» Fanfiction by Luthy Lothlorien ®
» Anime : Shaman King (1998 – Hiroyuki Takei ©)
» Gen.: Drama/Angst/Tragedy/Romance/Adventure
» PG.: 13
» Pairing : Faust VIII X Eliza
(Alguns capítulos possuem conteúdo light hentai)
FROM WISHES TO ETERNITYBy Luthy Lothlorien ®
Capítulo II
O céu estava plenamente azul, não havia nenhuma nuvem que pudesse ser forte o bastante para encobrir aquele sol quente e que trazia imensa paz aos corações acostumados ao frio daquele país. O clima não era nem frio nem quente, apenas agradável, com a suave brisa que refrescava na medida certa.
A paisagem daquela cidade interiorana da Alemanha era um verdadeiro convite ao descanso, e, quem quer que olhasse aquelas montanhas plenas de vegetação, logo estaria embuido da vontade de colocar-se a passear por aquelas lindas trilhas que a Natureza fez com tanta precisão.
A manhã daquele verão alemão era verdadeiramente bela. Contudo, mesmo em meio a bela paisagem, era possível notar a grandiosa felicidade estampada na face de dois jovens recém-casados, que acabavam de chegar de carro a um dos parques verdejantes daquela cidade.
O carro era novo, impecávelmente bem-encerado, e era um modelo que logo denunciava a condição financeira e social dos jovens : tratava-se de pessoas ricas.
Ao sairem ambos do veículo, percebia-se a beleza da jovem loura. À luz do sol, seus cabelos longos e louros denotavam-lhe uma beleza quase sobre humana, algo entre o angelical ou divino. Seus olhos azuis poderiam ser confundidos facilmente com aquele céu da manhã. E aquele sorriso onde estava estampada a felicidade que sentia por estar ao lado de ser amado naquele dia tão especial. A brisa suave fazia dançar delicadamente a saia do vestido branco dela.
De mãos dadas com ela, estava o jovem, que era igualmente belo. Também louro, com olhos azuis, mas em um tom mais escuro que os dela. Vestia-se elegantemente de calças negras e camisa branca, mesmo para um passeio num parque.
Após caminharem um pouco por aquele belo caminho fechado pelas copas ricas das árvores, ambos sentam-se em um banco, onde próximo dali havia algumas crianças brincando, rindo alto e correndo, jogando umas nas outras a água do lago que circindava o parque.
A moça loura olhava para as crianças brincarem mantendo o lindo sorriso no rosto, enquanto seu par olhava-a com tanta atenção que, de longe, poderia-se dizer que ele estava hipnotizado pela figura dela.
"Olhe só, que lindas, Johann…" Diz ela, fazendo-o desviar o olhar um segundo para observar as crianças, mas logo volta a olhá-la.
"São sim, Eliza…Um dia vamos trazer nosso filho para brincar aqui também…" Responde ele, sorrindo. Um sorriso apaixonado e sincero, porém com um estranho ar de obsessão. Obsessão eterna pela jovem loura.
"Vamos mesmo… Vem, vamos brincar na água também." Diz ela, com um semblante quase infantil, inocente, levando-o pela mão para irem mais perto do lago, onde ela se agaixa e coloca os dedos na água, sentindo-a aquecida pela luz do sol.
"Sente esta água quente por causa da luz do sol, Eliza?" Pergunta ele agachando-se ao lado dela.
"Claro que sim…Está quente e calma…" Responde ela, vendo as crianças se afastarem daquele lugar e indo brincar mais afastadas dali, deixando, por tanto, de mexer na água e fazendo-a ficar calma, como um espelho.
"Eu sou como esta água…" Diz ele. "Esta água sou eu e você é a luz do sol…Você é quem me aquece e me traz paz…"
Ela nada responde, apenas sorri encantadoramente, levantando-se e abraçando-se a ele, que repete o gesto, abrançando-a e trocam um beijo longo, apaixonado como se estivessem se vendo pela primeira vez.
