NO CAPÍTULO ANTERIOR: Após conhecer mais os estranhos novos recrutas da Ordem da Fênix, o Esquadrão defensor de Dumbledore, Hogwarts se alarma com um inesperado ataque de dementadores na própria Escola. Porém, Harry não tem tempo para seres como eles. Enquanto há dezenas de seguidores de Voldemort invadindo Hogwarts, Harry se delicia com a imagem de seus pais e de seus amigos na Penseira de Sirius Black, seu padrinho. E diante de revelações diversas, Harry descobre seu verdadeiro destino: destruir Voldemort para sempre.

***

CAPÍTULO VINTE E SEIS - OS CAVALEIROS DE MERLIN

Aqueles olhos grandes e castanhos de Hermione o encaravam com agitação. Harry tinha o braço puxado pela amiga e logo que percebeu seus pés pisarem o chão, abraçou-a sem hesitar. Era como se pudesse com aquele abraço demonstrar a Hermione quão grato ele era por ter alguém como ela ao seu lado. Ao sair do abraço, Hermione tinha os olhos confusos. Harry apenas sorriu e deu um beijo no rosto da amiga. Hermione também sorriu.

         - Eu imagino que você tenha visto coisas muito interessantes dentro dessa Penseira – disse ela, o olhar recaindo sobre a bacia prateada. – Mas tem algo de muito errado acontecendo do lado de fora, acho que é no jardim.

         Harry franziu a testa e ele e Hermione caminharam até a janela do dormitório de Sirius. Formas diversas eram conjuradas de varinhas, patronos. E além deles, mais de vinte dementadores.

         - Temos que ir logo pra lá! – concordou Harry com a intenção de Hermione.

         Entretanto, assim que fizeram menção de deixar o quarto, Harry e Hermione chocaram-se com Ártemis e Arabela Figg. A irmã mais velha ajudava a irmã mais nova, apoiada em seus ombros, com a expressão cansada. Ártemis lançou um olhar quase furioso aos alunos.

         - Que estão fazendo aqui? – indagou em tom indignado.

         Harry e Hermione gaguejaram, sem uma resposta precisa, afinal nenhum deles poderia falar que Harry estivera bisbilhotando a Penseira de Sirius, muito menos dizer que Hermione fora procurá-lo para descobrirem o quê havia de errado nos jardins. Assim, Ártemis bufou e guiou Arabella até a cama do dormitório. Harry e Hermione a seguiram.

         - Que você tem? – perguntou Harry, sentando na cama ao lado da madrinha deitada.

         Arabella estava extremamente pálida, os olhos pequeninos e suas pupilas dilatadas. Harry passou uma de suas mãos pela testa da mulher. Ela estava suando frio.

         - Eu tive uma visão, Harry – respondeu Arabella fracamente. – Você tem que voltar para sua Torre, não vá ao jardim, por favor.

         - Pode deixar que eu me certificarei de que nenhum deles chegue ao jardim – disse Ártemis repentinamente, fazendo Hermione e Harry encarem-na com um certo tom de nojo. A mestra não se abateu. – Chega de desrespeitarem as normas dessa escola. É impressionante como grifinórios adoram causar problemas. E talvez eu ainda presenteie cada um com uma bela detenção.

         - Leve-os para a Torre, Árty. – pediu Arabella, a voz se esvaindo enquanto chamava a irmã pelo apelido.

         Nenhum dos alunos sequer teve o tempo de relutar, pois Ártemis já estava ordenando que ambos deixassem o aposento. Harry foi à frente, a mente corroendo de pensamentos para saírem de perto de Ártemis e conseguirem alcançar o jardim.

         - Acho que Dumbledore coloca fé demais em vocês – dizia Ártemis, a voz superior aumentando. – Não acho que grifinórios merecem tanta confiança, sempre tão espertinhos e prontos para escaparem do domínio de outros – Hermione emparelhou-se com Harry, cutucando-o ligeira. – Agora mesmo, vocês devem estar imaginando como fazer essa megera sair de seu encalço. Mas, gostaria de deixar claro que isso não acontecerá. A piedade sobre o senhor Potter não me atinge. – e com isso, os olhos violetas de Ártemis encontraram os de Harry e a mestra empurrou-o de leve para continuar com o caminho.

         Quando Harry pensou em parar a professora pelo modo com que ela o tratou, Hermione enrolou seus dedos no braço esquerdo de Ártemis. Harry arregalou os olhos assim que notou Hermione encarando-o. Ela estava dando a chance para que Harry fosse até o jardim e ajudasse os outros a espantar os dementadores. Ártemis, por sua vez, puxou seu braço para si, esperando que Hermione a soltasse, mas isso não aconteceu.

         - Solte-me, Srta. Granger – disse ela, ainda aparentando calma. – Que pensa que está fazendo?

         Hermione não se moveu, fazendo com que os três paralisassem no meio do corredor. Ártemis olhou em tom de alerta para a jovem.

         - Não se arrisque a tanto, garota – o tom de Ártemis era de quase ameaça. – Você não se atreveria a tentar me deter, certo?

         A monitora da Grifinória puxou ainda mais o braço da professora.

         - Vá logo Harry! – gritou Hermione.

         Ártemis, então, franziu sua testa, muito aborrecida. Não estava gostando nada daquilo. Se aquelas crianças achavam que poderiam detê-la, estavam muito enganados, afinal, ela era uma mestra da Escola, e não somente isso, alguém com infinitos poderes a mais que eles, capazes de fazê-los esquecerem completamente o porquê de estarem lutando contra ela.

         - NÃO! – berrou Ártemis. – NÃO TENTE ISSO, SENHOR POTTER!

         Harry e Hermione sorriram um ao outro. Assim, Hermione discretamente abriu a palma de sua mão ainda livre e sussurrou um feitiço. No instante seguinte, a varinha da professora estava em sua mão. Ártemis, sem perceber a movimentação da monitora, continuava a esbravejar com Harry.

         - Eu sou capaz de fazê-lo se arrepender, Sr. Potter – ameaçava a mestra, tentando se desvencilhar de Hermione. – Eu irei fazer com que nunca mais pise nessa Escola, está me entendendo? Não duvide!

         Porém, Harry já estava piscando em agradecimento a Hermione, e correndo para longe de ambas. Ártemis, então, tentou com sua mão direita alcançar sua varinha escondida dentro de suas vestes. Entretanto, além de Hermione saber que a mestra era canhota, a própria varinha estava apontada para as costas da professora. Ártemis congelou por um instante, percebendo que não se tratava de uma aluna comum. A mestra sabia muito bem que Hermione Granger era a melhor aluna de Hogwarts e que sabia muitos feitiços que poderiam paralisá-la ali mesmo.

         Os olhos violetas da mestra fecharam-se e um sorriso apareceu em seus lábios.

         - Sabia que fui um auror, Srta. Granger? – perguntou a professora, vendo que Hermione não reagira e nem desistira da idéia maluca de detê-la ali. – Não preciso de varinha para executar feitiços. Posso colocá-la no chão agora mesmo.

         Hermione, perspicaz, sorriu de volta a professora.

