N/A: Eu queria agradecer imensamente a minha querida amiga, a Má, ou a Lady Black, ou tantos outros apelidos que ela tem - meu anjinho da guarda e aquela que faz as capas lindas das fics - que me deu uma grande ajuda com as cenas de ação desse capítulo. Valeu Má!

NO CAPÍTULO ANTERIOR: Após o primeiro contato de Ametista com Harry - em que resolveram sua briga - Severo Snape é convocado para uma nova reunião com os seguidores de Voldemort numa ilha do Pacífico. Porém, depara-se com o início dos planos do Lorde, em que unira-se aos ciclopes, seres lendários que cederam sua ilha para acomodá-lo. Agora, sua missão era encontrar os herdeiros dos Quatro Grandes de Hogwarts...

CAPÍTULO DEZENOVE – OITO FUTUROS APRENDIZES

Dumbledore pigarreou e ajeitou o óculos que insistia em escorregar de seu nariz. Snape já havia deixado a sala do diretor e seguido seu caminho. Dando uma última olhada no rosto apreensivo de Ártemis, calmamente, Dumbledore estendeu a mão até o pergaminho e leu-o:

Ártemis,

         Sei que parece estranho estar lhe escrevendo uma carta após tanto tempo, mas é necessário. Quero também que Dumbledore leia, para estar a par de tudo que anda acontecendo por aqui.

         O ministro enlouqueceu. Cornélio anda pagando, isto mesmo, pagando, os principais jornais e revistas bruxos para encobrir os ataques de Voldemort e seus seguidores. O Profeta Diário foi o único que se negou a aceitar tal ordem e pagou caro. Um de seus editores foi encontrado morto ontem, numa travessa perto do centro de Londres. Alguns dizem que foi emboscada, mas eu sei que há algo a mais por aí. Cornélio tenta a todo custo fingir que nada está acontecendo, mesmo após tantos indícios e isto está provocando uma certa revolta aqui no Ministério.

         Como se só isso não bastasse, agora que Alastor foi assassinado pelos Comensais, eu fui encarregada de procurar um auror bom o bastante para prosseguir com o trabalho de Moody e assumir a chefia do Departamento de Aurores. E é este ponto que também me preocupa. Atualmente, não há um auror tão bom para assumir esta posição no Ministério ou em qualquer outro lugar. Os melhores estão dentro do próprio Ministério e não há nenhum em que confie o bastante para comandar um setor tão importante do nosso governo. Não na nossa atual situação. Dumbledore sabe exatamente quem seria perfeito para esse posto dentro do Ministério, porém seria arriscado demais, além de colocar em risco uma lenda. E uma ordem vinda dos "deuses" já é muito importante para ser quebrada ou rompida.

         Outro grande problema é Mundungo Fletcher. O Departamento de Espionagem está ameaçado. Parece que o próprio ministro vinha investigando com agentes especiais algum empregado que estivesse ajudando Dumbledore. Um dos espiões de Fletcher foi capturado numa missão em que deveria descobrir o paradeiro de Voldemort e seus seguidores, além de uma lista com os nomes precisos dos Comensais da Morte. Por mais impossível que isso soe, o agente foi trancado nos porões do Ministério e sofreu uma série de torturas, para ser, finalmente, condenado à morte pelo Tribunal Mágico – comandado pelo Fudge, claramente.

         Agora, meu Departamento e eu estamos de mãos atadas. Cornélio Fudge está em cima de mim, sabendo que sou amiga de Dumbledore durante tantos anos e minhas duas únicas filhas, atualmente, trabalham em Hogwarts. Ele está mandando seus agentes sujos me seguirem de perto. Já não basta os Comensais, agora há os ignorantes dentro do próprio Ministério que tenho de me defender.

         Além dessas notícias, o principal motivo dessa carta, Ártemis, é que preciso de sua ajuda. Não quero colocar sua irmã no meio disso, e sei que você concorda comigo. Arabella tem que cuidar exclusivamente de Harry e nada mais. Todos devemos protegê-lo, mas também zelar por nossas próprias vidas. Exatamente por isso, eu estou pedindo que você me ajude a combater essa onde de terror que está começando a se alastrar pelo nosso mundo, Ártemis. Você é uma dos melhores aurores que já vi em toda a minha vida e queria muito que me ajudasse a encontrar alguém certo e responsável inteiramente para assumir este posto dentro do Ministério. Mas não só isso, eu queria que você se unisse ao Alvo e começasse a treinar as crianças devidamente. Já tinha conversado com Alvo antes sobre isso, e agora vejo que é necessário e preciso. Antes, não queríamos meter os jovens nessa guerra, mas será inevitável. Vocês devem fazer algum sistema de seleção e montar um time de oito jovens, aproximadamente, capazes de enfrentar os inimigos. Todos os tipos deles. Sei que você é a melhor para executar esta missão para mim. E também acho que deveria pedir a ajuda de mais alguém. Dois ou três professores competentes são melhores do que apenas um.

         Finalmente, estarei tentando passar mais informações assim que puder. E também quero depois a sua decisão, Ártemis. Podemos nos unir para um motivo como este, não podemos? Não será por mim, nem por você. Será por todos nós, filha.

         Espero uma resposta brevemente. Confio no seu julgamento.

Mamãe

         Dumbledore olhou fixamente nos olhos de Ártemis. A mulher parecia ainda muito chocada. O diretor suspirou e perguntou:

         - Há quanto tempo você está sem falar com a sua mãe, Ártemis?

         A mestra de Defesa Contra a Arte das Trevas continuou com a postura superior e carregando a preocupação nos seus olhos.

         - Desde a morte de...

         O diretor levantou a mão na hora em que Ártemis foi pronunciar um nome querido. Dumbledore saiu de trás da sua mesa e passou os dedos carinhosamente sobre a cabeça de Fawkes. A fênix parecia bastante agitada com a presença de Ártemis, que abriu os lábios e disse:

         - Alvo, eu não preciso de sua piedade, eu nunca precisei da ajuda de ninguém, a única coisa que sempre precisei foi ele do meu lado. Muito bem, arrancaram-no de mim, mas ainda assim, eu irei ignorar toda a minha mágoa e meu ódio – disse Ártemis pausadamente, mas fria e seca. – Se isso é necessário para destruir aqueles que espalham a maldade e o terror, eu farei.

