POV Bella

Minha menina tão doce e tão frágil estava tranquila batendo suas mãozinhas na água a sua volta. Os banhos sempre pareciam tranquilizar Sophie. Eu amava meus filhos em igualdade, contudo eu sempre procurava dedicar uma atenção e um cuidado maior a Sophie.

Dilacerava-me ter que privá-la de sorrisos e gargalhadas, nenhuma criança merecia viver em meio a tanta crueldade, mas não tínhamos escolha. Era para a sua própria segurança.

De meus lábios, uma leve canção escapava, baixa e suave, nada que pudesse trazer muita agitação ou animação para minha menina. Ela não podia se animar, mas também não precisava sofrer. Edward e eu batalharíamos dia e noite por toda a eternidade para que minha menina aprendesse a se tornar imparcial e a controlar seus poderes. O que pudéssemos fazer para minimizar sua difícil vida, nós faríamos.

Tudo parecia tranquilo, era só mais um dia comum, ou ao menos assim eu pensava. Cheguei a me perguntar, anos mais tarde, se Sophie sentira o que estava por vir, mas não havia como eu saber, ela não se lembraria, nem mesmo Ian ou Edward teriam as lembranças daqueles tempos temerosos e escuros que Renesmee e eu enfrentamos.

Um grito ensurdecedor, da voz inconfundível de meu marido quebrou minha canção, assustando-me, assustando Sophie. Senti meu corpo inteiro sofrer um choque de pavor e desespero. –EDWARD! IAN! – Gritei encarando a porta no mesmo segundo, desejando poder enxergar por entre as paredes. Descobrir o que havia acontecido. Sophie chorava intensamente e eu nem mesmo conseguia dizer quando ela havia começado a chorar.

Ouvi trovões e a chuva intensa a cair fora da casa. Em meio segundo retirei minha menina da água, sem delicadeza alguma, e a enrolei na primeira toalha que vi enquanto corria para o quarto dos gêmeos, de onde eu tinha certeza que o grito de Edward viera.

-EDWARD? – Gritei desesperada, almejando uma resposta, um sinal de vida, qualquer coisa. O medo dominada cada célula do meu corpo, o que havia acontecido com meu marido? Por que ele gritara? E meu filho? Estava bem?

Comecei a ouvir o choro agudo de Ian. Aumentando ainda mais meu pânico. Por todos os deuses o que havia acontecido?

Uma parte de minha mente já rezava, pedi aos céus que não permitisse que qualquer mal acontecesse com nenhum deles, se algo havia para acontecer, que fosse comigo, não com eles.

Foram segundos de pânico e desespero que pareceram durar toda a eternidade, ouvi a porta da frente ser arrombada no instante em que eu alcançava o quarto dos gêmeos, pelo cheiro, reconheci no mesmo instante ser minha família. Alice provavelmente vinha na frente com Carlisle, pois seus cheiros eram mais fortes que os demais.

Acho que nunca vou conseguir descrever para alguém ou até definir para mim mesma, o que senti no instante em que adentrei no quarto. Tudo foi tão irreal, tão... Impossível. Eu parecia estar fora de mim, todos os tipos de emoções envolviam e sufocavam meu corpo que eu me sentia até anestesiada.

Ao adentrar no quarto, encontrei meu filho, jogado no chão. Aos prantos. Contorcendo-se desesperado. Seus olhos estavam assustados, como se nunca antes estivesse adentrado naquele quarto.

Mais rápido do que eu julguei possível, passei Sophie para apenas um dos braços e peguei Ian com o outro. Tentei acalmá-lo ao mesmo tempo em que fiz uma rápida avaliação por meu filho, tentando procurar algum machucado por sua pele tão frágil.

Minha mente estava tão assustada e tão perturbada com tudo aquilo que eu não conseguia pensar em mais nada. Nem mesmo me preocupava saber o que havia acontecido. Tudo que eu queria, era ter certeza de que Ian estava bem.

-Oh meu Deus! – A voz nervosa de Alice soou próxima a porta. Nem mesmo lhe dignei um olhar. Estranhamente, minha irmã passou direto por mim e se ajoelhou no chão recolhendo algo para seu colo. Com zelo. Com muito cuidado.