         - A senhora está morta de vontade, não é? – Hermione sabia o quanto Ártemis irritava-se ao ser chamada de senhora. – Acho que a senhora nunca foi com a minha cara, aliás, com a de ninguém que cruza seu caminho – Ártemis apertou os olhos, em tom de estar se deliciando com a fala da aluna. – Aposto que a senhora está pensando em como me mandar calar a boca e me estuporar de vez. – repetia Hermione a fim de amolar cada vez mais a mulher.

         - A senhorita está em parte correta – Ártemis estava quase rindo. O olhar era de perigo. – Poderia lhe conceder pontos e a sua Casa lastimável também, sabe. Mas prefiro imaginar em um acordo, que acha?

         A aluna não franziu a testa, por mais que quisesse. Ártemis prosseguiu.

         - Que tal você e eu descermos até o jardim, hein? – os olhos da mestra ficavam cada vez mais brilhantes, com a sede de perigo transbordando de seu ser. – A senhorita poderá continuar apontando essa ridícula varinha para as minhas costas, se achar mais confortável ou se sentir insegura de andar ao lado de alguém como eu – agora, Hermione ergueu as sobrancelhas, sem entender. – Você diria, hum... Amarga? Perigosa? Traiçoeira?

         - Eu prefiro chamá-la simplesmente de cobra. – disse Hermione franca sabendo que se arrependeria daquelas palavras no dia seguinte.

         Ártemis abaixou a cabeça e riu discretamente.

         - Aprecio sinceridade, Srta. Granger – a jovem não demonstrou nenhuma reação. – E então, o que me diz? Está pronta para encontrar mais do que um bando de dementadores?

         Hermione pensou em questionar o quê mais elas poderiam encontrar lá, mas optou pelo silêncio e apenas concordar com a cabeça, a varinha apontada para as costas de Ártemis.

***

Com cuidado, Draco e Rony abriram a porta principal e colocaram a cabeça para fora, espiando. Ametista os seguiu, empurrando-os para fora. Ela estava louca para lutar. Então, Rony tornou-se para ela.

         - Estranho, não acham? – Ametista encarou-o sem entender. – No começo desse ano letivo, eles não vieram com a tal estória de Hogwarts ficar fechada nas férias de julho para reforçar os feitiços de proteção?

         - Sim, eu até provavelmente, se não tivesse viajado com vocês, estaria em outro lugar que não fosse Hogwarts. – concordou Ametista, recordando seu avô.

         - Então, como esses dementadores entraram aqui? – Rony apertou os olhos, cheios de idéias. – Você acha que devemos mesmo fazer isso? – perguntou nervoso.

         - Provavelmente perderemos pontos... – respondeu Ametista naturalmente, o tom de quem não se importava nem um pouco.

         - A Grifinória perderá pontos demais conosco indo até lá... – então, seus olhos recaíram sobre o símbolo no casaco da garota que o acompanhava. Sabia que Draco Malfoy perderia pontos para Sonserina certamente, mas visualizou Ametista perdendo também. – Esqueci... Mas tenho que admitir que você cada vez mais parece com uma aluna da Sonserina.

         Ametista nada respondeu, mas por dentro sorria contente. Draco apenas a observou. Ao abrirem a porta totalmente, ouviram o grito de alguém os chamando. Rony e Ametista encostaram a porta novamente, olhando para trás e encontrando Harry ofegante, correndo até eles. Malfoy rolou os olhos

         - Onde você esteve todo esse tempo? – indagou Rony aflito. – E cadê a Mione?

         Harry olhou por cima de Rony e Ametista a luz que vinha do lado de fora. Depois lançou o olhar sobre Draco.

         - Que você está fazendo aqui? – perguntou, uma revolta transbordando de seu corpo. Draco simplesmente sorriu e cruzou os braço sobre o peito, a expressão arrogante. – Não importa! Hermione está com a Ártemis – respondeu rapidamente, enquanto Rony e Ametista arregalavam os olhos, prestes a dizer alguma coisa. Porém, Harry não deu chance. – Vamos logo!

         Sem pensar duas vezes, o jovem retirou sua varinha de dentro da barra da calça e escancarou a porta de folhas duplas de carvalho, com Ametista, Draco e Rony logo atrás. Entretanto, uma rajada de vento repentinamente veio do lado de fora e atingiu em cheio os quatro alunos. Num piscar de olhos, a ventania tão forte levantou Harry, Rony, Draco e Ametista do chão e todos foram lançados com força contra a escadaria que havia logo atrás da porta. Ametista, por ser mais leve, foi mais longe que os três garotos, parando cerca de dez degraus acima do chão.

         Após alguns gemidos de dor, Rony foi o primeiro a se erguer. Colocando a mão atrás da cabeça, quase na altura da nuca, sentiu que doía, mas não havia ali nenhum vestígio de sangue. Ao contrário, Harry e Draco pareciam ter atingido feio o crânio num dos degraus e um pouco de sangue foi encontrado entre seus dedos. Ametista levantou-se da escada e sacudiu a cabeça, ligeiramente tonta. Seguidamente, foi até o namorado, degraus abaixo dela, e apontou sua varinha para sua caixa craniana.

         - Sanare!

         O pequeno corte na parte traseira da cabeça de Harry se fechou em instantes, o sangue que restava ali desaparecendo. Seguidamente, ela abaixou-se até a altura de Draco e disse o mesmo feitiço. Harry preferiu olhar para longe, não gostando de vê-la ajudando-o. Rony tornou-se para Harry e Ametista.

         - Que raio de coisa foi essa?!

         - É um campo magnético – disse alguém as costas dos quatro, no topo da escadaria. Olhando para trás, os estudantes encontraram Hermione Granger apontando uma varinha para Ártemis Figg. Era a professora quem falava. – Os patronos dos nossos companheiros estão criando um campo de força em que nenhum de vocês poderá ultrapassar.

         Antes que Ametista ou Rony pudessem perguntar o quê acontecia para Hermione estar literalmente ameaçando um professor de Hogwarts com, aparentemente, a varinha do próprio mestre, Harry já estava se levantando da escadaria.

         - Mas você pode, não pode? – insinuou para a mestra.

         Ártemis sorriu.

         - Muito esperto, senhor Potter – a voz dela continuava no tom perigoso. – Sim, eu posso quebrar esse campo, pois sou muito mais poderosa que vocês quatro juntos. Mas não o farei.

         - E por que não? – perguntou Rony, tom da voz indignado.

         - Simplesmente porque não quero, Sr. Weasley. – respondeu Ártemis, sua boca franzindo em um meio-sorriso de vitória.

         - Isso é ridículo... – murmurou Draco entre os dentes

         - Ora, ora – riu Ártemis, encarando o loiro. – Sr. Malfoy! Não esperava encontrá-lo aqui. Esperei tanto por este momento! Não imaginei que pudesse ser capaz de lutar ao nosso lado.

         - Não estou lutando do lado de ninguém. – respondeu ríspido, olhando para longe de Ártemis e dos outros.

         Ártemis suspirou.

         - Bom, então, como disse antes, não posso ajudá-los, sinto muito.

         Ametista apertou os dedos envolta de sua varinha, a raiva se espalhando pelo seu corpo. Rony mordeu o lábio inferior, segurando um palavrão direcionado a irmã mais velha de Arabella. Hermione cutucou as costas de Ártemis. A mestra riu. Então, Ametista, que estava ao lado de Harry, tornou-se para ele e sussurrou em seu ouvido:

         - O quê exatamente você está esperando, Harry? – os olhos verdes do garoto colocaram-se nos azuis da namorada. – Você já reverteu uma Maldição, não acha que consegue passar por esse campo?