         - Você quer mesmo fazer isso, Ártemis? – indagou Dumbledore mais uma vez.

         - É necessário, Alvo, chegou a hora – disse ela, afirmando com convicção. – Porém, há apenas um detalhe que minha mãe mencionou nesta carta e que está me incomodando – Dumbledore permaneceu silencioso. – Você não pretende desobedecer e interferir no ciclo dos Cavaleiros, certo?

         Um suspiro fez com que Ártemis engolisse em seco.

         - Eu sei que você tem um poder magnífico – disse a mestra gravemente. – E também sei que fará de tudo para impor sua influência e seu enorme poder para convencer todos da verdade. Mas, eu tenho que ressaltar – frisou no tom seco. – Você não é Merlin, Dumbledore. Você é um humano, como todos nós somos. E, se nem mesmo os deuses podem interferir no ciclo dos Cavaleiros, como um ser humano como você ou eu poderia?

         Dumbledore sorriu levemente para Ártemis.

         - Sabe, Ártemis, eu espero há muito alguém que dissesse isso a mim novamente – disse Dumbledore sorrindo. – Posso dizer que sempre esperei isso de alguém como minha neta, mas parece que ela acha que também sou alguém extraordinário, imortal.

         - Que você quer dizer com isso? – perguntou Ártemis aborrecida.

         Alvo retirou os óculos do rosto e deixou-os sobre a mesa.

         - Eu posso ser apenas um ser humano, Ártemis. Você tem razão. Mas eu posso ver através. Através de pessoas, de objetos, de facetas. E aprendi a confiar em todos, mesmo até naqueles que eu via por trás das máscaras, que eu via não serem dignos de minha confiança – afirmou Dumbledore seriamente, concentrando seus olhos azuis nos violeta de Ártemis. – E eu tenho a plena certeza de que, se interromper o ciclo dos Cavaleiros, um deles irá me agradecer profundamente. Eles são tão humanos quanto nós...

         - Eles são deuses, Alvo! – retrucou Ártemis.

         - Então, Helderane é uma deusa, eu suponho. – interrompeu Dumbledore, botando um basta na discussão com a mestra de Arte das Trevas.

         Ártemis estava pálida. Por um bom tempo, ambos ficaram calados. Dumbledore não entendia muito bem a insistência de Ártemis em impedir a convocação dos Cavaleiros. Foi quando a professora disse:

         - Helderane tornou-se uma deusa, como todos os outros. – respondeu Ártemis nervosamente.

         - Porém, ela foi abençoada com um coração humano – frisou Dumbledore, como numa lembrança à Ártemis. – Isso a torna tão humana quanto todos nós.

         - Eu não chamaria isso de benção – rebateu Ártemis num tom irônico. – Acho que parece mais uma maldição na sua posição.

         - Você acha que é uma maldição possuir coração, Ártemis? – estranhou o diretor.

         Dumbledore pareceu tocar num ponto sério, pois Ártemis ajeitou sua capa negra e agradeceu a atenção de Dumbledore, dizendo que conversaria com o diretor numa outra hora, sobre a seleção dos alunos. Deixou a sala, batendo a porta em seguida.

***

Amanheceu poucas horas depois, e Dumbledore ainda estava com a carta da Sra. Figg na mão, girando-a entre os dedos, num modo ansioso. Repentinamente, a porta se escancarou. Severo Snape estava ofegante, com grandes olheiras debaixo de seus olhos e uma expressão agitada. Dumbledore colocou o pergaminho da mãe de Ártemis sobre a mesa e andou até Severo.

         - Voldemort...Voldemort está escondido na Ilha dos Ciclopes. E há centenas deles espalhados pela mata, cercando e nos observando...

         Dumbledore sentou Severo numa de suas cadeiras e o fez respirar fundo.

         - Eu não imaginava que ele fosse louco a este ponto – sussurrou Dumbledore para si, e Snape ainda assim ouviu-o. – Ciclopes não são seres confiáveis. Extremamente perigosos. Apenas famintos. Nada mais.

         - Um portal guiou Adams e eu até a Ilha no Pacífico – dizia Snape, com a voz rouca. – E eu quase fui atacado por um ciclope, mas parece que o Adams se livrou até que facilmente dele.

         Olhando para fora, notando os primeiros raios de sol que invadiam a sua sala, Dumbledore tornou-se para Snape e prosseguiu ouvindo o relato de seu aliado.

         - Só que não é esse o nosso único problema – alertou Snape, ajeitando as costas tortas na cadeira. – Eu, Rabicho, Avery, Nott, Adams, Malfoy e um outro cara fomos designados para encontrar os quatro herdeiros dos grandes de Hogwarts.

         A testa do diretor se franziu em tom preocupado.

         - Espere um pouco... – interrompeu-o curioso. – Você acabou de dizer "um outro cara" ? – espantou-se Dumbledore com a expressão. – Quem ou o quê é isso?

         - A Trindade das Sombras foi reativada – disse Snape gravemente. – Agora, os escolhidos são Lúcio Malfoy, David Adams e esse outro cara. Nós não sabemos quem ele é, nem mesmo o Adams. Mas, me parece que ele goza de muita confiança de Voldemort.

         - Estranho... Eu havia até me esquecido da Trindade, pensei que após a última formação, Voldemort desistiria de confiar em seus Comensais tão cegamente – comentou Dumbledore, olhando de canto de olho o professor. – Mas, você disse que Voldemort está atrás dos quatro herdeiros? – Snape confirmou com a cabeça. – Para quê?

         - Só para variar – resmungou Severo mal humorado. – Voldemort fica nos colocando em quartos escuros. Nós apenas devemos encontrar os herdeiros e não permitir que eles toquem nas armas dos grandes.

         - Armas? Mas as armas dos bruxos estão na Sala Amaldiçoada...

         - Estavam – corrigiu Snape. – Pelo menos, o cajado de Slytherin está em poder de Voldemort agora.

         Dumbledore preferiu não se pronunciar sobre o assunto e apenas acenou com a cabeça, fitando Snape. O professor, por sua vez, notou o pergaminho sobre a mesa do diretor.