Só então me dignei a perceber a ausência de Edward. Onde ele estava? Percorri com meus olhos o quarto, buscando algum sinal de meu marido. Qual não foi o meu pânico ao encontrar no chão, exatamente onde Alice estava ajoelhada, as roupas que Edward vestia naquele dia.

-EDWARAD! – Gritei tentando chegar até Alice. Descobrir o que havia acontecido. Meu corpo inteiro tremia. Meus filhos choravam e as roupas de meu marido estavam no chão. Por Deus, o que havia acontecido?

Eu estava assustada. A beira de um ataque de nervos. Nada fazia sentido. Nada! Será que havíamos sido atacados? Mas por que eu não senti cheiro algum?

-Se acalme Bella, ele está bem. – Alice falou se levantando, ainda com algo em seus braços. Minhas sobrancelhas franziram. Como ela podia saber? Ela via Edward em algum lugar? Meus olhos novamente vagaram pelo quarto, em busca de meu marido, mas nada encontrei a não ser suas roupas. – Por favor não se assuste, Bells. – Pediu ela.

Então Alice virou revelando-me que em seus braços, estava um bebe, provavelmente um recém-nascido, talvez com uns dois ou três meses de vida. Não mais que isso. Seus poucos cabelos loiros acinzentados. Sua pele clara e seu corpo frágil estavam encolhidos devido ao frio. Eu podia ouvir seu pequeno coração dando leves batidas. O cheiro de sangue era inconfundível.

Fiquei petrificada no lugar.

Era um humano.

-Não pode ser... – Ouvi alguém sussurrar enquanto outro alguém arfava.

De onde surgira aquele bebe?

Onde estava Edward?

Quem aquele bebe me lembrava?

Quem...?

Meus olhos percorreram a criança até voltarem a encontrar os olhos de Alice. Ela me encarava com compaixão e serenidade.

Olhei novamente para o bebê.

Ele parecia...

Ele parecia...

Não...

Não...!

Não...!

NÃO!

Não podai ser.

Não!

Não era possível!

Não!

Recuei alguns passos até bater de costas com a parede.

-Peguem as crianças dela, ela não está em condições de segurá-los. – Alice instruiu para alguém. No mesmo instante senti duas pessoas levarem meus filhos. Eu queria impedi-los, mas não me senti capaz.

Meu corpo de repente ficou pesado demais para eu sustentá-lo sozinha. Fui deslizando pela parede até me sentar ao chão, meus olhos fixos no bebê no colo de Alice. Contra minha própria vontade, minhas mãos se apoiaram em meus joelhos e seguraram meus cabelos com violência.

Como poderia ser possível que aquele pequeno bebê fosse Edward?

Eu estava insana.

Isso não era possível.

Não tinha como ser.

Alice estava louca e estava me levando a loucura.

-Não, não, não, não... – Eu conseguia escutar minha própria voz dizendo, embora eu não conseguia me lembrar de ter começado a falar.

Milhares de coisas passaram pela minha cabeça, ao mesmo passo em que nada parecia se fixar em minha mente. O mundo estava de cabeça pra baixo. Eu estava estática.

Poderiam vampiros enlouquecerem? Agora eu sabia que sim...

-Filha... Filha fale comigo... – Uma voz ao longe soava. Quem era? Eu não sabia dizer. Nada conseguia enxergar a minha frente. O tempo se arrastou, ou passou depressa demais. Era impossível dizer.

Eu me sentia inerte, como se o mundo que a pouco eu habitava tivesse deixado de existir. Meu corpo era chacoalhado, eu podia sentir. Por que eu estava assim? Eu nem mesmo conseguia lembrar.

Tudo estava longe...

Longe...

Longe...

Tudo escuro.

Tudo silencioso.

Nenhuma dor.

Nenhum pensamento.

Vazia.

Era assim que eu me sentia...

Vazia.

O tempo assim passou.

Um som por fim quebrou o silêncio. Algo em mim se aqueceu... O que era aquilo? Tentei enxergar, mas nada conseguia ver. O som aumentava. Uma angustia em mim crescia. Por que aquele som me atormentava? Eu queria saber de onde ele vinha. Queria ver. Queria fazê-lo parar...

