O lago


Inserida em um romântico interior, estava a fazenda Iara. O clima bucólico fora o cenário perfeito para a primeira noite de amor de Zechs e Heero, em plena noite chuvosa e na lama, ao relento. E hoje havia sido também palco de nova noite de amor, essa agora entre Heero e Duo.

Haviam experimentado uma estranha sensação de descobertas juntos na noite passada. Agora surgiam tingindo o céu de laranja os primeiros raios de Sol.

Na tapera do empregado filho de uma japonesa, Duo estava adormecido tendo seu corpo de curvas suaves enroscado ao corpo maior e mais grave de Heero. Eles dormiam entregues a um sono merecido, afinal haviam se consumido durante toda a noite.

Quando o dia se estabeleceu pelas frestas da casa de madeira o Sol se fez forte contra o rosto de Duo. Ele foi sendo despertado lentamente. Seus olhos se abriram devagar como se estivesse pesando, seu corpo parecia dormente, incapaz de seguir os comandos urgentes de sua mente, que era apenas se vestir e fugir de baixo daquele corpo tão musculoso e masculino que ainda jazia adormecido.

O mais jovem se moveu delicadamente, porém Heero despertou o olhando por um longo tempo. Talvez constatando se tamanha loucura da noite passada tivesse mesmo sido verdadeira. Duo sustentou o olhar azul turquesa de Yui, porém os seus olhos violetas não tinham aquele brilho de tanta certeza e vontade da noite passada.

-Que foi? – Duo finalmente quebrou o silencio constrangedor, mas ele não estava à vontade sob aquele olhar quase reprovador de Heero.

-Tem noção de como erramos ontem? – Yui falou chateado, talvez mais chateado consigo mesmo a não resistir a um menino como aquele. –Tem noção? – Ele voltou a questionar.

-Esqueça, Yui. Não leve tudo assim tão a sério. – Duo deu de ombros tentando persuadi-lo de que não deviam se prender dessa forma a arrependimentos.

-Claro. Para vocês da cidade isso deve ser trivial. Mas eu não estou acostumado. – Heero não queria ser grosso, mas era seu estilo seco e direto de ser. –Deve ser bem normal isso para alguém como você, mas não estou acostumado. Aqui as coisas são diferentes. A pessoa não sai dando para o primeiro cara que aparece... – Ele falou.

-Tá certo. Heero. Eu já entendi que me acha um vadio. – Duo se levantou da cama. Teve o ímpeto de voltar ao sentir cada músculo de seu corpo protestar, mas não ia se fazer de fraco na frente do homem que o estava humilhando, tinha que se passar por superior.

-Não é isso...

-Esquece. Considere como uma diversão para você. Não é sempre que pode provar um rapaz da cidade, livre de todas essas falsas purezas. – Ele estava trêmulo, buscava as peças de suas roupas pela casa.

-Duo... – Heero o chamou.

-Que foi? Eu sou mesmo isso que está pensando e melhor ainda, nem precisa pagar. – Duo sorriu irônico, mas seus olhos violetas estavam manchados num turvo sentimento de mágoa. Não estava se sentindo bem com a visão ordinária que o empregado estava fazendo dele, porém, para quem havia se comportado como uma puta profissional na noite passada não havia outra visão. – Acho que está até sendo muito condolente em não me chutar da sua cama, ou me arrastar pelos cabelos até a porta. Acho até que devo lhe agradecer por ter me fodido como nunca fui fodido na vida... – Agora o jovem fechava sua blusa sorrindo e falando sem parar. Tentava passar uma sensação de força que não estava presente em seus olhos.

-Não é nada disso... Não estou te julgando por nada do que...

-Para! – Duo o olhou agora sério. Era uma ordem. –Não quero que fale mais nada. – Ele falou rígido vestindo a cueca. –Quero que esqueça que me comeu... E nem saia por ai contando vantagem. Ou daqui a pouco todos os peões da fazendo vão tentar também.

