NOTA DA AUTORA: Gente, eu queria agradecer IMENSAMENTE E DE CORAÇÃO todo o apoio de vocês para que esta fic siga em frente e que a série se conclua... Como na "Herdeira", a opinião de vocês me levantou! Vocês, além do apoio carinhoso, somente me fazem cada vez mais empenhada em escrever os fatos para todos! Muito obrigada!! Se hoje estou aqui, é porque vocês me colocaram aqui! Amo todos vocês! Valew!
NO CAPÍTULO ANTERIOR: O Natal na Toca proporciona grandes emoções - boas e ruins - a cada um de nossos personagens. Por exemplo, Ametista está começando a sentir uma presença estranha, e Harry sente falta dos pais. Mas, o bom mesmo é ver Sirius pedindo Arabella em casamento...
CAPÍTULO VINTE E DOIS - Eu só quero estar com você
Sentado no banco daquela praça, tinha a expressão cansada. Os minutos se passavam e nada dela aparecer. As nuvens estavam se unindo e deixando o céu nublado. Logo haveria uma tempestade e ele teria de permanecer naquele mesmo lugar. Sua vestimenta escura deixava à mostra quão impecável preparara-se para aquele momento. Afinal, o escolhido fora ele, não outros que já contavam com a vitória. Talvez, sua certa intimidade com ela colocara-o um passo à frente dos outros. Sorte a sua.
O som de um raio ecoou em seus ouvidos não muito longe dali. Estava impaciente. Há mais de meia hora postara-se naquele banco em vão. Uma brisa fria começava a irritá-lo e desmanchar seu cabelo. Já passava de cinco horas.
Com um "pof", ela apareceu. Aparatando, sua imagem se formou ao alcance da visão do homem, que sorriu ao notar como continuava bonita. Os olhos azuis escondiam-se atrás da franja comprida que caía sobre eles. A cintura permanecia esguia e as pernas sempre admiráveis. Não havia nada nela que um homem não gostasse. Ou provavelmente, seu temperamento, tão parecido com o dele. O único que parecia suficientemente corajoso para suportá-la parecia mesmo o Potter idiota.
- Imagino que você não tenha se incomodado com o meu atraso, certo?
De fato, não apenas seu corpo permanecia intacto ou até melhor, como seu humor e sua rispidez eram as mesmas após aquele tempo. O homem engoliu longamente.
- É claro que não, Dumbledore – respondeu o homem, em seu melhor estilo irônico. – Vejo que não mudou nada nesses últimos tempos. Um ano, não é?
Ametista Dumbledore encarou Draco Malfoy com satisfação.
- Eu já não posso dizer o mesmo de você.
Draco estava completamente diferente. Poucas coisas ainda se conservavam em sua aparência desde Hogwarts. As olheiras fundas eram nítidas, enquanto os mesmos olhos amargurados e cinzentos permaneciam a fitá-la com desprazer.
Bufando impaciente, deu um passo para perto dela.
- Deixemos o papo furado de lado, sim? – disse, apertando os olhos. – Podemos ir ou não?
A mulher nada respondeu e apenas aparatou junto de Malfoy. Assim que abriram os olhos em seguida, após o veloz piscar, ambos pisavam num chão muito bem encerado e reluzente. As roupas negras de ambos não refletiam naquele piso quase espelhado.
- Onde devo ir? – perguntou Ametista arrogante.
- Você deve ficar junto de mim, Dumbledore – respondeu Draco, dando alguns passos em direção a uma das enormes janelas daquela sala circular. – Ou já posso chamá-la de Sra. Potter?
Ametista não se deixou abater com a provocação de Malfoy. Mantendo seu semblante, assistiu-o dar as costas a ela. Nesse mesmo momento, Ametista fechou os olhos, pensando em Harry. Provavelmente, ele deveria estar enlouquecido em seu apartamento, notando o desaparecimento da noiva. Uma certa tristeza abateu-se sobre ela, já que havia planejado tantas coisas para o casamento, que deveria acontecer em breve. Mas que não ocorreria mais.
- E como anda a Granger, Dumbledore? – indagou Draco repentinamente, encarando Ametista de longe. – Os seus cabelos continuam tão lanzudos e fofos como antigamente?
Cruzando seus braços, respondeu:
- Desde quando você se importa?
Draco soltou um riso pelo nariz.
- Não seja ríspida – disse o homem, com o sorriso sarcástico nos lábios. – Devo dizer que tenho muito prazer em saber como ela está desde que mandei o namoradinho dela para o inferno...
O olhar de Ametista atingiu Draco em cheio no ombro e ele sentiu-o queimar. Soltando um grito nervoso, Draco agitou o ombro e andou até a mulher. Quase grudando seu nariz no dela, transbordando de fúria, disse:
- Não ouse usar seus poderes aqui dentro, Dumbledore! – ordenou, fuzilando-a com seus olhos.
Ametista manteve sua expressão séria e não se impressionou com a resposta de Draco. E imaginar que eles estudaram dois anos na Sonserina e passaram por tantos acontecimentos juntos.
Um silêncio quase assustador se seguiu por mais de dez minutos. Ametista não se movera do lugar nem por um segundo, enquanto Draco ficava dando voltas e rodeando a sala circular, checando cada uma das altas e finas janelas, no melhor estilo gótico.
Novamente, Malfoy aproximou-se de Ametista, dizendo:
- Li nos jornais que o Potter te pediu em casamento – murmurou para que somente ela ouvisse. – O Profeta Diário deu tanta ênfase para a união do grande Potter e da netinha do Dumbledore que até me deu vontade de vomitar – prosseguiu na provocação sobre Ametista. – Sinto muito, Ametista, mas esse passo que o Potter deu foi muito errado. Se vocês ainda não estivessem juntos, provavelmente, nada disso estaria acontecendo nesse exato momento – Ametista ardeu-se de raiva ao ouvir Draco chamando-a pelo primeiro nome. – Nem você estaria aqui comigo, nem ele estaria lá correndo por todos os lados, querendo saber onde a noivinha está.
Num estrondo, a única porta de toda aquela sala enorme se abriu. Draco tomou sua postura ríspida e Ametista fez o mesmo. Era um grupo de seis Comensais da Morte – Ametista mesmo contou – que se dirigiam para onde ela estava localizada. Respirando fundo, passou um de seus dedos pela aliança de noivado que Harry dera a ela há pouco mais de dois meses. Uma parte de sua respiração se foi assim que ela apertou sua mão, sentindo a aliança que envolvia um de seus dedos.
