O lago
Hina
Au - Drama
Em uma fazenda...
Viver numa região bucólica não era bem o sonho daquele rapaz moreno de pele bronzeada pelo Sol. Ele tinha um espírito arrojado, um jeito esperto de sempre buscar conhecimentos e informações, embora as limitações de suas posses.
Ele se chamava Heero Yui, o nome foi herança oriental, uma vez que sua mãe era uma jovem japonesa trazida à fazenda quando ainda era bem nova. Não conheceu essa mãe que morrera pouco tempo depois de ele nascer.
Atualmente com 25 anos suas funções naquela fazenda era qualquer uma que exigisse força. Era um jovem alto e robusto, um porte admirável composto por músculos salientes e corpanzil másculo. Seu jeito calado e até certas vezes arredio faziam de Heero um jovem extremamente indomável. Seus olhos pareciam um mistério desafiador, numa tonalidade azul fechada, os traços orientais davam um leve contorno diferente, os cabelos quase chocolates eram sempre revoltos.
Naquela manhã de Sol a pio Yui já havia trabalhado horrores. A lenha já havia sido cortada, os animais alimentados, o campo ao redor da casa grande já havia sido tratado, as hortas, e tudo isso menos das 10 horas.
Ele estava agora lidando com os cavalos, os xucros que não aceitavam a presença de mais ninguém a não ser desse misterioso descendente de japonês. Mas não era fácil nem mesmo para Heero lidar com aqueles eqüinos, eles tinham um que de ameaçador, porem se davam de alma ao homem que lhe expirasse confiança, porem essa confiança podia ser tida em muito tempo e perdida em apenas em um segundo.
-Yui. –Uma voz grossa chamou a atenção do jovem no pátio. Tinha um timbre grave e lamentoso.
-Senhor? – Heero tinha certo respeito por aquele homem. Era seu patrão, o senhor Integro Selles que aparentava mais anos que a idade permitia. A barba sempre por fazer, as olheiras rodando seus olhos amendoados e inexpressivos. O rosto abatido e vencido por alguma tristeza que não ficava no passado, ao contrário estava sempre consigo, em seus olhos.
-Quando terminar com esses animais, quero que ajude os outros serviçais a carregar umas toras de madeira que Zechs encomendou na cidade. – Ele resmungou sem ao menos olhar para Heero.
-Sim senhor. – O oriental o olhou. Aquele homem vivia afundado naquela melancolia desde que sua esposa morrera, há mais de 15 anos. Nunca havia se recuperado, diziam os mais corajosos que o senhor da fazenda havia ficado louco, vivia a ver a silhueta de uma mulher pela casa e pelo pátio. Havia até expulsado o filho mais novo, que na época tinha apenas 5 anos, dizia que o menino era muito parecido com a mãe e que nele estava a maldição que a levara.
Heero fez como mandado pelo patrão. Estava suando quando entrou pelos fundos da casa arrastando um molho de toras de madeira. Zechs veio logo atrás apenas vistoriando, dizendo onde colocar cada peça.
-Não. Aqui não. – Zechs falou ao ver que haviam colocado algumas madeiras ao relento podendo a chuva fina da noite estragá-las. – Você, serviçal! – Ele ordenou a Heero. – Ponha mais perto da parede, se algo acontecer a essa madeira. – Ele falou rígido.
-Como quiser. – Heero gemeu ao rapaz que lhe dava as ordens. Zechs era filho mais velho do patrão, o rapaz era muito energético, embora confuso em suas ordens. Ele parecia querer mostrar a todo o momento que podia merecer a confiança do pai no controle da fazenda, mas ao contrário, o que todos achavam por ali era que se um dia Zechs assumisse aquela fazenda ia colocar por terra em pouco tempo tudo que o pai havia conseguido, ele não tinha o jeito para a lida pesada daquele lugar.
-Faça mais rápido. – O Jovem o olhou com arrogância. – Zechs tinha uma forma altiva de olhar as pessoas, sobretudo aquele jovem que crescera na sua cozinha. Não sabia qual o motivo, mas não simpatizava nada com aquele oriental e sempre que podia o humilhar o fazia.
-Porque não faz você mesmo então? – Yui rebateu. Sempre fora humilhado por aquele jovem, porem o tempo fizeram a diferença física aumentar entre eles e tornara Heero alguém muito mais corpulento que Zechs.
