O lago


Naquele dia tudo poderia ter acabado bem. Duo havia feito as pazes com Zechs, o loiro estava convencido de que devia procurar Heero... Parecia de fato que tudo estava ganhando as cores certas, mas Chang Wufei atuara de forma a estragar os planos de um dia perfeito. Ele dera a Duo um animal ainda arredio, e o pobre garoto acabara sofrendo um sério acidente. Por isso Zechs havia sabido da doença que extinguia a vida de seu belo irmão da pior forma possível.

Porem tudo aquilo havia tido uma conseqüência positiva. Agora Heero estava na cama de Zechs com ele quietinho em seus braços.

O loiro pensara em conversar um pouco, falar sobre Duo e sobre o amor que este sentia pelo japonês, mas, uma vez que estava deitado na cama nos braços fortes daquele homem maravilhoso, apenas buscou aquela boca de forma urgente.

Heero abriu suas coxas perfeitas aceitando o corpo menor de Zechs entre elas. O loiro afundou sua língua na boca do oriental sentindo aquele gosto quente que tanto amava na sua boca. Suas mãos apalparam as costas do empregado, sentindo os músculos salientes.

Urgentes e quentes. Eram sempre assim quando seus corpos se aproximavam. Zechs sugou o pescoço de Heero, chupou o queixo.

-Como você é lindo. – o loiro sorriu arrancando a camiseta do outro rapaz por sobre a cabeça e atacou com a língua, lábios e dentes os mamilos inseridos no peito forte. A língua do loiro desceu pelos músculos do abdômen num carinho que dava cócegas ao japonês. A língua exploradora ensopara o umbigo de Heero por um tempo demorado e seguiu. –Vamos, mostra pra mim. – o loiro falou contra a pele morena daquele homem fazendo os pêlos se arrepiarem com o hálito quente.

-Ahh... É todo seu. – Yui fechou os olhos numa expressão contida de excitação. Ele mordeu os lábios com força tentando se conter. O fato que queria se conter com Zechs. Ele queria tudo que o amante podia lhe dar, mas tudo mesmo. Com certa urgência a calça de Heero foi arrancada e Zechs a puxou pelas pernas sorrindo ver que sob a cueca Box do moreno a ereção enorme já se erguia implorando por atenção.

O loiro sorriu orgulhoso, afinal aquilo era somente para ele. Uma vez que sabia que nem mesmo Duo, tão lindo e atraente como era, conseguiu ter Heero Yui de corpo e alma, esse era um privilegio só seu. Retirando a camisa e a jogando de lado o loiro montou sobre as coxas de Yui excitando seus próprios mamilos.

-Merda, Zechs. Eu vou estourar aqui. – ele fez uma cara de insatisfação como se aquela dorzinha já começasse a latejar com seu enorme falo.

Zechs gemeu forte tendo seus dois mamilos entre seus dedos, estavam já inchados sob seus próprios toques. Finalmente ele sorriu e ainda montado sobre Yui voltou a beijar de forma apaixonada o falo escondido na cueca. –Adoro suas cuecas... Valorizam tanto seu corpo. –ele falou abaixando a cueca. –Olha só... Quem está aqui. – gemeu pondo a ponta do falo de Yui na boca.

-Ahhhhhh... – Heero se esticou na cama sorrindo com aquela sensação. A boca de Zechs fechada sobre sua parte sensível, aquele hálito morninho, a língua brincalhona tampando sua glande, ou circulando ao redor da cabeçorra... –Você me excita. Deixe-me encher essa tua boca de novo, vai? – com um olhar tarado Heero praticamente implorou. Tinha noção de que Zechs se excitava mais ao ouvir aquele tipo de coisa.

-Outros planos. – os olhos do loiro demonstraram um brilho selvagem, e ele sorriu. –Eu te quero dentro de outro lugar. Quero me lembrar como é te ter dentro de mim... – Zechs falou. Lembrava da conversa com Duo, o rapaz lhe dissera sobre as sensações que fora ter Heero dentro de si. –Eu quero ver se eu consigo uma coisinha de você. – o loiro sorriu. Duo lhe dissera sobre ouvir coisas românticas do cara que estava dentro dele na hora do gozo.

-Ahhh...Zechs. O que deu em você? Hoje você vai me matar... – Heero sorriu.


Duo se moveu incômodo na cama. Todo seu corpo estava dolorido, sua cabeça latejava em dor. Ele abriu os olhos gemendo, levou a mão até o curativo na nuca e finalmente se lembrara do tombo, do cavalo tão arredio. – Aquele cavalo não era manso. – ele comentou tentando se levantar.