-Achei que essa era a idéia, se entregar para todos...

-Cala essa boca! – Duo não conseguiu se manter seco e frio àquela provocação. Ele não era daquela forma.

Yui se calou vendo o olhar magoado de Duo ao ser tratado como alguém sem muito valor. Eles ficaram em silêncio depois que o jovem patrão havia gritado.

-Desculpe. – Heero finalmente falou.

-Esqueça, por favor. Eu... Perdoe-me Heero. – Duo ficou bem abatido. Seus olhos violetas marejam de lágrimas, mas tinha a todo custo que prendê-las. Não podia chorar na frente de Yui.

-Duo... Eu não te entendo. – Heero se aproximou. – Eu estive te provocando porque não entendo. Você não é a pessoa que quis ser ontem. Não há nenhum tom de leviandade nesses seus olhos. Diga-me. O que te levou a fazer isso? Porque? – Heero tinha que entender. Duo ainda quis fugir, mas as mãos grandes e rudes do empregado seguraram o rosto delicado do jovem patrão o fazendo o olhar profundamente. –Responda, minha pergunta. – Heero mantinha seu olhar de raios-X nos olhos de Duo.

-Heero... – Para o jovem era como se aqueles olhos calculistas estivessem lendo sua alma. Estava, tão exposto junto àquele homem. –Quem é você afinal? Como consegue ser tão perspicaz sendo só um empregado? – Duo se viu perguntando.

-Já disse. Passei muito tempo apenas observando, aprendi a entender as pessoas, mas eu não consigo entender o que há com você. Existe doçura em seus olhos, mas há dor e sofrimento também. – Heero falou.

Pelo visto não havia muito que fazer. Yui era quase um sensitivo. Ele parecia ler o pensamento das pessoas e isso tornava Duo e seus mistérios algo bem transparente.

-Eu nunca fiz isso antes. Claro que já transei com outros homens, mas nunca assim. Sempre transava com meus namorados... Não tenho o costume de me entregar ao primeiro... – Duo falou pondo o foco de seu olhar em um ponto da madeira. –Mas ontem. Eu queria muito ser de um homem como você. Apenas quis me aliviar, tentar esquecer tudo isso que tenho dentro de mim... Apenas, Heero. Escolhi você para me dar essa liberdade, ao menos por uma noite. – Duo não diria, porém por yui sempre manteve um sentimento especial, desde a época da infância.

-Duo...

-Foi tão bom. Por uma noite você me fez um homem feliz. – Duo falou triste.

-E você não é feliz? – Yui se aproximou.

-Nunca fui. Desde que minha mãe morreu. – Duo o olhou, agora ia se abrir com o homem que o havia possuído de todas as formas na noite passada. –Bem, já conhece cada cantinho do meu corpo, agora acho que vou lhe mostrar os segredos da minha alma. –Duo brincou, porém voltou a ficar serio.

-É como uma honra te ouvir. – Heero foi sincero. Sempre acreditara o quanto às pessoas podiam esconder dentro de si.

-Não há muito a dizer. Apenas que desde que minha mãe se matou naquele lago eu tentei descobrir o motivo que a levou a isso. Tentei de todas formas entender os motivos que ela teria para se matar, e ainda tentei entender porque ele me afastou da vida da minha família... Mas nada. – Duo falava cabisbaixo.

-Eu sinto muito por tudo que aconteceu, mas você deve tentar esquecer e levar sua vida.

-Às vezes eu a vejo cantando no lago. Às vezes eu a vejo em meus sonhos. É como uma ninfa cantando uma canção triste. – O jovem trançado comentou impressionado.

-Duo...