         Harry sentiu-se inseguro. Somente ele sabia como ficou fraco após a reversão da Maldição Imperdoável de Robert Lestrange. Entretanto, os olhos de Ametista estavam sobre ele, depositando sua total confiança.

         - Eu sei que odeia pensar dessa forma – continuou ela, o tom abaixando cada vez mais. – Mas você é Harry Potter – Harry engoliu em seco, desconfortável. – Você conjura o seu patrono e ele certamente vai quebrar esse campo. Só assim poderemos fazer alguma coisa pra impedir um desastre maior que o de Azkaban.

         Fechando os olhos, com quase pesar, Harry apertou seus dedos e respirou fundo. Tinha de pensar em coisas boas. Tornou-se para a porta, ficando de costas para Rony, Hermione e Ártemis. Draco estava longe. Enquanto Ametista tocava sua mão que segurava a varinha, como se quisesse transportar apoio a ele, Ártemis franzia a testa, perguntando-se o quê o garoto planejava.

         O calor da pequenina mão de Ametista fez seu coração acelerar. Era como se pudesse ouvir o solo de um piano, a suavidade do toque de cordas de uma harpa, o som inebriante de um violão ou ainda o doloroso canto de um violino. Hermione havia arriscado-se a perder tudo em Hogwarts para fazê-lo alcançar o jardim. Rony fora arremessado, assim como Ametista, para longe da porta e ambos caíram fortemente contra o piso. Seu pai tentara deter Voldemort e morreu. Sua mãe, protegê-lo. Sirius, vingar a morte daqueles que amava. Hariel, grávida do segundo filho. Arabella estava tendo visões sobre o quê acontecia do lado de fora. Lupin estava lutando. E havia dezenas de dementadores no jardim, tentando destruir tudo aquilo e todo o esforço daqueles que já se foram.

         Assim que Ametista soltou sua mão, Harry abriu os olhos, apontou a varinha para a porta aberta e ao campo de força e gritou:

         - Expecto Patronum!

         Belissimamente, uma névoa branca saiu da ponta da varinha de Harry e foi tomando forma. Seus olhos verde-esmeralda estavam bem abertos. O jovem via raios cruzando sua visão, as pálpebras arregaladas e a força de seu ser direcionar-se para a varinha. Um cervo imponente foi conjurado, branco e vistoso, e correu para fora do alcance de todos dentro daquele hall, na direção do jardim. Rony tinha a boca aberta, chocado. Ametista tinha um sorriso. Hermione também. Draco apenas observara. Porém, Ártemis, contrariando ao esperado, bateu palmas.

         - Muito bem – disse ela, parecendo sincera. – Apenas precisamos tratar esse pequeno defeito seu, Sr. Potter, chamado desafio. Parece que o senhor apenas realiza grandes feitos quando se sente acuado, sem saída, desafiado.

         Hermione arqueou as sobrancelhas, notando que Ártemis parecia realmente contente com a demonstração do patrono de Harry. Entretanto, não era o quê importava no momento.

         - Agora que já conseguiram destruir a barreira, que tal irem até onde os dementadores estão? – propôs Ártemis, com um ligeiro sorriso nos lábios. – Será um ótimo treino a vocês, aprendizes.

         Rony, ao passar por Harry, bateu nas costas do amigo e agradeceu. Ametista lançou um olhar de orgulho e Harry correu junto dos dois amigos. Draco caminhou atrás de todos. Hermione, por sua vez, permaneceu no alto da escadaria com Ártemis, a varinha da mestra apontada para suas costas. Então, a mulher tornou-se para a aluna, não incomodada que ela apontava uma arma contra suas costas, e concentrou seus olhos violeta nos castanhos de Hermione.

         - Eu realmente quero ver de perto se a senhorita é tão boa assim em feitiços – disse a mestra, o sorriso ainda nos lábios. – Eu irei à frente.

         Parecia com aqueles filmes trouxas de guerra. Do meio das árvores da Floresta Proibida, da escuridão da noite de inverno, das folhas longas e molhadas de sereno, via-se inúmeras criaturas grandes e corpulentas caminharem em direção ao mesmo objetivo: o castelo de Hogwarts.

         Em contrapartida, parte da Ordem da Fênix e outros estavam ali, a fim de proteger a Escola de Magia e Bruxaria. Harry, Rony, Draco e Ametista paralisaram ao saírem de castelo e chocarem-se com a cena estupenda. Silver Zylkins, Juliet Stevens e Jack Wingnut estavam com suas varinhas indicando as dezenas de dementadores que surgiam, conjurando seus patronos em força máxima. Além deles, estavam também ali Sirius Black e Remo Lupin. Rapidamente, ouviram os passos de Hermione e Ártemis aproximarem-se.

         Draco ignorou a presença da professora e saiu andando, na direção de Stevens e Wingnut. Hermione abaixou a varinha das costas de Ártemis e fez o mesmo que Draco. Rony a seguiu e Harry e Ametista dirigiram-se ao outro lado, perto de Black e Lupin. Ártemis paralisou e suspirou, assistindo os alunos.

         Repentinamente, a lembrança com a rápida e recente conversa com o diretor de Hogwarts surgiu em sua mente. Após Hauspie Bellacroix avisar sobre o ataque, Ártemis fora diretamente ao diretor.

         "Como eles conseguiram entrar aqui, Alvo?", perguntara ela. "Não tenho idéia, Ártemis", o diretor tinha a voz cansada. "Alguém deve ter permitido, era a única forma de invadirem Hogwarts", afirmou ele em seguida. "E Bellacroix e Rawlings? Você os mandou mesmo para fora de Hogwarts?", perguntara a mestra. "Sim. Ainda em Hogsmeade e Beco Diagonal", Dumbledore franzira a testa naquele momento. "Aliás, notícias ruins. Parece que a Travessa do Tranco está infestada de dementadores. Mas também o Ministério mandou alguns aurores e espiões para lá. Rudolph não está sozinho...", o diretor suspirara. "Já Hauspie...".

         "Você confia no trabalho dela com o Snape?", Ártemis perguntara. "Eu já vi nesta semana mais de três discussões e numa dela eu realmente pensei que Snape não chegaria vivo à próxima reunião com os aprendizes".

         "Eles têm de aprender a trabalhar juntos. Exatamente como você e Sirius", respondeu o diretor. "Esqueça, Alvo". Ártemis riu ao recordar de sua resposta tão direta. "E Sacks e Kassab?". "Ministério da Magia... As coisas não andam muito bem por l. Pelo jeito, pensava Ártemis, a guerra está de fato eclodindo. A dúvida real era quanto tempo o Ministério e eles mesmos poderiam agüentar. Se pudesse apostar, não por muito tempo.

         Parando muito perto de Jack Wingnut, Ártemis olhou para trás e viu que Dumbledore, olhando-os da janela de sua sala, não demonstrava nenhum interesse em lutar contra os dementadores. Assim, tornou-se para dentro do castelo novamente, fechando a porta às suas costas. Tentaria tirar suas dúvidas. Fechando os olhos e prevendo os objetivos que o diretor deveria executar naquela mesma noite, sabia que a única solução era lutar enquanto o reforço não chegava. E que reforço...