Detrás de todos os seis Comensais saiu Voldemort. Os mesmos olhos vermelhos, a mesma fenda no lugar de uma boca, o mesmo odor putrefaço. E ao seu lado esquerdo, estava Virgínia Weasley. Suas mãos estavam unidas por correntes e sua varinha girava na mão direita do Comensal que vinha logo atrás dela. Sua expressão era de terror e cansaço. Os lábios sangravam e o cabelo vermelho estava totalmente desmazelado. O olhar de Gina cruzou-se com o de Ametista e, imediatamente, Gina sacudiu sua cabeça freneticamente.
- Você não deveria estar aqui! – vociferou, postada ao lado de Voldemort.
Antes que Ametista pudesse responder, um dos Comensais deu um forte tapa no rosto de Gina, lançando seu corpo enfraquecido ao chão. A mulher arriscou correr para ajudar a amiga, porém Malfoy não permitiu e segurou seu braço fortemente.
- Quem diria que um coração tão frio e duro como o seu permitiria que perdesse seu tão amado noivo e viesse salvar essa Weasley, que não presta mais a mim – disse Lorde Voldemort, superior. – Você mudou, Ametista.
- Solte Gina! – gritou Ametista apresentando firmeza.
A fenda de Voldemort abriu-se, parecendo um assustador sorriso prazeroso. Enquanto dava um aceno ao Comensal que escoltava Gina, Ametista assistia as correntes desaparecerem e a mulher ser libertada. Somente naquele momento, Draco soltou o braço de Ametista e permitiu que ela fosse até Gina, para ajudá-la a levantar-se.
Encarando Voldemort com ódio, Ametista ergueu Gina e levou sua mão ao rosto da mulher. Gina fixou seus olhos nos de Ametista e disse, baixinho para que ninguém ouvisse:
- Você não devia estar aqui – repetiu como antes. – Por que veio?
- Eu não posso deixar você aqui, Gina – respondeu tão baixo quanto ela. – Harry prometeu ao Rony que iria cuidar de você. E essa promessa também é minha.
Os olhos de Gina ficaram marejados. Falar sobre Rony parecia terrível a ela.
- Agora, eu vou te mandar até o Ministério...
- Eu vou avisar o Harry que você está aqui! – protestou indignada.
- Ele já sabe, Gina – respondeu Ametista, segurando o nervosismo. – Ontem nós conversamos e eu dei pistas do que faria hoje. Já me despedi dele...
- Mas você não pode! – interrompeu a irmã caçula dos Weasley mais uma vez. – Harry ficará arrasado.
Ametista estava fazendo, não estava pensando. E aquele rápido diálogo com Gina estava fazendo-a pensar. Refletir sobre suas atitudes. Pensar em Harry. E isto era completamente fora de cogitação. Sem pensar duas vezes, Ametista tocou o rosto de Gina novamente e fechou seus olhos. A boca de Gina ainda se abriu, querendo manifestar-se, mas não dera tempo. Ela já havia sumido.
Após transportar Gina para o Ministério da Magia, ao alcance da família Weasley, Ametista tornou-se para Voldemort. O Lorde das Trevas tinha a visão totalmente concentrada na descendente.
Surpreendendo Ametista, velozmente Draco Malfoy estava ao lado dela e paralisando-a. Foi quando um raio verde surgiu da varinha de Voldemort. Tão rápido e seco. Tão cruel e estúpido. Apenas o grito de Ametista foi ouvido. Um sopro de vida se esvaiu no ar.
Ao mesmo tempo, em dois lugares diferentes e de distâncias consideráveis, Draco Malfoy e Ametista Dumbledore despertavam suando e cheios de arrepios.
***
Já passava das quatro horas da manhã e Draco mantinha os olhos pregados em sua janela, recordando cada um de seus passos daquele sonho – ou pesadelo. A neve ainda caía enquanto seus pensamentos sobre seu destino e aquela estranha escolha proposta por Snape e Figg martelavam em sua mente. Cada vez mais, a idéia de escolher um lado para lutar parecia idiota. Todas as noites, pesadelos. Pesadelos em que apoiava ou os seguidores de Voldemort ou de Dumbledore. E, para ser sincero, nenhum deles o agradava.
"Talvez eu deva ir embora antes disso tudo e viver minha vida longe daqui", supôs com um sorriso ardiloso em seus lábios. Até que não era uma idéia tão má assim. O único porém seria que Draco já estava fazendo parte dos planos de Voldemort e de Dumbledore. Pertencer àquele grupo de Hogwarts junto com o Potter e realizar pedaços dos maléficos objetivos do Lorde das Trevas. Praticamente não havia saída a ele.
Levantando de sua cama, vestindo um robe sobre o pijama e calçando seus sapatos para protegê-lo do frio castelo dos Malfoy, Draco olhou ao redor de seu quarto. Sem vida, com paredes azuis e verdes, ambas escuras, que se mesclavam à mudança de lados. Os armários e cômodos, como a cama, eram negros, além dos tapetes esverdeados. Impessoal, sem personalidade, frio. Exatamente como o resto do casarão e dos integrantes dele. Havia um grande espelho ao lado da cômoda – onde existia outro também – que mostrava o corpo completo de Draco. O jovem encarou-se num modo rebelde e franziu sua testa. Aquele era um modelo imposto por seu pai. Não era ele. Por fora. Entretanto, por dentro, não haveria de ser outro.
Dirigindo-se para fora do dormitório, encontrou o corredor escuro e vazio. Longo e amedrontador para aqueles que não o conhecem, Draco colocou as mãos no bolso de seu robe e começou a caminhar calmamente. Portas que sucediam portas, estátuas que procediam pinturas, armaduras que evidenciavam as paredes escuras. Draco observava seu lar e gostava do que via. Os melhores momentos de sua infância eram dentro daquele casarão, correndo de uma sala à outra, escondendo-se do nada, já que sempre viveu sozinho. Claro, existiam os criados que sempre o perseguiam, porém não era divertido brincar com eles, afinal, nenhum conseguia enfiar-se nos lugares e cantos que ele podia. Assim, a brincadeira perdia a graça.
