Extra Surpresa
O amor nos traz paz... Ele nos salva da escuridão. Ou nos transforma em monstros.
Luz da escuridão
Ela olhou para os lados, antes de atravessar a rua. Nenhum carro. Sinal verde! Ela sorriu consigo mesmo. Trazia nas mãos uma caixinha, dentro havia chocolates brancos e pretos. Mesmo que não fosse época, já havia passado o dia dos namorados. Entretanto, isso não importava nem um pouco. Para quem se ama, presentear o outro é um hobbye. Ou algo do gênero, por assim dizer. Atravessou. Fechou os olhos, ela estava muitíssimo feliz, só queria ver os lábios dele formarem um sorriso.
Choque, terror, sangue... Tontura. Foi o que sentiu e viu. Rolou pelo asfalto, uns dois metros de distância de onde estava. O breu tomou conta de tudo, e uma dor imensa a invadiu. Era para ser tudo perfeito, não era? Como ela tinha planejado... Como ela queria que fosse. Mas, não foi.
Ela abriu os olhos, sua cabeça estava pesada ardendo de dor, a cada movimento parecia que ia explodir. Olhou ao redor... Um hospital... Parecia que ela estava num quarto de hospital. Uma dor aguda no braço direito, ela olhou, ele estava engessado. Fechou os olhos mais uma vez.
-O que houve?-ela perguntou confusa, procurando em sua mente algum fragmento que respondesse tal pergunta. Mas, depois que atravessou a rua tudo tinha ficado negro.
-Você foi atropelada. -ela abriu os olhos, assustada, não pensou que teria respostas tão cedo.
-Atropelada?
-Sim. Ontem... Além de pequenos arranhões, você teve uma luxação no braço direito e precisamos enfaixar. Mas, calma, daqui a uma semana você tira. -o médico anotou alguma coisa em sua plaqueta. -Já vou te dar alta.
-Ah certo. -ela suspirou. No final, não havia conseguido entregar a caixa de bombons. -Então, eu estou aqui desde ontem, não é?
-Sim. -respondeu secamente o médico enquanto, continuava a anotar alguma coisa na plaqueta.
-E meus pais?
-Eles vieram, viram que estava tudo bem e foram embora. Disseram que existe um táxi lá fora te esperando. Eles já pagaram.
Era sempre assim... O carinho não existia. Era só ver se ainda estava vivo, e se estivesse... O resto que se dane. Os seus pais... Via os tão raramente que ás vezes, pensava que havia esquecido como eram as fisionomias deles. Como se um dia ela os encontrasse na rua, e não tivesse como reconhecê-los.
Já havia sonhado com isso... Enquanto, ela andava pela rua, eles vinham e a abraçavam e beijavam, sorriam. E ela perguntava:
-Quem são vocês?
-Tome. -o médico entregou um papel para ela, a tirando de seus pensamentos. -Daqui uma semana você voltar pra tirar o gesso. Já está liberada.
Ela pegou o papel. E antes, que pudesse fazer qualquer pergunta, o médico havia ido embora. Ela sorriu entristecida. Em cima de uma cadeira encontravam suas vestes. Levantou e começou a se despir... Sozinha. Sozinha como sempre.
Quando ela colocou os pés na calçada, o motorista do táxi aproximou-se:
-Senhorita Naoko?
-Sim.
-Seus pais me pagaram para lhe levar em casa.
-Eu já fui avisada. -lembrou-se daquele médico idiota. Nenhuma enfermeira havia aparecido para lhe ajudar a trocar de roupa. Naoko apostou que seria ordem de sua mãe. Sim, era sempre assim: Deixe que ela faça só, porque em casa não terá ninguém para ajudá-la.
De acordo com sua mãe, Naoko com dezesseis já era grande e saberia se virar com qualquer coisa. Até depois de ser atropelada por quem, só Cristo sabe, e ficar com arranhões e o braço engessado... Ela conseguiria se trocar perfeitamente.
-Ela é muito dura comigo. -ela murmurou após, entrar no veiculo.
-Disse alguma coisa?-perguntou o taxista enquanto, entrava no táxi.
-Não. -ela virou o rosto para o lado. E se deparou com um rosto a encarando. Berrou!
-O que houve, senhorita?-perguntou o taxista se virando. Ele olhou para o rapaz que encarava Naoko através do vidro. -Um instante. -e saiu do carro.
