Parte 01

Os raios de sol entravam pela janela do quarto, aquecendo o corpo do jovem na cama. Duo, que usava apenas uma cueca boxer para dormir, estava entrelaçado nos lençóis e abraçado ao travesseiro. Seus cabelos soltos espalhavam-se por toda a parte.

Quando a claridade finalmente atingiu seus olhos cerrados, espreguiçou-se felinamente, despertando. Seu corpo estava dolorido por ter montado a cama e desempacotado as roupas, objetos de higiene, utensílios de cozinha e comida. Ainda havia muitas outras caixas para serem abertas e centenas de coisas para serem organizadas, mas, pelo menos, o essencial estava pronto.

Duo rolou na cama e esticou o braço para pegar o despertador que estava no chão ao lado da cama. Abriu os olhos lentamente e...

"DROGA! EU TÔ ATRASADO!".

Duo pulou fora da cama e assim que seu pé tocou o chão, o restante do corpo o seguiu, pois os lençóis ainda se encontravam enroscados em suas pernas. Soltando-se, correu até o banheiro para tomar uma ducha rápida, escovar os dentes, trançar seu cabelo e atender o chamado da mãe natureza.

Saindo do banheiro, menos de dez minutos depois, com uma toalha amarrada na cintura, agradeceu aos céus por ter deixado seu uniforme separado no dia anterior. A última coisa que precisaria naquele momento era ter que procurá-lo entre as pilhas de roupas que estavam no chão.

Estava prestes a retirar a toalha para se vestir, quando passou os olhos pela janela e deu de cara com uma mulher o espiando, nada discretamente, de uma janela do prédio ao lado. Lembrou-se então que, por estar muito cansado, não pendurara as cortinas no quarto na noite anterior.

"Era só o que me faltava!".

Agarrou o uniforme com uma mão, segurou a toalha que estava já solta com a outra, e correu de volta para o banheiro. 'A primeira coisa que eu vou fazer quando chegar da faculdade, vai ser pendurar essas malditas cortinas!', pensou enquanto se vestia de qualquer jeito mesmo.

Saindo do banheiro, agarrou a mochila com uma troca de roupa e seus livros da faculdade e correu direto até a entrada do apartamento para calçar seus sapatos. Sua pressa era tanta que quase se esquecera de trancar a porta do apartamento ao sair.

Desceu as escadas, que por sorte eram poucas já que morava no 2º andar, correndo, passando pelo hall do prédio sem nem cumprimentar o porteiro. Já na beira da estrada, olhava freneticamente para os lados tentando encontrar algum táxi, mas parecia que justamente naquele momento todos haviam sumido. E, pra piorar, ao passar a mão sobre o bolso de sua calça, percebeu que havia esquecido de pegar sua carteira.

"O que foi que eu fiz pra merecer isso, Senhor?".

Correndo desesperadamente para dentro do prédio, subiu até seu apartamento e destrancou a porta com dificuldade, já que suas mãos tremiam. Foi até o quarto sem tirar os sapatos e agarrou a carteira que estava ao lado da cama. Em seguida saiu de seu apartamento, e prédio, a toda velocidade.

Após 5 minutos de espera na calçada, finalmente conseguiu um táxi. Felizmente o tráfego não era muito intenso naquele horário e em poucos minutos estava diante do edifício dos Preventers. Mesmo assim, estava irremediavelmente atrasado para seu 1º dia de trabalho.

Ajeitou seu uniforme para, pelo menos, parecer um pouco mais apresentável e adentrou o edifício, cumprimentando todos que encontrava no caminho. Mal havia atravessado o hall de entrada da base dos Preventers, quando ouviu uma voz firme vinda das caixas de som espalhadas pelo prédio.

"Sr. Duo Maxwell, apresente-se imediatamente na sala da Comandante Une. Repito, apresente-se imediatamente na sala da Comandante Une".

'Mas que ótimo...', pensou, suspirando ao imaginar o tamanho do sermão que levaria de sua nova chefe.

--oOo--

Duo passava os olhos cansados sobre uma das várias pastas empilhadas em sua mesa. O mundo parecia conspirar para que nada desse certo nesse primeiro dia de sua nova vida. Atrasara-se para o trabalho, levara uma bronca da comandante Une, e fora colocado para analisar documentos relacionados a um caso que os Preventers estavam investigando. 'E eu pensando que teria uma vida mais emocionante trabalhando pros Preventers. Huh... Doce ilusão!', pensou enquanto fazia anotações no canto de uma das páginas.

"Onde eu vou escrever isso? Duo Maxwell levando o trabalho a sério e calado? Que milagre aconteceu pra você não estar aprontando por aí?".

Duo virou-se para encarar a porta, de onde viera a voz conhecida. Já estava se perguntando quando o outro apareceria para fazer uma 'visitinha'.

