Título: Pedacinho do Céu
N/A: bem... acho que ficou meio incompleta a fic, ainda mais que eu esqueci de colocar 'fim' no final. Mas como pediram e houve pessoas que julgaram ser o primeiro capítulo, aqui está uma segunda parte da estória.
Dedicado a: Ana Paula, Polarres, Clara dos Anjos, Lils-Evans, Hermione Seixas, Sam Crane, Fabi, Lindsay Lestrange, milinha-potter, Lís, Érika, Dmi.gb, Amanda Poirot e Nah. Obrigada pelos reviews e espero que gostem desse extra. Bjs!
- Escuta, seu idiota, eu não vim aqui para perder tempo com você e sua crise de "o senhor absoluto" e "eu mando aqui e ponto final"! – Harry passou os dedos pelos cabelos, deixando-o ainda mais desalinhados.
O mesmo moreno de antes, com o mesmo gesto de passar os dedos pelo cabelo quando ficava nervoso. O mesmo olhar determinado de quem enfrenta tudo e todos sem pensar. Só estava mais alto, mais forte e mais insuportável. Draco concluiu.
- Então cai fora Potter! – enfrentou a fera de cabeça erguida e olhar determinado.
- Farei isso com prazer, se me devolver meu filho! – sinalizou ao garoto, com os olhos.
- Ele não merece um pai como você – enfatizou a palavra com repulsa.
- E você é perfeito por acaso? Oh! Poupe-me disso! – desdenhou.
Com essa discussão toda, Anny acordou e ergueu a cabeça do ombro de Malfoy, esfregando os olhinhos e bocejando. Quando voltou a olhar ao redor, avistou Harry, do outro lado do sofá.
- Papai! – sorriu de alegria. – Finalmente você chegou! Eu e o Draco brincamos bastante! Sabia que eu quebrei os enfeites dele, mas ele não brigou comigo? Eu estou adorando nossas férias! Quando podemos ir ver o mar? – e olhou ao loiro, sem dar chance de nenhum deles falar, tamanha empolgação. – Você já viu o mar? Eu vou ver pela primeira vez! Papai disse que é gostoso andar na beira do mar, com as ondinhas batendo nos pés! Você me leva pra ver o mar? A gente vai se divertir bastante não é?
Draco e Harry ficaram em silêncio, com o coração apertado. Estavam tão egoístas, brigando entre si, que nem se lembraram do motivo dessa discussão toda, que agora alterava o olhar do seu papai ao namorado do papai.
- Ahn... Filho... – Harry começou, um pouco perturbado com a alegria do menino com relação ao ex-sonserino arrogante. – Esse não é Nott...
- Eu sei, ele se chama Draco – Anny sorriu, mostrando que sabia falar o nome do loiro.
- Claro, ele é um Malfoy.
- Você está com Theodore Noot? – Malfoy burlou. – Haja gosto pra tudo!
- E você que namorou Terry Bolt? – Potter rebateu, com raiva.
- Papai... Vocês estão brigando? – Anny falou triste com os olhinhos começando a encher de lágrimas, narizinho ficando vermelho e os lábios tremendo, preste a chorar. – Eu não gosto que briguem...
- Não, não Anny! Não estamos brigando! – Harry se adiantou, dando a volta pelo sofá, mas para sua maior raiva, Draco se afastou, indo para a janela. Só conseguiu lançar um olhar de repreensão ao loiro.
- Estávamos discutindo e não brigando – Draco disse ao menino, de modo suave que até surpreendeu o moreno. – Sabe qual é a diferença de brigar e discutir?
- Não... – Anny balançou a cabeça, seu nariz voltando a coloração normal.
- Discutir é quando não nos entendemos e queremos chegar a um consenso, a um acordo, em algo que achamos certo, entende? – Anny fez que sim com a cabeça e Harry chegou a duvidar que o filho entendia algo de consenso e acordo.
- Igual quando eu quebrei seu enfeite e você não gostou, e pediu que eu tomasse cuidado e eu disse que sim?
- Mais ou menos isso... – Draco sorriu. – Brigar é quando duas pessoas se agridem, se xingam e não tentam achar nada certo.
Anny olhou ao seu pai. – O que acharam certo?
- Bem... – Harry se sentiu pego de calças curtas, pois nunca em sua vida chegou a um consenso com Malfoy. – Que em breve vamos ver o mar.
- Verdade? – Anny sorriu ao pai, depois à Draco. – Nós três?
