NO CAPÍTULO ANTERIOR: O sábio Chapéu Seletor pareceu certo de que Ametista é uma legítima sonserina. Mas, será que ele está tão correto assim? E a primeira aula de Sirius mostrou que Voldemort e seus seguidores possuem mais segredos e habilidades do que imaginávamos. Quem possuirá o índice máximo de transformação?
CAPÍTULO TREZE – OS ESPELHOS MÁGICOSA semana passou num piscar de olhos para a maioria dos alunos. E no sábado, Hogwarts estava novamente com seus corredores cheios de alunos, correndo de um lado ao outro, aproveitando o final de semana.
O dia estava ensolarado. As árvores que ainda restavam sem estudantes embaixo delas, procurando uma sombra e paz, eram poucas. E, numa delas estava Hermione e Rony, conversando animadamente sobre a última aula de Poções, onde Ametista havia provocado o professor a tirar pontos da Sonserina por ter executado a primeira poção erradamente.
- Ela está procurando confusão indo contra o Snape. - dizia Hermione num tom preocupado.
- Eu acho maravilhoso ela continuar a enfrentar aquele mer...
- Ronald Weasley! - protestou a monitora ao ver um palavrão quase sair da boca do namorado.
- O que?! Vai me dizer que ele não é?! - provocou o jovem em resposta. - Enquanto a Ametista aprontar nas aulas dele, a Sonserina vai perdendo pontos e nós não!
Hermione, que já havia pensado nessa possibilidade, respondeu:
- Mas você não acha estranho demais ela, que adorava tanto ele, revoltar-se dessa maneira contra ele?
- Eu tomaria a mesma atitude! - concordou Rony. - O cara ajudou Você-Sabe-Quem a enganar a mãe dela e provocou toda essa confusão com o Sirius! O Snape é que está errado, não deveria ter feito raio de poção nenhuma!
Hermione riu.
- Você realmente adora odiar o Snape, não é mesmo?
Rony riu igualmente e abraçou a namorada. Hermione saiu do abraço e encostou os lábios nos de Rony, que soltou um suspiro inesperado. Ela se afastou querendo rir. Ele retomou ao final:
- Mas que ele é um merda, isso ele é! - completou, dizendo o palavrão e calando a boca da namorada que começara a protestar com um beijo.
***
O dia foi embora, assim como a outra e a outra semana. Setembro já estava na sua última semana quando Dumbledore veio, finalmente, com a notícia que muitos esperavam. Era o jantar da sexta-feira e os estudantes já começavam a reclamar da falta que o professor Lupin fazia. Durante aquelas três semanas, Severo Snape substituiu Alastor Moody no ensino de Defesa Contra a Arte das Trevas. E via-se em seu rosto a decepção de o diretor e o conselho da Escola terem encontrado um professor substituto.
- Atenção! - chamou Dumbledore, levantando de sua cadeira como de costume ao dar um comunicado. - Após algumas semanas, conseguimos um professor de Defesa Contra a Arte das Trevas, fazendo com que o professor Snape fique, de volta, encarregado apenas com as aulas de Poções.
Harry não deixou de reparar na cara de desgosto e desapontamento de Severo Snape. O mestre, que sempre desejou o cargo, estava perdendo-o mais uma vez. Entretanto, algo deixou Harry curioso. Havia um outro rosto na mesa dos mestres tão descontente quanto Snape. Era Sirius.
- Neste ano, a surpresa é que o professor contratado é uma mulher.
Após a continuação de Dumbledore, muitos garotos, principalmente do quinto ano para cima, festejaram. Na verdade, a única atenção deles era sobre a madrinha de Harry, Arabella, que era de fato uma mulher muito bonita. E a idéia de uma nova professora era ótima.
- O nome dela é Ártemis Figg e é irmã da nossa professora de Aparatação, Arabella Figg.
Apenas quatro rostos estavam de olhos arregalados em meio à multidão. Hermione, Rony, Harry e Ametista conheciam Ártemis Figg e sabiam que ela era bastante estranha. E como se não fosse somente isso, Sirius parecia ter odiado a idéia. Seu rosto estava impassível, mas cheio de raiva. Arabella, por sua vez, trazia um sorriso discreto nos lábios.
- A Srta. Figg deverá chegar amanhã e espero que a recebam bem, assim como receberam nossos outros professores. - finalizou Dumbledore, sentando em sua cadeira novamente.
A mesa da Grifinória ferveu de ansiedade. Os garotos do sétimo ano testavam a hipótese de Ártemis ser mais bonita ou não que Arabella, o que deixou Harry levemente irritado, e ciumento. Antes que Harry pudesse dar uma resposta atravessada para alguns dos jovens, Hermione disse:
- Eu acho que não foi só o Snape que não gostou da contratação da Ártemis... - indicando Sirius com a cabeça.