***

- Expecto Patronum!

         Hermione piscou o olho e assistiu uma bela serpente formar-se no céu escuro, na direção de cerca de oito dementadores, todos em marcha lenta e assustadora. Encarando a varinha, e logo depois seu dono, pensou em quê exatamente eram baseados os pensamentos bons de Draco Malfoy. Afinal, sua vida parecia ser apenas feita de escuridão e Comensais da Morte, nada mais.

         Ocupada em seus próprios pensamentos, também viu Rony conjurar seu patrono logo ao seu lado. Era um belo leão. Um sorriso despertou em seus lábios. Estava satisfeita com o desempenho do namorado, sempre tão desligado e preguiçoso. E então, em seguida, fechou os olhos e procurou pensar em coisas e acontecimentos felizes do decorrer de sua vida. Hermione nunca havia conjurado um patrono antes, não conseguira no terceiro ano e nem tentara novamente.

         A sensação de estar tão próxima de tantos dementadores não era prazerosa. O frio e a tristeza invadiam seu corpo e sua mente, sua concentração poderia se esvair rapidamente, o peso de seu próprio corpo ficando cada vez mais difícil de se manter estável e deixá-la em pé. Com ainda os olhos fechados, uma série de imagens se formou em sua cabeça. Era uma garota de compridos cabelos ruivos, abraçada numa outra de cabelos muito escuros. Parecia amedrontada, suas duas pernas sacudiam. Em seguida, uma jovem de cabelo loiro e grandes olhos castanhos se observava atentamente num espelho, um arco em sua mão direita, enquanto um homem a abraçava pela cintura, segurando uma foice. Sua expressão era de profunda tristeza e aprisionamento. Depois, um homem com uma rala, mas escura barba segurava entre os dedos uma espada e a apontava para os céus, contra o vento. Raios juntaram-se a arma e quando o homem a abaixou contra o solo, abriu-se uma rachadura na terra, uma fenda comprida e que provocou quase um terremoto. Posteriormente, quatro bruxos estavam em pé, um à frente do outro, formando um quadrado. Faíscas saíam de suas mãos. E por fim, a sombra de um jovem carregando um cedro, conjurada na parede. Uma mulher o observava, os olhos cheios de lágrimas.

         Hermione apertou os olhos e sentiu-se ligeiramente tonta. Não tinha a mínima idéia do que estava acontecendo com ela, aquelas imagens sem nexos e sem continuidade não faziam diferença ou a ajudavam em qualquer coisa. Tentando desviar sua cabeça daquelas cenas, recordou o rosto de seus pais, dos Weasley, de Harry. Tudo para desviar daquelas cenas que não a tornavam feliz, e sim infinitamente culpada, mesmo que não soubesse bem o porquê.

         - Expecto Patronum!

         Contrariando seus ideais pessimistas, Hermione abriu os olhos com certo receio e assistiu seu patrono se formar. Conseguindo com certa facilidade, Hermione conjurou seu patrono. Lentamente, uma névoa turva começou a sair da ponta da varinha, e então se transformando numa figura estranha até que deu origem a uma bela e comprida raposa. Uma quantidade considerável de dementadores começou a se aproximar dela e aos poucos, seu patrono foi afastando-os.

         Com um sorriso no rosto e ainda a imagem daquela garota observando-se no espelho, abraçado por um homem na cabeça. Entretanto, ela vira algo no meio das folhagens, perto das árvores da Floresta Proibida mais próximas do jardim de Hogwarts, que a despertou de seus devaneios. Havia alguém. E não era um dementador.

         Do outro lado do jardim, os patronos de Remo, Sirius, Harry e Ametista tentavam com certa dificuldade espantar a assustadora quantidade de dementadores. As luas cheias misturavam-se ao cachorro, que se mesclavam com o cervo e por sua vez com a fênix.

         - Quanto tempo teremos de ficar aqui? – perguntou Ametista quase gritando para o pai, posicionado ao seu lado, o vento forte demais para permitir que sua voz se propagasse na altura normal.

         Sirius sentiu algo cortar a pele do seu antebraço direito levemente, como se fosse um estilete.

         - Não sei, mas nossos corpos vão começar a não resistir mais! – respondeu Sirius, a ventania agitando seu cabelo ligeiramente comprido.

         - Alvo disse que tinha uma solução! – gritou Lupin, dando um passo para trás, sua perna esquerda com um corte que rasgara a calça que usava. – Esse campo não está mais resistindo, Sirius!

         Harry e Ametista percebiam que havia algo de errado, além de, claramente, aquela multidão de dementadores terem invadido Hogwarts, e não pararem até então. Cada vez que o olhar de um deles recaía sobre a Floresta Proibida, mais e mais dementadores saíam dela. E não apenas isto. Os corpos dos que já estavam lutando contra os dementadores há mais tempo que eles, como os de Black e Lupin, começavam a desfalecer, cansados e feridos. Harry não sabia de onde vinham aqueles cortes, mas estavam presentes.

         Repentinamente, Sirius desmaiou. Ametista gritou em desespero enquanto Harry assistia Lupin também parecer sem forças para resistir em pé, conjurando seu patrono.

         - O SIRIUS DESMAIOU! – berrou Harry para Silver, o mais próximo deles.

         Zylkins tornou-se para Harry e viu Sirius caído contra a grama, o rosto cansado, a varinha longe de seu corpo e o mesmo tomado por pequeninos cortes, mas que sangravam levemente. Silver tentou dirigir-se para perto, mas seus dementadores apressaram-se sobre ele, empurrando seu patrono em sua direção. O duelista tornou-se para os dementadores, sua varinha completamente na direção deles e seu patrono crescendo de dimensão. Sabia que não poderia deixar que eles se aproximassem do castelo de forma alguma. Sabia também que seu próprio corpo também estava tão exausto quanto o de Sirius e que também haviam cortes nele. Seus olhos concentraram-se levemente em Lupin, parecendo querer cair igualmente.

         - OLHEM O LUPIN! – gritou Silver para Harry.

         Imediatamente, Harry e Ametista tornaram-se para Remo exatamente no momento em que o bruxo caiu desacordado contra a grama. Como num piscar de olhos, os patronos dos alunos sumiram e os dementadores prosseguiram.

         - OS PATRONOS! – berrou novamente Silver.

         Ametista, lutando contra a enorme vontade e obrigação de socorrer Remo e o pai, tornou-se para os dementadores, tentando afastar aquela terrível sensação que tomava seu corpo de desespero, e vociferou, junto de Harry.

         - EXPECTO PATRONUM! – o cervo e fênix formaram-se novamente das varinhas de ambos e enquanto o cervo batia as patas enormes sobre os dementadores, a fênix batia suas asas, espantando os mais próximos deles.

         Aos poucos, com o empenho de Harry e Ametista, os dementadores iam se afastando. Porém, ambos estavam cientes de que quanto mais eles os afastavam, mais viriam de dentro da Floresta Proibida e maior seria a quantidade deles para ser repelida. Ametista começou a dar longos passos para longe de Harry, a fim de abranger uma maior área de defesa.