-Isso que dá criar essas pragas. – Zechs resmungou. Com um último olhar jogou os longos cabelos por sobres os ombros e se retirou.
-Maldito demônio loiro. – Yui falou consigo mesmo. Zechs era pouco mais novo que ele, os olhos eram azuis, a pele branca tinha um ar bronzeado, os cabelos loiros e compridos, o rapaz era de fato belo. Qualquer um, até o mais rude dos homens notava a beleza do jovem, porém Heero sabia que o loiro era arrogante demais, às vezes soavam como alguém feio por dentro.
Na fazenda as atividades seguiam normalmente, era como uma grande fábrica movida a força de homens, ali se produzia de tudo um pouco, queijos, coalhadas, carnes para o abate, tudo relacionado a cultura de bovinos.
A noite chegou informando aos homens que era hora de parar o trabalho e voltar aos braços de suas esposas e filhos, era como uma rotina religiosa.
Heero refez seu caminho de volta a solidão da cabana na qual vivia, atrás da casa grande.
Estava bem cansado. Caminhava lentamente. Sem camisa seu corpo musculoso e suado chamava a atenção de quem passava pela estradinha de terra batida. Era um belo espécime de homem viril.
-Parece que o brutamontes se cansou, hoje. – O cavalo de Zechs galopou lentamente se aproximando de Heero. Yui não respondeu, não estava para aturar as graças daquele loiro. –Ei! Boçal. Falei com você. – O loiro o chamou.
-Desculpe. Achei que eram os cães. – Heero gemeu rude.
-Seu... Seu. – Zechs se chateou apertado a rédea entre os dedos longos. Seu lábio cismou nervoso. –Por quem me tira? Ofende-me, como se referisse a um...
-Um vadio arrogante que não vale a roupa que veste. – Heero parou de caminhar alterando sua voz. Era raro vê-lo assim. Do normal era sempre frio e contido, porem o rapaz loiro tinha o poder de provocá-lo.
O tempo se congelou entre eles brevemente. A chuva fina da noite começou a cair, mas eles continuaram parados se olhando. Quem desistiria primeiro? Desde a infância os dois travaram aquela rivalidade.
A chuva ensopava os tecidos das roupas de Zechs, e ele nem soube quanto tempo se manteve imóvel sobre seu cavalo. O tempo havia feito de Heero um adversário que o loiro não conseguia abater. Ele tremeu seus olhos azuis em desconforto, um calafrio o fez perder a postura.
O deslize de Zechs não passou despercebido aos olhos ferozes de Heero. Ele era silencioso e atento, como todas as pessoas que falam pouco. Yui viu quando o jovem loiro tremeu encolhendo o corpo, um sorriso vitorioso se fez nos lábios de Heero, ele sabia que Zechs era bem mais frágil que ele.
-Eu... Não admito que fale assim comigo. Eu não sou um vadio. – Zechs falou trêmulo.
-Como queira, não precisa começar a chorar. – Yui provocou.
-Eu nunca choraria por você. – O loiro quase gritou.
Novo silêncio entre eles. A chuva caindo tornando a estrada enlameada e deserta. Apenas os dois se mantinham ali, parados.
-Certo. Esqueci que o bravo Zechs só chorou quando o irmãozinho dele foi arrastado para fora da fazenda. – Heero falara. Bem, ele odiava apelar para sentimentalismo, mas Zechs era bem fechado quanto a seus sentimentos e Yui sabia que uma das poucas formas de lhe abalar era tocando no assunto de sua separação do irmão mais novo.
-Seu! Seu filho da mãe! – Zechs gemeu saltando do cavalo. Yui havia chegado aonde queria. Estava querendo uma forma de ferir seu rival e havia conseguido. – Eu vou te matar, Yui. Eu vou ter matar. – Zechs gritou enlouquecido.
Eles se agarraram numa briga violenta, mas Heero era o mais forte ali, porem evitava golpes que ferissem muito o loiro, afinal já conseguira o ferir demais com aquele comentário.
-Seu desgraçado. Seu maldito verme! Meu pai devia ter te afogado no tanque quando a vaca da sua mãe te pariu. – O loiro estava bem abalado.
