POV Bella
No mesmo momento em que me separei de Jasper, ouvi Renesmee me chamar chorosa, cortando-me o coração; rapidamente corri ao seu encontro. – Oh, meu amor... – Abracei-a com força enquanto a erguia do chão, suas pernas e braços imediatamente envolveram meu corpo.
Eu queria falar, confortá-la, usar palavras sábias ou apenas dizer-lhe que tudo ficaria bem, mas as palavras não saiam, eu estava tão quebrada quando ela. O que seria de nós sem, Edward? A balancei levemente enquanto sentia seu choro molhar minhas vestes partindo ainda mais meu coração.
Percebi meus pais e meu irmão nos olharem com piedade, sem saberem ao certo o que fazer ou dizer; eu mesma sentia pena de toda aquela situação, sentia pena de todos nós, desorientada ao pensar que meu marido agora era mais novo que meus filhos caçulas. Sentia pena de minha família, pena de Edward, pena de Renesmee...
Pena de mim mesma.
Os soluços de minha menina cortavam-me o coração bem como cada lágrima derramada. – Por quê, mamãe? Por que isso tinha que acontecer? – Perguntava ela desesperada enquanto suas mãos abraçavam-me com o máximo de força que conseguiam, como se temessem que eu a deixaria a qualquer momento.
Nunca vi Nessie sofrer tanto quanto naquele momento. Eu não sabia ao certo o que e como meus pais haviam explicado para ela, mas percebi pelo tamanho de sua dor que ela entendia que seu pai não estava mais conosco como gostaríamos, pelo menos não nos próximos anos.
Seriamos, novamente, apenas nós.
Senti uma nova dor transpassar meu peito, agora não era apenas a ausência de Edward que queimava em meu peito, mas também a dor de ver minha filha sofrer, vê-la passar pelo que eu já havia passado mais de uma vez, ter Edward, o homem perfeito, saindo bruscamente de sua vida, vendo meu maior medo ao permitir que Edward convivesse com ele se realizar.
Para mim era doloroso, quase insuportável. Para Nessie deveria ser ainda mais difícil, vez que iniciou a vida sem um pai, fazia pouquíssimo tempo que ela tivera seu nome alterado para Cullen e agora...
Tudo que mais temi nessa vida estava se realizando, eu havia perdido Edward novamente e minha amada filha sofria pela mesma perda.
-Shh... Calma, meu amor, calma. – Eu pedia em meio a um sussurro, mas Nessie não conseguia abrandar o choro, tudo era demais para ela. – Vai ficar tudo bem, meu amor, calma, calma... – Minhas mãos afagavam seus cabelos, tentando transmitir-lhe conforto.
Meu pai e meu irmão me ajudaram a entrar em casa ainda com Renesmee em meus braços e nos colocaram sentadas no sofá, ao mesmo passo em que coloquei minha menina em meu colo tentando confortá-la de alguma maneira.
Enquanto meus lábios professavam palavras de tranquilidade e esperança, em minha mente orações sem fim se formavam pedindo a Deus que trouxesse paz a minha querida filha; rogava-lhe para que toda aquela dor, todo aquele sofrimento fosse transferido a mim, mas que Nessie parasse de sofrer. Minha filha não merecia isso.
-Bella... – Jasper me chamou em meio a um sussurro. Ao encontrar seu olhar por cima dos ombros de Renesmee vi sua pergunta silenciosa se ele deveria usar seus poderes para acalmá-la, mas neguei, não adiantava reprimir sua dor agora, ela precisava colocar tudo para fora, mesmo que levasse a noite inteira, ela precisava sentir-se melhor, em definitivo.
Não tínhamos como saber se Edward voltaria ao normal ou se seria, pelos próximos vinte anos pelo menos, o novo irmão de Renesmee, portanto, agora era a hora. Minha menina era inteligente e compreendia a seriedade de nosso segredo, ela sabia que ao menos perante as outras pessoas, ela nunca poderia falar do pai.