         De volta a Zylkins, que estava localizado ao centro do jardim, seu patrono em forma de cruz estava conseguindo a espantar uma boa parte dos dementadores. Entretanto, Juliet Stevens, que estava localizada não muito longe dele, tornou-se para o homem com a face levemente assustada.

         - Eu não consigo agüentar mais, Zylkins! – disse ela, a voz suave tentando soar mais alta.

         Silver deu uma olhada geral nela e viu que estava melhor, por sua sorte. Juliet tinha uma perna, a sua de apoio, com um profundo corte perto do joelho, em sua coxa. Seus braços estavam repletos de pequeninos cortes, como ele mesmo, e Sirius e Remo. Porém, o quê realmente preocupou Silver foi o corte que ela tinha na testa, na região da têmpora. O sangue escorria pelo seu rosto, os olhos quase fechando, e o cabelo ficando branco. Ela estava fraca demais para continuar de pé.

         Contudo, em vez de Juliet cair contra o chão como os outros dois, assim que fechou os olhos e seu patrono – o espelho – diminuiu de tamanho até tornar-se apenas uma inofensiva névoa, ela foi arremessada fortemente contra o castelo, seu corpo batendo cruelmente contra a parede de concreto de Hogwarts. Silver não soube dizer quantos metros ela saiu voando, sem controle algum, e já desmaiada. Mas, assim que seu pequenino corpo caiu contra o gramado, Silver arregalou os olhos. Certamente, seu braço estava quebrado. E sorte se algumas costelas também escapassem. Voltando o olhar para os dementadores, viu que havia alguém no meio das criaturas. Teria sido provavelmente ele ou ela que tenha lançado Juliet para longe.

         O problema era que, agora, ele tinha de tentar controlar os dementadores que estavam sendo afastados por Stevens. Sua testa franziu. Zylkins sabia muito bem que não havia como controlá-los. "Cadê a merda da ajuda que o Dumbledore falou que ia mandar? Eu já não consigo mais ficar em pé!", reclamou a mente dele, gritando em seus ouvidos.

         - RONY!

         Subitamente, os que haviam chegado há não muito tempo também desfaleciam sem forças. Silver viu o jovem Weasley ser igualmente arremessado contra o castelo de Hogwarts até bater na parede de tijolos. O grito viera da senhorita Granger, que correra para ajudar o namorado. Seu patrono estava paralisado no ar, perdendo força sem sua dona o conjurando diretamente. Rony, por sua vez, parecia tão machucado quanto Juliet. Silver tornou-se para Hermione.

         - CONTINUE! – gritou, rezando para permanecer conseguindo gritar.

         Hermione não estava muito longe de Zylkins e entendera perfeitamente o quê ele dissera a ela. A jovem, agachada ao lado do ruivo desacordado, encarou Silver.

         - ELE ESTÁ FERIDO! – ela berrou de volta, seu patrono diminuindo de tamanho.

         Silver não teve tempo de responder, pois era o jovem, filho do Comensal da Morte Lúcio Malfoy, postado mais perto de Hermione, que dissera a ela:

         - Seu patrono, idiota! – gritou Draco, tentando manter o seu tão forte quanto primeiramente. – Depois eles vão cuidar do Weasley! Preocupe-se com os dementadores, sangue-ruim!

         Hermione sentiu a preocupação com Rony unir-se a raiva por Malfoy, e levantou-se do chão. Tornando-se para os dementadores, gritou novamente o feitiço e sua raposa bateu o rabo comprido e peludo sobre as criaturas, que caíram para trás. Draco tentou, mas não conseguiu deixar de arregalar os olhos. Nunca vira um patrono fazer aquilo antes.

         Logo após a demonstração de seu patrono, olhou para Malfoy e sorriu vitoriosa. Entretanto, seu olhar recaiu sobre além de Draco, em Silver Zylkins. O duelista havia acabado de ser igualmente lançado contra as paredes de carvalho do castelo de Hogwarts e caíra desacordado.

***

Da janela de seu quarto, bem longe das masmorras, onde ficava a sala de aula de Poções, Severo Snape assistia calmamente a batalha contra os dementadores. Entretanto, se ele parecia calmo, era apenas por fora. Sabia que, para Hogwarts ser invadida por dementadores, e ainda aquela multidão deles, havia algo de muito errado. Era impossível que os feitiços, que duraram mais de um mês para serem conjurados, não tenham nenhum efeito neles quando tentaram adentrar nos territórios da Escola de Magia e Bruxaria.

         Além disso, sua mente ecoava sua última discussão com aquela francesa que estava deixando-o maluco. Maluco mesmo. Maluco de ódio. "Você só me atrapalhará, Snape, é tão difícil para você entender isso?!", a voz dela era tão rouca e grave que quase provocava ecos em sua mente. "Eu irei sozinha a Hogsmeade, tenho certeza de que haverá Comensais da Morte lá, e se algum deles o vir, nosso plano irá por água abaixo!".

         "Eu vou disfarçado!", gritava ele em resposta. "Infelizmente, nós fomos escolhidos para trabalharmos juntos, não há nada que possamos fazer contra isso, então eu tenho que ir!". O problema era que a auror das espadas sequer dava importância para o quê Snape fazia ou dizia. "Você possui o índice máximo?! Você é um Escolhido de Dragon?!", gritava ela, já perdendo o controle. "Acho que não, mon petit! Acho que você não é nenhum espião do Ministério para se disfarçar tão bem assim".

         Não importava se ele era ou não um Escolhido de Dragon – o quê ele não era – e sim, que juntos, unidos, poderiam acabar muito mais rápido com a confusão em Hogsmeade. Verdade, Rawlings havia ido sozinho até o Beco Diagonal e a Travessa do Tranco, só que existiriam inúmeros ajudantes do Ministério da Magia para ajudá-lo a não demorar, e a nem fracassar.

         Repentinamente, ouviu uma batida em sua porta. Assim que abrira, desviando seus pensamentos de Hauspie Bellacroix e seu temperamento e ego inflado, Snape encontrou Dumbledore com a face despreocupada. Como ele podia estar despreocupado com aquela multidão de dementadores destruindo os ajudantes dele?

         - Severo, preciso que você vá vigiar um lugar para mim. – disse Alvo, logo de cara, sem fazer nenhum tipo de rodeio.

         - Claro, Alvo, onde? – respondeu Snape, já alcançando a varinha dentro de sua veste.

         - A Sala Amaldiçoada – disse Dumbledore, a voz vacilando levemente. Snape fingiu que não percebeu. – Eu não quero ser surpreendido. E se, como você diz, o Cajado de Slytherin está em poder de Voldemort, pelo menos o Escudo, a Espada e o Arco e Flecha têm que estar em nosso poder.

         Snape concordou com a cabeça. Realmente, ele não tinha mínima idéia de como alguém havia conseguido entrar em Hogwarts e recuperar, ou melhor, roubar, o Cajado de Slytherin, a arma lendária do fundador da Casa que era diretor. Mas, se assim Dumbledore queria, assim Dumbledore teria.

***

Ártemis estava paralisada à frente da grande porta de folhas duplas de carvalho do Salão Principal, seus dentes rangendo dentro de sua boca. A porta estava sendo pressionada, tentando ser aberta. Definitivamente a multidão de dementadores não havia sido contida por completo pelos seguidores de Dumbledore. Engolindo em seco, ouviu os passos de Dumbledore às suas costas, descendo a escadaria.