O que era?

De onde vinha?

A angustia em meu peito crescia, bem como o som. Era um choro... Agora eu podia identificar. Sim, era um choro, eu tinha certeza. Mas por que ele me angustiava tanto? Era um choro tão fino e agudo, não causava-me irritação, mas sim uma necessidade intensa de fazê-lo parar.

Quem chorava?

A escuridão agora não parecia tão escura. Era como se, de alguma forma, tudo fosse clareando. De onde vinha o choro? Quem chorava?

Eu conhecia o dono do choro, algo dentro de mim me dizia que sim, mas quem era?

Eram gritos tão desesperados, clamando para que alguém o cessasse, pedindo apoio, pedindo acolhimento. Aquele choro estava me chamando.

Tentei com todas as minhas forças encontrar um caminho até aqueles gritos, mas tudo estava escuro demais.

Quem era?

Quem?

Pouco a pouco minha mente começou a funcionar novamente. Rapidamente, em uma velocidade alta demais para eu acompanhar, milhares de pensamentos invadiram minha cabeça, deixando-me tonta. Eu sabia que estava ali o dono do choro, mas quem era?

Eu precisava me concentrar ou nunca conseguiria fazer aquele choro parar. Concentrei-me no som, permitindo que ele guiasse meus pensamentos e assim minhas lembranças. Em um instante, como um forte baque, eu sabia quem chorava.

-SOPHIE! – Gritei, ao me levantar em um salto, quase derrubando duas pessoas a minha frente, os quais depois reconheci serem meus pais, Esme e Carlisle. Olhei em volta para encontrar Rosalie com Ian no colo e Jasper com Sophie, minha pequena chorava desesperada. Nada mais enxerguei. Naquele instante era como se só existisse ela no mundo.

Em um instante eu estava do lado de Jasper, pegando-a em meus braços. Toda a loucura e o desespero esquecidos em um passado longínquo. Minha filha precisava de mim. E eu seria tudo que ela precisasse naquele momento.

Sussurrei palavras carinhosas, as quais eu nem mesmo me lembrava quais eram, em um tom tranquilo e acolhedor. Meus braços a embalaram em um leve movimento, como se estivesse tentando fazê-la dormir. Pouco a pouco ela foi se aquietando, suas mãos seguraram, com sua pequena força, minhas vestes, como se tentasse confirmar que era eu mesma ali. Sorri levemente.

-Esta tudo bem agora, meu anjo. – Sussurrei ao beijar sua testa. Por fim seu choro cessou e em instantes ela estava dormindo. Apenas quando eu tinha certeza que minha menina estava dormindo, indaguei, sem tirar os olhos dela. – Ela está machucada?

-Não, estava apenas assustada. – Garantiu a voz de meu pai, próxima a mim. Assenti em concordância. Ainda balançando minha menina com suavidade, desvie meu olhar para Rosalie tentando encontrar algo errado com meu filho em seus braços.

Como se lesse meus pensamentos, Rose me afirmou. – Ele está perfeitamente bem, sem um único machucado e dormindo como um anjo. – Assenti agradecida, ao menos os gêmeos estavam bem, dormindo, e Nessie também estava bem, mas ainda estava na escola.

Por fim meu olhar desviou para Alice até recair na criança adormecida em seus braços. Senti meu corpo todo estremecer, dando sinais de um novo ataque nervoso. Trouxe para mais perto de mim minha menina, lembrando a mim mesma que meus filhos precisavam de mim. Eu tinha que ser forte agora.

Olhei atentamente para a feição do bebê. Era tão parecido com Edward. Cabelos loiro-acinzentados, pele pálida e suave, seus traços exatamente iguais aos de Edward. Eu não podia ver seus olhos, mas, mesmo temendo, eu imaginava que eram iguais.

Como aquilo poderia ser possível?

Eu tinha medo de deixar minha mente divagar e tomar conclusões precipitadas. Eu não podia fraquejar agora. Onde quer que Edward estivesse ou se ele fosse mesmo aquele bebê, eu ainda tinha três filhos para criar, e sei que era o que Edward desejaria que eu fizesse.