Malfoy olhou para o ex-inimigo, que lhe encarava de maneira inquiridora ao que ousasse falar. Depois, voltou a olhar para Anny.
- Claro! Mas para isso temos que ir para minha casa à beira-mar... Não é Potter? – lançou-lhe um olhar igualmente inquiridor.
- Certamente, Malfoy – forçou um sorriso. – Veja estou até com as malas! – dizendo, atirou sua bagagem no chão e cruzou os braços, desafiadoramente.
Draco apenas manteve os olhos na mala do ex-grifinório, nem um pouco satisfeito, enquanto Anny abria ainda mais o sorriso.
Uma tosse interrompeu a discussão dos dois. Era Margarita.
- Licença cariño mio, o jantar está servido.
- Obrigado Margarita... – Draco indicou para Harry a porta que levava à sala de jantar.
- Cariño mio? – o moreno caçoou, ao passar do lado do loiro.
- Quieto, Potter... – sussurrou entre dentes, para maior sorriso do outro.
Sentaram-se à mesa, Anny ainda no colo de Malfoy, para desconforto de Potter. Era estranho ver o filho tão apegado a um desconhecido.
Enquanto comia, Harry não conseguia desviar os olhos de Anny, que abria a boca para Malfoy lhe dar a comida. O menino remexia o lenço que o loiro colocara em seu peito, como um babador.
- Que péssimo gosto Potter – Draco quebrou o silêncio.
Instintivamente Harry olhou às próprias roupas e passou os dedos pelo cabelo, tentando retirar os fios que caíam em seus olhos.
- Não digo de você, criatura patética! – se esclareceu, vendo a reação do outro. – Eu disse do seu filho...
Anny encostou a cabeça em seu peito erguendo a cabeça para vê-lo melhor. Quando teve os olhos prateados focados em si, sorriu docemente, recebendo em resposta um sorriso como o seu.
- Eu não o vestiria assim, eu confesso... – Harry encarou a comida em seu prato, um pouco envergonhado com sua reação ao comentário de Malfoy.
- Então?
- É que Nott quem disse que era para vesti-lo assim, quando fossemos viajar... – soou baixo, revirando a comida no prato.
- Típico! – retrucou num meio sorriso de desprezo. – Ele vivia querendo ser o "sargentão" da Sonserina...
Harry riu, com o comentário. – Eu pensei que quem era o "dono do pedaço" era você. – provocou.
- Não me compare com aquilo... Eu fazia os outros me adorarem, e não me desprezarem – retrucou com desagrado. – As pessoas faziam o que eu queria por vontade própria e não obrigados por ameaça.
- Claro, Draco Malfoy sempre irresistível – voltou a burlar.
Malfoy voltou a lançar um olhar estreitado a Potter, enquanto segurava o copo de suco, para que Anny bebesse com calma. O garotinho tomou até quando quis, depois mostrou a boquinha, para que limpasse.
- Agora podemos ir ver o mar? – Anny pediu esperançoso.
- Agora está muito tarde para viajar. Amanhã sairemos cedo e poderemos ver o mar, está bem?
- Está bem... – Anny lhe sorriu ainda mais.
- Então, por que não vai buscar o Teddy, pra vocês assistirem um pouco de televisão antes de ir pra cama?
Harry ficou observando seu filho concordar e deslizar do colo de Malfoy, para em seguida sumir pela porta. Assim que ficaram sozinhos, voltou a olhar raivoso para o loiro.
- Admiro a forma que trata meu filho, mas eu realmente não quero discutir com você. Assim que Anny entrar por aquela porta, irei pegá-lo e partiremos para nunca mais te ver. – disse decidido. – Eu prometi ir à praia com ele e farei isso!
- É mesmo? Eu também prometi leva-lo para conhecer o mar – soou tranqüilo, sem prestar atenção ao semblante contrariado do moreno. – E farei isso, se quiser pode vir conosco, caso contrário, vá se divertir com Nott.
Harry ficou ultrajado. – Até parece que Anny é filho teu!
Uma outra tosse interrompeu a discussão dos dois, dessa vez era o mordomo.
- Diga Giovanno.
- Creio que o senhor Potter dormirá aqui, então tomei a liberdade de pedir a Margarita para preparar um quarto.
- Potter não ficará-
- Obrigado Giovanno – Harry o corto, dando um sorriso gentil ao mordomo. – Poderia me mostrar onde irei dormir, com Anny?