- A minha opinião é a de que aquela mulher era muito estranha e nada me tira da cabeça que ela deve ser um poço de amargura! - resmungou Rony interrompendo Hermione.
Harry concentrou seus olhos em Sirius.
- Para mim, ele e a Ártemis não se dão nem um pouco. É como se convidassem-no para tomar chá com o Snape.
- Mas, mudando de assunto - interrompeu Rony mais uma vez, só que o melhor amigo agora. - que vamos fazer hoje à noite, Harry? Estava louco para uma partida de Snap Explosivo, podemos chamar o Dino e o Simas...
- Não posso, Rony. - cortou Harry imediatamente.
Rony franziu a testa, contrariado enquanto Hermione ria discretamente.
- E por que não?!
Harry pigarreou e mordeu uma das cochas de frango que estavam diante dele, numa bacia.
- Eu vou ver a Ametista.
Foi a vez de Hermione parecer insatisfeita. Ou talvez seria... preocupada?
- Você não vai na Torre da Sonserina, não é?! Isto é infligir apenas uma das milhares de regras que você pode só de sair da Torre da Grifinória após o horário de dormir e...
- Hermione! - gritou Harry aborrecido. - Eu sei de todas essas regras, você nunca se cansa de ditá-las para nós!
- E o que você vai fazer? - voltou a indagar Rony curioso e adorando uma discussão entre os dois amigos.
- Vou usar a velha Capa do meu pai...
- Não mesmo! Não vai ficar perambulando por aí debaixo daquela capa, Harry! Você é um monitor, tem de dar o exemplo! - protestou Hermione mais uma vez.
- Já é a segunda vez que você me fala isso, Mione, e eu sei muito bem que sou monitor, você não precisa ficar me lembrando a toda hora! - brigou Harry em tom baixo, já que aquilo se dirigia a um bom bate-boca. - Eu não vou na Torre da Sonserina e nem ela vem para a Torre da Grifinória. Nós combinamos de nos encontrar na sala de Transformação Humana.
Hermione ia dizer alguma coisa, mas Rony passou na frente.
- AH! Já sei porque você escolheu ir naquela sala... - disse num tom malicioso que Harry entendeu muito bem e chutou o amigo por baixo da mesa, indicando Hermione com a cabeça.
Logicamente, a nova sala de Transformação Humana era perfeita. As luzes fracas e amarelas, a fonte de água azul-escura... Tudo se encaixava para namorar um pouco. E Harry precisava mesmo de um canto para poder ficar em paz com Ametista, já que todos os alunos que passavam por eles comentavam alguma coisa e Ametista já estava se aborrecendo com tudo aquilo, assim como ele próprio.
- Então, amanhã nós jogamos uma partidinha, certo? - propôs Rony, depois de entender facilmente os motivos do amigo.
- Combinado. - respondeu Harry, dando uma última garfada no prato e dirigindo-se até a Torre da Grifinória, querendo não se atrasar.
***
Já acostumada ao caminho, Ametista não sentia mais tanta diferença a distância da Torre da Sonserina, nas masmorras, até as outras inúmeras salas do castelo. Estava perto das dez horas quando deixou o salão comunal, envolvida na sua capa de invisibilidade, para trás e dirigiu-se até a sala de Transformação Humana. Os corredores estavam praticamente vazios e os candelabros suspensos para a iluminação deles estavam ainda bem acesos, permitindo que o caminho fosse mais fácil. Em passos largos - apesar de suas pequenas pernas - Ametista chegou rapidamente na sala do professor Sirius Black.
As carteiras fazendo um círculo em volta da fonte que jorrava água ou o que fosse da coloração azul-escura e a iluminação bastante fraca davam um tom até arrepiante para a sala de aula. Após entrar e certificar-se de que estava totalmente vazia, retirou a capa dos ombros e deixou-a sobre uma das carteiras. Harry ainda não havia chegado.
Sem nada para fazer, resolveu ir até a mesa do professor e examinar o que ele tinha acima dela. Alguns frascos coloridos, mas na maioria negros, pergaminhos espalhados sobre a mesa, penas e livros. "Acho que organização não é o forte dele", pensou Ametista divertida ao notar a bagunça que estava a mesa de Sirius. De repente, uma curiosidade tomou conta dela e Ametista viu-se abrindo a única gaveta da mesa do professor.