-Ela aparece nos meus sonhos. Eu tenho que entender tudo isso, mas acho que não há nada para entender. Meu pai me odeia e eu não tenho mais lugar na vida da minha família, simples assim. – Duo falou pesaroso. – Eu sinto muito pela noite de ontem... É que quando vi você, assim tão lindo, tive vontade de ser tomando por um homem de verdade, ao menos uma vez na vida, antes de morrer.

-Do que... – Yui arregalou seus olhos azuis mirando os de Duo, buscava uma confirmação para o que lhe fora dito.

-Eu voltei agora depois de tantos anos porque antes de morrer eu quero saber o motivo que levou minha mãe a se afogar no lago. Eu preciso fazer isso antes de morrer, Heero. – Duo falou confiante. –Ela ainda está aqui, papai mandou soterrar o lago, mas eu sei que ela está presa no lago. – Ele falava com um olhar vidrado. As lágrimas passaram a escorrer de seus olhos sem ele ao menos perceber.

-Duo... – Heero não sabia ao certo que dizer.

-Eu tenho que desenterrar o lago, nem que faça com minhas próprias mãos nuas, mas eu preciso deixar que ela vá embora em paz... Antes que eu mesmo vá.

-Duo...

-Não. Deixe-me falar! Eu estou morrendo! – Duo agora estava quase gritando. Estava tendo uma crise nervosa. – Ela está me chamado, implorando pôr minha ajuda... Eu tenho que salvá-la dessa prisão!

A cena era estranha. Duo de repente pareceu tomado. Estava trêmulo e gelado, seus olhos perderam o foco e ele apenas chorava aos gritos. Heero, um tanto quanto assustado o segurara com firmeza, tentando tirá-lo daquele transe, em alguns minutos tudo se acalmou, como se as forças tivessem sido chupadas do corpo de Duo o deixando amolecido nos braços fortes do empregado.

Heero se encheu de uma dor por Duo. O menino havia desmaiado em seus braços depois de uma crise nervosa. Yui o embalou em seu abraço másculo lhe dando todo o calor e carinho que pode naquele momento. Agora tinha certeza que Duo era frágil e carente. Não teve muito a fazer a não ser vesti-lo e se vestir, e velá-lo para casa.


Zechs estava na sala lendo jornal quando Heero entrou com um Duo desmaiado em seus braços. O loiro se levantou largando os papeis sobre uma mesa de madeira maciça encarando com raiva o empregado que trazia seu irmão mais novo nos braços.

-Que fez a ele? – Zechs se aproximou parando a frente de Yui com raiva.

-Agora sou culpado por tudo? – Yui rebateu chateado. –Eu apenas estou ajudando seu irmão que desmaiou.

-Parece que virou um hábito seu ajudar rapazes indefesos e desacordados depois que esses passam uma noite fora de casa. – Zechs falou fechando os punhos com raiva.

-Não me consta que você seja indefeso, e nem estava desacordado quando transamos, e pelo que você gemia pareceu está bem acordado. – Heero provocou.

-Maldito, não fale nisso. Nem sei onde estava com minha cabeça...

-Mas eu sei perfeitamente onde a minha estava. Dentro de você e te fazendo gemer... – Heero estava ali parado no meio da sala com Duo desmaiado em seus braços, porém tivera o prazer de ver aquele loiro arrogante corar e ficar sem palavras diante de si. Era lindo quando conseguia humilhar seu rival.

Zechs não teve palavras. Talvez a única razão para Yui tê-lo tomado para si na lama fora para humilhá-lo, só podia ser isso.

-Agora se me der licença, vou levar seu irmão para o quarto. – Yui falou deixando o outro rapaz remoendo suas próprias mágoas. Mas Zechs não ia deixar barato. Ele o seguiu pisando duro.

Chegando à porta do quarto viu que Yui já havia deixado o corpo mole de seu irmão sobre o colchão. Duo estava tão abatido. O loiro se aproximou do leito reparando alguns detalhes, como a parte do pescoço de Duo que estava à mostra, ali havia marcas de chupões e dentes, quase feridas. Os olhos do loiro desceram até as pernas entreabertas do mais novo, a calça justa e clara mostrava as machas róseas entre as pernas, era sangue.