No final do corredor havia uma porta com os batentes prateados. Aquele era o escritório de seu pai, Lúcio Malfoy. O monitor da Sonserina empurrou a passagem e uma voz se ouviu:
- Senha?
- Zamia.
A passagem se abriu com um rangido e Draco deu um passo a frente. Nunca soube o porquê da senha de acesso significar "perda". Sabia que seu pai não se importava com perdas em absoluto. Abrindo os olhos por completo, uma sala repleta de pinturas e quadros e retratos se desvendou, com enormes prateleiras de livros que iam até o teto do alto âmbito, objetos negros e prateados e um carpete esverdeado se estendia sobre o piso.
Havia um grande quadro na parede logo à frente, a família Malfoy. Lúcio estava colocado à direita, com o nariz empinado e o rosto indicando seu típico olhar superior. Ao seu lado, Narcisa, sua esposa, com a expressão descontente como de costume. E ao meio deles, Draco, ainda pequeno – cerca de cinco anos – com a face igual ao do pai, porém com um ar arrogante. Aquela era sua família. E como ele a amava e odiava ao mesmo tempo.
Dia vinte e cinco de dezembro. Natal. E todos ainda adormecidos, preocupados com o dia seguinte, um novo período de tentar salvar seus próprios pescoços. Suspirando sem transparecer sentimento algum, Draco fechou os olhos e imaginou mais uma vez sua rápida conversa com Ametista em seu sonho. "Vejo que não mudou nada nesses últimos tempos. Um ano, não é?", ele dizia. "Eu já não posso dizer o mesmo de você". Aquela resposta da garota, ou da mulher, estava incomodando-o. Será que seu destino junto de Voldemort tornaria sua vida pior do que já era?
- O senhor deseja algo?
Draco virou-se lentamente para a direção da porta e encontrou o mordomo, Phasma.
- Preciso detalhar todos meus passos a você, por acaso? – respondeu, arrogante, dando as costas.
Contrariando suas idéias, Phasma seguiu seu caminho até a cadeira principal, com o espaldar alto e confortável, onde Draco sentou-se.
- Tratando-se deste escritório, Sr. Malfoy, é preciso que o senhor diga o quê quer aqui. – disse o mordomo, colocando uma mão à frente e outra em suas costas.
Sem pensar muito, Draco rolou os olhos.
- Quero pensar, há algum problema em ficar aqui, Phasma?
O mordomo pareceu pigarrear. Sua pele pálida se enrugou, demonstrando quão velho Phasma era.
- Não, senhor.
E deu as costas, indo em direção à saída, fechando a porta as suas costas. Draco suspirou e aborreceu-se com a interrupção. Não aceitava manter diálogos com os serviçais, muito menos um humano, como ele, que se rebaixava a ter um papel como o de um elfo doméstico. Já não bastava ter um Dobby, havia esse misterioso Phasma, um espião de Lúcio sobre as atitudes do filho, mesmo dentro do castelo.
Apoiando os braços no topo do espaldar da cadeira, Draco recordou seu último encontro com o pai, há três dias atrás. "Você continua seguindo o plano, Draco?". Perdeu a conta de quantas vezes durante as vinte e quatro horas passadas seu pai fez esta questão a ele. Será que Lúcio estava começando a desconfiar de sua lealdade ao pai e aos seus ideais – que não eram os mesmo que os dele? Ou talvez o patriarca esteja notando que a missão passada a Draco seja uma armadilha, afinal, não seria nada fácil resistir a muitas imposições colocadas nesse plano. Dezesseis anos representa uma fase de transição. E ter que deter alguns de seus desejos parecia, em algumas situações, incontrolável para Draco.
Imaginando qual seria o final daquele plano mirabolante de seu pai e dos seguidores do Senhor das Trevas, Draco chegou a sentir um arrepio. Será que seu destino, após esses últimos meses, seria mesmo tornar-se um seguidor de Voldemort? Enfrentar, com a cara e a coragem, Dumbledore e aqueles que colocaram confiança em seus ombros? Não que ele se importasse com isso – ele não dava a mínima – mas não seria engraçado. Nem um pouco. Nem mesmo para ele, que sempre foi tão espirituoso.
Ainda sentado naquela cadeira, olhou pela janela e viu seu reflexo. Apertando os olhos, imaginou o reflexo de Ametista. Estranhamente, havia uma sensação de temor que se espalhava por Draco ao pensar nela. A neta de Dumbledore era perigosa. E quanto mais pensava nisso, mais passava a acreditar numa única coisa. Distância, muita distância. Por um motivo desconhecido, sabia que Ametista era a única que conseguiria descobrir seus planos com uma facilidade imensa. Afinal, ela também era uma sonserina. E os sonserinos não eram fáceis de serem enganados.
- Preciso dar um jeito nisso... – murmurou para si mesmo.
Contudo, Draco sabia que não era apenas temor que o atraía em Ametista. A idéia de, em algumas situações, olhar-se no espelho e ver Ametista, não o agradava. Mas, ainda assim, ele não conseguia manter muita distância, por mais que tentasse.
Esta idéia também se aplicava a Gina Weasley. Por mais que ele quisesse, além de se manter direito ao plano, Gina insistia em não sair de seus pensamentos, fosse para Draco odiá-la, ou para desejar beijar aqueles lábios ferventes mais uma vez – para irritá-la ou simplesmente porque queria.
Com esse pensamento, Draco apertou os olhos novamente, mal humorado.
- Se eu realmente me tornar um Comensal, minha primeira missão será destruir os Weasley – disse prazerosamente para si, com os dedos ainda nos lábios. – E vou começar pela caçula.
Entretanto, antes que pudesse evitar, seus olhos já estavam brilhando ao pensar em matar Gina. Aquele não era um brilho de satisfação, ao contrário do que ele imaginava. Aquele era um brilho de desejo, que insistia em persegui-lo há alguns meses. E nada parecia fazer este brilho desaparecer.
***
Ametista agitava as pernas suspensas num ritmo descompassado. Seus olhos estavam paralisados na direção do nada. Estralava o dedo sem perceber – odiava isso. A testa estava franzida e a face contorcida, demonstrando a seriedade daquele breve momento. Ela estava sentada sobre a pia, a torneira ligada.