Cuidadosamente, encontrou alguns pergaminhos e começou a tirá-los da gaveta, de modo que pudesse ver se havia algo embaixo dos papéis. Agora, encontrara um envelope vazio de Hogwarts. Nada de muito interessante. Mas foi ao retirá-lo da gaveta que se surpreendeu. Havia três fotos jogadas que Ametista retirou com cuidado. A primeira era de Sirius e Harry, no dia do julgamento de Sirius, onde ele fora inocentado. A segunda era dele e de Arabella, sentados num banco dos jardins de Hogwarts, ainda jovens. Porém, foi na terceira que Ametista realmente reparou. Estavam parados diante da Bacia de Pandora, no casarão de Godric's Hollow, Sirius, Hariel, sua mãe, e ela, ainda um bebê, nos braços do "pai". Hariel acenava para Ametista enquanto Sirius roçava seu nariz no da criança em seus braços, carinhosamente. Passou os dedos pela foto saudosamente. Ametista sentiu os olhos marejarem, mas os segurou firmemente. Dando uma última olhada, guardou-as de volta e todos os papéis que havia dentro da gaveta.
- Demorei muito? - ouviu uma voz as suas costas.
No momento seguinte, Harry estava tirando a capa de invisibilidade. Ametista descobriu que ele estivera parado atrás dela durante todo aquele tempo.
- Eu não...bem, não pretendia mexer nas coisas dele. - desculpou-se rapidamente.
Harry sacudiu a cabeça em negação e abraçou-a.
- Eu não vim aqui para discutir sobre Sirius ou qualquer outra coisa. Eu quero apenas ficar com você. - respondeu o jovem.
Ametista sorriu satisfeita. Harry logo conseguiu envolver a namorada num beijo longo e lento. Seus braços estavam ao redor de sua cintura e a capa caída sobre os pés dele. Ametista suspirava cada vez que faltava ar em seus pulmões, mas acabava deixando ser beijada novamente. Logo estavam sentados no chão da sala, escondidos atrás da mesa do professor, aproveitando a proximidade de seus corpos, já que esses contatos eram impossíveis com Ametista agora na Sonserina. Harry estava apoiado sobre Ametista, abraçados, e entrelaçados num novo beijo.
- Por que eles tinham que te mandar para tão longe? - sussurrava Harry no ouvido da namorada quando ela pedia tempo para recuperar o fôlego.
- É mais fácil perguntar por que tínhamos de ser tão diferentes. - respondeu a garota procurando os lábios do namorado novamente.
- Não acho que sejamos tão diferentes assim. - retrucou Harry com um tímido sorriso nos lábios.
E Ametista sabia bem o porquê daquele meio-sorriso. Harry estava com uma das mãos tentando alcançar seu quadril de novo. A garota enrolou os dedos na mão do namorado, levando-a até sua cintura novamente.
- Para quem era tímido, você está bem ligeiro, não acha? - brincou Ametista.
- Você é a culpada de tudo isso - disse Harry, tomando uma expressão marota. - Quem mandou me botar tanto fogo...
Ametista ficou boquiaberta.
- O quê?! - indignou-se. - Você é que está com os hormônios agitados, isso sim! Não consegue se controlar com o menor movimento meu...
- AH! É mesmo?
- Exatamente, Potter - provocou-o chamando pelo sobrenome. - Eu não fico desse jeito. - completou, apontando para a face corada de Harry.
Toda vez que eles começavam a se beijar de um modo mais animado, sua face corava, acompanhando o aumento de sua temperatura corporal - o conhecido fogo.
Harry cerrou os olhos maliciosamente.
- Você não fica desse jeito... - repetiu apontando para o próprio rosto. - apenas porque eu não deixo, porque não quero.
Ametista soltou um gritinho como se estivesse sendo contrariada e odiasse a idéia. Harry aproveitou e não deu tempo de resposta, e alcançou a boca da garota. Os segundos seguintes fizeram, pela primeira vez, Ametista rezar para não perder o controle. Talvez ela estivesse enganada e seus hormônios estivessem tão agitados quanto os dele. Um calor confortável e tenso ao mesmo tempo corria pela sua pele até a ponta do fio de seus cabelos, as mãos do namorado em sua cintura e em sua nuca, acariciando seu cabelo e provocando arrepios em seu corpo. Por duas vezes, Harry separava sua boca da dela e sussurrava em seu ouvido de um jeito provocativo que a adorava e que era capaz de colocar muito fogo nela. Ametista não deixou de sorrir ao perceber, lentamente, que Harry perdia a timidez perto dela. Afinal, não era nada fácil ter uma namorada aos dezesseis anos. E ainda uma que anda tão distante.