Teria sido o mais correto a fazer ficar na cama, mas Duo era alguém agitado demais para isso. Ele seguiu tateando as paredes. Zechs o deveria ter trazido até seu quarto e providenciado que o médico viesse para lhe dá os socorros, mas porque não estava ali no lado de sua cama quando ele acordara, será que estava tudo bem com o loiro? Duo seguiu lentamente pelo corredor até chegar ao quarto do loiro.

-Zechs? – ele chamou baixo, mas não obteve respostas. A porta não estava trancada e Duo achou que não teria nenhum problema em entrar, porém o que viu foi uma cena dolorosa para seu coração apaixonado.

Era Zechs e Heero nus na cama. O loiro montado sobre o moreno. Os corpos suados e colados, encaixados de forma íntima.

-Zechs e Heero...- Duo falou para si muito chocado. Estavam transando pra valer, a posição ousada, talvez fosse normal, mas a expressão tanto do rosto de Heero quanto do de Zechs indicava como eles se amavam, assim o trançado acreditou.

Duo tinha que sair dali. Ele estava zonzo. De certo incentivara seu irmão a investir em Heero, porém não estava preparado para ver o homem que amava nos braços de outra pessoa, mesmo que soubesse que era o certo, que Zechs e Yui se amavam, mas seu coração ainda reclamava com aquela cena.

-Eles não estão só transando, estão fazendo amor... – Duo comentou se retirando. Mas os gemidos, os corpos suados, os barulhos, o cheiro de sexo, isso tudo vinha na sua cabeça como uma tormenta. Ele viu tudo rodar e apenas não foi ao chão porque braços fortes o ampararam. Mas estava tão vulnerável que se deixou abraçar e suspender por aquele estranho.

Quando Duo finalmente acordou estava tão confuso quanto antes. Não sabia onde estava, porém sua cabeça encontrava-se alojada num macio travesseiro. Estava em um quarto, porém não sabia de quem. De certo da pessoa que o levara no corredor.

-Finalmente. – a voz de Chang lhe chamou a atenção.

-Que? – Duo estreitou os olhos. Aquele homem havia lhe dado um cavalo violento dizendo que podia confiar. O menino se encolheu na cama.

-Calma, eu não vou te fazer mal. Na verdade que só me desculpar. Droga, quando eu soube do acidente fiquei muito mal. A culpa foi toda minha... Você sabe que não sou um homem de fazenda... Eu sou administrador... Foi um grande erro te dar aquele cavalo. – ele falou tão humilde.

-Eu... Está tudo bem agora. – Duo pode relaxar um pouco.

-Mesmo? Estou perdoado?

-Claro. Está tudo bem...

-Não achei que estivesse. Você estava pálido como quem viu fantasma. Desculpe a indiscrição, mas era Zechs e Yui no quarto? – Wufei comentou.

-Era sim... – Duo respondeu sem ânimo.

-Eu sabia... Sempre ouvi os gemidos deles... As noites, se pegando pelos cômodos da casa... Até no celeiro... Em qualquer lugar. – Wufei fez uma expressão de reprovação. – Só não entendo qual é a do Yui. Se ele sempre esteve com seu irmão, porque transou com você? – O chinês o olhou.

-Você sabe que eu e o Yui... ? – Duo encarou o outro rapaz com seus olhos de um violeta grande.

-Ele me contou. Na verdade anda se gabando disso pela fazenda... Anda espalhando que está firme com o irmão mais velho, mas anda tirando o atraso do mais novo... Ele conta cada coisa a seu respeito. – Chang comentou.

Duo ficou apenas olhando para o chinês. Era horrível tudo aquilo.

-Eu não devia falar nada, mas é que estou ficando enojado com ele. O cara está te usando e fica te mostrando como um troféu. – o chinês simulou raiva. –Anda até dizendo que você é meio...Vulgar. Ele anda fazendo uma propaganda a seu respeito. Tome cuidado, ou um desses peões pode te derrubar num mato desses... – o chinês tentava jogar no coração de Duo uma semente contra Yui e Zechs.

-Impossível ser verdade. Eu fiquei com Heero apenas uma vez. Não estamos nos encontrando. – Duo o olhou revoltado.

-Então Yui é mais canalha do que eu pensei. Anda dizendo que basta estralar os dedos e você se atira aos pés dele... – o chinês ia continuar... Mas Duo interrompeu.

-Chega! – ele gritou. –Não vê que está falando bobagem. Eu não sei onde quer chegar, mas eu não sou bobo, e muito menos sou maleável como meu irmão que se deixa levar por emoções; O que quer afinal com tudo isso? Com tanta mentira? – Duo foi bem incisivo. Susterá um olhar tão acusador que de cara desmascarara o rapaz a sua frente.

