arranjando, não é mesmo?! – gritou Sirius em resposta.

         - SIRIUS! Deixe-me terminar de explicar! – irritou-se Arabella. – No mesmo segundo, Ártemis exigiu que não abrissem o portão a ele!

         - E O QUE ELE ESTÁ FAZENDO LÁ NAQUELA SALA COM ELA?!

         - Ártemis foi até o portão, mas eu não a acompanhei – suspirou Arabella num tom arrependido. – Quando ela voltou, o homem estava junto dela!

         - E ele teve a coragem de encará-la depois de tudo que aconteceu em Hogwarts?!

         Arabella abaixou a cabeça apreensiva. Sirius levou a mão direita sobre os cabelos negros e bufou. Ele estava no limite de sua paciência.

         - E eu presumo que ele deva passar a noite aqui, não é?! Afinal, o mundo está caindo lá fora!

         - Provavelmente – concordou Arabella apavorada. – E quanto ao Harry?

         - Harry?! – surpreendeu Sirius, aproximando-se de Arabella. – E QUANTO A AMETISTA?!

         Arabella pegou-se quase sorrindo naquela situação ao ver Sirius preocupado, declaradamente, com a "filha". Porém, se algo a mais pudesse acontecer naquele momento dentro do dormitório, foi impedido. Ouviram um grito do lado de fora, no corredor, dizendo:

         - O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?!

***

- É melhor vocês irem tomar um banho ou trocarem essas roupas ensopadas. Depois, desçam para o jantar. – dizia Sean, deixando-os para trás na ala leste.

         Hermione, que estava sentindo-se exausta e principalmente chateada pela postura de Rony com ela, pediu para tomar banho primeiro. Como havia dois banheiros no corredor, Rony trancou-se no quarto, deixando Harry e Ametista sozinhos na passagem.

         - Vá tomar primeiro, você se molhou mais do que eu... – comentou Harry marotamente.

         Ametista lançou-lhe um olhar furioso. Ao descerem do carro, havia ainda um bom caminho até a porta principal do castelo. Assim, todos tomaram bastante chuva, mas Ametista em especial já que Harry fez questão de sacudir uma das roseiras lotadas de água sobre a garota no caminho. Ametista resmungou qualquer coisa e deu um tapa fraco no braço do namorado, deixando-o para trás. Harry entrou no seu quarto, depois de muita insistência por causa do amigo.

         Enquanto isso, Ametista aproveitou uma das toalhas que estavam sobre os arcos do banheiro e começou a secar o rosto, desajeitada. Porém, lembrou-se que havia deixado o roupão sobre sua cama. Ao sair do banheiro, chocou-se com alguém no corredor. Virou-se para desculpar-se, mas simplesmente quase socou-se ao ver em quem havia esbarrado.

         - O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?!

         O jovem a sua frente deu um sorriso irônico para Ametista. Ela concentrou seus olhos azuis nos cinzentos. Ali estava Draco Malfoy, pouco mais alto do que há um mês atrás, o cabelo molhado pela chuva e não colado pelo gel como uma pasta sobre a cabeça, e observando-a do mesmo jeito raivoso e irônico.

         - Não esperava vê-la nesses trajes, Dumbledore... – disse Draco malicioso.    

         Ametista estava totalmente vestida, a não ser por suas roupas estarem coladas sobre sua pele por ter tomado muita chuva. Ele estava apenas provocando-a, mas imediatamente, Ametista jogou os braços sobre o tórax, como se tivesse algo para esconder. Foi quando apareceu atrás de Draco, Harry.

         - Você?! – espantou-se o jovem, olhando Draco com incredulidade.

         Draco virou-se para Harry e sorriu.

         - Não precisa ficar chocado, Potter. Você deveria é ficar assim ao ver isso. – e apontou para Ametista, cobrindo-se com seus braços.