Tudo era maravilhoso, tão perfeito. Mas, de repente, um estranho clima instala-se, trazendo uma aura escura, roxeada, para aquele lugar, como se fosse uma tempestade se aproximando. Vozes confusas chamando nomes, gritos exagerados, a límpida água do lago transformando-se em vermelho sangue e um estampido seco. Um som de um tiro na escuridão. Um único, preciso e veloz tiro. Não durou mais do que um segundo, mas destruiu uma vida inteira. Tudo era agora vermelho, e aquele ferimento na testa da linda jovem que ele beijava parecia ser a fonte do sangue que misturava-se à água da fonte. Não se encontravam mais no parque, mas sim no gélido chão de uma clínica médica. Tudo o que era branco ia mudando para o vermelho e, no próximo instante, tudo era apenas trevas.
De um só pulo, Fausto acorda, colocando a mão de forma débil sobre os olhos, já acostumado àquele tipo de sonho, o qual sempre se repetia às noites : começava lindo, mas de um segundo para o outro, tornava-se um inferno. Assim como sua vida.
Após uma noite de forte chuva, ventos e muito frio, finalmente a manhã chega naquela cidade germânica, trazendo um sol morno, que, apesar de brilhar forte, não era capaz de aplacar o frio, contudo, era a mais agradável visão desde a noite passada.
Mesmo com os já fortes raios de sol batendo em seu rosto, pois as horas da manhã já íam altas, Fausto havia dormido além da conta, preso aos efeitos do remédio que havia ministrado a si mesmo. As cortinas entreabertas das janelas do enorme quarto, por onde os raios solares entravam, traziam vida para aquele ambiente há tanto tempo privado de luz, pois era assim que o dono daquele lugar queria que fosse : sombrio.
Há doze anos, desde que perdeu sua esposa, a razão de sua existência, de uma forma tão violenta e fria, Fausto não via mais razão em apreciar a luz, as belezas da vida, absolutamente nada. Mesmo dono daquele gigantesco castelo, e tantas outras propriedades, assim como a fortuna em si, era freqüente que ele passasse noites e mais noites vagando à esmo pelas ruas, dormindo em cemitérios ou nos bancos dos jardins do seu próprio castelo. Aparentemente, ele não se importava com o frio, com doenças que pudesse desenvolver pela falta de cuidados com o próprio corpo, uma vez que sempre estava na companhia de sua doce "amiga" : A morfina. A suave substância que acalma até as dores preofundas de um câncer, era a maior "companheira" e Fausto durante todos estes longos e solitários anos, já que era apenas com o uso desta droga que ele conseguia forças para continuar, para permanecer vivo para prosseguir com seus esforços até reviver sua amada, tarefa impossível para um ser humano, mesmo ele, descendente de uma família cujo histórico não tinha nada de normal, se comparado às pessoas comuns, uma vez que a prática da Necromancia era uma realidade em todas as sete gerações passadas. Tantos esforços em vão.
À esta altura, além dos amigos já o terem alertado a continuar sem Eliza, o próprio Fausto chegou a perguntar-se como seria sua vida se acaso se casasse novamente, tivesse filhos, mudasse definitivamente daquele estado de luto eterno e tentativas de reviver sua amada...Enfim, desistir daquela idéia insana para sempre. Mas seu coração gritava cada vez que se atrevia a pensar nisso.
Desistir de Eliza?...Jamais...Não para Fausto...Não...Seu amor por Eliza não tratava-se de algo cujas palavras podem explicar. É algo acima dos sentimentos, acima daquilo que é considerado "certo" e "errado"...Acima do que é possível e impossível. E assim, ele mantinha-se preso àquela vida. Ou sub-vida.
Mesmos os sedativos mais poderosos têm seu efeito acabado após o tempo de ação, e assim, os efeitos do remédio que havia tomado logo começam a acabar, e Fausto vai, lentamente, recuperando a consciência. Os olhos azuis semi-cerrados demonstravam cansaço desde de já, como se as olheiras ficassem mais escuras e profundas a cada noite de sono induzido como aquela que acabou de se passar.