-Por causa dessa sua aparência bela e frágil eu achei que seria fácil, mas me enganei... Então vou mudar de tática. – Wufei se levantou se aproximando. Sua expressão havia mudado de inocente para tenebrosa. Seria ele alguma espécie de delinqüente?

-Que está pretendendo? – Duo ainda tentou se encolheu quando aquele homem se aproximou, mas o soco no rosto o fez desfalecer por um momento. Estava ainda fraco pela perda de sangue da queda.

-Enquanto Heero trepa com o vadio do seu irmão eu vou ter comer aqui. Então vejamos quem pode mais. – o chinês falava agora montado sobre Duo abrindo a blusa do pijama do rapaz do rapaz indefeso e grogue. – Bom... Heero tem Zechs e eu vou mostrar para seu pai que eu tenho você. – ele falava descobrindo o corpo de Duo, o chupando e beijando de forma sádica.

-Para... Com isso... – o menino recobrou seus sentidos se vendo sobre o julgo daquele louco. –Nãooo... – ele gemeu baixo levando um tapa no rosto pela recusa.

-Você vai morrer em breve... Se eu puder fazer o velho Integro achar que estamos apaixonados é claro que vou ganhar algum conceito junto a ele. – Entre um beijo no pescoço e uma mordida em um dos mamilos de Duo Wufei ia falando. –Ele gosta de você, no fundo ele gosta. E quando souber que e te fiz feliz antes de você morrer ele vai me ser muito grato. – novos beijos violentos naquela pele tão delicada e cheirosa.

-Para, por favor, não. – Duo agora estava nu, chorando tentava se livrar, mas estava apanhando quando tentava reagir.

-Eu só tenho que morder bem esses mamilos e esse pescoço... Mas como você é cheiroso. Não vai ser nenhum sacrifício te comer. – ele usava palavras de baixo calão. –É bom que essa sua pele ficar marcada com facilidade, depois é só armar para aquele velho inútil descobrir que o filhinho doente dele anda trepando comigo. – Chang sorriu.

-Para... Não. Nãaaooo... – Duo chorou usando as forças que lhe restava para gritar.

-Cala, boca, vadio. Quietinho! – Wufei o puxou pelos cabelos o beijando com força.

Integro esteve em casa o dia todo. Apenas se manteve fechado em seu escritório. Soubera que Duo sofrera um tombo de cavalo, mas não teve coragem de ir vê-lo, como faria isso depois de tudo? Ele estava mesmo para morrer e Integro divagava entre o contar a verdade ou não... Talvez fosse melhor Duo morrer sem saber de nada...

Ele estava sentando em sua poltrona olhando o vazio da parede branca quando uma mulher passou pelo cômodo. Assustado ele levantou a vista e viu uma cópia de Duo o olhando. Os mesmos olhos apenas tons diferentes, os cabelos longos um pouco mais cacheados e escuros, mas os traços eram tão parecidos.

-O que ainda quer de nós? – Ele gritou se levantando.

A moça nada falou. Apenas apontou para a cabeça como se essa doesse depois sua mão escorregou para o peito, do lado direito, sobre o coração.

Integro soube na hora que a mulher estava se referindo a Duo. Quando ele era só um bebê ela sempre apertava o coração num carinho de dizer que o amava com aquele gesto.

-O que tem ele? – o pai arregalou os olhos vendo que estava sozinho no escritório. – Precisando de ajuda... – ele saiu apressado.

Sua esposa havia morrido afogada no lado há anos atrás, mas continuava a caminhar pela casa e nessa noite havia falado de Duo e seus olhos haviam pedido que ajudasse o filho. Assim Integro se viu parado atrás da porta daquele quarto. Talvez não entrasse, mas ouviu os gritos de Duo e a voz exaltava de Wufei, ouviu pancadas contra um corpo e gemidos de dor.

Sua mente trabalhou rápida e ele teve um filme de estupro passando por sua cabeça. Ele invadiu o quarto com furor e não teve surpresa ao encontrar um Duo nu abaixo do corpo de Wufei que o beijava com urgência.

Após a entrada de Integro no quarto um silêncio pesou sobre os três. Apenas se olhavam sem atinar o que dizer. Mas foi o mais velho que tomou a palavra.

-O que está acontecendo aqui? – ele perguntou.

-Desculpe, senhor. Eu e o Duo estávamos... Ah. Mil perdões. Eu sei que não devíamos, mas... – Wufei começou, mas seria difícil acreditar que estavam namorando, Duo estava ferido e assustado, só podia se tratar de uma violência imunda.