Zechs assustado desviou seus olhos pata Heero. Era uma acusação muda e raivosa.

-Seu tarado, desgraçado! – Ele gemeu tremendo. Um bolo gelado se formou em seu estômago tamanha a raiva que fervilhava por Heero. –Estuprou meu irmão. – Ele concluiu.

-Que? – Yui não pode acreditar na infantilidade de Zechs.

-Você o estuprou a noite toda! Pra que, Yui? Pra me humilhar. Claro. Já não bastava ter me humilhado naquela noite, você tinha que comer meu irmão só para me mostrar como é viril, como pode tudo? – Zechs quase gritava.

-Deus. Você é louco. E pior de tudo um mimado idiota que não enxerga um palmo diante dos olhos. – Yui falou baixo e frio. Era absurdo.

-Você teve coragem de estuprar meu irmão, seu maldito.

-Eu não o estuprei.

-Então quem foi? Olhe o estado dele, isso só pode ser sido uma violência! Quem foi, Yui? - Zechs havia perdido a razão. A idéia fixa que Duo havia sido violentado pulava em sua mente de forma cruel. Ele segurou Heero pela gola o imprensando contra a parede.

-Nunca faria isso com ninguém. Esse garoto não foi estuprado.

-Mentiroso! Eu sinto cheiro de sexo no corpo dele. Cheiro de sêmen, do seu sêmen. – Era estranho. Zechs se viu falando tamanha bobagem e de forma tão sexo. Talvez nem estivesse tão incomodado com a integridade do irmão, afinal estava mais preocupado com Yui. Será que ele tinha tido a coragem de levar outro para cama depois de tudo que fizeram na noite de chuva? E se tivesse, porque isso o estava arrebatando por dentro?

Zechs aproximou seus lábios entreabertos dos de Heero.

É claro que Yui era vezes mais forte que o rapaz loiro, podia ter se livrado dele, o empurrado, o surrado, mas continuava ali, tendo aquele corpo macio contra o seu.

-Então ainda se lembra do cheiro de meu sêmen? – Yui aproximou mais seu rosto do de Zechs fazendo suas quentes respirações se cruzarem, estava o provocando.

-Jamais esqueceria o cheiro, a temperatura, a consistência...– Zechs fechou os olhos se rendendo. O que estava fazendo?

-Eu sabia. Do jeito que você chamou meu nome naquela noite, eu sabia que ia ficar ai dentro de você para sempre. – Heero mudou sua expressão para uma mais delicada e carinhosa. Fosse como fosse estava acontecendo tudo de novo, como na noite da chuva.

Não tinha explicação para aquilo. Afinal o normal era se incomodar com tudo que Zechs fazia. Brigar com ele, e estar sempre presente o criticando, mas quando eles ficavam assim, com os corpos colados, alguma coisa mudava.

Heero fechou seus olhos sentindo os lábios macios e molhados de Zechs, sentindo a língua dele dentro de sua boca, o hálito quente e gostoso. Yui segurou a cabaça do loiro forçando mais o beijo urgente, como sentiu saudade daquele beijo, chegara a sonhar com aquela boca na sua novamente.

Quando seus lábios se deixaram as expressões de ambos já haviam sido tomadas por aquela expressão de paixão, a mesma que os tomara na noite que transaram, agora ficava difícil usar a cabeça, a única coisa que parecia fazer sentido era se tocarem, se amarem mais uma vez.

Heero empurrou finalmente Zechs o dominando com suas mãos fortes apertando seu pescoço. O rapaz loiro se assustou, mas aqueles olhos brilhantes de Yui lhe diziam que não lhe faria mal, era penas a excitação do momento que o estava fazendo agir com mais urgência.