Prisma também tinha o rosto confuso. Ametista já estava daquela forma há mais de uma hora, pensativa, não se importando com a grande movimentação dela dentro da cozinha. Ainda era cedo, mas como todos foram dormir tarde, provavelmente estavam dormindo. Somente ela havia despertado. Era pouco mais de dez horas da manhã.
- Feliz Natal! – gritou com um grande sorriso no rosto Harry ao adentrar na cozinha.
A elfo doméstico tornou-se a ele e arregalou os olhos, contente. Em seguida, o despertador do forno mágico tocou num tom alto para que Prisma retirasse alguns dos quitutes daquele dia. Harry olhou em volta e encontrou Ametista, na mesma posição, balançando as pernas e com o olhar distante. Sacudiu sua mão diante dela e somente assim ela pareceu notar que havia um mundo fora de seus pensamentos.
- Bom dia e feliz Natal... – murmurou ele, inclinando para dar um beijo nos lábios da namorada. Ametista respondeu sem emoção. Harry estranhou. – Você está bem?
Os lábios da garota se entreabriram e uma voz fraca saiu de sua boca.
- Claro, claro – respondeu velozmente. – Por que não estaria?
Num segundo, Ametista desceu da pia da cozinha e dirigiu-se até a sala. Harry a seguiu. Sentando-se agora num daqueles enormes e espaçosos sofás, Ametista assistiu Harry encará-la com um grande ponto de interrogação. Sem pensar, sorriu.
- Não há nada, Harry – afirmou mais uma vez. – Mas eu queria saber se você gostou do meu presente. Foi bobinho, mas achei legal. – continuava sem demonstrar qualquer tipo de animação.
Harry sentou-se ao lado dela.
- Eu adorei – respondeu, recordando o diário que ela havia dado, onde em cada dia aparecia um recado dela instantaneamente, para que ele não se esquecesse do quanto ela o adorava. – Original, mas bem diferente de você.
- Só porque não sou cheia de grude não quer dizer que não tenho coração, idiota. – ralhou, fechando a cara de brincadeira.
O namorado aproximou-se dela e cochichou em seu ouvido, questionando se ela havia gostado de seu presente. Ametista devolveu um beijo a ele. Harry havia presenteado-a com algumas fotos que ele pegara de Sirius escondido, além de uma rosa e um cartão de Natal.
- Então... Você vai me contar ou não o quê está acontecendo? – indagou o jovem novamente.
Ametista bufou, no seu melhor tom mal humorado.
- Eu disse que não é nada!
Notando que não custaria mais uma troca de palavras e eles já estariam brigando, Harry desistiu e voltou à cozinha para comer alguma coisa. Enquanto isso, Ametista encolheu-se no sofá e imaginou qual seria a reação se contasse todos os sonhos estranhos que vinha tendo. Primeiro, corredores escuros e florestas misteriosas. Depois, seres gigantescos e amedrontadores. E, como se não bastasse, Draco Malfoy seqüestrando-a e Voldemort mandando-a para o inferno. Nada de mais, claramente.
Pouco antes de perder-se mais uma vez em pensamentos, ouviu passos e risadas prazerosas. Virando para trás, encontrou seu pai e Arabella descendo a escadaria, rindo e com grande alegria estampada em seus rostos.
- Feliz Natal. – desejou, sem empolgação.
Sirius encarou a filha, ainda com um grande sorriso no rosto e caminhou até ela. Ametista levantou-se do sofá, franzindo as sobrancelhas, escondendo uma pergunta. Sem pensar muito, sentiu que não havia perguntas a serem feitas assim que Sirius envolveu-a e abraçou-a com muita força. Ametista fechou os olhos e procurou aproveitar aquele breve momento. Sua desconfiança em relação ao sonho da madrugada passou num piscar de olhos.
- Feliz Natal – disse baixinho, dando um beijo na testa da garota. – E eu adorei o presente, viu! – agradeceu, os olhos brilhantes. – Agora, arrume-se rápido porque iremos para Surrey às onze horas, certo?
- Surrey? – questionou, soltando-se do abraço do pai. – Que faremos em diabos de Surrey?
- Mamãe – respondeu Arabella, não muito longe deles. A mulher estava com as bochechas rosadas e o brilhante anel em seus dedos. – Vamos passar o Natal com ela, há algum problema?
Ametista indicou negativamente com a cabeça e observou Sirius dirigir-se a Arabella e abraçá-la, caminhando até a cozinha. As coisas estavam indo muito bem. E isto não era nada bom.
Sua mão estava entrelaçada a dela, seus olhos concentrados do lado de fora. Ametista ainda não sabia se Harry estava ou não alegre de voltar a Rua dos Alfeneiros, entretanto para desta vez encontrar-se com a Sra. Arabella Iris Figg, e não Petúnia ou Válter ou Duda Dursley.
Ao descerem do carro, adentraram e cumprimentaram a mesma Sra. Figg de sempre. Seus cabelos grisalhos e os olhos negros eram suas marcas, além da expressão de severidade e sabedoria. Como estava muito frio naqueles últimos dias, a neve não parava de cair, a Sra. Figg permitiu que Harry e Ametista subissem para colocar os casacos de todos num dos quartos – o de Arabella, mas precisamente.
Pela janela do dormitório, Harry debruçou-se e viu as sombras dos Dursley dentro do número quatro daquela rua de Surrey. Seus olhos se contraíram. Pouco depois, sentiu Ametista abraçar-lhe pelas costas, apoiando seu queixo num de seus ombros.
- Que foi?
- Por mais que eu tente, não consigo esquecer o tanto que me torturaram durante esses anos – disse, a voz vacilando. – Eu os odeio, odeio todos eles.
Ficaram em silêncio durante alguns segundos. Ametista segurou a respiração. Era normal para alguém como ela sair dizendo que odiava o mundo e todos que viviam nele. Mas Harry?
- Você pode odiá-los – respondeu calmamente. – Mas não vai mudar nada, entende? – Harry não demonstrou reação. – Eu odeio muita coisa na minha vida, mas não adianta porque só me faz mal e eu permaneço do mesmo modo. Odiar ou não odiar, não vai tornar ou fazer com que tudo seja diferente – Ametista deu uma pausa, esperando uma reação de Harry. – Não faça isso, por experiência própria. Você se enfia tanto nesse ódio que não consegue retirá-lo depois de muito tempo – Harry suspirou. – Não continue assim, não permita que esse ódio se espalhe. Por favor, não vale a pena, amor.
