As folhas caem no outono, tudo fica mais triste, o vento frio avança perante mim, fazendo relembrar que eu não o teria aqui para me aquecer.

Ando por entre as árvores em meio à noite. Sem pressa, observando como a escuridão pode ser sombria. Afinal, o que mais eu poderia fazer na calada da noite? Sozinha cá estou...

Você está em meus braços, mas não da maneira que desejei.

Você me sorri, mas não é mais aquele sorriso pelo qual me apaixonei.

Quando foi que deixamos de ser marido e mulher?

O inverno revigora trazendo consigo as lembranças de todas as viagens que você planejou para fazermos. Suas ansias de me levar a lugares frios, onde a neve era a beleza da natureza.

Sonhos agora mortos.

Basta-me fechar os olhos para enxergá-lo nos braços de outra. Feliz, beijando-a com o mesmo vigor que um dia você me beijou.

Eu posso até escutá-lo me chamar eufórico para me apreserntar sua nova namorada.

Meu peito se contrai, eu jamais conseguirei passar por tudo isso.

O dia clareia alertando-me que preciso voltar. Em breve você vai abrir os olhos e eu preciso estar lá.

Você depende de mim, mas não como eu quero, não como sua mulher.

Sinto-me suja ao olhar para ti e saber que já nos entregamos aos prazeres da carne. Me dilacera desejá-lo. Eu não tenho esse direito. Você é tão pequeno, tão frágil...

O tempo te tomou de mim, ao mesmo tempo em que me deu você.

A primavera se mostra sutil e logo as dores que antes gritavam em meio a tortura agora estão silênciosas, conformadas, nosso amor morreu, mas outro nasceu em seu lugar.

Você segura minhas mãos e eu te ajudo a dar alguns passos, sua alegria se faz minha e meu desejo e minha felicidade não são mais minha priodirade.

Minhas lágrimas a muito secaram. Meu sono a muito se perdeu. O que é a eternidade se devo vivê-la sozinha? Será que estou mesmo sozinha? Você está aqui, afinal das contas, não está?

Eu sei que um dia você irá chegar em casa com um sorriso grandioso no rosto, com aquele odor tão singular e imperceptível para as pessoas comuns, e mesmo sem nada me dizer, eu vou saber que você se entregou a outra. E bastará apenas olhar em seus olhos para ver que a noite com ela foi inesquecível e intensa.

Tudo isso irá acontecer. Eu posso sentir. Agora só posso aceitar e me conformar.

Você não é mais meu, então porque me importar?

O verão se instala e com ele novos sonhos vão surgindo, depois de desistir de tentar viver uma vida que não mais me pertence, vou apenas tentar participar da sua felicidade da melhor maneira que posso e impedir ao máximo que puder que você sofra.

Se não for assim, de que terá adiantado tudo isso?

E quando você não estiver em casa eu vou me sentar com o irmão que um dia foi seu e hoje é meu; e numa confidencia, eu vou lhe contar que fico imaginando se eu fui uma amante melhor do que a sua namorada é.

Posso até ouvir meu irmão rir e me dizer para não pensar nessas coisas, pois não trará nada mais que desgostos para mim, mas como posso evitar?

Eu estou serena. O verão sempre torna tudo mais colorido e leve, sei que o tempo te levou de mim, mas talvez ele um dia me devolva você. Ou então me apresente um novo alguém, eu não sei. Mas agora, vou tomá-lo em meus braços, lhe sorrir enquanto afago seus cabelos e acabo por beijar sua testa.

Que o destino trilhe o caminho que lhe convier, eu vou seguir em frente, ciente que em breve o outono estará aqui para me atormentar, mas por enquanto, vou viver o verão e apenas o verão.

Uma estação de cada vez.

N.B.: Bem meninas, a Maria já veio com esse prólogo da segunda temporada de Duas Bellas e um Grande Segredo.

Estava com tanta saudade de poder betar os textos dela, sei que a primeira temporada mal acabou, mas que eu senti falta eu senti.

Bem, essa segunda temporada promete.

Já podem ir arranjando os lenços e os papéis higiênicos, porque só pelo prólogo você sentiram que vamos chorar horrores, não é?

Eu estou mais ou menos ciente do que vai acontecer nessa segunda parte da fic, e já posso adiantar que teremos muita confusão, uma Bella muito confusa com os antigos e os novos sentimentos dela.

Não fiquem com raiva da Bella, afinal ela não tem culpa dos filhos que ela tem...

Ops, falei de mais.

Até o Capítulo 1 meninas.