Ao notar que Harry acelerou o beijo e guiou a mão da cintura para dentro de seu casaco da Sonserina, tocando levemente a lateral de sua barriga, ainda sob a camisa branca do uniforme, Ametista empurrou-o. Harry não hesitou ao encará-la no mesmo segundo, esperando a reação da namorada. Ametista estava com os lábios inchados, o cabelo ligeiramente armado e o rosto vermelho.
- Agora sim você está que nem eu - disse o garoto rindo. - Quem é que não fica desse jeito? - repetiu apontando para o rosto dela.
Ametista pegou um pouco de ar e respondeu:
- Não faça isso de novo! - ordenou num tom nervoso.
Harry franziu as sobrancelhas e o sorriso anterior sumiu de sua face.
- Não faça o quê? Foi você que provocou!
- Não procure coisas dentro do meu casaco! - protestou ferozmente.
Logo em seguida, a garota empurrou Harry levemente de cima dela - ele estava sentado em seu colo de um modo torto - e pegou a capa de invisibilidade, deixando como um furacão à sala de Transformação Humana.
Harry bufou sozinho e olhou em volta. Ele quis colocar-se de pé rapidamente e correr atrás da namorada, falando que não havia conseguido se controlar, mas achou melhor não. Preferiu deixar as coisas como estavam e caminhar de volta para a Grifinória. Era melhor que Ametista tivesse aquele tempo para reavaliar o quê tinha acontecido. E também era melhor para ele que fosse dormir, mesmo que naquele momento, ele estivesse completamente acordado.
***
O fim de semana foi bastante pesado para Harry e Hermione. Como monitores de Hogwarts, tiveram inúmeras tarefas para serem completadas naquele sábado e domingo, a fim de aprontar a vinda de Ártemis para Hogwarts. Uma reunião havia sido feita no sábado à tarde, convocada por Dumbledore, explicando a todos os monitores das Casas sobre a morte de Alastor Moody e como as normas de segurança dentro de Hogwarts começariam a funcionar.
Ao entardecer do domingo, Harry conseguiu encontrar Ametista, perto do lago com um livro nas mãos e os olhos interessados. Sentada com as pernas estendidas sobre a grama, Harry não pôde deixar de reparar como aquela saia da Sonserina havia caído bem na garota. Folhas secas caíam das árvores no jardim, indicando a entrada do outono em Hogwarts. E aquela imagem da garota junto às folhas era algo belíssimo.
- Podemos conversar? - perguntou, chegando mais perto de onde a namorada estava sentada.
Ametista olhou para cima e encontrou Harry encarando-a num modo quase temeroso. Seus olhos estavam brilhando atrás de suas lentes. A garota indicou um espaço ao seu lado e Harry acomodou-se sobre a grama. O sol se punha naquele momento.
- Eu queria pedir des... - começou o garoto, mas foi interrompido.
- Você não precisa se desculpar, Harry - disse ela fechando o livro e colocando-o em seu colo. - Eu entendo que você não consiga se segurar algumas vezes porque...bem, porque...
- Por que...? - repetiu Harry surpreso com a resposta da namorada.
- Porque eu também não consigo - apareceu um leve sorriso nos lábios fechados de Harry. - Digo, não é fácil manter o controle com você agindo daquela forma.
Harry colocou sua mão esquerda sobre a direita de Ametista, que estava apoiada sobre o livro. Com a direita, Harry retirou uma folha caída sobre o cabelo da namorada. Ele disse marotamente:
- Então quer dizer que eu botei fogo em você?
Ametista continuou séria. Mas demorou pouco até que um sorriso aparecesse em seu rosto.
- Não, você me faz perder o controle. É diferente. - respondeu, dando um selinho delicado nos lábios de Harry.
- Escute o que eu vou te dizer e grave. Isso é algo que eu direi bastante enquanto estivermos namorando... - disse Harry ao abraçá-la levemente. - Temos sorte de estarmos em Casas separadas. Que bom que você está na Sonserina.
Ambos riram, pois haviam entendido completamente o sentido da frase.
***
Passados três dias, chegara primeiro de outubro. Faltavam apenas trinta dias para a primeira visita a Hogsmeade e os alunos já estavam mais do que animados. Muitos sabiam da existência da Loja de Logros e Traquinagens dos Weasley, e estavam frenéticos para conhecer as últimas invenções dos gêmeos ruivos. Quem levava vantagem nisso era Rony, que aproveitava ao máximo a recente fama dos irmãos.