         - Qual era o problema da Figg?

         - Parece que o Ministério, ou o Ministro, está enlouquecendo – suspirou Dumbledore cansado. – Arabella pediu que nós formássemos um grupo – referia-se a Sra. Figg. – Um grupo de alunos, cerca de sete ou oito deles, capazes de enfrentar Voldemort e seus seguidores. Eles seriam liderados por Ártemis, que também precisaria de um ajudante.

         - A velha Figg ficou maluca?! Colocar os alunos no meio dessa guerra é loucura! – protestou Snape severamente. – Eu sei o poder que os Comensais possuem, Alvo! E sei que não podemos arriscar a vida dessas crianças! Não para enfrentar um doente como Voldemort!

         O diretor chegou a vacilar levemente diante da reação de Snape, porém manteve-se firme na sua decisão.

         - Severo, você já imaginou se alguns desses ciclopes resolvessem obedecer aos planos de Voldemort e atacar os estudantes? Como faríamos para protegê-los? – Snape pareceu entender o ponto de Dumbledore. – Eles têm de saber, têm de se defender sozinhos, Severo. Nós não estaremos eternamente presentes para proteger cada um deles.

         - E você acha que a Figg é a melhor indicada para comandar esses alunos? – perguntou Snape duvidoso. – Cá entre nós, ela tornou-se mais azeda ainda depois da confusão fora de Hogwarts...

         Dumbledore olhou Snape por cima de seus óculos meia-lua, com uma expressão divertida.

         - Você pode ser tão azedo quanto ela, Severo...

         O mestre de Poções lançou um olhar irritado e aborrecido ao diretor, que deu um sorrisinho.

         - Ártemis é um auror, Severo – recordou Dumbledore. – Isto pode nos ajudar bastante, ela possui habilidades inimagináveis. Mas, eu acho que se pudéssemos unir um auror a um Comensal da Morte – Severo já foi fazendo uma careta, entendendo o quê Dumbledore queria. – formaríamos melhores guerreiros, não acha?

         Snape parecia descontente com a idéia.

         - Não sei se isso seria uma boa visão, Alvo. Aurores e Comensais, isto seria estranho...

         - Sim, mas seriam mais informações e habilidades que vocês poderiam passar aos alunos. – concordou Dumbledore, mostrando seu ponto de vista.

         Ficaram por alguns segundos em total silêncio. Snape estava pensativo enquanto Dumbledore apenas encarava-o.

         - Certo, Alvo. Eu treinarei esses jovens.

         Um sorriso despertou nos lábios cansados de Dumbledore.

         - Sabia que você tomaria a atitude certa, Severo.

         - E os alunos escolhidos? Você já tem idéia de quem sejam eles?

         Dumbledore tornou seu rosto para a luz e sorriu ligeiramente.

         - Tenho uma leve impressão, mas prefiro que você e Ártemis montam um grupo e façam uma série de testes de resistência e capacidade de magia. E, dentro desses, escolham os melhores.

         Um olhar austero surgiu nos olhos escuros e esgotados de Snape.

         - Por que é que tenho a leve intuição de que o Potter já está incluído nessa sua seleção, Alvo?

***

- Hum... Vocês não imaginam quanto ficarei feliz em esfregar a cara do Potter numa das arquibancadas e depois colocar sua cabeça entre um dos arcos...

         A mesa da Sonserina explodiu em gritos de empolgação e apoio ao aluno. Muitos riam. Entretanto, havia um único estudante que não apoiava ou sorria. E Draco Malfoy não ficara nem um pouco contente com aquilo.

         - Então, Dumbledore – chamou o monitor em seu típico tom arrogante. – A sua estadia na Ala Hospitalar foi prazerosa? Imagino que sua discussão com o Potter tenha passado dos limites...

         Mas Ametista não estava prestando a mínima atenção nas provocações de Draco. Sua cabeça estava virada para a mesa dos professores, encarando Sirius Black. O monitor da Sonserina pegou-se curioso e fitou o professor. Para sua surpresa, Sirius lançava um olhar carinhoso para Ametista. A garota, por sua vez, trazia um leve sorriso nos lábios. Draco resolveu, então, chutar Ametista por baixo da mesa.

         - HEI! – reclamou a jovem, franzindo a testa. – Ficou maluco?

         - Eu estava pensando, Dumbledore – disse Draco, contente por ter a atenção de Ametista para ele. – Qual a arquibancada que você estará no sábado? Acho que será a primeira vez em que algum sonserino se sentará junto aos grifinórios num jogo de quadribol.

         - E desde quando você se importa com isso? – respondeu Ametista irritada.

         - Talvez eu tenha imaginado errado... – corrigiu-se Draco. – Qual arquibancada você estaria se fosse um jogo entre sonserinos e corvinais?

         Draco tinha um certo brilho de malícia e maldade nos olhos. Ametista notou o tom em que fez a pergunta. Ele estava falando de Cho.

         - Novamente, desde quando você se importa com isso? – repetiu Ametista intrigada.

         - Eu só estava curioso, afinal, antes da sua última estadia na Ala Hospitalar, você estava brigada com o namoradinho, e me parecia que ele e a Chang estavam muito amiguinhos – Ametista demonstrou reação nenhuma diante da provocação de Draco. – Que aconteceu com você, Dumbledore?! Perdeu o sangue e a cabeça quente? – irritou-se Draco com o pouco caso feito por Ametista. – AH! Acho que é porque eu ando te chamando pelo nome errado, não é mesmo? Você realmente tem sorte, sabe. Primeiro, não tinha pai algum. Agora, tem, mas é um assassino.

         Era claro que ninguém sabia do Pacto de Sangue, nem mesmo Malfoy, mas mesmo assim, Ametista levantou da bancada em que estava sentada e bateu a mão fortemente sobre a mesa, fazendo o corpo de suco de abóbora de Draco cair todo sobre o robe do monitor. Foi então a vez de Draco botar-se em pé, resmungando e encarando Ametista furiosamente. A garota aproximou seu rosto do ouvido de Draco e disse:

         - Se eu fosse você, não me arriscaria a provocar-me de novo – sussurrou num tom ameaçador. – E não fale sobre a minha família.

         - Há algum problema por aqui?