-Seu vermezinho! – Integro levantou a voz. –Eu entrei nesse quarto e te encontro surrando meu filho, o estuprando e você ainda quer me dizer que vocês estavam... – Integro teve que se conter. Fora enganado esse tempo todo pelo chinês, filho de um de seus amigos. Sua vontade era partir para cima daquele rapaz, mas se controlou devido à consideração que tinha pelo pai do rapaz.

-Eu... Não... – o chinês tentou se defender, mas não havia como.

-Silêncio! Saia de cima dele e vista sua roupa. – foi uma ordem.

Duo se encolheu chorando quando se viu livre do peso daquele corpo nojento.

-Vamos, Chang. Conversaremos no meu escritório. – Integro passou os olhos sobre o corpo encolhido do rapaz na cama. Mas nada falou, se retirando ele foi seguido por Wufei deixando Duo trêmulo entregue aos soluços.


Enquanto isso, nem Zechs nem Heero pareceram ouvir nada. Nem podiam, uma vez que os sons que se deixavam no ar eram seus gemidos roucos, e os barulhos dos corpos suados se chocando com certa violência.

Zechs subia e descia sobre o falo de Yui com toda força que podia, sentia cada músculo interno receber aquele volume e o acomodar, várias vezes, entrando e saindo. Seu próprio falo muito duro dançava espremido entre seus abdomens.

-Zechs... Ohhh... Zechs... – Heero chamava o nome dele. Estavam muito entregues as sensações.

De repente o loiro se arremeteu contra o falo de Yui com toda força que pode soltando um grito que misturava dor e prazer, bem mais prazer. Seu canal ficou rijo compactando o pênis do outro naquele calor gostoso. Juntos. Sempre juntos. Eles gemeram quase num grito. Heero ejaculou dentro de Zechs com muita força quando o loiro os sujava com sua semente quentinha, quando gozara entre seus abdomens.

-Ohhh... Heero...

-Zechs. Zechs. Finalmente eu entendi que te amo. – Heero nunca se imaginou dizendo tal coisa, mas depois de uma trepada como aquela ele estava tão sorridente e solícito como nunca.

-Eu também te amo. – Zechs sorriu e eles se beijaram.


No outro cômodo a confusão era tensa. Duo estava agora encolhido na cama, tentando esconder o corpo da presença do pai, o menino estava tão envergonhado, completamente humilhado. O silêncio era perturbador, pois ele não sabia como seu pai reagir àquilo.

-Está demitido. – Integro falou frio.

-Como? Ele se ofereceu pra mim e como eu estava muito apaixonado... – Wufei tentava manter sua farsa.

-Suma, antes que chame a polícia. Ao que me conste ninguém que está apaixonado vai surrar o parceiro enquanto esse implorar para não ser estuprado. – Integro falou sério. Aquela situação era terrível demais, nunca imaginou ver seu filho passando por algo daquele tipo.

-Certo. – Chang se retirou. Não tinha muito a fazer ali, estava sujo. Havia errado gradualmente em seus cálculos. Agora todos os planos que tracejara estavam acabados. Ele saiu no corredor. Mas ainda tinha um trunfo nas mãos. Uma vez que estava agora fora da fazenda, não ia permitir que seu rival Heero Yui retomasse os cuidados dos negócios. Ele sorriu cheirando a cueca que roubara de Duo. –Isso vai me ajudar. – comentou sozinho.

Integro suspirou. Estava cansado. Aquilo não tinha fim, estava cercado em um mar de mentiras, mas queria muito por um fim àquilo. Havia tanta mentira, tanta dor.

Ele olhou para o filho com pena. Duo estava encolhido sobre a cama, ainda nu chorando desamparado. Ele ficou a olhá-lo. Os cabelos, a cor da pele, tudo em Duo lembrava Iara, sua falecida esposa.

-Duo. – ele falou. Havia muito tempo que não chamava aquele nome.

Automaticamente o jovem levantou a cabeça encarando o homem parado no centro do quarto. Quis perguntar o que ele queria, porém as palavras lhe faltaram. Ao contrário ele apenas se encolheu calado e envergonhado.

Entre eles manteve-se um desagradável silêncio, daqueles que é capaz de perfurar o estomago de qualquer um.

-Filho. – Integro anunciou finalmente vencido por aquele momento.

-Não sou seu filho. Odeio que tenham pena de mim! – Num estranho e inesperado rompante de dor Duo gritou. –Sai daqui! – ele queria apenas ficar sozinho para chorar suas mágoas.

Integro ficou parado à porta. Será que a distancia que havia entre ele e aquele rapaz era tão grande assim? Se fosse, como não percebeu que se formava uma ponte entre eles?

Duo vendo que aquele homem não sairia dali o olhou com raiva. Talvez uma raiva genuína por ser justo ele a ver sua nudez.