O dia começara bem, onde os grifinórios do sexto ano tiveram uma interessante aula nas estufas de Herbologia, junto da professora Sprout. Porém, todos estavam realmente ansiosos para a primeira aula de Defesa Contra a Arte das Trevas. Dirigindo-se a classe levemente atrasada por uns garotos do primeiro ano da Corvinal, Hermione encontrou a turma da Sonserina subindo as escadarias até a sala da aula seguinte. Ametista caminhava por último.
- Então, como andam as coisas na Sonserina? - indagou Hermione ofegante, na tentativa de alcançá-la.
Ametista tinha olheiras fundas e parecia um pouco indisposta.
- Indo. Pelo menos, nessa manhã, a Parkinson não quebrou nada meu. - resmungou mal humorada.
- Você tem dormido? - perguntou Hermione preocupada.
- Três dias se passaram, três dias em claro - respondeu num tom cansado. - Não sei o que acontece comigo, mas estou sentindo que a insônia me pegou pra valer dessa vez.
Hermione não teve a chance de continuar a conversa, já que haviam parado a frente da sala de aula. Ametista tomou seu caminho até uma mesa ao canto, longe da turma da Sonserina. Harry, que conversava com Simas, observou a namorada passar reto e seguiu-a.
- O que aconteceu com você?! - surpreendeu-se ao vê-la.
Ametista encarou Harry numa expressão impaciente e descontente.
- Eu estou tão feia assim? - aborreceu-se.
- Claro que não! - corrigiu-se Harry desajeitado. - É só que fazia dias que eu não te via assim... - Ametista franziu a testa nervosa. - Digo, você está com insônia novamente, não é?
A garota suspirou e quando planejou responder, a porta da sala bateu e a professora entrou. Harry endireitou-se na cadeira e notou Ártemis Figg observando-os. Engoliu em seco. Não gostava daqueles olhos violeta, eram frios, amargurados. A turma ficou em silêncio no exato momento em que ela entrou. Usava vestes negras, como a irmã mais nova costumava a usar, e um colar de pedras azuis e bronzes muito bonito.
- Como sabem, sou Ártemis Figg e a nova professora de Defesa Contra a Arte das Trevas - disse tudo rapidamente, memorizando os rostos dos alunos. - Eu estudei nesta Escola e conheço muito bem a rivalidade existente entre a Sonserina e a Grifinória. Espero não ter problemas com o sexto ano...
De alguma forma, os estudantes prometeram dentro de suas mentes que não aprontariam de nenhum jeito na aula de Ártemis. A mestra fez a chamada e permaneceu em pé, olhando uma série de pergaminhos sobre sua mesa.
- O professor anterior agilizou bastante a matéria deste ano - elogiou Lupin disfarçadamente. - Vamos iniciar com espelhos então.
Harry notou Ametista ficar dura em seu lado. O jovem monitor relembrou os problemas que Ametista tinha com espelhos, de todos os tipos e tamanhos. Ártemis caminhou entre as carteiras, selecionando alunos. Chamou Hermione, Dino e Lilá da Grifinória, e da Sonserina chamou Goyle, Draco e...
- A senhorita. - apontou para Ametista sentada ao lado de Harry.
- Professora, eu... - tentou argumentar, mas logo foi interrompida.
- A senhorita não irá me desafiar na primeira aula, não é mesmo? É mais confortável para ambas que a senhorita me obedeça e eu salvo-a de uma detenção. - cortou Ártemis friamente.
Ametista suspirou enquanto a sala observava-a levantar de sua mesa e caminhar para junto dos outros escolhidos. Postou-se ao lado de Hermione. Ártemis, empunhando a varinha negra na mão esquerda, indicou as duplas para trabalhar como exemplo. Juntara Hermione com Goyle, Lilá com Dino e Ametista com Draco. "Ótimo", pensou a garota levemente trêmula.
- Existem inúmeros espelhos mágicos, mas são apenas seis que poderemos estudar: o Espelho do Coração, o Espelho da Mente, o Espelho do Passado, o Espelho do Futuro, Espelho Negro e o Espelho Gêmeo - explicava a mestra enquanto os seis alunos ficavam apenas esperando ordens. - Cada um de vocês olhará para os espelhos calados e calmos, ao tempo em que eu darei instruções aos outros alunos e vocês poderão ver o que eles vêem. - completou, dizendo para os espectadores.
Draco olhou de esguelha para Ametista e viu que suas pálpebras tremiam nervosamente. Franzindo a testa, o monitor deu um cutucão na garota, a fim de não fazê-la perder mais pontos para a Sonserina. Ártemis rodou a varinha no ar três vezes e murmurou:
- Accio Espelho do Coração!
Poucos segundos depois, Harry pôde arregalar os olhos. Ele conhecia bem aquele espelho. Era comprido, com molduras douradas em sua extensão e uma inscrição na parte superior.