         Draco olhou para frente, enquanto Ametista tornava-se para trás e encarava o mestre e diretor de sua casa, Severo Snape. O bruxo observou ambos e esperou uma resposta. Veio de Draco.

         - Nós só estávamos conversando, professor.

         Ametista continuou calada, ligeiramente impressionada em ver que sua ameaça dera certo. Snape pigarreou, olhou em volta com rispidez, fazendo aqueles que apenas observavam estáticos prosseguirem com seu jantar. Depois, voltou-se para os dois alunos.

         - Quero ambos na minha sala em meia hora – ordenou ele impassível. – E troque esse robe, senhor Malfoy.

         No mesmo momento, Ametista e Draco deixaram o salão principal, seguindo até as masmorras, onde ficava a Torre da Sonserina. Resmungando um com o outro, na ida e volta, chegaram à sala de Snape com dez minutos de antecedência. A porta da sala abriu-se sozinha. Ainda estavam discutindo quando Snape apareceu, carregando sua típica expressão mal humorada e o cabelo seboso.

         - Que estão esperando para entrar? – perguntou ríspido em um alto tom, para que os alunos se calassem.

         Draco entrou na frente, notando que a lareira estava acesa e havia uma xícara de chocolate sobre a mesa do professor, assim como um caldeirão, fervendo e borbulhando, logo ao lado. Ametista entrou em seguida, postando-se ao lado de Draco, silenciosa.

         Severo fechou a porta nas costas dos alunos e sentou-se em sua cadeira novamente. As sombras das chamas da lareira dançavam no rosto pálido e visivelmente cansado de Snape.

         - Há dois assuntos a serem tratados – começou Severo sem a mínima paciência na voz. – O primeiro é bastante óbvio e um tanto infantil – Draco e Ametista entreolharam-se raivosamente. – Eu recebi mais de dez reclamações sobre vocês dois no mês passado, quando a Srta. Dumbledore ainda não estava na Ala Hospitalar. Na verdade, não era bem sobre vocês, e sim sobre seus temperamentos.

         - Meu temperamento? Isso é ridículo... – resmungou Draco.

         Imediatamente, Snape interrompeu-o.

         - É exatamente sobre isso que estou falando, Sr. Malfoy – o homem macilento estava aborrecido. – Os professores disseram que, agora que nós o transformamos em monitor da Sonserina, seu ego está maior que a barba do nosso diretor. Não dá ouvido aos professores, adora irritar outros alunos, além de ameaçar alguns de seus colegas, falando da...influência de seu pai.

         As bochechas brancas de Malfoy começavam a mostrar uma certa coloração rósea. Ametista encobriu um riso. Snape percebeu e tornou-se para Ametista.

         - A senhorita também não fica muito atrás – disse Snape astuto. – De acordo com os mestres, seu temperamento é um dos mais explosivos e intensos que eles já tiveram de lidar em Hogwarts – Ametista sentiu-se orgulhosa e conteve um sorriso. – E isto não é motivo para orgulho, Srta. Dumbledore! – ralhou Snape, sabendo bem o quê se passava na cabeça da jovem. – Parece que a senhorita não respeita algumas normas dos mestres, ignora avisos e fica zombando deles, como a Prof. Trelawney reclamou de uma certa piada sobre os encontros de Marte e Urano, ou Plutão e Urano, algo assim...

         Ametista estava quase não mais contendo a risada ao lembrar da piada. Realmente, aquilo rendera uma detenção com Filch na sala de troféus, mas fora deliciosamente prazeroso. A expressão incrédula e estúpida de Sibila valera por todas as manchas daquelas coisas douradas.

         Snape, contudo, não parecia achar graça em nada daquilo.

         - É exatamente disso que falo! – zangou-se exasperado. – Vocês não percebem quanto prejudicial isto é para vocês e para, especialmente, a Casa? A Sonserina sempre ganhou campeonatos seguidos, mas parece que com os senhores, isto será impossível. As suas atitudes infantis devem parar, assim como as discussões entre vocês dois! – brigou o professor nervoso com o pouco caso de Draco e Ametista. – Vocês dois são meus melhores alunos, deveriam pelo menos honrar esta posição e confiança que deposito em ambos!

         Draco e Ametista bufaram, cheios daquele sermão chatíssimo de Snape. O mestre havia cruzado os braços, esperando alguma resposta ou sinal de vida vindos de um dos dois. Foi Ametista que se pronunciou em nome de ambos.

         - Nós tentaremos melhorar, professor – disse Ametista. – Nós dois.

         Snape encarou Draco, que moveu a cabeça positivamente, confirmando a resposta da colega. O professor suspirou e anotou algo em um de seus pergaminhos sobre a mesa. Em seguida, cruzou as mãos em cima do mesmo.

         - O segundo assunto a ser tratado: vocês dois foram escolhidos para uma seleção – os alunos franziram suas testas. – É uma seleção criada por mim e pela Prof. Figg...

         - Arabella ou Ártemis? – perguntou Draco confuso.

         - Ártemis – completou Snape, sem gostar de ter sido interrompido pelo monitor. – Bom, uma seleção criada para aprofundar os conhecimentos e poderes de nossos melhores e mais promissores alunos – completou Snape. – Resumindo, iremos ensinar vocês a lutar e a se defender como verdadeiros bruxos.

         - Nós dois?! – espantou-se Ametista. – Mas você não acabou de nos dar o maior ralo?! – indagou a garota, esquecendo-se e chamando o professor por "você".

         - Exatamente – respondeu Severo, sem incomodar-se com a expressão da aluna. – Nós precisamos de bruxos corajosos, mas também de forte temperamento. Isso os farão fortes de espírito.

         - Mas qual é o objetivo real dessa seleção? – questionou Draco desconfiado.

         - Sr. Malfoy, os detalhes dessa operação serão colocados a vocês numa reunião na quinta à noite, após o jantar – explicou Snape. – O lugar eu os comunico amanhã. E, para que fiquem cientes, vocês não são os únicos selecionados. Apenas são os únicos da Sonserina.

         - Aposto que a Grifinória terá uma penca de alunos selecionados... – rezingou Draco.