-Espere. Eu... Ele te fez algum mal?

-Você me fez mal! – Duo gritou empurrando o pai. Sem rumo ele correu pelos corredores da casa, derrubava o que via pela frente, sua única prioridade era sumir dali.

Heero estava com Zechs no quarto, porém foi inevitável ouvir os gritos e barulhos de jarros caindo ao chão. Alguma coisa estava acontecendo fora daquele quarto.

-Aonde vai? – Zechs segurou o japonês pelo braço o olhando espantado.

-Ver o que está havendo lá fora. – Heero falou se vestindo.

-Ficou louco. É só Duo e meu pai brigando. – o loiro falou despreocupado. Estava farto daqueles dois, e agora queria apenas esquecer os problemas de sua família complicada.

-Mas o Duo pode estar precisando de ajuda, eu bem sei quanto a mão de seu pai pode ser pesada. – Yui comentou vestindo sua calça jeans, às pressas.

-Heero. Ninguém pode te ver saindo do meu quarto. Meu pai principalmente.

- Zechs se impacientou.

-Será possível que você só pensa em si próprio? Duo pode estar sendo espancado por seu pai e você preocupado com sua aparência.

-O que quer que eu faça? – Zechs deu de ombros.

-Há tempos atrás estava chocado por saber que seu irmão está com uma doença terminal, agora nem liga? – Heero o acusou.

-Não é isso. Eu só quero me preservar. – o jovem na cama falou.

-Você se preserva demais. Já não lhe ocorreu que vai acabar se preservando da própria vida? – Yui o recriminou lhe dando as costas.

-Será que por isso ele ficou com o Duo naquela noite? Será que fazer amor com ele é mais intenso que comigo? – o loiro o olhou com frieza.

-Não se trata disso, Zechs. – Heero respondeu um tanto quando chateado. –Mas você jamais entenderia o que sinto pelo Duo. É puro demais para ser só uma noite de sexo. Ele é meu amigo. – Yui falou.

-Ahhh... Acho que nem mesmo você sabe o que sente por ele. – Zechs comentou triste. Afinal que brilho era aquele que via nos olhos de Yui quando esse falava de Duo? –Eu acho que você gosta dele. – o loiro falou.

-Claro que gosto. Ele é meu amigo. – o japonês se irritou.

-Merda. Yui gosta de Duo! – Zechs derrubou os objetos sobre a mesinha de cabeceira quando Heero havia deixado o quarto.

Quando Yui saiu do quarto a primeira coisa que viu foi o destroço no corredor, a discussão havia sido das piores, muito pálido vinha Integro.

-Ele... Ele fugiu. – Foi tudo que o velho pode dizer. Ele estava mesmo abalado e Heero nunca o havia visto daquele jeito.

-Vou trazê-lo em segurança. – Heero falou firme assumindo uma postura que muito tranqüilizou o patrão, se Heero Yui havia dito que o traria em segurança, então não havia com o que se preocupar.

Yui saiu na varanda. A noite estava caindo e com ela o frio e desaconchego da chuva. Ele se preocupou com Duo, afinal ao que vira do jovem, ele estava descontrolado e nu. Seria bem perigoso um rapaz bonito como aquele perdido sem roupas por aquela fazenda.

Um barulho nos estábulos lhe chamou a atenção. Era Duo. Heero ficou por um tempo parado sob a chuva admirando a imagem.

Num corcel negro estava o lindo garoto completamente nu, e como era excitante o contraste dos pelos úmidos e brilhando do animal negro com a pele delicada e branca de Duo.

-Ele é completamente louco. – um serviçal comentou entrando na casa grande para fugir da chuva.

-Não é não. – Yui falou um tanto quanto impressionado. –Ele é simplesmente autêntico. – comentou correndo para o estábulo. Tinha que ir atrás do belo garoto que a essas alturas ganhava velocidade. – É o cavalo do Zechs. Mas onde o Duo está indo? – Yui pensou forçando seu animal para fora da fazenda.

Dali em diante, sob chuva fria ele perseguiu Duo na estrada de Terra. Duo não ia parar.

Como era estranha aquela situação.

Heero era bem mais ágil, estava acostumado àquela vida no campo, seu corpo era mais vigoroso, ele conduziu suas rédeas com firmeza até finalmente conseguir alcançar o cavalo de Duo o parando.

Estavam tão longe da fazenda. A estradinha de terra estava deserta e a chuva caia forte. Duo se deixou ser removido do lombo do animal sem esboçar nenhuma reação, estava esgotado demais.

Heero nada falou ao ver o menino que se entregara facilmente a seus braços. Duo na vez que transaram havia dominado aquela situação, mas agora, era somente um pequeno e amedrontado menino. Heero o abraçou com conforto sentindo que o copo gélido e úmido tremia de frio.