Mesmo sabendo que meus pais e Jasper sempre estariam ali para ajuda-la no que fosse necessário, eu ainda era a única pessoa capaz de ser o porto seguro de Renesmee naquele momento, mesmo sabendo que eu era a pessoa menos indicada para isso, vez que meu coração estava tão ou mais quebrado do que o dela.
Eu era tudo que ela tinha, eu não podia falhar com a minha filha.
Não sei ao certo quantas horas ficamos daquela forma sobre os olhares piedosos de Esme, Carlisle e Jasper, mas a madrugada fora longa, ninguém nunca deixou o lugar ou fez qualquer outra coisa, com exceção de Esme que deixou o local quando Edward chorou de fome e quando Emmett precisou de ajuda para ir ao banheiro.
Os únicos sons ouvidos eram seus soluços de minha menina e minhas palavras de conforto. A atmosfera na sala era intensa, repleta de tristeza e compaixão. A família Cullen estava desabando.
Quando Renesmee finalmente se acalmou encarou-me com olhos cansados e vermelhos de tantas lágrimas derramadas. – Por que Ian teve que fazer isso com a nossa família mamãe? – Perguntou ela deixando a raiva pelo irmão dar vazão a sua dor.
Encarei-a séria e autoritária. – Não quero ouvir você culpando o seu irmão nunca mais, dona Renesmee, você me entendeu? Nunca mais! – Ela me encarou chocada com a mudança súbita de atitude, mas não me importei, nem que eu precisasse lhe dar umas palmadas para entender; eu não permitiria que ela culpasse o irmão, ele era só um bebê, não tinha culpa de nada. – Seu irmão não tem culpa de nada, é apenas um bebê.
Nossa família já estava bastante deficiente, eu não podia permitir que houvesse ódio ou rancor entre os irmãos, agora mais do que nunca, precisávamos ficar unidos.
Meus pais e meu irmão encararam-me assustados, prontos talvez para intervir caso eu fizesse algo contra Nessie, mas os detive com um olhar severo; minha filha, minha responsabilidade, minha decisão.
Novas lágrimas transbordaram dos olhos, a raiva sendo substituída pelo remorso; Nessie me abraçou novamente. – Desculpe mamãe... Desculpe. – Sua voz agora cheia de remorso. – Eu só...
-Shh... – Caleia carinhosa novamente, enquanto voltava a apoiar sua cabeça em meu peito e a acariciar seus cabelos. – Está tudo bem, mas você entende que seu irmão não tem culpa? – Ela assentia ainda chorosa, mas seu choro agora mais contido, seu corpo estava chegando ao limite do cansaço, eu podia sentir. – Vamos ficar bem, querida. – Sussurrei enquanto afagava seus cabelos, aconchegando-a. – Não importa como as coisas vão acontecer, eu nunca vou sair do seu lado. Vamos passar por isso juntas, como sempre fizemos, tudo bem?
Ela me encarou procurando a verdade em minhas palavras, sorri docemente passando-lhe toda a minha sinceridade, não importava quão destruída eu estivesse, eu nunca deixaria de estar lá para minha filha.
Renesmee, Ian e Sophie eram meus bens mais precisos, eu faria qualquer coisa por eles, a qualquer tempo, a felicidade deles eram minha única prioridade e vê-los bem era meu maior alento e saber que eu poderia não ser o suficiente era meu maior medo.
-Você também pode contar conosco, querida, - Esme falou com carinho. – Estaremos todos aqui, não importa o que aconteça. – Encarei minha mãe agradecida, Renesmee precisava saber que mesmo a família se resumindo agora a apenas sua mãe, seu tio e seus avós, ela ainda poderia contar com eles.
Renesmee se afastou e olhou para meus pais e meu irmão, todos sorriam docemente para ela, transmitindo-lhe confiança. - Nossa família só está com menos adultos e mais crianças, mas continuamos os onze Cullen. – Carlisle falou divertido, fazendo minha filha rir.
Nessie saiu de meu colo e foi até eles, sendo prontamente pega por Esme e colocada em seu colo; Renesmee abraçou a avó e apoiou a cabeça em seu peito.