Heero Yui de sua mãe conhecia apenas as lembranças, alguma coisa como uma voz e uma sensação de carinho, nada mais. Ela morrera quando ele ainda era apenas um bebê. Odiava quando falavam dela. Odiava se sentir humano o suficiente para sofrer a perda de um ente querido. Por isso as declarações de Zechs o irritavam.
Com raiva ele derrubou o loiro no chão o imobilizando abaixo de seu corpo maior, Zechs tentou se livrar como uma presa violenta, mas Heero o manteve imóvel sob o peso de seu corpo.
A chuva ainda caia quando finalmente eles se deram conta de como aquela situação era estranha. No mínimo absurda. O que os dois faziam se atracando na lama numa noite de chuva? O que Heero fazia montado sobre o corpo de Zechs e porque estava sentindo como estar encaixado sobre aquele corpo era tão confortável?
-Não, Yui. Deixe-me ir! – Zechs tentou se livrar. Heero estava sobre seu corpo. Aquilo era tão... Intimo? Sim era íntimo.
Heero não respondeu. Ele era um homem. Havia tanto em si, havia tanta energia em seu corpo, e aquele rapaz arrogante ali, lindo, ensopado, com as roupas grudadas em seu corpo. Yui já havia se sentido atraído, era estranho, mas já havia se sentido atraído pela arrogância, péla maldita petulância daquele jovem belo, como queria calar aquela boca, como queria... Beijar... Aquela boca? Que malditos extintos eram aqueles que tomavam conta de seu corpo de forma a senti-lo ferver mesmo estando sob a chuva gélida?
-Cala a boca. – Yui gemeu frio montado sob Zechs. Sem ele próprio entender o que fazia foi beijando lentamente a pele do pescoço do loiro, gostou achando ali macio e cheiroso.
-Yui. Não. Não. Não. – Zechs se debateu amolecido com os toques. Era como se toda a energia estivesse sumindo de seu corpo e a força de resistência estivesse dando lugar a um calor excitante. Podia sorrir a cada beijo que levava daquele bruto. Que dera nele afinal? Estava gostando de ser beijado sobre a lama por um empregado da fazendo de seu pai?
A chuva isolava os sons fazendo um clima frio e silencioso. Zechs cansara de resistir. Seus olhos azuis encaram os azuis fortes de Heero e ambos respiravam vencidos, completamente rendidos. Beijaram-se e absurdamente intensos, esquecidos de como se odiavam e de onde estavam.
-Seu bruto. Eu... Eu te... – A força do hábito teria feito Zechs xingar aquele homem, mas naquele momento tudo que pode fazer foi passar seus braços ao redor do pescoço do mais forte e olhá-lo bem no fundo dos olhos. – Eu te quero muito. – O loiro falou lascivo atacando os lábios de Heero sentindo como era gostoso e vigoroso aquele beijo. Um tom excitante de agressão, um tom de desejo.
Yui sentia o mesmo. De todas as vezes que esteve com Zechs sentia raiva, sentia-se incomodado com a presença dele, mas hoje, alguma coisa havia estalado dentro de si, e de repente fora como se uma cortina tivesse se aberto a sua frente e lhe mostrado um Zechs que não conhecia, um bem bonito e desejável. Agora estava ali montado sobre o corpo macio dele o beijando com vigor.
A noite se manteve chuvosa, mas para aquele exótico casal não importava. No meio da estrada se amaram pela primeira vez.
As roupas de Zechs completamente encharcadas foram abertas aos rasgos, havia certa urgência de Heero em ver o "rival" nu abaixo de si. E assim ele o fez, logo Zechs estava nu, sujo de lama, estava tão vulnerável, tão acessível a ele.
E agora ali sendo beijando e beijando como ânsia, largado como um qualquer o loiro nem de longe lembrava o arrogante patrão de sempre.
Zechs não se importara mais com nada, com nenhuma de suas convicções, nesse momento era apenas um homem, um ser humano buscando ser feliz, buscando ser apenas um ser humano.
Ele abriu suas coxas firmes aceitando o corpo de Yui mais junto ao seu, o beijava e arranhava suas costas musculosas.
Nem se deram conta do tempo que passava, na verdade o tempo era o que menos importava naquela noite, apenas desejavam se sentir, com todas as forças e intensidade que seus corpos molhados suportassem.