Yui abraçou Duo e deixando o cavalo negro de Zechs na estradinha ele conduziu seu animal para uma pequena casa que havia ali perto, era uma tapera que serviu como casa para uns empregados da fazenda, que agora estava vazia.

Quando finalmente chegaram Duo se deixou tombar por sobre uma cama velha de palha, ele estava tremendo de frio. Finalmente pareceu recobrar a sanidade se encolhendo.

-Heero. – ele gemeu olhando para o rapaz moreno. –Sinto muito por tudo isso. – completou protegendo seu corpo nu e finalmente se dando conta da bobagem que fizera.

-Tudo bem. – Heero respondeu rápido. A ele não interessava nesse momento os motivos que levaram o menino a tomar tal atitude. Yui não o ia julgar, não naquele momento que o via tão frágil.

-Eu não devia ter saído daquele jeito. Ahhh... – Duo estava mesmo abalado. –Meu pai... O Zechs! – Duo o olhou culpado. –Você estava com ele, né? Como me sinto um idiota por separar dele. – Duo comentou.

-Bobagem. Não faça isso como você. – Heero se viu falando. –Tem sido muito bom ficar próximo a você. As coisas parecem ser mais fáceis ao seu lado. – Yui comentou abraçando o jovem trêmulo lhe passando um pouco de seu calor e sua amizade.

Duo aceitou aquele abraço, afinal via em Heero sua única salvação naquele momento.

Heero nem soube o que lhe deu. Ver um jovem tão bonito e tão sofrido daquele jeito, ele foi aproximando seu rosto do de Duo. Foi meio que involuntário demais. Logo estavam se beijando de forma doce e sincera.

Duo se assustou com a atitude, sabia que Yui e Zechs estavam tendo alguma coisa, mas não conseguiu se manter fiel ao sentimento fraternal e acabara se deixando embalar por aquele beijo. Ele aceitou aquele contato se deitando na cama com Heero ainda o beijando.

Naquela noite chuvosa. Escondidos sob as telhas da velha cabana eles se tocaram. Heero se livrou das roupas ensopadas abraçando Duo com seu corpo maior, estavam excitados, mas havia uma sensação calorosa de amizade e carinho que nenhum dos dois experimentara igual na vida.

Duo foi o único a ser tomado naquela noite, mas foi tudo bem delicado, suave. Yui o beijava sugando a pele gostosa e úmida, fazendo sua língua tocar onde alcançava sentindo o gosto do rapaz. Seus braços fortes apertaram aquele corpo menor, como se fosse de sua posse.

-Ahh... – Duo gemeu sentindo seu peito doer. Queria esquecer nos braços de Yui toda a angústia que estava sentindo. – Heero, pelo amor de Deus. Eu preciso remover essa dor toda de dentro de mim... Por favor. – Duo pediu quando estava naquele abraço protetor.

Yui não respondeu, apenas encheu a nuca e costas do menino de beijos suaves.

Aqueles beijos e afagos tiveram uma força de fazer o mais novo relaxar, e meio que esquecido dos dramas familiares, ele foi sendo manipulado pelo serviçal que com as mãos grandes lhe abria as pernas. Os dois estavam deitados de lado na cama com Duo gemendo sob os beijos molhados de Heero.

Carinhos tão delicados e preocupados. As pernas de Duo foram sendo abertas e Heero gemeu baixo se enterrando lentamente dentro dele.

-Ahhh... – com um gemido tímido Duo aceitou todo o volume de Heero em si.

Amaram-se daquela forma nessa noite. Sob torrentes de beijos molhados e carinhosos eles amanheceram o dia.


Na fazenda Zechs não havia pregado os olhos. Estava muito preocupado com Duo, descobrira que o irmão estava doente, um dia antes, agora descobria por seu que ele havia sumido na noite chuvosa e Heero havia ido atrás dele, mas também lhe incomodava o fato de Yui ter lhe deixado sozinho no quarto para ir atrás de Duo na chuva.

-E porque Duo fugiu? – Zechs estava sentado à mesa de frente para o pai.

-Brigamos mais uma vez. Ele falou um monte de coisas desagradáveis e fugiu... – o pai informou preocupado.

-Mas... Heero foi atrás dele... Qual o motivo da briga dessa vez? – o loiro insistiu.

-Chega, Zechs. Eu estou preocupado com se irmão. – Integro falou desistindo do café da manhã, afinal não tinha a mínima fome.

-Estranho. Antes nem queria saber dele. – o filho insistiu.

-As coisas mudam, filho. – o homem se levantou da mesa deixando Zechs para trás.