Antes, de o taxista tirar o rapaz da frente do carro. Naoko pode observar ele murmurar: me desculpe. Pelo menos, era isso o que ela pensou ter ouvido. Mas, por que ele estava se desculpando? Ela nem o conhecia.
O taxista entrou no carro. -Ele não vai nos incomodar mais. Vamos. -e deu partida com o táxi.
Naoko ainda se virou para ver se o rapaz estava observando o carro, mas, ele estava de costas indo embora.
Naoko chegou no outro dia na escola. Suas amigas vieram perguntar o que houve, e era verdade que ela tinha sido atropelada. Ela confirmou e contou o que lembrava, o que resumia em quase nada. A aula ocorreu naturalmente e no meio da tarde, ela se despediu das amigas. Ela não tinha como participar das aulas extras, hoje.
Quando chegou no portão da escola, lá estava ele. Sempre sorrindo. Aquele sorriso era divino para ela. Ela fazia tudo para vê-lo. Fora uma pena a caixinha de bombons ter sido esmagada e ela não poder entregar os bombons a ele.
-Você está bem? O que houve?
-Sim... Eu fui atropelada. -ela riu sem jeito.
-Mas, você está bem, não? -ele perguntou preocupado. Seus cabelos eram loiros, ele não era daqui. Ela sabia. Ele viera fazer intercâmbio e um dia ele voltaria para o lugar de origem. Mas, o que ela podia fazer se gostava tanto dele assim?
-Sim. -ela virou o rosto. Ela não queria que ele visse suas maçãs do rosto coradas.
Ele a segurou pelo queixo. -Vamos sair?
Certo... Sair. Ela nunca tinha saído com ele, nunca havia o visto além das portas da escola. Nunca mesmo. Sabia que deveria repousar esses dias, mas, quem sentiria sua falta em casa?
-Sim.
-Hey, menina! Você!
Ela olhou para ver quem a chamava. E a alguns metros lá estava aquele garoto, o que pediu desculpas.
-Desculpa, Eric. -ela foi falando. -Eu ainda tenho algumas coisas pra fazer aqui na escola. Tchau. -e sem esperar resposta entrou novamente.
Eric acenou um tchau e sem se dar conta de nada, ou fingir que não havia percebido nada, foi embora.
Naoko subiu para sua classe e ficou espiando o menino. As horas foram passando e ele continuou ali, na frente da escola, a esperando.
-Eu vou ficar aqui pra sempre. -olhou no relógio do pulso quase sete. Era melhor ir. Se seus pais chegassem antes dela, ela receberia uma boa bronca.
Já conseguia ouvir os berros de sua mãe:
Aposto que não estava na escola! É atropelada e não vem descansar? Você me decepciona, Naoko!
Era melhor enfrentar de vez... Mal pisou para fora dos portões da escola e o rapaz se aproximou.
-Você!
-Eu! -ela berrou.
-Desculpa! -ele ajoelhou, apoiando as mãos no chão.
-O quê?
-Desculpa! Você estava lá e eu não consegui parar e...
-Moço, do que você está falando?
-Você não lembra?
-Do que eu tenho que lembrar?
-Fui eu quem te atropelou!
Ela engoliu o seco. Aquele...Ele era o culpado! Ela não pode entregar os bombons graças a esse menino! A esse rapaz idiota!
-Perdão! Eu juro que não era minha intenção. Eu não consegui brecar e você apareceu do nada.
-Mas, o farol estava verde.
-Desculpa, eu sei... Se você quiser, pode me processar.
Processar? Não era para tanto.
-Levanta.
E ele obedeceu.
Ela olhou no relógio. O tempo estava curto não conseguiria chegar em casa a tempo. -Eu te desculpo. Mas, agora... O que eu faço? Se eu não chegar em casa logo meus pais vão brigar comigo.
-Bem, eu sei que parece ironia e que parecia besta. Mas, quer carona? No carro que atropelou você.
-Ah, serve! Com a carona eu te desculpo.
Ela sabia, era errado. Como aceitar carona de um desconhecido? Ela não podia. Mas, o que fazer? Era isso ou ela estaria encrencada.
-É aqui. -ela disse.
Ele parou o carro.