A noite turva era a única testemunha do sexo que praticavam ao ar livre. Zechs aceitara Yui como seu primeiro homem, abrira a ele seu corpo lhe oferecendo por completo seu mais intimo músculo.
O loiro sentiu-se ardido e dolorido quando sem muita cerimônia se enterrou dentro de si, era enorme, bem mais que podia imaginar. Viu-se perdido nas mãos daquele homem, que agora o subjugava ao um excitante sofrimento, estava sendo possuído com vigor, estava sendo tomado como nunca sonhou que fosse ser um dia, o falo de Heero dentro de si lhe roubava qualquer espaço, toda vez que se enterrava com força em seu ânus o levava a um gemido alto e descontrolado.
-Yui! Ahhh! Yui! – Zechs urrava sob a noite chuvosa sendo tomado por Heero. Talvez fosse loucura, porem era a melhor loucura que já fizera em vida. Ele sorriu em meio às estocadas fortes que levava deixando seu corpo mole ir e vir no embalo do de Heero, fazendo seu quadril se mover para frente e para trás seguindo aquele ritmo vigoroso, fazendo o prazer daquele sexo aumentar a cada vez.
-Zechs... – Yui finalmente gemeu sentido seu falo quase se arrebentando dentro do quente ânus daquele rapaz lindo que o chamava aos berros e se agarrava com coxas e braços a si.
Estava escuro e frio e confuso e tonto, mas Yui conseguia sentir a expressão de Zechs, era estranho, mas ele conseguia sentir tudo que o corpo do loiro lhe passava, sabia que o jovem estava experimentando muito prazer assim como ele.
Finalmente Heero gozou dentro de Zechs, o enchendo com todo seu líquido másculo, fazendo sua semente ir bem fundo no corpo de filho de seu patrão, o tomando como seu.
Zechs sorriu sentindo que seu corpo, estava marcado por dentro com o gozo daquele homem, eles entrelaçaram seus dedos sorrindo cúmplices de uma loucura desmedida.
Veio o dia e o Sol ameno.
Na paisagem bucólica o céu ganhava um tom laranja, os pastos molhados e os verdes vivos. As estradas marrons e o cheiro da lama secando. O silencio das estradas. Tudo compunha aquele quadro matinal.
Heero acordou com o calor gostoso do Sol em seu rosto. Ele estava exausto, o corpo completamente dolorido, cada músculo parecia ferido. Lembrou-se da noite, e que noite mais louca. A noite que tomara Zechs como seu.
Yui olhou ao lado e lá estava ele. Abatido adormecido no meio da lama. O corpo belo completamente sujo, os cabelos lisos agora embolados, Zechs estava nu. Estava lindo. Yui achou, embora o estado lastimável.
-Seu louco, acorde. – Yui o chamou de forma nada agradável. Alguma coisa lhe dizia que uma vez que aqueles olhos se abrissem as farpas e rivalidade se abriria novamente, porem teve o trabalho de esperar que Zechs acordasse e o acusasse da loucura que haviam feito, mas ele permaneceu com aquele rosto belo e inocente.
Heero ficou o olhando por um tempo até entender que ele não acordaria.
-Oh idiota. – Yui comentou levando sua mão enorme a testa do loiro. Ele estava quente de febre. – Como é frágil. E ainda quer ser mais forte que eu, mas não passa de um menino frágil. – Heero falou o pegando no colo As roupas estavam ainda úmidas e muito sujas, mas era melhor vestir o rapaz, afinal não queria que imaginassem que o arrogante Zechs fora "derrubado" no mato e feito de diversão na noite passada, principalmente porque não fora uma simples diversão, mas Yui não queria pensar no que fora aquela noite. Afinal depois que Zechs acordasse talvez tivesse que fingir que aquela noite nunca existiu.
O serviçal era vigoroso e o costume o fizera resistente ao clima daquela região, assim a única coisa que lhe incomodava era a dor em seu corpo a cada movimento, talvez tivesse exagerado com Zechs, mas não se arrependia. Ele pôs o doente sobre o cavalo que pastava junto a uma carreira de mato. O animal do loiro os levou de volta a fazenda a trotes calmos.