         - Nós ainda faremos testes para escolher os melhores, Sr. Malfoy – retomou Severo. – Talvez, inúmeros grifinórios tenham sido escolhidos agora, mas podem ser eliminados no decorrer dos testes. Não menospreze ninguém.

         Chegando na Torre da Sonserina, por volta das nove e meia, Draco sentou-se pesadamente sobre uma das cadeiras de espaldar alto e suspirou. Depois, assistiu Ametista sentar-se em frente dele.

         - Selecionados para lutar – murmurou Draco entre eles. – Por que isto me parece mais uma armação de Dumbledore?

         - Você deve ser mesmo indispensável para eles te chamarem. – retrucou Ametista mal humorada.

         Draco lançou uma piscadela a garota.

         - Nós temos temperamento forte, Dumbledore, não se esqueça. Somos indispensáveis – respondeu Draco, imitando a voz de Snape. – Hum... Fiquei curioso... – disse Draco. – Que piada foi àquela sobre a Trelawney?

         - IH! Essa é uma longa história...

***

A temperatura estava muito baixa naquela noite e notaram isso assim que abriram uma das portas laterais. Uma ventania quase furiosa agitava as altas árvores e sacudia as plantas dentro das estufas de Herbologia. Esfregando as mãos, com luvas negras, Draco resmungou:

         - Ficaram loucos! Em pleno inverno! Testes do lado de fora? Isso é loucura!

         Ametista batia os dentes, soltando fumaça, assim que respirava pela boca. Ajeitando o cachecol roxo, tornou-se para o companheiro.

         - É, parece que desta vez terei de concordar com você, Malfoy. – respondeu Ametista tremendo.

         - Vocês não terão de se preocupar com isso – Ametista e Draco tornaram-se para trás relutantes. Encontraram Severo Snape, parecendo mais pálido que nunca. – Não ficaremos aqui fora por muito tempo.

         O professor parecia entediado. Draco lançou um olhar impaciente para Ametista, que devolveu igualmente. Pouco depois, a porta lateral abriu-se mais uma vez e um grupo enorme de alunos, guiado por Ártemis Figg e Remo Lupin, apareceu. Ártemis aproximou-se de Severo e cochichou algo em seu ouvido. Sem dizer nada ao resto dos alunos, Severo seguiu em direção a maior estufa de Herbologia. Era a cinco. Os alunos o seguiram, incluindo dois incrivelmente mal humorados, chamados Draco Malfoy e Ametista Dumbledore.

         Depois que todos tentaram se ajeitar dentro da estufa, os três professores reuniram-se à frente dos estudantes e começaram a sussurrar, conversando em baixo tom entre si. Draco olhou em volta. Havia três alunos da Corvinal e dois da Lufa-Lufa.

         - Estamos cercados de idiotas... – murmurou ele para Ametista, que lançou um olhar ao grupo dos corvinais. Dentre eles, estava a conhecida e tão adorada pela garota, Cho Chang.

         - Onde está o Black? – reclamou Snape em voz alta.

         Sem precisar questionar novamente, Sirius Black abriu abruptamente a porta da estufa e foi seguido por um outro grupo de alunos, estes da Grifinória. Draco soltou um muxoxo descontente ao lado de Ametista, enquanto o semblante da garota iluminava-se ao notar os amigos. Era Hermione, Rony, Harry, Gina e...

         - AH! Eles devem estar brincando! – riu Draco para Ametista. – Chamaram o Longbottom também?

         Ametista segurou o riso. Sim, Neville estava lá. De fato, ele sempre fora bastante legal e tudo mais, só que bruxaria não parecia seu verdadeiro ramo – talvez, somente Herbologia. Os grifinórios vinham na direção de Ametista e, Draco percebendo a movimentação, deu um passo para longe da colega de Casa. Ametista levantou a sobrancelha direita e Draco mostrou-lhe uma expressão estúpida. Harry, passando o braço esquerdo pelas costas da namorada, trouxe a atenção dela para ele.

         - Está muito frio hoje – reclamou desgostoso. – Minha garganta está começando a doer.

         Tornando-se para Harry, Ametista fez bico e sussurrou algo como "tadinho" e deu um beijo leve no namorado. Harry sorriu e distanciou-se ligeiramente do abraço de Ametista, vendo que alguém os observava. Era Cho. Dando um sorrisinho amigável para a japonesa, Harry viu Ametista encará-lo num tom insatisfeito.

         - Pode dar quantos sorrisos quiser, Harry – disse ela ciumenta. – Mas ainda assim, a sua boca é minha.

         Harry riu. E então, ouviu Sirius resmungando junto de Lupin.

         - A Bella é esperta – dizia suspirando. – Isso não vai durar muito tempo, certo?

         - Não, não. Logo estaremos fora daqui – respondeu Lupin, sorrindo. – Só precisaremos fazer um conselho, mas isso não precisa ser feito hoje.

         Enquanto isso, Ártemis já estava tornando-se aos alunos, aumentando sua voz e projetando-a até o funda da estufa cinco.

         - Nós faremos quatro grupos, misturando-os e cada professor vigiará vocês – explicou Ártemis ríspida e sem muita impaciência. – Durante vinte minutos, vocês terão de entrar, apenas com suas varinhas, dentro da Floresta Proibida.

         Os estudantes entreolharam-se com uma certa aflição e muitos cochicharam algo ao outro. Severo bateu palmas, numa forma de retomar a atenção deles.

         - Os melhores serão selecionados para um grupo de guerreiros. Então, quem quiser desistir agora, saia de uma vez! – ordenou nervosamente.

         Nenhum aluno se pronunciou, nem mesmo Neville. Lupin deu um passo a frente.

         - Certo, agora, vou dividi-los...

         E os quatro trios foram formados. O primeiro, comandado por Snape, era composto por Harry, da Grifinória, Draco da Sonserina, e Cho da Corvinal. O segundo estava designado a Lupin, composto por Gina, da Grifinória, Gregory Wolfran da Corvinal – sétimo ano, e Peter Thompson – o apanhador da Lufa-Lufa. O terceiro trio tinha Rony, da Grifinória, Babelon Littlewood, da Lufa-Lufa – quinto ano, e Julian Hawking – sexto ano da Lufa-Lufa, e Sirius os guiava. O último trio, levado por Ártemis, tinha Ametista, da Sonserina, e Hermione e Neville, da Grifinória.