-Com tio Em, tia Rose e tia Alice pequenos, vou ter mais crianças da minha idade para brincar! – Constatou ela pela primeira vez animada. Sorri ao ver a alegria começar a dar sinais que retornaria a minha filha. Eu só precisava vê-la bem para estar conformada, para conseguir me manter.
Carlisle assentiu sorrindo ternamente para ela enquanto Esme a abraçou e beijou o topo de sua cabeça. - Vai sim! Você vai poder brincar muito com todos eles! – Garantiu meu pai enquanto afagava seus cabelos com carinho. – Podemos pensar em montar aquele quarto de brinquedos que tanto falamos nessa casa, o que você acha? - O sorriso de Renesmee aumentou.
-Acho ótimo! – Ela prontamente se animou, as lágrimas cessaram, o sorriso aumentou. – Por favor Vovô!
-Então estamos decididos! Teremos um quarto de brinquedos! – Determinou ele fingindo autoridade fazendo Renesmee comemorar. Em qualquer outro momento eu teria revirado os olhos e protestado com esses mimos excessivos, mas agora eu só conseguia sorrir, meu coração mais tranquilo em ver minha menina melhor.
-Vou brincar muito com eles! – Decidiu Renesmee. – Vou ensinar para meus tios todas as brincadeiras legais! – Nós rimos diante da empolgação dela.
-Talvez não tanto com Emmett, - Brinquei tentando amenizar o clima. – Se ele já era terrível adulto, imagine a criança atentada que ele deve ser. – Renesmee gargalhou enquanto todos nós a acompanhamos com um riso leve. Meu peito se aquecia de vê-la finalmente com algo a mais do que sofrimento.
Com um suspiro cansado Renesmee recostou a cabeça em Esme, seu sorriso sumindo aos poucos, seu rosto se tornando pensativo. – Como ficaremos agora? – Perguntou ela em um sussurro quase inaudível.
Novamente a tensão voltou a pairar sobre nós, nos entreolhamos, ainda não havíamos discutido como seria daqui para frente, ainda não havíamos nem mesmo processado direito a ideia, quem dirá decidir como seria nossa vida nos próximos anos.
-Agora nós apenas vamos ligar um desenho, - Meu pai declarou enquanto pegava Renesmee no colo. – E dormir, já esta tarde querida, e você precisa descansar.
Olhei-o agradecida, mais uma vez minha família estava fazendo por mim mais do que eu poderia pedir, tomando as rédeas quando eu já não tinha mais forças para seguir.
Enquanto meu pai aconchegava Renesmee no sofá, Jasper ligou um desenho da Disney e minha mãe buscou um cobertor e o Dingo, pelúcia de Nessie.
-Não estou com sono, vovô. – Renesmee contrapôs dengosa e bocejou. – Quero ficar acordada com vocês... – Esme a embalou com o cobertor e beijou sua cabeça. Sorri e me deitei atrás dela, a abraçando.
-Se não está com sono, apenas assista o desenho, querida. – Ofereci bondosa. Sabia que Renesmee estava relutando em adormecer e novas mudanças drásticas acontecerem, mas logo o sono a venceria. Ela só precisava se sentir amparada e protegida.
-Vocês ficarão comigo? – Insistiu Nessie as pálpebras já quase fechando. Minhas mãos acariciaram seus cabelos.
-O tempo todo! – Prometeu meu irmão, falando pela primeira vez e se sentando no chão, próximo a nós. Seu olhar para com minha filha era repleto de amor e bondade. Renesmme sorriu e ganhou um beijo na testa do tio fechando por fim os olhos, sem nem mesmo tentar assistir o desenho. Seu corpo finalmente cedendo a todo o cansaço físico e emocional.
Eu não tinha ideia de como as coisas seriam dali para frente nem como eu poderia sobreviver naquele mundo sem Edward ao meu lado, mas ali, olhando minha mais velha ressonar tranquila depois de uma noite exaustiva de sofrimento eu sabia que por ela e por meus outros filhos eu conseguiria passar por tudo aquilo, eu seria forte... Por eles.
Bom dia queridos!
Sei que faz um tempão mas agora vou postar toda segunda-feira ok?
Espero que estejam gostando!
Beijos,
Marry Black.*