Respirei fundo e fechei brevemente meus olhos. – Alice? – Pedi simplesmente, sem condições de fazer qualquer pergunta mais profunda. Por sorte, ela já sabia o que eu desejava saber.

-É ele, Bella, este bebê é o Edward.

Fechei os olhos com amargura. Um pesadelo parecia estar se instalando na minha vida. Senti um nó se formar em minha garganta, convidando-me a um choro sem lágrimas, mas me contive. Eu precisava ser forte.

-Co... Como isso é possível? – Minha voz quebradiça indagou em um leve sussurro, meus olhos ainda fechados e minhas mãos apertando, sem machucar, minha filha, procurando ali algum apoio.

- Eu... Eu não sei ao certo... – A voz de Alice era insegura, eu podia sentir, provavelmente nem ela mesma estava certa de aquilo tudo estava acontecendo. – Eu vi...

Meus olhos se abriram no mesmo instante. Me virei de frente pra ela e indaguei com urgência. – O que você viu Alice?

Vi os olhos de Alice indecisos intercalarem entre mim e Rosalie, confundindo-me. Demorei apenas um instante para perceber que Alice não olhava pra Rose, mas sim para Ian em seus braços.

-Não... – Sussurrei descrente. Não era possível. Ian havia transformado Edward em um bebê? Tudo aquilo estava soando cada vez mais ridículo para mim. – Você acha que Ian fez isso com Edward?

Alice engoliu em seco. – Acho... Acho que sim. Acho que finalmente o poder de Ian se manifestou.

-Você consegue ver Edward voltando ao normal, filha? – Meu pai interveio nossa pequena discussão. Encarei-o agradecida, ele sim havia feito uma pergunta coerente. Com um sorriso reconfortante, ele envolveu meus ombros em um meio abraço, garantindo-me sem palavras que estava ali para me ajudar.

Alice se concentrou e a sala toda ficou em silêncio por um instante. Quando ela abriu os olhos, eu já sabia a resposta. – Não... Ao menos pelos próximos dois anos não... Não consigo ver mais longe do que isso... Os gêmeos atrapalham muito as minhas visões. Sinto muito, Bella.

Senti minhas pernas bambearem, mas as mãos de meu pai me sustentaram e me guiaram até uma cadeira. – Se acalme filha. – Pediu ele.

-Há alguma maneira de reverter isso, Lice? – Jasper perguntou ao se aproximar.

-Eu... – Ela estava insegura e entregou Edward para ele. – Eu não tenho certeza nem mesmo como isso aconteceu... Mas eu gostaria de fazer um teste. – Seu olhar foi de Jasper para Carlisle pedindo seu consentimento.

-Isso pode ser perigoso. – Esme se manifestou angustiada.

-Não, Alice! Definitivamente não! – Jasper foi firme.

-Você nem mesmo ouviu o que Alice tem a dizer, Jazz, deixa-a falar primeiro. – Emmett interveio tentando ser calmo, mas sua voz entregava seu nervosismo.

-Emmett está certo, do que está falando Alice? – Carlisle assumiu o controle da situação. Eu não tinha mais forças para me meter na conversa.

-Se Ian transformou Edward em um bebê humano... Se esse for mesmo seu poder... Será que ele pode transforma-lo de volta? E por que ele o transformou em um recém-nascido? – Alice começou a especular. – E por que agora? Por que não quando ele nasceu? Nada faz sentindo. Eu... Eu acho que, de alguma maneira, Edward pediu por isso... E eu gostaria de pedir isso a Ian também, para ver o que acontece. Para tentar achar uma solução.

-Não! Definitivamente, não! – Jasper gritou no segundo em que Alice parou de falar.

-Por que Edward pediria algo assim? – Indagou Emmett.

-Eu concordo com Jasper. – Falei pela primeira vez. – Não tem porque você fazer isso Alice. Edward era meu marido e Ian é meu filho, de certa forma eu sou responsável, se alguém deve fazer isso sou eu.

-Eu não sei porque Edward faria algo assim, mas precisamos tentar alguma coisa. – Alice começou a andar pelo quarto. – E não Bella, você está fora de cogitação. Você tem três filhos pequenos pra criar, e agora sem Edward, não dá pras crianças ficarem sem pai e mãe.