         - Nós preparamos algumas surpresas pra vocês e, aqueles que melhor se saírem, ganharão as posições – reforçou a idéia Snape. – Nesses trios, vocês deverão, não apenas cuidar de si mesmo, mas também de seus companheiros.

         Rony olhou quase que com pena de Hermione, que olhou de esguelha para Neville. Depois, sentiu-se aliviada por estar junto de Ametista, mas a amiga estava encarando firmemente a japonesinha da Corvinal. "AH! Se ela permanecer nesse grupo, eu juro que não volta viva para as férias", pensou prazerosamente.

***

Os dez primeiros minutos para Cho, Harry e Draco foram até tediosos. Nem mesmo um pio de coruja. Aquilo estava silencioso demais, até. Harry e Cho iam à frente, enquanto Draco e Snape seguiam atrás, como uma verdadeira dupla de sonserinos à espreita.

Draco observava atentamente tudo ao seu redor, como se esperasse que algo aparecesse do nada e saltasse sobre eles. E foi o que realmente aconteceu.

- Potter! A sua esquerda! - gritou Draco aborrecido, desviando de alguma ave negra que voara sobre sua cabeça.

Era algo de uma mistura de falcão, águia e garça, com longas asas e um bico comprido, com a diferença de que havia dentes na superfície. A criatura tinha garras bem afiadas, a dizer do brilho de suas unhas pontudas e que davam a certeza de que ninguém gostaria de ser acertado por elas...

Foi um movimento rápido. Primeiro Draco murmurou algo, apontando a varinha para a ave e no segundo seguinte uma de suas asas pegou fogo. Ela perdeu o equilíbrio e já caía em direção a Cho Chang, mas com um certeiro Expelliarmus, Harry a mandou para longe. Draco tentou ouvir algo, mas nada vinha novamente. Parecia ter abatido a criatura.

Novo silêncio os pegou enquanto avançavam mais alguns passos. Cho parecia tremer mais à frente, mas Harry estava atento a qualquer coisa que acontecesse ao seu redor. Foi quando foram novamente pegos de surpresa.

O silêncio foi substituído por um grito ensurdecedor, muito parecido ao das mandrágoras, que vinha do lado de Cho. Harry por três vezes gritou Quietus na direção da ocidental até que, da última vez, o que quer que fosse pareceu perder a voz. Cho foi verificar e disse que havia duas ou três mandrágoras bebês escondidas ali, provavelmente haviam fugido das estufas.

Enquanto os cinco minutos finais se passavam, Draco ainda detectou alguns inimigos ao redor, enquanto ele e Harry habilmente os enfrentavam. Vez ou outra a corvinal interferia a favor deles, mas parecia tão perdida naquela batalha quanto um cego numa avenida movimentada. Snape, que estava ao lado de Draco durante o tempo todo, disse:

- Você é um ótimo observador, Malfoy – elogiou Severo honestamente. – Uma grande qualidade de aurores. Mas agora os vinte minutos acabaram. Vamos retornar! – a última frase foi gritada com um tom um pouco mais forte, para que Harry e Cho ouvissem.

Draco resmungou algo para si, dizendo que seu sonho não era exatamente ser um auror. E, mais à frente, Cho estava sendo ajudada por Harry mais uma vez. Aquilo estava dando muito sono ao monitor da Sonserina.

***

Já no segundo grupo, Gina gastava mais seu tempo salvando o pescoço dos dois garotos que a acompanhavam do que qualquer outra coisa. Já havia paralisado dois lobos, enfeitiçado um morcego-da-transilvânia para que não pudesse encontrá-los e uma estranha cobra que recebeu vários nós em sua extensão e saiu de lá bastante inchada e, podia-se dizer, envergonhada.

Mas Gina tinha um problema maior agora. Estava frente a frente ao que parecia um grande urso negro, mas em vez de pêlos, ele tinha farpas que cobriam seu corpo e, quando lançadas, se alcançassem seu alvo, o envenenavam rapidamente.

No momento, seus companheiros pareciam entretidos demais em salvar a si próprios para lhe ajudarem, e o professor Lupin mantinha um semblante calmo e um sorriso enigmático, como se dissesse que ela era muito bem capaz de lidar com a situação sozinha.

Quando o urso lançou mão de algumas de suas farpas, Gina rapidamente rolou para trás de um galho de árvore, que ficou parecendo um cacto tamanho família depois do ataque, e, quando viu uma brecha no ataque do inimigo, lançou-lhe um feitiço que fez suas farpas caírem no chão como se fossem grama lisa e mole. O urso sumiu em meio às arvores ganindo.

- Realmente, esta floresta tem toda sorte de criaturas. - murmurou Gina para si mesma enquanto desviava de uma mutação estranha de macaco e coala que tentara mordê-la e o paralisava.

Mirando Lupin nervosamente, a grifinória rolou os olhos e voltou-se para frente, em tempo de desviar de um vulto que sobrevoou sua cabeça. Lupin abaixou-se junto com a aluna e viu Gina tornar-se para trás e gritar:

- Petrificus Totalus!

O vulto era, na verdade, uma espécie de jaguar, com suas garras apontadas para o céu, como se estivesse preparando-se para atacar novamente. Quando encarava o animal, achando-o até que bonitinho, Gina assustou-se assim que ele desapareceu no meio de uma chama, ao mesmo tempo em que ouvia as suas costas:

- Incendio!

Bufando irritadíssima, Gina virou para trás e fuzilou com um olhar destemido o corvinal, Gregory.

- Por quê você fez isso? - perguntou ela entre os dentes.

O estudante do último ano da Corvinal sorriu desdenhosamente para Gina.

- Você está no quinto ano, certo Weasley? - indagou num tom superior. - Nunca aprendeu que não devemos ficar admirando um inimigo e sim eliminá-lo de uma vez por todas?

Lupin ameaçou interromper o princípio de uma discussão, mas Gina ultrapassou-o.

- E também presumo que eu deveria ter aprendido sempre estar alerta...

O professor deu um sorriso assim que Peter Thompson, do mesmo ano que Gina, levantou a varinha rapidamente e paralisou o outro animal que quase mordera Gregory. O aluno da Corvinal pareceu chocado e encontrou os olhos do professor e de Gina.