Ártemis agitou a varinha diante de Lilá. A aluna da Grifinória aproximou-se cautelosamente até a frente do primeiro Espelho. A professora tornou-se para a classe atenta.
- Este é o primeiro espelho que estudaremos, o Espelho do Coração, ou mais conhecido como o Espelho de Osejed - Harry sorriu para si mesmo ao lembrar do episódio em que vira seus pais e que conseguira a Pedra Filosofal, ainda no primeiro ano. - Este Espelho representa os mais profundos sentimentos do nosso coração, nossos desejos. Ele nos mostra a coisa que mais perseguimos, que ansiamos desesperadamente. Por favor, Srta. Brown, olhe-se no espelho.
Lilá aproximou-se ligeiramente aflita e paralisou em frente do espelho. Ártemis sussurrou mais duas palavras e toda a sala pôde ver o quê Lilá via naquele exato momento. A jovem estava junto de uma velha, muito parecida com ela, e de enormes e penetrantes olhos castanhos. Harry pôde ouvir Parvati sussurrar para os amigos da Grifinória que Lilá havia perdido a bisavó há poucas semanas, em julho.
- Muito obrigada, Srta. Brown, pode sentar-se - ordenou Ártemis. - Como todos puderam observar, a Srta. Brown mostrou que seu desejo mais profundo é reencontrar a bisavó...
"Como ela sabe que era a minha bisavó?", murmurou uma ainda emocionada Lilá para Parvati.
- E esta é a função do Espelho de Osejed. Mostrar qual é o seu desejo mais ansiado em seu coração - frisou a mestra. - Por isso é chamado como o do Coração.
A mestra agitou a varinha mais uma vez, fazendo o espelho sumir, e outra vez para fazer aparecer o segundo espelho. Era não tão comprido como o Espelho de Osejed, mas carregava uma coloração prateada que o deixava mais bonito que o anterior.
- Este é o Espelho da Mente - anunciou a mestra. - Também conhecido como o Espelho da Razão, tem a função de revelar seus pensamentos, de entrar na sua mente e vasculhar suas idéias.
Ártemis apontou para Dino. O sextanista da Grifinória aproximou-se rapidamente na frente do espelho e suspirou. A mestra pigarreou e, agitando sua varinha, indagou:
- Sr.Thomas acredita ou não na volta de Voldemort?
Muitos franziram suas sobrancelhas e testas no momento em que a pergunta foi feita. Já a imagem projetada no espelho foi a do próprio Dino, dizendo:
- Acredito, com muito temor.
Os alunos notaram que Dino não havia mexido um músculo da sua face quando ouviram a resposta vinda da imagem do espelho. Ártemis mandou Dino voltar ao seu lugar e voltou-se para a classe novamente.
- O Espelho da Mente é uma das armas mais usadas para a delação. Com a mesma função que a poção Veritaserum, ela provoca uma investigação dentro de sua mente e a faz revelar-se numa imagem sua, afirmando suas idéias. O Espelho da Razão também fora muito usado no Ministério da Magia nos anos negros de Voldemort, onde procuravam os traidores e espiões do Lorde.
Ártemis fez sumir o espelho também, enquanto os estudantes entreolhavam-se curiosos. Harry notou quando Rony sentou ao seu lado, dizendo:
- Meu pai me contou uma vez sobre esse Espelho da Mente. Acabaram descobrindo vários delatores dentro do Ministério.
Harry pareceu surpreso quando um espelho de madeira escura, num tom quase avermelhado, apareceu diante dos jovens. Não muito comprido, o espelho era mais largo que os anteriores e carregava um aspecto de velho, gasto. Ártemis estava lá novamente, apontando para o objeto.
- O Espelho do Passado - indicou a professora, apertando seus olhos violeta sobre os ainda restantes quatro alunos. - A Srta. Granger parece perfeita para este espelho. Aproxime-se. - ordenou Ártemis no mesmo tom seco e austero.
Hermione engoliu longamente até postar-se diante do largo espelho de madeira. Concentrando-se na sua própria imagem no espelho, viu algo incrível. Seu cabelo estava mais comprido e cheio de cachos bem definidos. Pouco mais alta, usava um vestido amarelo de uma era muito antiga e carregava uma varinha e uma flecha nas mãos esquerda e direita respectivamente.
Todos permaneciam calados, apenas observando a imagem de uma nova Hermione. Ao estalar dos dedos de Ártemis, a imagem voltou ao normal. Hermione estava com a testa franzida enquanto esperava uma explicação da professora.
- O Espelho do Passado mostra o antepassado mais importante e nobre de sua família...