-Alice tem razão, filha. – Esme concordou.

-Eu faço então. – Jasper insistiu.

Alice negou com a cabeça. – Não é sensato ser você também Jazz, Bella vai precisar muito da sua ajuda com Sophie. Não posso afirmar com certeza, mas acredito que uma vez humano não teremos mais os dons. – Alice parou de andar e encarou Carlisle. – Estou errada, pai?

-Não... – Carlisle tomou a frente. – Alice está certa. Bella e Jasper estão fora de cogitação.

-Realmente deve ser eu, - Alice insistiu. – Eu sou a única que tem alguma ideia do que está acontecendo por aqui e principalmente, a única que vai saber o que procurar quando se tornar humano.

-Não! – Jasper grunhiu.

Alice se aproximou de Jasper. – Jazz, eu preciso fazer isso. Vou tentar desejar uma idade pouca coisa mais velha, a idade de Nessie, para poder reverter a situação. E se não der para reverter ou se eu me tornar um bebê, você vai estar aqui para cuidar de mim, sei que sim.

-Mas Lice... – Os olhos de Jasper transmitiam dor. Ela o calou com o dedo.

-Vai dar tudo certo. – Ela sorriu ternamente. – Devo isso a Edward. – Juntos eles encararam o bebê adormecido no colo de Jasper. Jasper fechou os olhos com dor e acabou por concordar.

-Filha você tem certeza? – Esme perguntou insegura. Alice assentiu. Em silêncio ela beijou a face de cada um de nós em uma velada despedida e a Jasper nos lábios.

Senti a culpa me consumir. Eu me sentia responsável por tudo aquilo. Mas eu não sabia como mudar aquilo. Sempre teria uma divida com Alice. Ela estava tentando trazer meu marido de volta e aquilo. Eu nunca iria esquecer...

Ela respirou fundo e se posicionou na frente de Rose. – Vamos acordá-lo, mas não toque na pele dele, apenas na roupa. – Rosalie assentiu.

Com carinho Alice despertou Ian. Pude ver os olhinhos assonados de meu menino encarem a tia com duvida. Por alguns minutos ela brincou com ele, despertando-o melhor.

-Cinco anos. Cinco anos, Ian. – Alice começou a repetir tomando a total atenção de Ian. – Quero voltar a ser humana... – Dito isso ela segurou com força as mãos de meu filho, as quais, em um momento irreal, começaram a brilhar, um brilho que envolveu Alice completamente.

Fiquei momentaneamente cega pela luz e um silêncio ensurdecedor pareceu dominar a sala. Meus olhos se fecharam involuntariamente e ao se abrirem, eu não podia acreditar no que meus olhos viam...

Uma garotinha de cabelos lisos, curtos e escuros, olhos castanhos e um corpo miúdo escondido embaixo do que a segundos atrás era o vestido que Alice usava, agora porém o vestido era grande demais, cobrindo todo o pequeno corpo da menina e ainda sim deixando um bom pedaço ao chão. O cheiro inconfundível de sangue dominou a sala mais uma vez.

Era uma humana.

Aquilo não poderia ser real.

Mas era.

-Lice? – A voz de Jasper chamou-a aterrorizado, suas mãos seguraram os ombros da garota. Ele estava histérico, muito embora a garota não parecia se importar ou perceber. – Alice é você?

A menina sorriu. – Sim, sou eu... – Sua voz era bem mais fina do que a de Alice.

-Oh meu Deus! – A voz de Rose soou chocada e entusiasmada. – Deu certo! – Antes que qualquer um pudesse prever o que aconteceria a seguir, Rose segurou a mão de Ian e pediu. – Eu quero ser humana também!

-ROSE NÃO! – As cinco vozes dos Cullen ainda vampiros gritaram tentando impedi-la, vi meu pai e Emmett tentarem se aproximar para detê-la, mas era tarde demais. A mesma luz que envolveu Alice, envolveu Rose e mais uma vez me vi cega pelo clarão.