Ela abriu a porta. Mas, não saiu. -Então, obrigada. -como estava aliviada de nada estranho ter acontecido.
-Certo. Só uma coisa... Qual é o seu nome?
-Naoko Kimura.
-Bem, o meu é Akuma Takedo.
-Takedo... Bem, obrigada mais uma vez. -então, ela saiu.
Ele não falou nada. Ela entrou em casa, sorte, seus pais ainda não tinham chegado. Subiu correndo para seu quarto. Na sua mente, ainda gravado a cor dos olhos daquele rapaz. Akuma Takedo, um nome estranho. Ela não podia discutir.
Mas, aquela cor escura. Violeta. Quem sabe?
Ela sorriu. Era errado? Era errado pensar em alguém que acabou de conhecer?
Era! Idiota! Ela tinha o Eric. Ele, Eric, era a pessoa mais importante para ela... Até agora.
Os dias passaram. O menino dos olhos escuros não voltou na escola para vê-la e Eric não a convidou para sair. Mais uma vez colocou os pés no hospital para tirar o gesso. Finalmente, livre.
Em vez, de voltar direto para casa, ela resolveu passear pelo centro. Ela pensou que era uma boa idéia. Ajudaria a relaxar... Porém, nem sempre é certo, fazer o que achamos ser certo. Ela poderia passar sem essa.
Enquanto, caminhava, olhou para dentro de uma doçaria. Ela viu Eric e uma outra menina, da classe dele. Ela e ele não estavam na mesma classe, apesar de estarem no mesmo ano. Ela não ligou... Mas, então, ele colocou a mão sobre a da menina, acariciou o rosto dela com a outra mão.
Algo que ele nunca tinha feito com Naoko. Acariciar a face.
Então, ela fez algo que nunca pensou que poderia fazer. Entrou na doçaria. Sim. E caminhou até a mesa, onde os dois pombinhos riam e trocavam afeto.
-Eric! Que surpresa. -ela disse com ironia.
Ele afastou imediatamente a mão do rosto da menina. -Naoko, nossa... Eu não sabia que você andava por esses cantos.
-Vou te contar um segredo: eu não ando.
-Não é o que você está pensando.
-Eu nem quero saber no que estou pensando. Olha, Eric... Fique bem. -ela se sentiu covarde. Aquela vontade de fazer um escândalo, de mostrar que com ela não se brinca, havia sumido. Ela não tinha força para isso. Então, ela saiu correndo. Alguns até olharam... Mas, foram poucos. Não pareceu uma briga, no final. Toda aquela vontade de humilhá-lo na frente dos outros, como ela se sentia naquele instante havia sumido. Correr parecia a melhor forma de fazer a mente parar de trabalhar. Correr sem destino. Quem sabe ela chegasse em algum lugar onde pudesse ver o pôr-do-sol, onde pudesse sentir um abraço todos os dias. Um lugar...
Correndo entre aquelas pessoas desconhecidas, ela se sentia mais ainda perdia. As malditas lágrimas que existiam em seus olhos não escorriam de vez. Uma vontade de gritar nasceu em seu peito... Mas, não passou para boca, travou no meio da garganta.
Então, parou.
Alguém havia segurado o braço dela.
Ela olhou.
-Takedo. -ela sentiu as lágrimas escorrerem. -Me ajuda.
Foram as únicas palavras que ela conseguiu falar, antes, de começar a chorar como um bebê.
Sentados num banco de um parque para crianças. Ela olhando para o chão, não chorava mais. E ele olhando para ela, tentando achar respostas.
Ela começou a falar, na verdade, murmurar, começou falando de Eric e dele ter alguém além dela. E de como seus pais se importavam mais com o trabalho do que com ela, que era filha deles.
Ele ouviu, sem proferir nenhum som, apenas, confirmando com a cabeça. Então, ela virou o rosto e o encarou. -Desculpa.
Ele sorriu. -Que isso. Conte comigo.
Conte comigo. Ela sempre quis ouvir isso. Suas amigas na escola, eram na escola. Seus pais não lhe davam atenção e o cara que ela gostava, não gostava dela. Aliás, parecia que ele nem se importava com ela... Então, vinha um estranho e ouvia tudo o que ela sempre quis dizer a alguém e falava as duas palavras mágicas: conte comigo. Ela se segurou para não chorar mais uma vez.