-Droga. Talvez esteja mesmo sendo um idiota pensando só em mim. Coitado do Duo... – Zechs falou sozinho. Ele olhou para a janela, o dia surgia por trás da neblina. –Meu irmão precisa tanto de carinho nesse momento... eu preciso saber os verdadeiros motivos de toda essa confusão dentro dessa casa. – ele comentou consigo mesmo se levantado e indo atrás do pai.

Para sua surpresa Integro estava no quarto de Duo olhando para a cama desarrumada do filho mais jovem.

-O que aconteceu de verdade ontem, pai? – ele perguntou.

-Filho. Eu... Nada demais... – Integro assegurou se voltando para o jovem loiro parado à porta.

-Chega de evasivas, pai. O que afinal está escondendo? O pobre do Duo está doente, eu já sei de tudo. – Zechs falou.

-Eu nunca comentei nada... Porque...

-Estava muito radiante por saber que seu maior inimigo ia sair de sua vida, não é? – Zechs acusou. –Como pode? Ele é seu filho... – o loiro o estava acusando da doença que sentenciava o irmão mais novo.

-Eu o amo também! – Integro gritou. – Eu nunca disse nada porque... Nunca soube como agir perante essa maldita doença! – Ele gritava agora visivelmente emocionado. –Quando o médico me disse foi logo falando que não adiantava tentar, que era fatal... Eu havia passado por um verdadeiro inferno com a sua mãe, havia brigado com seu irmão e o mandando embora da minha vida. –Integro estava alterado. – Tem noção do que foi saber que ele ia morrer? Quando eu mesmo havia gritado na cara dele que queria muito que ele morresse? – Agora o pai estava chorando.

Zechs apenas avaliou a situação. –Eu... Imagino que tenha sido uma sensação de culpa muito grande. – ele comentou triste.

-Carrego essa maldita culpa até hoje. Ela me silencia enquanto aos poucos esmaga tudo aqui por dentro. – Chorando Integro apartou o peito com ansiedade. Seus olhos esbugalhados mostravam a agonia que se passava consigo nesse momento.

A vida daquela família havia sido uma sucessão de erros mirabolantes. Uma arena de dor e culpa.

-Eu e sua mãe havíamos cometido todos os erros possíveis e imagináveis, todos vocês pagaram por isso... Era para tudo acabar com a morte dela, mas eu errei novamente renegando o Duo e escondendo a verdade e por isso ela morreu e nunca se foi definitivamente... – Integro falou sentando-se na cama macia de Duo.

-Que bom que chegamos até esse ponto. Eu quero saber que verdade é essa que você esconde. É sobre Duo, não é? – Zechs se aproximou. –Quero saber exatamente o que aconteceu no dia que minha mãe morreu... Eu não estava em casa, estava com o vovô, mas eu sei que alguma coisa aconteceu naquela noite. Uma coisa da qual nem você, nem Heero ou Duo voltaram a comentar, mas que quero saber. – Zechs o olhou e seus olhos exigiam a verdade.

-Ela se afogou no lago...

-Mentira! Ela se matou e que quero saber o verdadeiro motivo. – Zechs gritou. Estava farto, era hora de saber a verdade.

-A única coisa que posso dizer é que a morte dela foi a melhor solução. – Integro falou.

-Porque tanto ódio? – o loiro ainda insistiu.

-Não para as coisas terem acontecido dessa forma. Depois que ela morreu, tempos depois eu quis trazer o Duo de volta, quis vê-lo como um filho... Mas nunca consegui.

-Meu Deus. Então é isso? Duo não é seu filho? – Zechs levou as mãos à boca. Estava muito impressionado. –Por isso o odeia tanto?

-Eu estava disposto a consertar meu erro com ele. Mas quando ia trazê-lo de volta eu soube da doença... – ele se calou. –Ontem à noite eu vi finalmente o que consegui com tudo isso. Destruir muitas vidas. A de Iara, e as nossas... Ontem ver o Duo sendo humilhado por Wufei... Eu vi o quanto errei. – ele falou finalmente.

-O que Wufei fez ao Duo?

-Se eu não chegasse ele teria o violentado aqui, nesse quarto. – Integro informou. Ele havia contato a Zechs uma parte da história, talvez a mais fácil de explicar, porém ainda lhe faltava dizer como sua mãe era, contar que não era seu pai e que muito menos sabia quem era esse homem, e o pior de tudo, contar que Heero era seu único filho legitimo. Talvez devesse pensar numa melhor forma para fazê-lo e não seria dessa vez ainda.


No casebre abandonado Duo acordou. Estava cansado e com o corpo amolecido.