         - Você fez, não é? – perguntou ela, encarando a porta sendo ainda comprimida. – Você os convocou.

         Dumbledore vira que Ártemis não virava para falar com ele. Nunca entendera direito o porquê de Ártemis não querer convocá-los. Sim, sabia que seria um perigo e que talvez alguns paguem com a própria vida por esse seu ato, talvez até luxo. Porém, sabia que era necessário. Não permitiria que Voldemort levasse vantagem, que seus esforços e de seus seguidores fossem em vão. Não queria decepcionar aqueles que acreditam na sua imensa capacidade como bruxo, como mago.

         - Sim, eu os convoquei. – respondeu simplesmente.

         A porta abriu uma ligeira fresta, o carvalho parecendo incapaz de segurar a intensa pressão. Ártemis continuou olhando para ela.

         - Parece que eu terei de acreditar em você. – disse ela, sem qualquer mostra de sentimento.

         Dumbledore sorriu levemente e indicou sua mão para a porta, estendida e aberta. Ártemis respirou fundo.

         - Pronta? – perguntou ele.

         Ártemis apenas indicou positivamente com a cabeça. Assim que Dumbledore flexionou os dedos de volta à palma e depois os estendeu novamente, a porta escancarou. A professora estendeu sua mão esquerda e sorriu. Era como nos velhos tempos.

         - Expecto Patronum! – gritou ela facilmente e da palma de sua mão e de seus dedos, fios prateados do feitiço saíram, formando uma bela pirâmide prateada. Entretanto, repentinamente, a pirâmide transformou-se numa pirâmide de fogo.

         Os dementadores poderiam arregalar os olhos se fosse possível. Era lindo. Era assustador. Era aterrorizante.

***

- NÃO PAREM! – gritou Jack Wingnut, seus olhos prestes a se fecharem.

         Agora era ele que estava no centro, contendo os dementadores que eram responsáveis por Juliet e Silver, já desmaiados. Seus dedos já não seguravam sua varinha com tanta precisão, nem sua concentração ainda era a mesma, conseguindo com que seu patrono – uma flecha – perdesse cada vez mais força e diminuísse seu tamanho. Draco, o mais perto dele, observava-o quase temeroso, sabendo que também estava fraco, não tão quanto Jack, mas muito próximo dele.

         O número de dementadores naquele jardim de Hogwarts já passava certamente de cinqüenta. Olhando na direção da Floresta Proibida, o número deles parecia apenas aumentar. "Por que foi que eu me meti nessa?", sua voz ecoou em sua mente. Tornando a cabeça para o lado, desviando-se da imagem de sua enorme serpente, viu Hermione lutando tanto quanto ele para manter-se em pé. "Eu não deveria estar aqui. Não deveria", continuou a refletir, seus pensamentos levando-o para um mundo de transe.

         - Acorde Malfoy!

         Draco notou que seus olhos estavam se fechando e que recebeu algo pontiagudo na sua bochecha esquerda. Ela fora cortada. Dirigindo sua visão para o lado direito, Hermione estava tentando chamar sua atenção. Era engraçado pensar que estava lutando ao lado de uma sangue-ruim como a Granger. Nunca imaginara algo como isso acontecendo. E pior, ela também estava ajudando-o. "O mundo enlouqueceu", Draco voltou a olhar para frente e viu mais dementadores se dirigindo a ele. "Nós vamos morrer".

         Um alto baque foi ouvido. Draco virou para trás e viu Jack já caído sobre a grama, sua varinha longe de sua visão. Mais um tinha sido nocauteado. Agora eram somente ele, Hermione, Harry e Ametista. "Estamos condenados!", pensou, o rosto se contorcendo na idéia estúpida de estar ali.

         - Tome o lado dele também! – gritou Hermione perto de Draco, ainda conjurando sua raposa.

         Quem olhasse da porta de carvalho para a Floresta Proibida viria uma linha onde quatro adolescentes de dezesseis anos se enfileiravam, com suas varinhas apontadas para frente, além dos limites de Hogwarts, na direção da mesma Floresta Proibida. Após seus corpos, um cervo, uma fênix, uma serpente e uma raposa feitas de fios prateados se conjuravam no espaço. Seguidamente, criaturas altas e grandes, sem bocas aparentes, usando grandes capas escuras e imponentes, caminhavam em direção ao castelo, unidos numa grande multidão, forçando os feitiços daqueles jovens.

         - Não estou mais conseguindo!

         Era Ametista. Suas pernas estavam pesadas e sem o menor controle. Sua cabeça não conseguia mais se concentrar em conjurar sua bela fênix. Seus olhos queriam fechar. Sua boca estava seca. Seus braços estavam cheios de cortes, como de todos os outros. Estava difícil.

         - Resista! – gritou Malfoy em resposta, a sua direita. – Eu também não estou mais conseguindo!

         Cada vez mais, os quatro se distanciavam, na tentativa de conseguir deter os dementadores com mais desenvoltura e competência. Porém, manter-se acordado e forte parecia impossível diante do grupo de criaturas que representavam desespero àqueles que lutavam.

         Draco deu um passo para trás. Não conseguia mais. Hermione viu sua serpente diminuir lentamente de tamanho, enquanto os fios prateados que a formavam voltarem relutantes à varinha de seu dono. Somente naquele momento, Hermione pôde ver com clareza. Olhando para sua esquerda, estavam enfileirados Draco Malfoy, Ametista Dumbledore e Harry Potter, todos se esforçando ao máximo e tentando de todas as maneiras lutar contra o inevitável. O fracasso de Azkaban também seria a queda de Hogwarts.

         Então, num piscar de olhos, a varinha de Draco caiu no chão, escorregando dos dedos dele, e o jovem da Sonserina caiu no chão, completamente sem forças. Hermione franziu a testa, formando linhas de expressão, tentando compensar a falta do patrono de Malfoy. Ametista olhou para o sonserino e segurou um gemido de cansaço. Seu corpo não agüentava mais. Já Hermione e Harry pareciam lutar constantemente contra esse mesmo cansaço e exaustão.

         Sem conseguir controlar-se, sua perna direita perdeu o sustento, e Ametista caiu no chão, sua perna esquerda flexionada enquanto a direita já estava ajoelhada, sem forças para manter-se firme. No entanto, sua varinha continuava estável em seus dedos e seu patrono permanecia vivo. Sua fênix, verdadeiramente, diminuiu de tamanho, mas permanecia viva. Pelo menos isso.

         Só que nenhum deles contava que os dementadores arranjassem uma maneira de passar por eles. Infelizmente, mesmo que tentassem ao máximo afastarem-se um do outro para conseguirem abranger mais espaço, existiam ainda buracos em sua barreira de patronos. E foi por elas que alguns consideráveis dementadores ultrapassaram-nos e chegaram à porta que protegia o castelo de Hogwarts.

         - ELES ESTÃO ENTRANDO! – vociferou Harry para Hermione.

         Hermione não soube bem explicar o quê acontecera em seguida. A única coisa que dera conta fora de que, simplesmente, sua varinha ficou bem mais leve entre seus dedos e sua raposa cresceu ligeiramente de tamanho, principalmente sua cauda comprida.