A luz começou a diminuir gradualmente desta vez e com ela o contorno das pessoas foi possível enxergar. Vi com perfeição o corpo perfeito de Rosalie começar a encolher ao mesmo tempo em que Ian era solto por ela e estava rumo ao chão.

-IAN! –Tentei alcança-lo, mas por estar com Sophie nos braços não fui suficientemente rápida, mas Emmett foi.

Mais uma divida ali se formava, Emmett agarrou meu filho antes que ele conseguisse tocar o solo, contudo, os poderes de Ian ainda estavam agindo e para nosso completo terror, o clarão começou a aumentar novamente, desta vez envolvendo Emmett.

Aquilo não poderia estar acontecendo. Simplesmente... Não podia.

Meu filho estava destruindo toda a nossa família. Quanto mais alguém tentava ajudá-lo, mais ele tentava nos punir. Por que ele fazia aquilo? Eu não sabia...

Talvez ele não tivesse consciência de seus atos, ou talvez tivesse, eu jamais conseguiria saber com certeza. Meu mundo todo pareceu ruir e eu não tinha ideia de como impedir.

Quando o clarão finalmente cedeu, havia uma menininha loira dos olhos azuis, quase da mesma altura que Alice agora estava, suas roupa também se faziam muito maiores do que seu corpo, o cheiro de sangue era inconfundível.

Próximo a ela estava um menino provavelmente da mesma idade que a garota, seus cabelos eram negros, e seus olhos verdes, seu corpo parecia levemente forte, mas não muito, ele estava caído no chão, suas vestes muito maiores que ele cobriam quase todo seu corpo, mas era possível ver seus braços esticados a frente segurando Ian, impedindo que meu filho tocasse o solo.

-Ninguém mais toca no Ian! – Meu pai gritou. Aquilo tudo estava fugindo do controle e eu estava grata por meu pai assumir o controle da situação. – Você está bem filho? – Meu pai ajudou Emmett a levantar tomando o cuidado para deixar Ian no chão.

Emmett estava meio confuso, seus olhos encaravam seu próprio corpo, curioso. – Estou. – Respondeu ele com uma voz bem mais fina do que a de costume.

-Eu sou humana... – Começou a sussurrar Rosalie emocionada ao encarar o próprio corpo. – Eu sou humana... – Em instantes ela começou a chorar em meio a sorrisos. Aquilo era tudo que ela sempre sonhou, eu bem sabia.

Ao menos algo de bom aconteceu naquele dia macabro.

Ainda desacreditada, ela começou a se beliscar com força apenas para verem os pequenos hematomas se formarem em seu braço, confirmando a presença de sangue. – Filha pare... – Esme a alcançou, envolvendo-a em um abraço impedindo Rose de continuar a se machucar.

-Eu sou humana, mãe... Eu sou humana. – Ela falava em meio a soluços.

-Shh... Eu sei, querida, eu sei... Shh... – Esme a embalou em um abraço maternal até que Rose finalmente se acalmasse.

Em meio a todo aquele caos, Jasper ainda estático por Alice, Emmett confuso, Carlisle verificando se Emmett estava machucado, Rosalie chorando, Esme cuidando de Rose, e eu ainda petrificada, sem conseguir acreditar em tudo que acontecia; Alice estava serena, indiferente a tudo aquilo, a menina juntou parte de suas vestes na mão, para não tropeçar e se aproximou de Ian.

-Eu quero voltar a ser vampira, Ian. – Disse ela encarando meu filho nos olhos e tocou suas mãos. Todos a encaramos sem conseguir se mexer, ansiosos esperando pelo clarão. Os segundos se passaram... Mas nada aconteceu.

Não podia ser...

Não...

Não...

NÃO!

Não dera certo.

Ian não transformou Alice em vampira de novo.


Quero pedir mil desculpas por toda essa demora, tive problemas sério em off e depois esse capítulo foi particularmente MUITO dificil de se escrever, tive que escrevê-lo e reescrevê-lo diversas vezes.

Sei que tudo pode estar parecendo muito louco, mas eu tenho um enredo muito bom para a história, espero que acreditem na minha escrita e continuem a ler.

Me digam o que acharam, por favor.

Até o próximo capítulo!