"Awww, Wuffy! Você está preocupadinho comigo? Que meigo! Não me mima assim que eu me apaixono!", diz o rapaz de trança, dando uma piscadela para o chinês. Provocar o amigo sempre fora um de seus passa-tempos preferidos durante a guerra. 'Mais divertido que isso, só tentar fazer Heero Soldado Perfeito Yuy falar algo além de monossílabos e ameaças de morte'.

"MAXWELL! Quantas vezes eu tenho que repetir que meu nome é WUFEI! Não Wuffy, Wuffle ou Wu-bebê! WU-FEI!".

Duo riu diante a reação do irritadiço amigo. Era como nos velhos tempos. Mal podia acreditar que agora Wufei já era um homem casado e com uma filha, a pequena Meiran, que acabara de completar 5 meses.

O jovem de cabelos longos olhou pela janela de sua sala, permitindo-se mergulhar no mar de lembranças da época da guerra. Recordando as poucas memórias felizes que tinha dos dias em que os cinco pilotos haviam dividido os mesmos esconderijos. As tentativas frustradas de Quatre na cozinha, os sábios comentários de Trowa, as peças que pregara em Wufei e às vezes em que se escondera no hangar para poder observar Heero trabalhando em Wing. 'Ah, Heero. Em que parte do universo estará você se escondendo?'.

"Pensando nele?" A voz de Wufei o trás de volta ao presente. Estaria seu amigo chinês virando vidente agora? Ou seria ele que estava tornando-se um livro aberto para o outro?

"Quando foi que você aprendeu a ler mentes?", disse de forma brincalhona, tentando dispersar a sensação de melancolia que se apossou do ambiente.

"Não preciso ser nenhum adivinho pra saber que essa expressão triste no seu rosto está relacionada a 01. Pensei que já tivesse superado is...".

"E já superei! Mas eu ainda me pergunto que fim terá levado aquele pobre diabo. Ele foi criado para lutar na guerra... Deve ter ficado sem chão depois que a guerra acabou".

"Assim como ficamos Quatre, Trowa, você e eu! Ele foi embora por que quis, Duo. Não deve ter sido fácil pra ele, mas também não foi pra nós! Por que você insiste em se machucar pensando nele?".

Duo olhou para o relógio em seu pulso, fechou a pasta que estivera analisando antes da chegada de Wufei, e pegou sua mochila. "Bom... Nós dois sabemos que essa discussão não vai dar em nada, certo? Então, agora você vai me dar licencinha, porque meu expediente acabou de acabar e eu preciso me trocar pra ir pra faculdade!", disse o rapaz de trança, já dando a volta na mesa.

"Ai, por Deus, Duo! Você não tem jeito! Mas eu vou deixar você escapar... dessa vez. Isso porque eu não quero que você TAMBÉM se atrase para seu primeiro dia de aula!".

"Ih! Já andaram fofocando, é? Quem foi o dedo-duro que te contou que eu me atrasei pro serviço? Hein? Quem foi?".

"E eu lá tenho cara de quem fica ouvido fofoquinha alheia, Maxwell! Eu soube por que era EU quem deveria te mostrar tua sala. MAS como você NÃO apareceu, Une me mandou voltar para o meu serviço e mandou te chamar na sala dela assim que você pisou no prédio. E agora anda logo, porque eu me recuso a ser o responsável pelo seu atraso na faculdade!".

--oOo--

Duo deixou o prédio dos Preventers para dirigir-se a faculdade. Vestia agora uma calça jeans negra e uma camiseta preta justa com escritas vermelhas ao invés do uniforme de serviço. Com sua mochila pendurada sobre um dos ombros, iniciou a segunda caçada a um táxi daquele dia.

'Ai que saco! Eu esqueci de olhar os horários dos ônibus e agora vou ter que gastar dinheiro com táxi! Eu tô vendo que vou ter que arranjar um carro mais cedo do que imaginei...', pensou enquanto caçava. Aparentemente táxi era artigo de luxo naquela cidade.

Nesse momento um carro cinza de vidros escuros, último modelo, estaciona precisamente diante de Duo e a porta do passageiro se abre.

"Precisando de uma carona?".

Continua...


Notas da Autora: Terminei, terminei o cap. 01! Espero que tenha ficado bom! Agradecimentos GIGANTESCOS pra Litha-chan que está lendo e revisando a fic pra mim e pro Dangi que também tirou um tempinho pra ler e me dizer o que achou! PLEASE! Mandem comentários! Eu quero saber o que vocês estão achando!

Notinha da Revisora: Eu que agradeço a Iva por me deixar passar os zóios pela fic XD Humm... Quem será essa pessoa que está oferecendo carona ao Duo? Alias, onde Heero se meteu? Essas e outras questões nos próximos capítulos, então comentem e incentivem a Iva a escrever.