         Harry encarou a amiga e seu queixo caiu. De Hermione, estavam saindo fios prateados, do corpo dela. Desde seus pés até a ponta de sua cabeça. Esses mesmo fios saíam e se uniam aos fios que formavam sua raposa. Rapidamente, o patrono de Hermione ia aumentando, sem parar. Harry, completamente pasmo, cutucou Ametista, e ambos viram quando o corpo de Hermione arqueou para frente e faíscas brancas saíram de seus olhos.

         Naquele exato momento, cerca de dez dementadores voaram por cima da cabeça de Ametista, ainda agachada, vindos da porta principal de carvalho. Harry tornou-se para trás, incrédulo, e lá estava Ártemis, acompanhada de Alvo Dumbledore. Da mão da professora, saía seu patrono. Era uma pirâmide prateada que, contudo, espalhava algo que era muito parecido com fogo, só que não era avermelhado como.

         - HERMIONE! – berrou Ametista no chão, indicando para a professora e para o avô a amiga.

         A jovem monitora da Grifinória estava arqueando cada vez mais o corpo para adiante, e as faíscas continuavam a sair de seus olhos, assim como os fios prateados do feitiço de seu corpo. Harry viu quando Ártemis arregalou os olhos diante daquela cena.

         Então, a professora saiu correndo e alcançou Hermione. No segundo seguinte, Ártemis aproximou-se de Hermione e, fora lançada para longe. Ametista continuou conjurando seu patrono, mas sua boca abriu e soltou um grito de pavor.

         Ártemis levantou-se com certa dificuldade do gramado, mas quando o fez, apontou sua mão para a direção de Hermione. Instantaneamente, os fios prateados que saíam do corpo da jovem guiaram-se para a mão da professora. Ártemis começou a arquear o seu corpo para frente, tentando andar até Hermione. Harry e Ametista estavam segurando suas respirações.

         Não demorou muito até que Ártemis alcançasse o corpo de Hermione e abraçasse a aluna. Uma grande luminosidade surgiu naquele momento, mas não dos corpos das mulheres unidos, e sim do meio dos dementadores, bem mais adiante. Ametista abaixou a cabeça, não dava para enxergar nada. A luminosidade só aumentava e Harry largou sua varinha, sem forças.   

***

Harry apertou os olhos, confuso. Os dementadores pareceram assistir àquela incrível luminosidade aumentar ao passar dos segundos. Era uma luz muito forte que começava a irritar a visão daqueles que estavam observando o fenômeno. Harry ouviu Ametista cair por completo no gramado ao lado dele, pesadamente, com os olhos cobertos por suas mãos e ofegando. Assim que voltou o olhar para a luminosidade, teve de fechá-los no mesmo momento. Olhando para baixo, encontrou Ametista encarando a grama com os olhos cheios de água, sensíveis a intensa luz que surgiu no meio do nada. Harry fitou mais uma vez a namorada e voltou seus olhos para a direção onde estava os dementadores e Hermione.

         A jovem estava ainda com Ártemis a envolvendo. Sua respiração parecia ofegante. Ela tremia furiosamente. Ártemis tinha os olhos fechados e com sua mão esquerda, passava-a sobre a cabeça da garota, em forma de fazê-la sentir-se um pouco melhor. Harry não estava entendendo nada.

         Repentinamente, a intensidade da luz foi diminuindo. O jovem aproveitou para pegar sua varinha que estava largada no solo há poucos metros de seu corpo, na tentativa de se defender dos próximos ataques dos dementadores. Mas não foi preciso. Antes que pudesse arriscar erguer sua varinha contra os dementadores, as criaturas já estavam deixando o jardim de Hogwarts, quase como se estivessem correndo, voltando para dentro da Floresta Proibida. Franzindo sua testa, Harry encarou Ametista ainda no chão, que parecia tão incrédula quanto ele.

         Ártemis soltou Hermione e apenas segurou o braço esquerdo da menina, como se quisesse ter certeza de que ela estaria junto da mestra. Então, desviou o olhar para o centro do jardim, mais adiante.

         Foi quando eles apareceram. Harry pareceu não acreditar primeiramente, porém, depois de algum tempo, notou que, de fato, aquilo não era uma visão.

         Eram três cavalos alados e um unicórnio. Os cavalos eram bastante distintos do unicórnio e de si mesmos. Harry respirou e deu um passo à diante, para reparar melhor naqueles que se aproximavam.

         O primeiro, que vinha a frente, era um dos cavalos alados. Negro, assim como os outros dois, diferenciava-se pelas suas asas douradas. Pareciam ter sido feitas de fios de ouro pela quantidade de brilho que reluziam. Os olhos do cavalo eram amarelos e seu pêlo negro era brilhante. Tinha um porte imponente e patas fortes. Seu andar era sincronizado e reto. Enquanto Harry detalhava seus olhos no cavalo alado, sentiu alguém puxando suas vestes para baixo. Quando desviou a visão, encontrou Ametista levantando do chão e apontando para o cavalo alado com a face chocada. Assim que o jovem tornou-se para fitar o cavalo novamente, seu queixo caiu. Sobre o cavalo alado, havia agora um homem. Com o mesmo porte superior do seu cavalo, tinha longos cabelos azuis, com leves fios prateados. Seus olhos eram de uma coloração azulada nunca vista antes por Harry. Era quase como um azul turquesa. Sua pele clara contrastava com os lábios finos e vermelhos. No corpo, usava uma vestimenta azul-escura, cheia de botões também azuis, com uma comprida capa branca que caía pelo corpo do seu cavalo alado.

         Boquiaberto, Harry sentiu alguém tocar seu ombro direito. Encarando rapidamente a pessoa, percebeu que Dumbledore sorriu para ele e curvou-se levemente para o homem de cabelo azul no cavalo alado. Sem saber direito o quê estava acontecendo, Harry e Ametista fizeram o mesmo, reverenciando o homem.

         Ao seu lado direito surgiu outro cavalo alado. Igualmente negro, desta vez, tinha as asas esverdeadas, com as penas trocando os tons de verde, fazendo um efeito de ondas. Seu andar era pouco menos reto que o anterior e seus olhos eram bem verdes, quase como os do próprio Harry. Suspirando maravilhado, viu quando um outro homem apareceu no meio do nada sobre o segundo cavalo alado. Este parecia menor que o homem de cabelo azulado, com uma expressão traiçoeira. Seu cabelo era muito claro, quase branco, na altura do meio das costas – diferentemente do outro, que tinha o cabelo na cintura. Os olhos eram de um tom avermelhado, mas bonito, e não assustador como os de Voldemort. Sua pele pouco mais clara que o homem anterior deixava escondida sua boca, que era tão pálida quanto seu rosto. Com o pescoço comprido, e vestindo uma capa azul-escura, fazia um bonito efeito com a vestimenta bronze.

         Exatamente como antes, Dumbledore curvou-se para o segundo homem. Os jovens junto do diretor o imitaram pela segunda vez. Harry percebeu que Ametista bufou.