Sem pensar, o abraçou com força. -Obrigada. -ela murmurou. E quando sentiu ele a abraçar de volta, quase morreu de felicidade.
Um lugar onde possa ser abraçada. Se um lugar significasse perto de Takedo, ela havia o achado. Ela havia achado esse lugar mágico. Quase impossível.
Em mais um ato inconseqüente, ela o encarou mais uma vez. E os olhos se encontraram. É um erro que isso aconteça. Pois, se os últimos raios do sol batem no seu rosto, se você e outro se encontram abraçados e ainda mais seus olhos estão trocando murmúrios sejam lá o que realmente digam, só há uma coisa que pode acontecer com essa cena.
Os lábios dela se encontraram com os dele. Era a primeira vez que ela sentia sua boca ser tocada por outra. Era a primeira vez que ela sentia o prazer que só um beijo pode proporcionar, e a felicidade que ele esconde através de um simples ato.
Akuma e Naoko foram se conhecendo... Aos poucos cada um descobrir o segredo do outro. Ele era um universitário que trabalhava nas horas vagas em um bar. Não possuía mais uma família que pudesse o sustentar e analisando os fatos, não possuía características para proporcionar uma boa vida a uma mulher. Ela era uma colegial, reprimida pelos pais, sonhadora. Tinha do bom e do melhor apesar, da solidão. Dizer que um romance como esses acontece sem problemas é pura mentira. Mas, dizer que eles conseguiram vencer os desafios é outra história.
Naoko precisou terminar a faculdade para eles poderem se casar. E ele esperou com tanta paciência que parece mentira ao contarmos. Os pais dela a vigiaram como nunca havia a vigiado. Como se finalmente, o medo de perder a filha tivesse nascido nos corações deles. E mesmo assim, no final, tudo deu certo.
O casamento ocorreu e foi da maneira mais singela possível. Mal havia passado um ano e ela recebeu a notícia: estava grávida.
Agora segurando o filho, a felicidade a dominava. Nove longos meses haviam passado e agora estava o resultado nos braços dela.
-Ele não é lindo? -perguntava Akuma. -Lindo. Lindo. -e ele mesmo respondia.
Naoko ria com gosto. Parecia um louco falando dessa maneira. Mas, amar aquele homem era tudo para ela. Era ele quem havia a tirado da escuridão. Ele era a luz do caminho dela.
-Querida, que nome vamos dar para o nosso homenzinho? -ele perguntou.
-Eu já sei. -ela riu. -O que acha de Naraku?
-Naraku?
-Eu sempre gostei desse nome. Naraku Akuma Takedo.
Ele riu. -Você quer?
-Sim.
Ele beijou a testa dela e acariciou a face do filho. -Então, que façamos a sua vontade.
-Eu te amo.
-Eu também.
Beijaram-se como antes. Era sempre assim, um único beijo era dado como se fosse o primeiro, cheio de ardor e sinceridade.
O tempo passou... Tudo parecia perfeito. Mas, a felicidade é curta, como dizem por aí.
-Posso brincar, posso?-ele perguntou todo entusiasmado, vendo as crianças do outro lado da rua brincando no parque, aquele mesmo parque que ela havia contado tudo o que queria contar e que ele havia ouvido sem falar. Onde se beijaram pela primeira vez.
-Claro. -respondeu Naoko sorrindo. -Só espere seu pai.
-Olha lá o papai. -ele disse apontando pro mesmo. O qual veio sorrindo, um sorriso que nunca saia do rosto. Um sorriso que Naoko amava ver. Mais do que um dia pensou que poderia amar ver um sorriso.
-Posso pai? -perguntou Naraku.
-Claro.
O menino respirou fundo e foi atravessar a rua, desatento, não viu o carro que estava vindo. Tudo havia sido rápido demais. Nem Naoko havia visto o carro. E as lembranças do dia que tinha sido atropelada voltaram para sua mente. Takedo gritou um não desesperador. Mesmo se ela quisesse fechar os olhos para não ver, ela não conseguiu, estava desesperada.
Takedo havia se jogado no lugar do filho. Uma lágrima rolou pelo rosto de Naoko. Ela gritou... Como se pudesse reverter a situação.
-Eu... Amo vocês. Garotão cuide da mãe. -ele falou. Ele não devia falar. Ele precisa ficar quieto. -Eu os quero bem, certo? Fiquem bem. Cuidem-se. -as palavras saiam roucas e forçadas.