Finalmente, Fausto abre os olhos de uma vez, protegendo-os com um das mãos, de forma meio débil, como se ainda estivesse com um pouco do efeito do sedativo em seu corpo. Ainda com a visão meio turva, ele volta a se deitar na grande cama, sempre olhando para o lado da janela. Estranho que, apesar de ele preferir a morbidez e do frio que havia ali, ele gostava de observar o sol, pois lembrava-se de Eliza com mais força. Lembrava-se das manhãs maravilhosas que tinha ao acordar e vê-la deitada sobre seu peito, ou sobre seu braço, ainda dormindo e ele, com um beijo, ou simplesmente dizendo seu nome em voz sussurrante, acordava-a para mais um dia de trabalho no hospital. Ou então, ao olhar o sol, lembrava-se dos longo cabelos dourados dela, que sempre estavam impecáveis, mesmo após auxiliá-lo em uma operação de auto-risco, ou no fim de um dia de trabalho, pois era fato que a beleza dela era inabalável aos maus-tratos que a profissão causava. E tudo isto Fausto recordava-se ao olhar o sol, já surgindo as primeiras lágrimas em seus olhos cansados de chorar.
Ainda deitado, e olhando para a janela, Fausto finalmente recupera a consciência totalmente, lembrando-se da noite anterior com precisão, quando Mephistopheles e ele fizeram um pacto, porém o demônio não cumpriu sua parte no trato.
"Ora...É um demônio...Realmente não poderia ter cumprido a sua parte. É um traiçoeiro..." Pensava Fausto com as lágrimas escorrendo e molhando o seu travesseiro recoberto por fronhas de seda branca.
O mais estranho naquela manhã é que, desde que começara a acordar e livrar-se dos efeitos do sedativo, Fausto sentia o cheiro único e inconfundível do perfume de Eliza, com total clareza, algo como rosas vermelhas e morangos, mas é lógico que debitava isto à sua loucura, seus devaneios de tê-la de volta. Contudo aquele perfume estava real demais para ser apenas um devaneio. Ainda olhando para o sol que entrava pela janela, Fausto lembra-se subitamente dos preciosos ossos de Eliza...Onde os havia deixado?...Ato imperdoável o dele de medicar-se e cair em sono profundo esquecendo-se do precioso esqueleto de Eliza... Onde estava com a cabeça!
"Meine schönen Knochen!" ("meus preciosos ossos!") Gritou Fausto, com a mão na testa, por entre os cabelos da franja louros e despenteados. Odiando a si mesmo, ele prepara-se para levantar, e coloca uma das mãos apoiadas na cama quando sente algo estranho por entre seus dedos. Algo como fios de cabelo...Fios de cabelos louros. Estaria a sua loucura agora em um nível descontrolado?…
De mandeira lenta e delicada ele segura aqueles fios entre seus dedos e olha-os com mais atenção, virando a cabeça vagarozamente para o outro lado da cama, para onde,até então, não havia nem sequer dirigido o olhar. Com testa franzida pela curiosidade, ele vai virando-se, e...Por um segundo seu coração parou... Literalmente parou, como se tivsesse morrido por um ou dois segundos. As vistas tornaram-se turvas e, não estivesse sentado, certamente teria caído ao chão e de lá não sairia por um bom tempo.
Mas, felizmente, estava em sua cama, e seu olhar voltou-se inteiramente para a visão diante de si. De fato, a única visão que por toda a sua vida desde que a morte separou-o à força de sua amada ele queria ter. Ora, não era outra visão senão a da própria Eliza. Inexplicávelmente lá estava ela : deitada na cama, ao seu lado. Como se sempre estivesse ali. Como se nada houvesse acontecido tanto tempo atrás. Como se ela jamais tivesse morrido.
Olhando sem ter capacidade para compreender nada, ele não sabia como ela estava ali...Parecia até...Viva! Não, não apenas "parecia"...Está viva!
Meio trêmulo enquanto olhava, com olhos em pânico, tal qual o dia em que ele a encontrou morta na clínica deles, Fausto leva a mão meio hesitante até o rosto dela, que permanecia dormindo, linda em sua beleza harmoniosa e angelical. Eliza deitada e dormindo como um anjo...Realmente dormindo, e não morta...Ela respirava, tinha a pele de coloração leitosa com o mesmo viço, talvez ainda mais macia, a carne quente novamente, o sangue circulando nas veias, os longos e macios cabelos dourados construíam mais uma vez a moldura perfeita para seu lindo rosto, cujo destaque eram os cristalinos olhos azuis...Eliza estava viva novamente e bem ali ao seu lado!