Levado até a cama de Duo Zechs se deitou enquanto Heero o acariciava, ousando uma massagem em seu pênis por sobre a calça.

-Seu maluco... – Zechs gemeu se abrindo mais, aceitando aquele carinho erótico.

-Por você. – Heero abriu a calça a deixando cair até seus pés, sob sua cueca um enorme volume apontava na direção do loiro. –Me faz uns carinhos, aqui. Eu preciso tanto. – Heero gemeu expondo seu falo muito rijo e já babado. Era isso mesmo. Yui desejava sentir aquela boca macia de Zechs sobre seu falo, queria muito ver como o loiro o chuparia, afinal na noite anterior Duo lhe havia feito isso, porém o empregado desejava que Zechs fizesse.

Era uma loucura. Mas o loiro estava tão excitado em provar Yui. Ele se esqueceu completamente do irmão na cama e puxou aquele corpo maior de Heero sentando sobre a cama, ágil e sedento, Zechs se abaixou entre as coxas definidas do moreno o masturbando de início com certa urgência.

-Arrhh... humm! – Heero gemeu se amolecendo na cama, afundando os dedos nos lençóis. Chegava provocar dor àquelas bolinadas, porém era uma dor gostosa, uma dor excitante demais. –Arr... – ele arqueou a cabeça querendo gritar o nome do amante loiro.

Zechs sorriu vendo que agradava, quando sentiu as coxas grossas do empregado tremerem em prévia ao gozo ele pôs aquela glande úmida dentro da boca, era enorme o volume sobre suas língua, porém havia uma sensação maravilhosa, como estava achando gostoso chupar aquele falo.

Nem souberam o passar do tempo perdidos naquele mundo de sensações. Agora Heero estava arqueado o tronco para frente com as mãos grandes entrelaçadas nos cabelos longos de Zechs, falava aos suspiros algumas palavras ao pé do ouvido do filho do patrão.

Finalmente Yui sentiu aquele mundo de sentidos lhe tomarem, apertou os dedos na nuca de Zechs com força, enquanto lhe enchia a boca com seus jatos cremosos.

O loiro por sua vez sorveu cada gole que lhe era despejado na boca, tentando tomar tudo sem perder uma única gota. O líquido de gosto forte e temperatura morna descia por sua garganta arrancando de Yui gemidos baixos e contidos.

-Zechs... Zechs... – Um Heero estático gemeu quando conseguiu equilibrar sua respiração.

-O que está fazendo comigo? Porque me sinto assim com você? – Zechs o olhou. Havia feito uma loucura novamente, e como havia achado gostosa aquela. Ele estava ainda com o gosto daquele homem em sua boca e isso lhe estava fazendo sentir bem e satisfeito. Seus olhos desviaram para Duo na cama. –Deus. Precisamos ver o médico... Como me esqueci dele? – O loiro arrumou os cabelos confusos.

- Vamos para seu quarto. Eu te quero. – Heero se sentou.

-Não. Não pode ser assim... Meu Deus. O Duo está ainda desmaiado... – Ele se preocupou com o irmão se levantando.

Heero ficou em silencio. Zechs estava certo. Mas uma coisa que era um fato era que precisava ter o loiro para si novamente e viver com eles tantas fantasias e experiências, quanto viveu com Duo noite passada.

Na noite passada havia tido Duo de todas as formas possíveis e posições imagináveis, o irmão de Zechs havia permitido ser de Heero de todas as maneiras, haviam feito juntos muitas coisas ousadas, Heero queria provar as mesmas coisas com Zechs.

Passos foram ouvidos no corredor. A porta do quarto de Duo foi aberta e uma senhora entrou. Era uma mulher madura e de carnes fartas, sua surpresa foi grande ao encontrar Zechs com os cabelos em desalinho e face corada e um Heero fechando a calça.