         Seguidamente, Draco estava sendo espremido contra a parede por Harry, pegando-o pelo colarinho da camisa negra que vestia. Foi nesse momento que uma mulher alta, loira como Draco e com uma aparência  incrivelmente mal humorada interrompeu-os.

         - Já se metendo em confusão, Draco?

         Os três tornaram-se para a mulher e Harry recordou a primeira vez que a vira, na Copa do Mundo de Quadribol. Era Narcisa Malfoy. E conseguiu juntar tudo muito rapidamente. A família deveria estar reunida. Assim, Lúcio Malfoy também deveria estar lá. Soltou os dedos do colarinho do garoto. Draco bateu as mãos sobre a camisa como se estivesse suja agora que Harry havia tocado-a e disse, caminhando de volta ao próprio dormitório.

         - Esses dias serão muito prazerosos, não acha Potter? – e olhou de esguelha para Ametista.

         Harry viu-se procurando por Ametista e deduziu que deveria ter ido para seu quarto. Ao entrar, a luz estava apagada e ela estava de costas olhando a vista negra e chuvosa pela janela do castelo de Saint-Pierce. Somente naquele momento foi que notou sobre o quê Draco insinuara há pouco. A blusa lilás de Ametista estava colada contra sua pele, delineando suas costas e cintura de mulher. Harry sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

         - Ele está aqui – disse a garota repentinamente, virando-se para Harry. – Lúcio Malfoy está aqui.

         - Provavelmente... – foi apenas o quê saiu da boca do jovem, que estava concentrado, agora, na marcação da fronte de Ametista, ao vê-la encarando-o no fundo de seus olhos.

         - E você não vai dizer nada?! – irritou-se a garota, aproximando-se de Harry. – Malfoy quase me matou naquela maldita noite! Agora, ele está aqui! Num quarto praticamente ao lado do meu!

         O jovem viu-se sem resposta. Harry não tinha a mínima pista do que a família Malfoy estava fazendo naquele castelo. Entretanto, estava tão difícil concentrar-se na conversa da garota, que ele acabou apenas abraçando-a. O contato com o corpo gelado da namorada o fez tremer e aos poucos, uma quentura reservou-se em seu ventre insistentemente, como das outras vezes em que a beijava ou a abraçava. Como ele mesmo estava levemente molhado pela chuva, ao encostarem-se, automaticamente suas roupas colaram-se. Harry sentiu um impulso involuntário de seu corpo em seu ventre novamente. Sorriu para si mesmo, desvencilhando-se ligeiramente do abraço e levando seus lábios até os dela. Ametista admitia ainda não estar totalmente acostumada a tê-lo tão perto e amoroso. E, mesmo que não fosse a hora mais propícia, ela envolvia-se no beijo como se a fizesse esquecer da última notícia e de tudo que girava em torno de sua vida atualmente.

         Suspirando quando suas línguas se tocaram, Ametista apertou-se mais ainda contra o corpo do namorado, em busca de conforto. As roupas misturaram-se ao beijo junto com o calor dos namorados. Harry, notando que Ametista estava tão envolvida quanto ele, desceu seus dedos até o quadril da garota. Em seguida, sentiu Ametista recuar sua língua lentamente e sorrir junto aos seus lábios, agora fechados. Ligeiramente, ela levou seus próprios dedos até os do namorado em seu quadril e retirou-os, corando.

         - Você aproveita as melhores chances, não é mesmo? – brincou.

         - Desculpe, não consegui evitar... – envergonhou-se Harry.

         Na verdade, fora a primeira vez que Harry descia suas mãos abaixo da cintura da namorada. Suas roupas estavam ainda coladas em seus corpos, principalmente sobre o de Ametista. Ambos ficaram um segundo calados, encarando-se marotamente, quando ela disse:

         - É incrível como eu consigo esquecer de tudo quando estou com você.

         - Quando você está comigo ou quando eu te beijo? – indagou Harry divertido, fazendo Ametista rir e o constrangimento de alguns segundos atrás ser esquecido.