- Acho que isto provou que o senhor não é tão qualificado para pertencer ao grupo, Sr. Wolfran.

***

Rony estava preso em meio a uma armadilha das piores. Aquela planta que encontraram no primeiro ano quando tentavam salvar a Pedra Filosofal... Qual era o nome? Cipó-dos-demônios? Raiz-das-profundezas?... Visgo-do-Diabo! Sim, era isso...

Bem, o que interessava era que uma boa quantidade dessas coisas estava envolvendo suas pernas e subindo por seu corpo enquanto ele tentava escapar de abelhas sangrentas.

Abaixou-se quando um bando delas mergulhou em sua direção e, quando se viu livre, as incendiou. Tinha que achar a colméia e incendiá-la o quanto antes ou sairia dali com belas picadas... E Sirius não parecia disposto a ajudar... Bem, primeiro a planta... Se é que aquilo era uma planta...

- Lumus!

Um feixe de luz forte iluminou a pequena clareira cercada de árvores enormes em que se encontravam e, logo após, as plantas pareceram fugir rapidamente. Ele se lembrava de ter petrificado de medo no primeiro ano, mas, agora, elas não pareciam tão nocivas assim. Sorriu consigo mesmo enquanto passava os olhos pelas árvores à sua volta procurando a colméia.

- Ela é bonitinha, não acha? - perguntou Sirius a Rony, indicando a garota logo à frente.

Rony localizou a colméia e, ao mesmo tempo em que tocava fogo nela, refletia sobre a pergunta de Sirius, sentindo as orelhas ferverem de ansiedade. O professor notou e disse:

- Não esquente, Rony! Não falarei nada a Hermione...

Ambos riram assim que Rony concordou com a idéia de Sirius. Babelon Littlewood era mesmo bonita. Tinha longos cabelos dourados, bem lisos, e grandes olhos castanhos. Ao lado dela estava Julian Hawking, um dos mais bonitos estudantes de Hogwarts, do sexto ano da Lufa-Lufa.

- Hei! Sr. Hawking - chamou Sirius o aluno. - Você é neto de Audrey Hawking?

Julian diminuiu o passo enquanto emparelhava-se a Rony. Babelon continuava andando na frente.

- Sou sim, professor. - respondeu num tom simpático.

Sirius tornou-se a Rony, explicando:

- Audrey Hawking foi minha professora de Adivinhação - Julian voltou a andar junto de Babelon e Sirius aproveitou, murmurando apenas para que Rony o ouvisse. - A avó de Harry, mãe de Tiago, trabalhou como professora de Astronomia na nossa época. Se ela estivesse viva hoje, garanto que se pegariam pelos cabelos, sabia?

Quando Rony pensou em perguntar o porquê, algo se enrolou na sua perna mais uma vez. Puxando-a de uma vez só, notou que era uma cobra. Antes que pudesse dar um grito, Babelon estava paralisando a cobra e Julian fazendo-a sumir no meio de uma névoa. Rony suspirou.

- Obrigado. - Julian e Babelon sorriram.

***

Hermione foi ao chão, exausta. Estavam tentando atravessar uma parte da floresta em que havia algo como uma relva mágica, que conseguia impedi-los de atravessar e os fazia tropeçarem nos próprios pés e caírem sobre ela que, ao contrário de uma relva normal, arranhava como se fosse feita de lâminas, ao invés de aparar a queda como um travesseiro fofo. Tanto ela quanto Neville e Ametista estavam cheios de cortes no rosto. A sorte era que as lâminas não perfuravam, então, os cortes eram superficiais e Madame Pomfrey rapidamente os repararia.

Respirando bruscamente, ela levantou do chão. Observou Ametista correndo para longe enquanto Neville estava parado, sem saber bem o quê fazer. Ártemis observava-os calada e astuta. A grifinória bufou assim que ficou em pé e assistiu Ametista lançar-se sobre um vulto escuro, que carregava uma lança.

- Devemos ajudá-la? - indagou Hermione para Ártemis.

A cabeça da mestra moveu-se negativamente. Neville encarou Hermione nervoso e aflito. Logo, Ametista voltou com um pequeno corte na bochecha direita. Parecia que a relva não era a única coisa que os impedia de passar. Mas a monitora tinha a leve impressão de que não era somente a floresta que não queria que eles passassem. Lançou um olhar rápido a Ártemis, que estava observando-os um tanto quanto satisfeita.

- Como é que o Hagrid entra aqui? - perguntou Ametista ofegante, parando ao lado deles.

Neville e Hermione deram de ombros. Ártemis tocou no ombro da jovem grifinória e indicou que deveriam prosseguir. A garota, que já havia se jogado na relva e na lama mais de três vezes naqueles quinze minutos, pareceu raivosa.

Caminhando novamente pela escuridão da Floresta Proibida, Hermione tropeçou fortemente, caindo de cara no chão. Hermione notou que as raízes da árvore mais próxima pareciam ter se levantado para impedir seu caminho, e ela não notou que alguma coisa rastejava em torno de seus pés, parecendo pronto a prendê-los.

Neville abaixou-se para ajudar Hermione a levantar-se mais uma vez, porém Ametista não permitiu.

- Não! Neville, ouça!

Os dois jovens ficaram calados, aguçando sua audição. Os olhos de Ametista estavam correndo de um lado ao outro da Floresta, no meio das altas árvores, dos altos arbustos. Repentinamente, Neville gritou:

- Mobilarbus!

Algo atingiu Ametista fortemente nas costas e ela caiu contra a terra batida. Neville rapidamente se postou ao lado da companheira e bradou algo, erguendo a varinha para além dela. Sacudindo a cabeça, tentando não desmaiar com o impacto inesperado, Ametista virou-se para trás e viu Neville movendo inúmeros galhos que vinham de algum lugar, surpreendentemente velozes, como se fossem flechas.

De sua varinha, raios de coloração lilás desviavam os galhos de todos, inclusive da professora. E Neville parecia incrivelmente seguro do que estava fazendo. Com o olhar concentrado, o jovem conseguiu desviar todos os galhos.