-Eu... Soube que o jovem foi trazido por Yui e vim ver o estado dele. – Ela comentou depois de um tempo em silêncio. Voltando seus olhos para Duo ela expressou um som de contrariedade. –Está pálido. Vou chamar o doutor Assuris. –Ela informou.

-Eu já ia fazer isso. – Zechs se apressou. –Vou avisar meu pai também. – Ele completou sem jeito com o olhar da mulher sobre si.

-Antes de ter com o senhor Integro limpe o canto dos lábios... – Ela observou muito séria. –E aproveito para avisar que o patrão não quer saber de nada que aconteça ao jovem Duo. – Ela se retirou sem mudar sua expressão severa.

Zechs ficou imóvel. Ela havia percebido tudo, fora à situação acusadora ele ainda havia deixava escorrer um filete de esperma pelos lábios.

-Zechs... – Heero se aproximou.

-Vá pro inferno, seu tarado! – Ele gritou deixando o quarto muito confuso.


O médico havia chegado em uma hora. Era o médico local. Ele conhecia o problema de Duo, e diagnosticara apenas como mais uma crise. O rapaz tinha um tumor na cabeça, durante anos não havia se desenvolvido, porém com a idade o caroço havia crescido e isso encurtava gradativamente o tempo de vida daquele belo jovem. Não havia jeito, Duo nascera fadado a morrer bem jovem.

Duo não saira da cama naquele dia. Sua cabeça não colaborava, estava pesada e dolorida demais.

Pela tarde Yui foi ver como ele estava e eles deixaram que um clima constrangedor seguisse entre eles. Duo tentara quebrar aquela distancia agradecendo por Heero tê-lo ouvido e ainda por tê-lo levado para casa.

-Deixe disso. Eu teria feito por qualquer um. – Yui se mostrou polido e impessoal.

-Mas eu não. – Duo o cortou depois dessa frase o encarando com seus grandes olhos violetas. –Eu jamais teria feito aquele sexo com outro... Só fiz porque senti muito a sua falta desde que sai dessa casa. – Ele falou abaixando os olhos.

-Co-como? –Heero sentou ao lado do rapaz na cama. Duo era muito jovem quando eles foram separados. Mas Heero lembrava do menino sempre atrás dele, o abraçando e implorando choroso por sua atenção, que sempre pertencera a Zechs.

-É isso mesmo. – Duo suspirou cansado. Uma vez que estava com seus dias contados gostaria de revelar algo a Heero. –Eu... Sei que era bem pequeno, mas eu te amava. – Ele falou baixo sem olhar nos olhos do moreno. – E continuo a te amar. Essa foi a única razão pela qual me dei a você sem nenhuma restrição, ontem. – Ele confessou.

-Duo. Por isso eu tinha a impressão que você estava fingindo aquela indiferença. Mas... Se eu soubesse que você se dera por amor, eu jamais teria aceitado. – Heero foi extremamente sincero.

-Como? – Duo o olhou bem ferido. – Ia me rejeitar? Porque? Não gostou? Não sou bonito ou gostoso o suficiente para um homem como você?

-Idiota. Você é lindo e transa como ninguém... Mas eu... Duo. Eu não te amo. Eu jamais teria te dado falsas esperanças. Se eu soubesse que você me amava jamais teria transado com você. – Yui falou. O fato era que estava confuso, divido entre dois irmãos.

-Eu sei. Por isso não te falei. – Duo sorriu. –Vamos! Deixe disso. Eu não estou lhe cobrando nada, eu queria muito fazer amor com você antes de morrer... E fiz. – Ele explicou sorrindo de forma triste.

Heero se sentiu mal. Aquele menino tão doce o amava, por isso se passou por alguém leviano, apenas para ser amado por ele ao menos uma vez. Será que ele merecia mesmo um esforço tão grande de alguém como Duo? De certa forma gostava muito daquele jovem, sentiu tanta pena dele nesse momento.