         O terceiro cavalo alado já veio com seu dono sobre ele. Negro, como os outros, tinha as asas igualmente negras como seu pêlo e seus olhos eram bem avermelhados – agora, de um modo assustador. Agitando as pernas dianteiras, o cavalo alado abaixou-se com as patas e mostrou quem o comandava. Um homem bonito, assim como os outros dois, de fios de cabelo muito escuros e olhos tão claros que eram quase brancos. Com as sobrancelhas arqueadas numa expressão de superioridade, o homem mexeu o braço esquerdo e passou delicadamente sobre a cabeça de seu cavalo alado. Sua capa era também negra, assim como sua veste. Definitivamente, o mais sombrio dos três. Seus lábios avermelhados moveram-se num quase cumprimento quando Dumbledore, Harry e Ametista curvaram-se a ele outra vez.

         Contrariando os pensamentos de Harry, nenhum cavalo alado apareceu. E então se recordou de ter visto um unicórnio também. Procurando com seus olhos num modo frenético, não encontrou nenhum unicórnio ou algo parecido com um chifre no meio da testa. Como as aparições paralisaram, Harry encarou Dumbledore mais uma vez, esperando alguma resposta. Notou que Ametista fazia o mesmo ao seu lado.

         O homem do cabelo azulado tornou seu rosto para trás e uma luminosidade estranha voltou a povoar o jardim de Hogwarts, mas com menor intensidade. Dumbledore, que pretendia falar alguma coisa, calou-se e voltou a observar os três homens em seus cavalos alados. Harry juntou suas sobrancelhas, pronto para começar a questionar o diretor quando Ametista agarrou sua mão. Virando-se para ela, assistiu-a novamente indicar com a cabeça na direção dos homens. E quando Harry voltou sua visão para eles, arregalou os olhos.

         O segundo homem, de cabelo quase branco, afastou seu cavalo alado ligeiramente para a esquerda, deixando-a num ângulo inclinado. O terceiro homem, de cabelo bem escuro, fez o mesmo com seu cavalo para a direita. O primeiro homem, que estava no centro do trio, guiou seu cavalo alado de asas douradas para trás e postou-se ao lado do mais sombrio deles. E lá estava, entre eles, vindo da alta luminosidade, o unicórnio, com...

         Harry teve a completa certeza de que acima do belo unicórnio quase prateado havia uma mulher. Seu cabelo era castanho, na altura de seus ombros, lisos e bem aparados. Os olhos eram também castanhos, quase mel. Os lábios eram carnudos e vermelhos. O corpo pequeno montava belissimamente sobre aquele unicórnio com o chifre tão dourado. A capa era prateada e caía sobre o corpo do unicórnio cobrindo sua traseira e sua vestimenta era completamente branca, com algumas pedras que brilhavam intensamente, como se formassem estrelas assim que batessem o olhar nela. A bonita mulher paralisou seu unicórnio no meio dos três homens e pareceu estufar seu peito. Assim que o fez, o unicórnio abaixou suas pastas dianteiras e permitiu que ela deslizasse de seu lombo.

         O coração de Harry disparou involuntariamente assim que ela colocou os pés envolvidos por sandálias na grama do jardim de Hogwarts. Ametista encarou-o um tanto ciumenta e pensou em curvar-se à mulher, assim como tivera que fazer para os três homens. Entretanto, Dumbledore não se curvou desta vez, e sim se ajoelhou no solo e a mulher ofereceu sua mão direita para ele beijar. Ametista arregalou seus olhos.

         Alvo levantou do solo, ainda segurando a pequena mão da mulher na sua, e sorriu respeitosamente.

         - Estes são Harry Potter e Ametista Dumbledore – apresentou o diretor sem cerimônia, de qualquer jeito. – E aquelas são Hermione Granger e Ártemis Figg, uma de nossas professoras. – indicou para as duas pouco mais longes deles.

         A mulher abaixou sua cabeça levemente para Ametista e Harry, e pareceu reparar nas mãos entrelaçadas dos jovens. Erguendo suas sobrancelhas, ela disse:

         - O Sr. Harry James Potter é famoso por todo o mundo – sua voz era quase como um canto para os ouvidos deles, suave e cheia de calmaria. – E por outros universos também.

         Harry pensou em agradecer ou apenas franzir sua testa, já que a mulher falava sobre outros universos. Contudo, não se moveu nem por um segundo. Dumbledore abriu outro sorriso e assistiu os três homens deixarem seus cavalos alados e caminharem até eles. Harry e Ametista sentiram-se mínimos repentinamente. Havia algo de extraordinário naqueles quatro adultos, certamente. Não conseguiam piscar, nem ao menos mexer sua faces e contorce-las num sorriso ou num cumprimento.

         - Harry, Ametista – chamou Dumbledore a atenção de ambos. – Estes são Ares – e o diretor apontou com a palma da mão aberta para o homem de cabelo azulado. – Cronos – o homem mais baixo do trio, com os olhos vermelhos. – Hades – seus fios escuros do cabelo comprido amarrado num rabo-de-cavalo baixo insistiam em cair sobre seus olhos quase brancos. – e Helderane. – era a mulher com a voz tão encantadora.

         Ametista engoliu em seco e largou a mão de Harry. A dama pareceu amenizar sua expressão.

         - Quem são vocês? – perguntou a jovem, sem diminuir seu tom de voz ríspido.

         Um meio sorriso apareceu nos lábios de Helderane.

         - Os Cavaleiros de Merlin.

         Harry imediatamente correu seus olhos para Dumbledore. Há poucos dias, havia lido num dos tópicos do livro de Transformação Humana, que os Cavaleiros de Merlin eram seres poderosíssimos e dotados de uma força inigualável.

         - Deuses, mais precisamente, Sr. Potter – a voz do homem de cabelo azul soou forte nos ouvidos de Harry, fazendo-o encará-lo. Ele havia acabado de ler sua mente. – Lendários, eu diria.

         Alvo soltou uma risadinha discreta que aborreceu Ametista profundamente.

         - Não se incomodem com explicações, Ares – disse o diretor. – Vamos entrar, primeiro.

         Dumbledore estendeu o braço para que eles pudessem se dirigir ao castelo. Ares foi o primeiro que deslocou-se e seguiu para dentro da Escola. Em seguida, Cronos e sua capa verde-escura arrastando no chão. Helderane acompanhou Dumbledore fitando Harry levemente, que ia ao lado do diretor. Quando Hades procurou continuar com o caminho, parou ao lado de Ametista e disse, com uma voz baixa e rouca:

         - Eu a vi morrer.

Os olhos azuis escuros de Ametista arregalaram-se num modo ofendido. Os fios negros do cabelo de Hades, presos naquele rabo, agitaram-se e seus olhos tão claros concentraram-se no semblante chocado de Ametista. De fato, não era mentira. Hades havia assistido de muito perto a morte de Hariel Dumbledore.

***

NO PR"XIMO CAPÍTULO: O Esquadrão de Dumbledore, após o ataque dos dementadores em Hogwarts e o aparecimento dos Cavaleiros de Merlin, está confuso e receoso. A Deusa Helderane e os outros decidem oferecer um tipo de ajuda aos defensores da Escola nada convencional e ainda revela-se um grande segredo por trás daqueles enormes olhos castanhos. E logicamente, ainda há espaço no meio da Guerra eminente para uma discussão entre Draco Malfoy e Gina Weasley.

Entre nos pensamentos de Helderane em "A DEUSA DE CORAÇÃO HUMANO - PARTE I"