Após cerca de trinta segundos, os galhos desapareceram e Ametista assistiu Hermione levantar do chão, finalmente, parecendo tão surpresa quanto ela. Ártemis suspirou diante da apresentação de seu trio e disse que estava na hora de voltarem para o castelo. O teste havia terminado.

***

No almoço do dia seguinte, os quatro professores não compareceram ao salão principal, deixando os doze alunos em grande expectativa. Localizados na antiga sala de Lupin, agora de Ártemis, os mestres discutiam suas escolhas.

- Meu trio desempenhou boas posturas. - elogiou Snape. - O Potter é rápido e esperto, descobre logo o quê se fazer. Sabe uma grande quantidade de feitiços contra criaturas das trevas, embora não seja exatamente o exemplo de alerta. O Malfoy é muito observador, sabe de tudo que está acontecendo ao redor. Localiza o inimigo com facilidade e avisa aos companheiros quando eles estão em perigo e não notaram. A Chang é um pouco lenta, mas também parece ter um extenso conhecimento de feitiços. Nas poucas vezes que interferiu, usou feitiços extremamente capazes de apaziguar a situação, mas não é boa com reflexos nem em prestar atenção.

Lupin suspirou satisfeito.

- Eu esperava mais de meu trio, se vocês querem saber. A melhor deles, disparado, é a Weasley. Ela tem bastante valentia e agilidade. Consegue desviar de ataques e localizar as fraquezas nos ataques do inimigo em fração de segundos. Eu diria que essa menina nasceu pra isso. Wolfran é apenas um mascarado, o garoto não sabe nada. E o Thompson até que não foi tão mal, só que acho que não está preparado.

Sirius deu uma risada. Encarando Snape, Lupin e Ártemis, disse:

- O Weasley é um pouco afobado, mas isso é mínimo perto de sua bravura, acho que é algo dos Weasley - brincou ele, lembrando da cobra. - Se ele não estiver nervoso, sabe lidar com a situação maravilhosamente bem, precisa apenas trabalhar um pouco sua mente para isso. Babelon Littlewood é extremamente fria, muito atenta. E o Hawking é bem melhor do que imaginava. O garoto parece muito determinado. Ambos ajudam um companheiro em perigo assim que algo os ataca.

Ártemis não tinha uma expressão muito contente.

- Granger é habilidosa, sabe inúmeros feitiços e é pequena, sabe se esconder. Consegue pensar em soluções rápidas e eficientes para diversas situações, mas em contrapartida não tem tanta agilidade para um duelo rápido – dizia Ártemis, parecendo não muito alegre. – A Dumbledore é ótima. É valente, é ousada e rápida. Mas precisa controlar o temperamento, definitivamente. – Lupin e Sirius trocaram um olhar divertido. – Agora, o Longbottom me surpreendeu – os professores encararam Ártemis curiosos. – Eu enfeiticei uns galhos para atacá-los como flechas e o garoto administrou muito bem a situação, ajudou e resolveu o problema sozinho. E, diga-se de passagem, que quebrar um de meus feitiços é muito difícil para alguém que não terminou os sete anos de educação. Enfeiticei vários pedaços da floresta por onde passamos e Dumbledore e Granger agiram muito bem neles, embora no último somente Longbottom conseguiu se sair relativamente bem.

- Hum... Você tem certeza de que estava acordada, atenta, Figg? – zombou Snape friamente. – Porque eu conheço o Longbottom há seis longos anos e sei que o garoto não tem jeito para nada!

- Meus olhos estavam muito bem abertos, Snape. – respondeu Ártemis, sem demonstrar nenhuma reação diante da provocação do mestre de Poções. – O menino apenas não teve a chance de mostrar seus talentos. Conseguiu se sair muito bem em situações que envolvam plantas, o que pode nos ajudar se resolvermos treiná-lo. Creio que ele aprenderia tudo mais facilmente se houvesse um "dedo verde" em seu treinamento.

- Em Poções ele trabalha com ervas, plantas, animais, raízes e tudo de natural que você possa imaginar, mas é totalmente incompetente. Como me explica isso, então? – zangou-se Snape.

- Talvez ele não consiga se concentrar por que você é abominável demais para deixar de amedrontá-lo durante as aulas, Snape.

Snape lançou um olhar gelado a Ártemis. Sirius pigarreou e subiu as sobrancelhas ao máximo, torcendo por uma discussão entre duas pessoas tão frias e controladas, enquanto tentava não rir.

- Sendo filho de Frank e Alice Longbottom, não poderia ser um zero a esquerda, não acham? – recordou Lupin orgulhoso, dispersando uma certa tensão na sala.

Snape bufou, esperando que alguém dissesse algo. Como ninguém se pronunciou, ele disse:

- Parece que sim... – murmurou entediado. – E então? Quais serão os escolhidos?

- Certo – concordou Lupin. – Podemos fazer uma votação para cada um dos candidatos.

E assim seguiu a votação dos professores. Começando pelo trio de Snape, Harry e Draco ganharam o voto de todos os mestres e Cho não ganhou de Ártemis. O trio de Lupin, que era composto por Gina, Gregory e Peter, somente Gina ganhou todos os votos. Sirius recordou aos colegas de trabalho o seu trio e eles votaram para que Rony e Babelon estivessem dentro do grupo. E Ártemis ficou por último. Começando por Hermione, todos os professores levantaram suas mãos. Depois, para Ametista, fizeram o mesmo. Entretanto, no último integrante, Neville, os mestres entreolharam-se temerosos e duvidosos assim que viram Ártemis levantar sua mão. Ela estava confiando na capacidade de Neville cegamente. Suspirando, meio que contrariado, Snape levantou sua mão igualmente. Sirius e Lupin deram um meio sorriso e levantaram as suas também.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO: As personagens chegaram ao limite! Especialmente Gina e Harry, todos decidem vingarem-se daqueles que os tiram do sério. Além do resultado dos alunos selecionados, há um beijo inesperado num canto escondido do corredor, a vitória de um apanhador habilidoso e esperto e ainda uma proposta duvidosa - uma escolha que decidirá o destino de um dos jovens. Sinta o gostinho doce de um dos maiores pecados do ser humano em "VINGANÇA ENTRE ESPAÇOS ESCONDIDOS, CAMPOS DE QUADRIBOL E SALAS ALARANJADAS"