Harry, sem perceber, tornou-se para Ametista.
- Amor? – sorriu com um resquício ainda de mágoa.
- Vamos dizer que é o espírito natalino. – e Ametista beijou Harry ternamente, envolvendo seu rosto em suas mãos e desejando que aquele ódio não possuísse o jovem, não retirasse o quê ele tinha de mais nobre, que era sua bondade, sua capacidade de perdoar. Coisa que faltava de monte nela mesma.
***
- Sirius, isso lá é hora de ficar fazendo isso?! – irritou-se Arabella, apoiando-se no batente da porta.
O bruxo estava com a varinha projetada na direção de sua têmpora esquerda e, ao ser puxada para longe, levava alguns fios brancos de cabelo. Seguidamente, estes eram colocados dentro de uma bacia prateada que reluzia dentro daquela estante.
- AH! – retrucou mal humorado. – Eu sempre quis ter uma dessas, Bella – disse como uma criança. – Sorte ter uma filha tão bondosa...
- Bondosa não – discordou Arabella, caminhando na direção do noivo. – Com uma grande quantidade de dinheiro, bem remunerada, rica... Penseiras não são nada baratas, sabia?
Sirius tentou dar um peteleco no nariz de Arabella e guardou a varinha dentro de seu casaco, fechando a estante e deixando a Penseira de lado. A mulher cruzou os braços, o semblante calmo.
- Você pode me responder uma coisa que venho tentando perguntar a alguns dias? – questionou Sirius, encostando o corpo na mesa e ficando de frente à noiva. – Por que sua mãe não pareceu tão surpresa ao saber de sua gravidez e do nosso casamento?
Arabella riu, descruzando os braços e se aproximando de Sirius.
- Mamãe sabia desde o momento que você bateu naquela porta – respondeu com um tom de deboche. – Acho que ela sempre soube que esse seria o nosso final.
Estendendo os braços, Sirius puxou Arabella para si.
- Este é apenas nosso começo.
Beijaram-se com delicadeza, as mãos de Sirius passeando pela barriga de um mês e meio de Arabella. Nesse momento, ouviram o grito de Harry do andar inferior para a contagem regressiva.
Descendo a escadaria e dirigindo-se ao lado exterior do casarão dos Black, Arabella e Sirius envolveram-se num abraço para espantar o intenso frio daquela noite. A neve fazia contraste com a lua minguante escondida no meio das nuvens. Ametista estava agachada junto de Prisma e Harry estava em pé, ao lado dos padrinhos. Assim que Harry ameaçou abrir um sorriso, todos assistiram do alto daquela colina, toda a vila de Godric's Hollow soltar fogos de artifício – mágicos ou não – que explodiam e enfeitavam o céu, dividindo o "palco" com a neve tão branca e gelada. Era meia-noite e um novo ano se iniciava. Sirius e Arabella abriram seu abraço e puxaram Harry consigo. O jovem não gostou muito do grude, mas sentiu-se extremamente feliz de estar novamente junto daqueles que amava.
- Feliz Ano-Novo! Feliz Ano-Novo! – berrava Prisma, pulando de um lado ao outro, com lágrimas em seus grandes e arregalados olhos verdes.
Ametista levantou da neve e ajeitou o cachecol, sentindo-se em paz. Os fogos permaneciam estourando no céu, enfeitando aquela noite tão especial. Tornando-se para os outros três presentes no casarão, sorriu com os lábios fechados, admirando-os.
Sirius saiu do abraço triplo e foi até Ametista, encarando-a e beijando sua têmpora com carinho. "Eu te amo", ele murmurou em seu ouvido, como se fosse o maior segredo já existente. "Eu também te amo", respondeu ao pai, sorrindo acanhada. Depois, Arabella chegou mais perto e disse:
- Eu tenho certeza que nós seremos felizes, Ametista. – enquanto acariciava a barriga.
A jovem piscou e abraçou Arabella Figg. Na verdade, havia ficado muito contente com a notícia de ganhar um novo integrante na família. Prisma, então, puxou Arabella dizendo que estava muito frio e isto poderia ser prejudicial ao bebê. Empurrando-a obrigatoriamente para dentro do casarão, Sirius a seguiu. Assim, Ametista deixou-se observar apenas Harry. Ele tinha as mãos enfiadas no bolso do casaco e um cachecol esverdeado envolta de seu pescoço. Era incrível como tudo daquele tom realçava seus olhos.
Quando se achegou mais perto, Harry tornou-se a ela e jogou-a contra a neve. Ambos caíram contra a massa gélida e riram plenamente. A neve parecia grudar em seus casacos e em seus rostos. O cotovelo de Harry estava prendendo o cachecol de Ametista contra a neve, fazendo com que a sufocasse. Com isso, começou a dar socos nas costas do namorado, pedindo socorro. Harry gargalhava.
Os fogos ainda explodindo, o alto da colina, a grama coberta pela neve, o vento frio proporcionado pela noite de inverno. Harry permitiu-se contemplar Ametista por um momento e tomar sua decisão. Assim, disse:
- Feliz Ano-Novo, amor.
O sorriso de Ametista se alargou e ela o enlaçou de forma carinhosa, mas obstinada. Com os olhos transmitindo o mesmo, alcançou seus lábios e prometeu a si mesma que permitiria esquecer-se de todos os sonhos, pesadelos ou problemas que aconteciam naquela época. Esquecer e aproveitar aqueles breves minutos junto de Harry. Era o que importava. E estava adorando. Ou seria...Amando?
- Feliz Ano-Novo, amor. – repetiu, beijando-o.
***
- Não fiquem até muito tarde acordados, hein! – repreendeu-os Sirius num espírito divertido.
Arabella deu um toque nas costas do noivo e riu.
- Vamos dormir porque os velhos têm de descansar, não os jovens!
Harry piscou para a madrinha enquanto eles se despediam e deixavam o âmbito, subindo as enormes escadas de corrimão de mármore. Aquele foi, provavelmente, o Ano-Novo mais divertido de toda sua vida. Harry estava sorrindo ainda, recordando os últimos dias de seu feriado. Primeiro, o Natal na Toca, junto dos Weasley. Depois, esses dias incríveis na companhia da madrinha, do padrinho e da namorada. Na verdade, naquele exato momento, Ametista estava voltando da cozinha com duas canecas de chocolate fervendo.