No hospital... Aquele mesmo que a atendeu quando mais jovem. Mas, parecia que ele não teve a mesma força que ela teve... Traumatismo crânio. O pequeno Akuma queria ficar... Ela não conseguiu juntar forças para não deixá-lo no hospital. E no final, ele ficou. Ele ouviu quando anunciaram que não havia mais chances. Que seu pai havia morrido.
Então, o enterro. Lágrimas. Saudades. Desespero.
Então, ela começou a achar que o culpado era seu filho. Se ele não tivesse sido tão desatento. Se... Então, ela enlouqueceu. Começou a bater no menino como se fosse uma forma de trazer o marido de volta. Uma forma de ela poder ver aquele sorriso novamente. O pior é que a cada dia, o menino parecia mais e mais com o pai. Tudo piorava.
O desespero a domava... Até o dia que chegou a bater nele com a sandália de madeira. O pai de uma amiga do menino e o avô de outra haviam ajudado. Eles haviam libertado a sua criança da sua loucura. Finalmente, alguém forte havia surgido. Alguém para tirá-lo dela. Esse era seu desejo intimo... Fazê-lo ir embora. Ela não suportaria tê-lo por perto. Seu corpo agia com a mente enlouquecida e não com o coração, que gritava desesperadamente para ela parar. Parar.
Então, ela foi para aquele lugar... Onde as pessoas fingiam acreditar nela. E quando tinha crises, eles davam uma injeção. Aquele lugar que apesar do aspecto não a deixava feliz. Aquele lugar... Que ele, o seu filho, vinha visitá-la sempre. E sempre ela o atacava. Ela sabia que ele não era o culpado. No fundo sabia. Entretanto, ela agia com a mente e não com o coração. Até levar um choque.
O encontro na casa de Inuyasha havia a feito pensar. Pensar e pensar. E agora, no lugar do seu amado filho, vinha ela... A sua neta. Sim, uma neta. Ela nunca acreditou que conseguiria estar viva até nascer uma neta.
E agora, parecendo até ironia vinha ela, trazendo nos braços, um bisneto. Um bisneto! Ela mal pensou que poderia ver uma neta e agora já possuía um bisneto. Ela não merecia tudo isso. Ela tinha sido uma péssima mãe. Uma péssima avó e sabia que com certeza, seria uma péssima bisavó.
Parecia que tudo o que ela tocava virava pó. Tinha sido mais desprezível do que os seus pais fascinados pelo trabalho. Ela havia sido pior do que pensou que alguém poderia ser. E aquelas surras invadiam seu sonho. Não a faziam dormir.
Deitou sobre a cama e fechou os olhos. Dessa vez nenhum sonho ou pesadelo, apenas, uma paz a dominá-la... Uma luz...
Luz... A luz da escuridão era Takedo. Quanta saudade. Quanta saudade.
Sentiu alguém segurá-la pela mão.
-Takedo. -ela murmurou. Não podia acreditar. Havia reencontrado a sua luz.
Ele sorriu.
Ela sorriu. Sua pele não estava mais velha, seu rosto e mãos não estavam mais enrugados. Naquele instante ela estava como antes. Como da primeira vez que o encontrou.
Então, seus lábios se encontraram... Era bom matar a vontade. Felicidade era pura felicidade. Ela estava livre de tudo, de todas as correntes e de todos os pecados.
Kagome segurou com firmeza a mão de Inuyasha. Aos poucos a soltou. Depositou na frente do túmulo flores. Flores para seu avô, para sua mãe, para seu pequeno irmão... E agora para sua avó paterna.
-Descanse em paz. -murmurou. Sorriu.
Nenhuma lágrima escorreu naquele instante. Ela apenas voltou a segurar a mão de Inuyasha. E juntos foram fazendo o caminho de volta. Indo embora do cemitério, apesar da tristeza. Uma alegria. Ela estaria bem, onde estivesse.
Atrás deles, os raios de sol tocavam suas costas. Parecia um adeus, de alguma forma. E na frente, deles, já havia algumas estrelas no céu... Como se fosse o nascimento de esperança e felicidade.
Fim
Espero que tenham gostado. Muitos beijos! Comentem se quiserem.
Até a próxima
Beijos