-Como fui louco em sair daquele jeito. – Duo passou a mão pelos cabelos soltos. Estava com bastante dor de cabeça. –Podia ter pegado uma pneumonia... Saí completamente nu... Por causa daquele... – ele finalmente se lembrava dos toques imundos sobre sua pele.

Sentando-se na cama Duo olhou para Heero dormindo ao seu lado e seu coração se aliviou. Eles haviam feito amor, era amor pra valer.

Quando era só um garotinho via Heero com uma admiração de quem via um super-herói. Com o tempo e a distância aquilo fora se tornando em um sentimento que Duo nunca soubera ao certo o que era, quando retornara à fazenda e vira aquele homem enorme e belo, havia sido tomado por um desejo imenso, porém agora. Ao acordar ao lado dele via que era bem mais que desejo. Talvez... Já não pudesse mais ficar sem aquele homem.

Finalmente em toda a sua vida estava feliz, sem restrição podia-se se chamar de uma pessoa feliz, mas seu sorriso foi morrendo, esfriando de seus lábios, o pensamento que aquilo estava com os dias contados logo veio como uma onda fria. Estava condenado à morte. Assim as lágrimas encheram seus olhos de forma dolorosa.

Foi assim que Heero acordara e vira Duo. Parecia um anjo, nu com aqueles cabelos lisos soltos em torno do corpo, mas os olhos violetas estavam tristes.

-Duo. – Heero se levantou o abraçando por trás. – O que foi? – o coração de Yui estava sendo comprimido. –Não gosto de te ver assim... – ele falou deixando alguns beijos no ombro do rapaz.

-É tudo Heero. Meu pai me odeia... E eu vou morrer. – Duo gemeu. Odiava se sentir inseguro e frágil dessa forma, mas não estava suportando aquela carga.

-Tudo bem. É natural você se sentir assim. Você agüenta muita coisa calado, é normal estar assim... – Heero falou baixo e terno.

-Droga, Yui! Eu me sinto assim porque vou morrer! – Duo gritou chorando se separando daquele abraço. –Olhe pra mim! Eu vou morrer! – Ele chorou. –Nossa noite foi perfeita, apesar de tudo, mas é só para noitadas que eu sirvo. Eu estou morrendo... Não existe futuro para mim! – se calou quando sentira que estava tendo uma crise nervosa e tudo que menos queria era Heero o vendo como louco descontrolado.

-Não é verdade. – Yui o surpreendeu quando tomou a mão macia e menor de Duo entre as suas. –Você é lindo. Divertido, generoso... É a melhor pessoa que já vi na vida. E você não me parece com alguém que esta à beira da morte.

Um silêncio chato pairou entre eles. Heero manteve a mão de Duo entre as suas, seus dedos entrelaçado como dois companheiros em uma jornada difícil.

-O doutor falou sobre um especialista para essa doença, na capital.

-Não. – Duo o cortou tentando remover a mão da de Heero, mas o outro o manteve seguro.

-Duo. – Heero ia começar.

-Não. – Mas Duo o cortou sentindo uma onda de medo crescer em seu estômago.

-Duo. – Yui não ia desistir, por isso o chamou com mais vigor.

-Não. Não... Não... – Agora o medo que Duo sentia era incrível.

-Duoo! – Heero gritou o segurando pelos ombros fazendo seus olhos se encararem. –Vamos tentar. Por favor, tente! – a verdade e força que havia naqueles olhos azul turquesa, era como se dali surgisse uma força impressionante que queria colocar Duo de volta na estrada da vida...

-Eu já procurei tantos...- o rapaz de longos cabelos tentou fugir daquela conversa. Era sofrido quando alimentava alguma esperança e depois sabia que era tufo em vão. Era muito doloroso isso.

-Só mais esse. – ele pediu sem nunca quebrar o contato com os olhos violetas.

-Eu... Tenho medo.

-Então faremos uma coisa. Eu estarei com você. E nunca vou deixar de segurar sua mão assim, mesmo quando acontecer coisas ruins. Mesmo que o médico diga que não há mais chances você não vai ter medo porque eu vou estar assim, segurando sua mão. – Yui falou agora apertando os dedos de Duo entre os seus.

-Heero... Se não tiver mais jeito, mas que quero te dizer que de qualquer forma. – Duo sentia a emoção tomar seu corpo. –Você salvou minha vida. Porque não importa o quanto vivemos e sim como vivemos... E por sua causa eu vivi o melhor momento da minha vida. – ele falou deixando que uma lágrima escorresse.

-Obrigado por se permitir mais essa chance, Duo. – Heero sorriu.

-Heero. Eu amo você. – o mais jovem sabia que não devia dizer tal coisa, mas seu coração quis muito revelar aquilo e assim ele disse abraçando o japonês com força.


Hina