A neve continuava caindo silenciosamente do lado de fora enquanto a lareira crepitava e o jovem acomodava-se no comprido e aconchegante sofá da sala. O casarão de Godric's Hollow mostrava-se cada vez mais como uma verdadeira casa a Harry.
Era pouco mais de duas e meia da madrugada daquele primeiro de janeiro. Inverno, Arabella decidiu substituir a champagne por chocolate quente – Sirius muito relutou, mas não conseguiu, afinal, era ordem da nova futura mamãe.
- Esse bendito aparelho do meu pai é uma droga! – resmungou Ametista, tentando ajustar alguma estação de rádio.
Era uma caixa de tom caramelo e marrom, envolvida por uma rede negra e com algo parecido com uma antena, só que era enrolado como uma espiral. Ametista já tinha dado cerca de quatro tapas na lateral esquerda do aparelho, mas nada o fazia funcionar corretamente.
- Até mesmo os rádios trouxas funcionam melhor do que isso... – debochou Harry.
Ametista não o encarou, porém, conseguiu no mesmo segundo sintonizar uma das rádios bruxas. Tornou-se para Harry com a expressão vitoriosa. Harry, levantando apenas uma de suas sobrancelhas, mostrou-se minimamente impressionado. Ametista, então, pulou no sofá, arremessando uma das almofadas na cabeça do namorado, que riu. O cabelo desgrenhado de Harry ficou ainda pior.
Era uma música lenta e gostosa. Ametista ajeitou-se embaixo do cobertor que os cobria e pegou as canecas com o chocolate, dando uma para o jovem ao seu lado. Em seguida, encarou o namorado.
- Essa foi a melhor passagem de ano que eu já tive – disse ela, bebericando o chocolate quente. – Esse friozinho, esse casarão, o meu pai...
O jovem monitor da Grifinória torceu o nariz.
- E eu? Não conta não?
Ametista sorriu timidamente. Deixando a caneca sobre a mesinha ao lado do sofá, colocou as pernas para dentro do cobertor e se aproximou de Harry. O jovem fez o mesmo com a bebida, deixando-a acima da mesa de centro do âmbito.
- Você é a melhor parte, seu bobo! – exclamou Ametista, rindo como uma criança.
Entretanto, o olhar de Harry não transmitia qualquer vestígio de humor. Era aquele olhar de flerte, o olhar que antecipava cada beijo entre eles. Sério e concentrado apenas nos olhos azuis escuros de Ametista, o jovem tocou lentamente a face do rosto da namorada. Ametista, levemente assustada, ficou igualmente séria e esperou uma reação maior de Harry.
- Eu esperei todos esses meses para ter um momento desse com você... – murmurou Harry bem baixinho, num tom bastante rouco.
A garota engoliu em seco, num misto de pavor e apreensão.
- Que tipo de momento? – perguntou, temerosa.
Harry projetou seu corpo para frente, até que encostasse seu nariz no de Ametista.
- Um momento em que ninguém estivesse por perto e que fosse assim, especial.
- E...espe...especial? – gaguejou a garota num tom nervoso.
Harry encarou Ametista com todo o seu amor.
- Eu só queria estar com você.
Uma música mais lenta que a anterior começou a tocar no aparelho bruxo. Ametista notou o calor da respiração de Harry tão perto dela e refletiu por um segundo. Valia a pena.
Seus lábios estavam quase se tocando. Seus olhos estavam fixos nos de Harry – aquele olhar que a fazia derreter, o olhar que antecedia seus beijos. Calmamente, Ametista tocou seus lábios nos do namorado e a resposta foi imediata. A relação já durava cinco meses e, principalmente nas últimas semanas, vinha ficando cada vez mais séria. Aos poucos, Ametista sabia que Harry não conseguiria segurar seus impulsos adolescentes, porém, ela não tinha consciência que seu corpo também pedia um contato maior com o do namorado. Conforme seus lábios iam se misturando com os de Harry, seu corpo já estava sendo impulsionado para trás, fazendo com que se esticasse no sofá e permitisse que Harry deitasse sobre ela. O frio na barriga começava a se tornar uma verdadeira tempestade de neve.
Ajeitando a cabeça numa das almofadas, Ametista paralisou o beijo e sorriu para Harry, que retribui o sorriso. Aproximando vagarosamente da boca de Ametista, Harry deu um selinho e desgrudou. E assim, provocou-a durante alguns segundos. Antes de se render a um daqueles emocionantes beijos, que tiravam seu fôlego tão rapidamente, Harry lançou mais uma vez o olhar sedutor a Ametista. A garota, primeiramente, retirou o óculos de Harry e, depois, puxou-o pelo colarinho e prosseguiu com a sessão de beijos.
O cobertor envolvia-os, impedindo que o inverno atingisse-os dentro do casarão. Porém, naquela altura, começava a atrapalhar, pois ambos estavam suando. Suas pernas estavam entrelaçadas, suas respirações curtas e ansiosas. Ainda somente nos beijos, Harry prolongava o máximo que podia suas mãos nas costas e no quadril de Ametista. E num surto, Ametista paralisou o beijo mais uma vez. Harry foi empurrado vagarosa e delicadamente para trás. Observando o rosto vermelho da namorada, começou a preparar uma lista de justificativas e desculpas para suas ações. Contudo, surpreendendo-o imensamente, Ametista colocou suas mãos na barra do pulôver que Harry usava e puxou na direção dela. Encarando-o, retirou o casaco com um sorriso nos lábios. Lentamente, Harry estava somente com uma camisa e seu casaco estava jogado sobre a mesa de centro, quase acertando a sua caneca de chocolate quente.
- Que você está fazendo? – indagou meio confuso e surpreso.
Ametista sacudiu a cabeça negativamente.
- Eu só quero estar com você.