Quando finalmente Heero entrou com Zechs em seu colo encontrara o patrão à mesa do café da manhã. Integro levantou seus olhos amendoados para o serviçal que acabara de entrar e parou sobre o corpo frágil do filho.
Ele sorveu um gole de seu café suspirando em seguida. Era de poucas palavras, mas sempre demonstrara um certo desejo de que seu serviçal e seu filho se entendessem, na verdade o que mais lhe apetecia era que um dia os dois se tornassem amigos.
-O que fez a ele dessa vez? – Sua voz grave se dirigiu a Yui. Sabia que os dois sempre brigavam e que Heero sempre acabava levando a melhor, só que dessa vez parecia que Zechs estava mesmo mal.
-Eu. Apenas brigamos no meio da estrada. Foi isso. – Heero falou sem saber ao certo o que dizer, simplesmente não podia dizer o que acontecera.
-E precisava machucá-lo desse jeito? – O homem o olhou cansado. – Yui, leve-o para o quarto dele e chame o doutor Grauly, quando estiver tudo bem tome um banho e desça, vou estar lhe esperando no meu escritório. – Ele ordenou voltando sua atenção ao café que sorvia aos goles num solitário momento.
Yui fez como seu patrão falara. Pondo Zechs na cama ele foi arremetido de um estranho sentimento, queria deitar-se ao lado do rapaz e estar ali quando ele acordasse, quem sabe pedir que o desculpasse, mas logo isso lhe saiu da cabeça.
Uma vez que o médico estivera no quarto e passara um remédio para febre de Zechs uma senhora corpulenta entrou no quarto com uma expressão fechada. Zechs estava muito sujo, ela trazia algumas toalhas.
-O remédio fará efeito em algumas horas. Ele deve suar bastante. – O médico comentou. – Ele precisa mesmo de um bom banho, recomendo uma água "quebradinha" e depois cama e cobertas. – O doutor sorriu deixando o quarto.
-Não acha que eu vá fazer isso, não? – A mulher de rosto fechado olhou para Heero lhe entregando as toalhas. – O banho fica por sua conta, eu não vou vê-lo sem roupa. – Ela informou saindo do quarto.
-Aqui vou eu me humilhar mais uma vez. Será que vai ser sempre assim? Eu fazendo às vezes de capacho para esses... – Yui apertou o tecido felpudo entre os dedos grossos. – Se ao menos eu tivesse um maldito pai. – Ele gemeu. Não conhecia sua procedência paterna. Sabia apenas que sua mãe voltara grávida de uma viagem a capital quando já trabalhava naquela fazenda, contudo, aquele assunto era cercado de muito mistério, as poucas pessoas que sabiam alguma coisa se calaram terminantemente, sua mãe morrera doente pouco tempo depois de seu nascimento, assim, como ela fora enterrado também o verdadeiro segredo acerca do nascimento do oriental Heero Yui.
A tarefa de lavar Zechs foi amainando o coração do serviçal. O jovem adormecido parecia frágil, tão diferente de seu normal. Ou seria esse seu normal?
A face calma e bela estava um tanto quanto pálida, porem bela como sempre.
Heero o tomou com cuidado no colo, era tão leve seu corpo, logo ele banhava o loiro na banheira de águas mornas.
Assim ficou o acariciando removendo delicadamente a lama seca no corpo macio, perfeito. Era gostoso o deslizar do sabonete cobre aquela pele. Yui estava imbuído num mar de sensações, não saberia mesmo explicar como de um momento para o outro descobriu seu interesse por Zechs, ou esse interesse sempre estivera ali e ele apenas havia se negado a reparar?
Quando finalmente enxugou o corpo do loiro e o levou para baixo das cobertas, Yui já se sentia meio responsável pelo rapaz. Notara as muitas marcas roxas na pele clara de Zechs, resultado da insanidade da noite passada, bem como notara o sangue e ferimentos no ânus do rapaz.
-Fomos uns idiotas. – Ele se recriminou. Estava certo que Zechs era completamente virgem, mas como tudo aconteceu e ainda mais com o temperamento daquele loiro jamais poderiam ter tido uma primeira noite calma, teria mesmo que ser num verdadeiro clima de competição e naquele momento Yui tinha a certeza que naquela batalha ele havia se saído melhor, porem essa idéia não lhe trouxe satisfação. Desde a noite passada seus sentimentos por Zechs não eram mais competitivos.