-Eu só queria que você tivesse dito que me amava... E que eu era lindo, maravilhoso... Queria acordar do seu lado e te ver sorrindo e dizendo como nossa noite fora maravilhosa. – Duo gemeu triste deixando que as lágrimas manchassem seu lindo rosto.

-Ohh, Duo. – Heero sentiu um baque em seu coração. Sentia-se um verme por fazer aquelas jóias ametistas chorarem. – Foi uma noite maravilhosa. – Heero falou, não mentia, mas havia ainda Zechs em sua vida.

Heero tinha certeza que estava dividido entre os dois belos jovens. Duo o havia mostrado isso. Penalizado Yui beijou os lábios de Duo, num ósculo terno, delicado.

Duo fechou seus olhos chorosos e recebera de Heero um doce ósculo.

Porém nesse exato momento Zechs entrava pela porta. Ele não soube qual o motivo, mas congelara ao ver o beijo entre seu irmão e Heero. Alguma confusão se deu em sua cabeça e em seu coração. Queria arrancar um dos braços do outros, queria gritar e fugir, mas nada fez a não ser ficar ali os olhando com fúria.

-Ze-Zechs? – Duo o olhou depois do beijo. O irmão mais velho estava pálido.

-Zechs eu posso explicar! – Yui se viu falando. Mas o que explicaria e porque? Ao que conste o loiro o odiava, não tinham nada alem de uma transa louca e uma chupada mais louca ainda.

-Desculpe, Heero. – Zechs conseguiu falar. Notava-se que ele estava engolindo sua raiva, afinal as palavras saiam lentas e trêmulas. –Eu te julguei mal hoje de manhã, quando tentei defender meu irmão. – Ele se aproximou de Duo. – Você está certo, está tomando o que está sendo dado. – Encarava Duo com raiva.

-Irmão? – O mais novo o olhou confuso.

-Tenho vergonha de você. Melhor, me dá pena de ver meu irmão como um vagabundo barato se rastejando aos pés de um empregadinho. – Ele acusou o irmão.

-Não... Zechs. – Duo ia se levantar, mas uma tontura o levou para cama novamente.

-Patético... Um vadio patético! – Zechs gritou. –Vamos Yui. Pode comer a vontade! – Sorriu agora virando para Heero, porém o que seguiu foi inesperado. Uma bofetada, forte, seca, sonora.

Um silêncio pesado tomou aquele cômodo após Heero Yui ter acertado o rosto do loiro com força. Ninguém ousou falar.

-Você me bateu. – Zechs o encarou com os olhos rasos de lágrimas. O rosto extremamente vermelho. – Por causa desse vadio. – Acusou. –Você merece mesmo esse vadio. Um empregadinho e um vadiozinho. – O loiro falou baixo, mas seus olhos estavam carregados de ódio.

-Nunca mais. – Havia sido doloroso para Heero fazer tal coisa. –Nunca mais fale assim do seu irmão. Você pode se arrepender amanhã. – Heero concluiu.

Zechs não tinha mais nada a fazer naquele quarto. Vira o empregado beijando o irmão de forma tão carinhosa, vira o empregado defender o irmão de forma protetora, só podia concluir que finalmente Duo havia conseguido roubar a atenção de Heero para si. Magoado mais uma vez Zechs saiu correndo.

-Eu sinto muito Heero. Não sabia que Zechs o amava. – Duo falou magoado e realmente ferido com a situação.

Heero nada falou. Havia sido confuso demais aquele dia. –Nem eu sabia disso. Isso é tudo muito confuso. – Yui o olhou pesaroso.

–Em menos de dois dias aqui já consegui transformar a vida de todos nessa casa num verdadeiro inferno. – O jovem falou enquanto Yui saia finalmente atrás de Zechs. Vencido Duo afundou o rosto para um pranto pesado.


Valeu pela força...
Persephone-sama fofinha e todos os outros comentários fofos...

Beijos,
Hina...