A intensidade do momento só poderia aumentar após a frase enunciada por Ametista. Harry sorriu ligeiramente e desceu o corpo sobre ela, para mais uma vez, iniciar uma fase de inúmeros beijos e abraços. Enquanto retirava os fios de cabelo do pescoço de Ametista, preparando-se para beijá-lo, a garota preocupava-se em apenas aproveitar as sensações que aquele momento começava a proporcionar. Harry havia deixado todos os seus temores trancados em um baú naquela noite. Após a conversa com Rony, uma nova visão apareceu diante de seus olhos e a urgência para tê-la perto de si o máximo possível era estarrecedora.
Seus dedos estavam frenéticos, procurando os botões do casaco da namorada. Ametista não relutou nem por um segundo assim que sentiu os dedos frios de Harry tocarem sua barriga por baixo da jaqueta que usava. Pelo contrário, estava adorando cada instante. Retirando o casaco com uma certa ansiedade, Harry admirou o tórax da namorada, coberto por uma blusa preta e muito justa. Aos poucos, foi subindo a blusa, bem devagar, até a altura abaixo do sutiã de Ametista. Encarando-o, Ametista guiou uma das mãos do namorado até sua barriga. Percebendo que ela permitia o acesso, Harry desceu seu rosto até o tórax e beijou-o. Um forte calafrio atingiu Ametista assim que o jovem encostou seus lábios nela.
Rapidamente, as peças iam sendo largadas pelo chão ao lado do sofá. Eram dois casacos, uma camisa e a blusa apertada que envolvia a pele de Ametista. Sem qualquer idéia do que aconteceria se Sirius ou Arabella aparecesse por lá, os jovens prosseguiam na sua descoberta de novos caminhos. Harry estava travando uma luta interna – abrir ou não o zíper da calça da namorada – enquanto Ametista deixava que ele beijasse a região acima de seu sutiã.
A tempestade de neve que ocorria do lado de fora se tornava mais feroz com o passar dos minutos. A lareira crepitava com maior freqüência e as músicas do rádio eram mais e mais lentas e propícias para aquele momento.
Harry desvencilhou-se de Ametista por um instante e reparou como os lábios da namorada estavam inchados e seus olhos exprimiam um desejo jamais visto antes por ele. Como seu coração parecia disparar com uma ferocidade nunca sentida antes assim que encontrou seus olhos? Como apenas um toque de alguém tão importante poderia provocar tantas sensações extraordinárias nele? Ela era apenas uma garota. Porém, era a garota. Parecia uma peça tão frágil e, ao mesmo tempo, tão necessária! Por que sua respiração tornava-se mais instável ainda apenas de estar perto dela? E como poderia estar naquele exato momento, parado, estático, olhando-a com tanto carinho? Estava apaixonado por alguém tão diferente e especial quanto ele. Ametista já havia voltado do mundo dos mortos, estado em situações tão perigosas e até sentido na pele a dor de uma Maldição Imperdoável, além de carregar um sangue nobre em suas veias. E ainda assim, ela parecia uma peça tão pequena e especial que nada daquilo importava. O que realmente importava era que ela era dele. E somente isso.
Após um beijo particularmente longo, Harry mordeu o lábio inferior da namorada e ela riu. Por um momento, eles chegaram a pensar no quê estavam fazendo e onde estavam. O primeiro grande amasso, na sala onde os "pais" poderiam descer a qualquer momento, e na noite de Ano-Novo. Isso os fazia rir. E a emoção do perigo de serem pegos foi o empurrão decisivo para continuarem. Ametista empurrou Harry para trás e o fez deitar do lado inverso do comprido e aconchegante sofá, apoiando-se sobre ele. Harry pensou em puxá-la para si, mas Ametista sentou sobre as coxas dele e desceu vagarosamente até seu rosto, dando um novo beijo. Mas aquele beijo não era comum. A garota, primeiramente, enrolou os dedos nos fios negros de Harry e, depois, roçou seus lábios nos dele, perigosamente. Ametista apresentava uma vontade maior de beijá-lo, de acariciar seu cabelo negro, de sentir o tórax do namorado pressionado contra o dela, vestido apenas pelo sutiã.
Surpreendendo as expectativas de Harry, Ametista levantou novamente e começou a trilhar os dedos até o cinto da calça dele. Abrindo a boca, mostrando quão chocado estava, Harry procurou controlar-se. Se, naquela vez em que eles se abraçaram e beijaram na França, após a tempestade em que Ametista estava ensopada e seu corpo estava levemente à mostra, ele não conseguira se controlar, imagine agora! Da primeira vez, ela não havia percebido, mas e agora? Seria impossível ela não perceber!
Ametista mordeu o lábio inferior. Parecia que a coragem que abatera sobre ela há pouco estava indo embora. Após desprender o cinto, ela abriu o botão. Pela primeira vez, ela olhou para Harry e corou furiosamente. O namorado pensou imediatamente que ela havia percebido, finalmente. Ametista engoliu em seco e permaneceu encarando Harry. Porém, o jovem percebeu que seus dedos não tinham parado. Com muita relutância, ela estava mesmo abrindo o zíper da sua calça. Harry segurou firmemente no cobertor que ainda os cobria parcialmente. Ametista não retirou a calça dele ou coisa assim, apenas abriu o zíper e paralisou. Harry arriscou dizer alguma coisa, mas ela estava repentinamente branca, parecia em choque. O jovem procurou levantar lentamente para tocá-la e perguntar o quê estava acontecendo quando Ametista arregalou os olhos e empurrou-o de volta ao sofá, deitando sobre ele bruscamente. Em seguida, puxou o cobertor sobre eles e colocou um dedo na boca de Harry, pedindo que ele escutasse.
"Droga!", gritou a mente de Harry. De fato, havia uma certa movimentação no andar de cima. Hábil, o braço direito de Ametista já estava tateando o chão e puxando as suas roupas para mais perto deles, a fim de escondê-las sobre o resto de cobertor que ainda arrastava no piso. Velozmente, os barulhos começaram a ficar mais altos. Ao mesmo tempo, Harry e Ametista presumiram que um ou os dois estivessem descendo.
- Finja que está dormindo. – disse Ametista a Harry num sussurro.
No instante seguinte, ambos estavam respirando vagarosamente – na medida do possível – e fecharam os olhos. Pouco depois, ouviram o casal conversando:
- Dormiram... – sussurrou a voz da mulher.
- Hum... – foi tudo que ouviram do homem.
Um dos dois pareceu bufar impaciente.