Ele havia deixado na véspera o esqueleto de Eliza ao seu lado na cama, onde tombou sem forças com o efeito dos remédios poucos segundos após ministrá-lo a si mesmo, e havia se esquecido deste fato. Agora, no mesmo lugar onde estavam os ossos dela, estava ela.
Estranho era que tudo o que ele mais desejou em sua vida era ver sua amada viva novamente, e agora, que ela estava ali, ele simplesmente não conseguia acreditar neste fato. Os sentimentos eram tão confusos na cabeça e no coração de Fausto naquele momento que era possível denotar este turbilhão de emoções em seus olhos.
Ele permaneceria naquele estado de incedulidade por todo o dia, se ninguém o tirasse daquele "transe" diante do que seus olhos viam, porém, a luz daqueles olhos azuis se faz presente novamente. Eliza finalmente abre os olhos.
Hipnotizado, Fausto apenas permanece olhando-a, estagnado.
Ela sorri, levantando uma das mãos para ir em encontro com a mão dele. Estava completamente nua, uma vez que havia acabado de voltar à vida. Quando a ponta de seus dedos encosta nos dele, uma espécie energia passa por entre eles, como se um milhão de memórias viessem naquele momento para a mente dela.
Todos os momentos de dor que ele passou desde que achou o corpo dela sem vida. Todas as noites sem dormir para se aperfeiçoar na arte da Necromancia e com ela poder ressussitá-la um dia. Todas as lágrimas derramadas quando fracassava em uma nova tentativa de vencer a morte. Até mesmo lembranças do dia em que, num ato de desespero, pois a dor era imensa, ele rasgou a pele do próprio peito a bisturi com ódio de si mesmo por tê-la deixado sozinha enquanto ele atendia uma emergência naquela maldita noite.
Todas estas memórias, passaram, na mesma velocidade de um raio, para a mente dela, ao tocá-lo com as pontas dos dedos. E, como quem suspira profundamente antes de um mergulho, Eliza levanta-se, ficando sentada na cama olhando para ele.
"Eliza…"
É tudo o que ele tem tempo de dizer antes de vê-la desmaiar por causa de todas aquelas perturbadoras imagens em sua cabeça. Um desmaio rápido, pois logo ela reabre os olhos, e, já nos braços dele, sorri novamente.
"Nunca mais me deixe sozinha novamente, meine liebe…" É o que ela diz, com imensa ternura na voz, para, em seguida, abraça-lo com todas as forças.
O que poderia ser uma belíssima cena de um final-perfeito, era apenas o início.
O início de uma nova e surpreendente vida…
(Continua…)
- Notas -
1 – Olá ... Desculpem-me pela demora em postar o segundo capítulo da fanfic, mas eu tive problemas com o computador (eu me pergunto o que têm na cabeça aqueles desocupados que ficam criando vírus e trojans para invadir os PCs alheios…). Agora vou colocar o mais rápido possível o capítulo III on line. Espero que o capítulo II esteja à altura do primeiro, o qual recebu muitas críticas boas… Obrigada: )
2 – Bom, como já se pode notar, o trato que Fausto fez com Mephistopheles funcionou, e este último cumpriu a sua palavra, logo, ele vai querer a sua "recompensa" pelo trato, e é justamente aí que eu devo fazer uma ressalva quanto aos próximos capítulos : Cenas que podem ser classificadas como "Light Hentai" aparecerão, mas vou procurar fazer de uma maneira em que o absoluto alto nível permaneça para não comprometer o andamento da fanfic. Obrigada a todos que leram até aqui.
3 – Agradecimentos : Ao meu amor, Ismael (Mael Asakura .), que sempre me apoia em tudo!;à minha amiga Morgana (Mô de Áries), o Mú ainda vai casar com você!; às minhas primas Pâmela Wings e Priscila, quesão meus sacos-de-pancada; à galera do Asakura Clã que me mandou posts com boas críticas à fanfic ; à leitora Anna Kyouyama (que me chamou de "autora Sama", você também é ótima!… OBRIGADA: ))
(Luthy Lothlorien)