         - Hum... bem, agora você me pegou! – retrucou Ametista, lançando seus braços sobre Harry novamente e dando um selinho em seus lábios.

         - Ele não vai encostar um dedo em você. – afirmou Harry repentino e seguro.

         Ametista sorriu timidamente. Era tão estranho ver Harry sendo tão protetor com ela. Se fosse há alguns meses atrás, ela deveria estar rindo da cara dele, e assim Harry a deixaria para trás, ignorando-a. Engraçado como as coisas mudam. Como as pessoas mudam. Principalmente isso.

         - E se eu quiser dançar com ele no Baile? – supôs Ametista.

         - Eu não acho isso muito provável...

         - Estou falando do Malfoy-filho... – provocou a garota, segurando a risada ao ver o rosto de Harry contorcer-se exatamente como o de Snape quando ficara sabendo da viagem dela com Sirius Black. – Eu estou brincando! – corrigiu rapidamente, rindo.

         - Eu sabia. – respondeu Harry, disfarçando um rubor que surgiu em suas bochechas.

         Os braços de Harry envolveram Ametista novamente, levando-a para mais perto de si e unindo suas roupas mais uma vez. Um beijo mais intenso que o anterior foi formando-se aos poucos, fazendo Harry sentir a incômoda, mas gostosa pressão em seu ventre. Desta vez, Ametista não se perturbou ao notar os dedos de Harry sobre seu quadril novamente. A animação entre eles aumentava a cada arrepio, cada suspiro, cada encosto de lábios e línguas no acontecer do beijo. Suas roupas estavam agora se unindo contra o corpo do outro insistentemente. Harry estava aproveitando cada segundo de uma nova barreira no tão novo namoro. E quase sorriu ao imaginar novamente aquele sonho da noite de seu aniversário. Quando poderia passar por aquilo? Harry desejou mais do que nunca para o tempo correr.

         - Humhum! – ambos ouviram as suas costas e separam seus lábios imediatamente.

         Estavam parados na porta Arabella e Sirius. A mestra estava sorrindo ligeiramente, enquanto Sirius carregava uma expressão... ciumenta? Foi ciúmes que Harry conseguiu perceber ao olhar para o padrinho. Ametista pareceu notar igualmente, pois afastou seu corpo de Harry. Arabella notou que suas roupas estavam mais coladas em seus corpos do que estavam antes de entrarem no castelo.

         Ametista murmurou qualquer coisa sobre ir tomar banho e deixou rapidamente o dormitório. Arabella piscou para o afilhado e saiu, deixando Sirius encarando Harry furiosamente. O jovem engoliu em seco e viu Sirius olhar para a região de seu ventre seriamente. Harry também tornou seu olhar e encontrou o motivo da fúria do padrinho. Voltou a encarar Sirius, corando violentamente. Era a primeira vez que aquilo acontecia com Ametista. Felizmente, ela não pareceu ter notado!

         - Acho que teremos de ter uma conversinha mais tarde, Harry. – disse Sirius gravemente, deixando a porta do dormitório para trás.

         Harry respirou fundo nervosamente. De fato, ele deveria ter pedido a Ametista para tomar banho primeiro. Talvez, só mesmo um banho frio para acalmá-lo. E deixou o quarto, olhando uma última vez a cama da garota, relembrando seu sonho. E notou que o roupão dela estava sobre a colcha azulada.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO: Hermione, arrasada diante da briga com Rony, é surpreendentemente ajudada por Arabella e acaba descobrindo um grande segredo da mestra. E o Baile de Máscaras começa em Saint-Pierce! Um encontro que todos esperam há um bom tempo acontecerá e quais serão as conseqüências dele? Prepare seus sapatos e pés para dançar muito em "O TEMPLO DE RAVENCLAW, VAGA-LUMES E OS OLHOS DOS BLACK"