Quando finalmente desceu para o escritório Yui já estava devidamente vestido.
Integro Selles já o esperava. O homem estava sentado em sua mesa. Ele levantou seu olhar fixo para o jovem recém-chegado. Integro deu um leve sorriso ao canto dos lábios. Yui era um serviçal, havia sido criado como tal, porem era de um porte impressionante. Vigoroso e másculo.
-Demorou mais do que eu posso esperar. – Ele começou. –Não gosto de perder tempo com quem não merece. – Ele falou.
-Sinto muito.
-Não sinta, afinal não fará diferença. – Integro sustentou um olhar pesaroso para Heero. – Yui. Saiba que nessa fazendo você é um empregado, certo. Está mais que na hora de respeitar Zechs. – Ele aconselhou. Estava sereno.
-Porque não o manda se dar ao respeito? – Yui gemeu com frieza.
-Olha o que disse, dele? Está me dizendo que Zechs anda por ai se desrespeitando? É isso? – Integro o olhou agora impressionado.
-Desculpe, eu não quis o ofender. Eu apenas detesto seu filho. – Heero falou simples.
-Está em minha casa a 25 anos. Cresceu aqui ao lado de Zechs, porque essa competição toda? Ou será que o odeia tanto assim? Lembre-se, meu jovem. Amor e ódio andam lado-a-lado. – Integro comentou. Era benevolente com Heero e sempre mostrara seu gosto em que aqueles dois alimentassem ao menos uma amizade.
-Não há competição. Eu não posso competir com o seu maldito principezinho. Ele tem tudo, tudo isso é dele. Até mesmo toda a sua atenção é dele. Até o outro filho mandou embora... – Heero falava sem emoções, de forma lenta e fria. – E... A ultima pessoa no mundo por quem me interessaria seria Zechs. – Ele falou com certo asco na voz, o problema era que não fazia idéia de que quanto mais tentava alimentar a idéia de odiar Zechs mais atraído por ele ficava.
-Não ouse. – Pela primeira vez nessa conversa alguém se alterava. Integro quase gritou. Ele tinha outro filho. – O fato de ter mandado Duo embora dessa casa nunca teve haver com Zechs e não imagine que não goste de meu filho mais novo, você não imagina o que foi me afastar dele. – Integro falou cansado. Nunca explicara as razões que o levara a mandar Duo embora, há 15 anos atrás.
-Desculpe. – Yui se deu conta de que não tinha nada haver com aquilo tudo.
-Heero. Eu não vou durar por muito tempo e um dia Zechs vai precisar muito de você. Apenas tente agir de forma mais amena. – Ele pediu.
-Não entendo. Porque seu filho aceitaria minha ajuda? – Heero sabia que Zechs também o odiava.
-Porque nunca vi Zechs se incomodar tanto com alguém. Ele geralmente nem lembra do nome das pessoas, mas com você é diferente, ele se incomoda com todos os seus atos.
-Onde quer chegar. Seja claro.
-Quero dizer que Zechs não te odeia. Agora vá cuidar da lida. Eu cansei de falar. – Integro falou frio contando o assunto.
-Com licença. – Yui se retirou confuso com o que lhe fora dito.
Sozinho no escritório Selles abriu a primeira gaveta da mesa de madeira de lei escura. Num porta-retratos havia uma foto. Era um jovem de cabelos marrons longos, o sorriso vivo iluminava o rosto e um para de olhos violetas quase saltavam de suas órbitas.
-Não tenho outra escolha a não ser aceitá-lo novamente. – Integro gemeu apertando o retrato emoldurado contra o peito. Girando sua poltrona ele teve acesso a janelas lá fora. A vista de seu escritório dava para um campo amplo, havia uma amendoeira plantada, ali ele pode ver claramente a silhueta de uma bela mulher. Ele apertou os olhos e quando tornou abri-los ela não estava mais lá.
Integro suspirou muito cansado retornando a atenção para sua mesa. Havia um envelope. Era seu testamento.
-Um dia vou poder reparar todos os meus erros. – Ele comentou consigo mesmo.
Nova fic... O estilo não é romantico agua com açucar... as vezes o lemon ficar bem assustador.
Hina
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