- Ah, Sirius! Você tem que parar de agir assim! – ralhou Arabella. – Os dois têm dezesseis anos, que você espera? É lógico que eles irão, um dia, ficar mais íntimos...
- Você diz isso porque não é a sua filha deitada nesse sofá. – respondeu Sirius num tom de que estivesse fazendo bico por ter sido contrariado.
- Sim, não é minha filha. Só que aquele ao lado dela é o seu afilhado. E nós dois sabemos muito bem que o Harry tem uma cabeça ótima.
- Algumas vezes, não adianta ter uma cabeça ótima, Bella, o corpo comanda...
Houve um silêncio. Ametista permanecia deitada com a cabeça ao lado da de Harry.
- Eles não estavam fazendo nada, Sirius – retomou Arabella andando para longe do sofá. – Você tem que dar um voto de confiança para os dois. Na nossa época, também fizemos tudo que eles podem estar fazendo.
- É, mas não dormimos com nenhum de nossos namorados ou namoradas após cinco meses juntos... – resmungou Sirius mal humorado.
- Verdade, mas nós já tínhamos ido bem longe no namoro de dois meses, lembra? – recordou Arabella, num tom que ela deveria estar levantando as sobrancelhas de um modo mandão.
Um novo silêncio. Aquilo estava matando Harry e Ametista. Por que eles não desistiam e iam embora logo?
- Mas...mas e se eles estiverem a um passo de transar?
Os jovens teriam provavelmente arregalado seus olhos se pudessem. Não era real! Sirius estava mesmo falando sobre...sexo?
- Esta é a coisa mais natural do mundo, Sirius. Olhe a idade deles! Os hormônios estão à flor da pele! Você se lembra muito bem dessa época que eu sei – dizia Arabella sabiamente. – Os anos se passaram, Sirius. Será completamente normal se eles decidirem transar hoje! O importante é que eles se amem, e nada mais.
Sirius pareceu soltar a respiração pelo nariz demoradamente. Parecia que tinha sido vencido.
- Vamos deitar vai! Hoje é Ano-Novo! Deixe de ser um pai ciumento e preocupe-se com sua noiva, por um momento.
Harry e Ametista imaginaram o olhar que Arabella e Sirius haviam trocado em seguida. Torcendo que aquela tortura acabasse, ouviram alguns barulhos de lábios se tocando e, em seguida, os passos se distanciarem cada vez mais velozes. Após esperar alguns minutos, Ametista levantou e ajeitou sua cabeça na altura da de Harry, encarando-o de bem perto, apoiando-se sobre o peito nu do namorado. Na verdade, para Harry, toda aquela conversa, além de constrangedora, fora bastante torturante. Durante todo o tempo, Ametista estivera deitada sobre ele e os corpos tão próximos só fazia seu desejo aumentar. Respirando com uma certa dificuldade, perguntou:
- E agora?
Os olhos azuis escuros de Ametista estavam dizendo que ela não se importava com nada daquilo. Porém, havia algo que dizia para subirem antes que alguma confusão maior acontecesse.
- Vamos subir? – pediu ela, dando um selinho rápido nele. – Conversamos lá, que acha?
Após vestirem-se parcialmente, Harry guiou Ametista até seu quarto e, após entrar, trancou a porta. A garota suspirou e sentou na cama do namorado. O quarto estava com as luzes apagadas e a janela fechada, com a cortina aberta, onde podiam ver a neve caindo. Harry largou o casaco que segurava numa das cadeiras do quarto e encarou Ametista mais uma vez. Ela estava olhando-o também.
- Que foi? – indagou ele, envergonhado.
Um sorriso divertido e ligeiramente malicioso surgiu nos lábios de Ametista.
- Você é lindo, sabia?
Os olhos verdes de Harry, não mais emoldurados pelo óculos, que deixara no andar de baixo, tornaram-se brilhantes. Não, ninguém nunca havia dito isso a ele antes. E o som tão apaixonado com que aquilo saiu da boca de Ametista o fez sentir-se especial. Sentando ao lado dela em sua cama, esticou as mãos até o rosto e acariciou a pele macia dela. Ametista entortou o pescoço até encontrar a mão dele. Olhando-o novamente, disse:
- Eu pensei enquanto meu pai dizia aquelas coisas – disse ela, num sussurro, com medo de que eles pudessem ouvir. – Eu não sei quando vamos transar Harry, mas sei que quero que seja com você.
Harry aproximou seu rosto do dela e quase a beijou, ficando a centímetros de seu rosto, em que seus narizes se tocavam, dizendo:
- Você é a única que eu quero.
Num encaixe perfeito, Harry e Ametista beijaram-se com cumplicidade, acariciando seus rostos. Uma nova maratona de beijos longos e, às vezes até raivosos, mas cheios de desejo, se iniciou. Eram os suspiros de Ametista misturados aos toques leves de Harry em sua cintura, uma intensidade maior quando ele colocava as mãos em volta do rosto dela, aprofundando um beijo. Entretanto, assim que Harry deitou Ametista em sua cama, rapidamente retirando a blusa apertada que envolvia seu tórax mais uma vez, a garota colocou uma das mãos no peito dele. Harry paralisou seu trabalho e procurou controlar seus impulsos – mentais e físicos.
- Podemos parar por aqui? – pediu ela relutante. – Hoje, eu só quero dormir junto de você.
Harry sorriu. Lógico que estava desapontado. Mas, se aquilo eram as chamadas preliminares, ou algo perto disso, imagine quão maravilhoso seria a sua primeira vez com Ametista. Deveria ser perfeita. E seria, se dependesse dele.
Deitando debaixo das cobertas, ambos com a mesma roupa, abraçaram-se para espantar o frio e beijaram-se. Aos poucos seus olhos foram fechando e seus corações batendo mais devagar. A respiração se normalizou e dormiram, unidos por um abraço.
***
NO PRÓXIMO CAPÍTULO: Apesar da maré de bons acontecimentos, Voldemort continua vivo e começa a colocar seu plano e suas garras à mostra. E já no primeiro dia do ano, decide libertar seus seguidores da maior e mais protegida prisão dos Bruxos. A Guerra se inicia e sete novos bruxos invadem Azkaban para deterem os ex-prisioneiros das Trevas.
Conheçam a nova Ordem da Fênix em "AZKABAN DESPERTA"