Porém, Hermione não estava prestando a atenção. A imagem daquela mulher tão parecida e ao mesmo tempo tão diferente dela não saía de sua cabeça. E o que fazia uma varinha na mão de uma antepassada sua?
- Srta. Granger - chamou Ártemis exasperada. - Acho que seu sangue não é tão sujo assim.
Hermione não sabia se partia para cima da professora, que havia acabado de chamar o seu sangue de sujo, ou se perguntava o quê ela quis dizer com aquilo. Então, ela de fato possuía bruxos em sua família?!
Mas não teve tempo suficiente, pois Ártemis já estava diante de um novo espelho. Era também de madeira, porém possuía uma moldura verde envolta do espelho em si.
- Sr. Goyle, aproxime-se e olhe-se no Espelho do Futuro. – ordenou a professora, deixando o corpo meio de lado para o grande estudante da Sonserina passar.
A visão de um ainda maior corpo que o do aluno no espelho parecia impossível. Entretanto, a imagem de um Goyle, muito mais velho e enrugado, aparecia confortavelmente. Ele não parecia tão mais idoso, mas sim cansado, esgotado, vencido. Seus olhos não tinham brilho e havia olheiras bastante escuras embaixo deles. Usava uma vestimenta negra e rasgada.
- O Espelho do Futuro é o mais simples de todos os espelhos. Ele nos mostra qual será nosso destino já definido. Cabe a vocês mudarem ele. - finalizou Ártemis estalando os dedos e fazendo o espelho sumir.
Goyle voltou para sua mesa ligeiramente aflito e cochichou qualquer coisa no ouvido de Crabbe. Ártemis girou a varinha cinco vezes no ar antes que o próximo espelho aparecesse diante da sala.
Aquele não era um espelho comum. A primeira mudança era que tinha a forma de um losango, suspenso por nada. Preto do começo ao fim de sua extensão, o único brilho era da face espelhada. Ártemis tocou no espelho e uma faísca saiu dele, mas não a machucando.
- Este é o Espelho Negro – anunciou num misto de ansiedade e angústia. – Criado por Salazar Slytherin ainda na sua adolescência, o espelho tem a função de enganar e persuadir quem o observa. Isso quer dizer, ele fabrica imagens de seus maiores medos, pesares e faz, em poucos minutos, a pessoa ficar paranóica ou maluca.
Alguns se ardiam de curiosidade. Outros de temor. Mas a expectativa era grande. Quem Ártemis chamaria para enfrentar o Espelho Negro de Salazar Slytherin?
- Sr. Malfoy, queria aproximar-se.
Draco, hesitante, deu dois passos à frente e ficou diante do Espelho Negro. Ártemis agitou a varinha no ar freneticamente e Draco arregalou os olhos friamente. Havia três homens no espelho. Um deles era, certamente, seu pai Lúcio. Os outros dois eram difíceis de se reconhecer. Mas eram tão parecidos com Lúcio quanto era Draco. Os mesmos fios loiros e o olhar cinzento e indiferente. Draco engoliu em seco e sentiu uma punhalada nas costas. Era seu próprio pai, gritando: "Traidor!". E seu sangue começou a ferver enquanto corria pelas veias, querendo explodir. Draco caiu de joelhos.
Os alunos levantaram-se surpresos e alarmados ao verem Draco naquele estado. Ártemis, rapidamente, estalou os dedos e fez o espelho sumir. Em seguida, levantou Draco do chão e colocou-o na primeira carteira. O jovem monitor da Sonserina estava trêmulo e pálido.
- Que é que aconteceu, professora? – indagou Pansy histérica.
Ártemis pareceu impaciente.
- Acalme-se, Srta. Parkinson. O Sr. Malfoy está muito bem. Apenas é o poder do Espelho Negro. O Sr. Malfoy teve de confrontar seu maior medo, por isso está tão chocado. Agora, se os senhores ficarem amontoados sobre ele – ralhava a mestra vendo a aglomeração dos alunos sonserinos sobre seu monitor. – a recuperação será mais demorada.
Pansy tentava acalmar Draco ofegante e Rony cochichava para o amigo:
- Então o maior medo da mocinha aí – zombou do monitor da Sonserina. – é enfrentar a própria família?
Harry, dando de ombros, voltou a encarar Ártemis. A mestra estava concentrando-se.
A sala ficou novamente em silêncio enquanto a professora convocava o sexto e último espelho. E, de longe, era o mais belo. Um espelho duplo, de duas faces espelhadas, uma virada a outra inclinadamente. Era todo negro e azulado, com algumas inscrições esverdeadas. Ametista apavorou-se ao nota-lo bem a sua frente. Desviou o rosto.
- E finalmente, o Espelho Gêmeo – este Ártemis passou seus dedos em toda sua extensão sem levar qualquer choque. – Chegou a sua vez, Srta. Dumbledore.
Ametista engoliu em seco e sentiu a garganta arder. Seu estômago doía e estava ansiosa. Amedrontada, a jovem aproximou-se do espelho, tentando manter a postura superior de sempre. Parando de olhos fechados a frente do espelho, Ártemis explicava:
- A principal função desse espelho, também chamado de Espelho do Bem e Mal, é mostrar-nos os caminhos benéficos e maléficos que podemos tomar. A quem devemos respeitar e adorar, e a quem devemos escolher afastar. Porém, ele não diz qual dos lados é o certo e errado, ou Bem e Mal. Você deverá decidir qual caminho tomar. É denominado Gêmeo, pois este símbolo significa o dualismo, antagonismo e as oposições interiores.
Ártemis mandou Ametista abrir os olhos e fixar-se no espelho. A jovem obedeceu, respirando fundo e reunindo toda a coragem que ainda lhe restava. As imagens começaram a se formar, sem qualquer homem atrás dela, perseguindo-a ou coisa assim como geralmente acontecia ao olhar-se num espelho.
Na face direita, apareceu Ametista, vestida com o uniforme da Sonserina e com uma expressão séria e doída. Acompanhava-na um homem de cabelos compridos e negros e olhos azuis. Era Sirius Black. E, surpreendentemente, havia sangue escorrendo pelos seus pulsos e rasgos no seu uniforme com manchas vermelhas, como se tivesse sido fortemente ferida. Na face esquerda, estava ela com o mesmo uniforme da Sonserina, porém perfeito e sem nenhum dano. Ao seu lado, havia um homem jovem, carregando dezesseis anos ou pouco mais, empunhando a varinha prata da garota em sua mão esquerda. Harry reconheceu no mesmo minuto quem era o jovem que a acompanhava na face esquerda. A figura de Voldemort, ainda em sua juventude.
Ártemis estalou os dedos novamente. Ametista suspirou aliviada ao notar que o espelho já tinha desaparecido, mas continuou intrigada com as duas imagens, tão distintas. No momento seguinte, o horário do término da aula fez Ártemis despedir-se dos alunos e pedir que eles fizessem um resumo sobre o que haviam aprendido naquela aula sobre os Espelhos Mágicos. Era hora do almoço e Harry conseguiu alcançar Ametista, que corria um pouco a sua frente. Puxando o braço da namorada para um canto, Ametista tinha a testa franzida e uma expressão confusa. Harry perguntou como ela estava. Ametista apenas respondeu:
- Aquele homem que estava comigo na face esquerda. Era ele.
- Ele quem?
- Você se lembra que no ano passado nós tivemos a primeira aula sobre o feitiço Transformecium? – Harry assentiu com a cabeça. – Eu te transformei numa pessoa e a McGonagall me retirou da sala. – Harry continuou concordando com a cabeça. - Era ele! Eu tinha te transformado nele!
Harry recordou aquele dia. Então, Ametista havia transformado-o no jovem Tom Riddle, de dezessete anos de idade.
- É o Voldemort mais novo. - respondeu Harry simplesmente.
Ametista suspirou, dizendo que já desconfiava após saber de toda a história de sua família. Harry passou os dedos pelo seu cabelo.
- Qual dos caminhos eu devo escolher, Harry? - questionou num tom pensativo ao namorado. - Junto de Voldemort, onde parecia seguro e calmo, ou junto de Sirius, desprotegida e com o sangue escorrendo pelo meu corpo?
NO PRÓXIMO CAPÍTULO: Draco mostra-se prestativo e um bom monitor - e ser humano - quando alguém conhecido aparece na Torre da Sonserina pedindo ajuda. Entretanto, sua "boa vontade" dura pouco e provoca uma briga entre Harry e Ametista. Finalmente, Hogsmeade entra em cena! E centenas de acontecimentos surgirão junto da primeira visita à loja dos gêmeos Weasley. Draco e Gina se encontrarão após o final do ano. Como será a conversa entre eles? E o quê acontecerá quando Harry e Cho parecem amigáveis demais enquanto ele e a namorada estão brigados? Ametista reagirá. E uma discussão detonará a ruína de um dos dois. A desgraça e a morte começam a surgir nos próximos episódios. Vá preparando a respiração e, por enquanto, curta um divertido Pega-Sonserinos na "LOJA DE LOGROS E TRAQUINAGENS DOS WEASLEY"