- Potter! – Malfoy empurrou a porta do guarda-roupa. – Você não vai ficar aqui!
- Se Anny vai ficar aqui, eu também ficarei! Só não o tomo à força de você, coisa que pra mim é bem simples, porque não quero assustar o meu filho!
Dizendo, empurrou Malfoy da frente do guarda-roupa e passou a retirar suas roupas de dentro de sua bolsa, dispondo nos cabides.
Draco apertou os punhos, tentou argumentar, mas a persistência e o domínio de Potter o estava frustrando.
- Mais alguma coisa Malfoy? – perguntou com cinismo.
- Dane-se! – dizendo isso, saiu batendo a porta.
Quando ficou sozinho, Harry se deixou cair sentado na cama e ficou observando o quarto, o mesmo que outrora Anny estivera dormindo.
Malfoy não mudou em quase nada, praticamente o mesmo de sempre... O mesmo bom gosto pra tudo, os mesmos modos arrogantes e a mesma capacidade de tira-lo do sério.
- Como te procurei, seu bastardo! – murmurou consigo, dando um leve sorriso. Não foi por acaso que decidiu abrir um restaurante na Londres muggle, isso foi depois de alguns meses que soubera da sentença do Ministério. Ficara aliviado que não o condenaram passar a vida inteira em Azkaban, como a maioria dos comensais.
Seus olhos se perderam no passado, em quando ainda estudava e a guerra não havia tomado vapor.
- Harry, beba com a gente! – Dean o chamou, mostrando uma garrafa de cerveja amanteigada. Seria a última vez que o veria, assim como muitos dos alunos que ali se divertiam.
A música soava alta e o salão principal fumegava de corpos dançando.
Era a festa de despedida de Hogwarts, final de seu sétimo ano...
Olhou ao redor, sorria e estava feliz, assim como todos, ou melhor, assim como julgava que todos estivessem, mas viu que havia um, dentre a multidão, que não sorria.
Parou de andar, e ficou o olhando... Um tom rosado em suas bochechas dava mais cor a palidez de sempre, seus fios platinados caíam-lhe pelos olhos, encobrindo o azul, não mais prateados, mas acinzentados e perdidos em si mesmo.
Era nítido que Draco Malfoy estava bêbado, tão bêbado quanto Zabini e Parkson, a rodarem agarrados, esbarrando nas mesas e cadeiras, tentando dançarem. E mesmo estando bêbado, ele não conseguia rir... Era um Malfoy bem diferente do que sempre via, em todos os anos, em todas as festas.
- Não está se divertindo Malfoy? – quando dera por si, já estava ao seu lado, gritando perto de seu ouvido, para que pudesse escuta-lo entre a música.
Um sorriso escarninho brincou nos lábios avermelhados e molhados de firewisk. – Eu sempre me divirto, Potter...
- Hoje não está parecendo – retrucou, talvez querendo provocar, ou querendo que saísse desse estado de melancolia ao qual estava imerso.
Malfoy lançou-lhe um longo, intenso e indecifrável olhar, que pareceu-lhe ter durado horas. O acinzentado opaco de seus olhos turvos pela bebida se tornando o prateado brilhante, de outrora.
- Não podemos ir contra nossos destinos não é? – ele deixou escapar por fim, numa risada quase insana, porém, nitidamente forçada. – Você irá para a beira da morte e eu, para o lado inimigo!
A mão pálida e trêmula ergueu o copo contendo firewisk. – Brindemos, Harry! Pela sua guerra inevitável e pela minha vida, que acaba hoje! E quando nos encontrarmos novamente, eu estarei do outro lado, e não haverá mais nada que possa me trazer de volta... Harry... É como tinta negra que cai sobre papel branco... Apenas um milagre, me fará viver novamente...
Ficou perdido naquelas palavras e na gota que escapou do canto dos olhos prateados e deslizou lentamente pelo rosto corado e quente.
Sentiu seu coração falhar naquele momento, e quando o sonserino se desencostou da parede, encurtando a pouca distância que os separava e ficando um pouco nas pontas dos pés, pois era centímetros mais baixo, o beijou nos lábios.
Um beijo fugaz...
Durou menos que um suspiro, mas sentiu o sabor da bebida e o gosto salgado da lágrima, trazidos pela maciez daqueles lábios. Seu coração voltou a bater, dessa vez com pressa e fúria dentro do peito.
Quando se dera conta, Malfoy já havia se afastado, andando graciosamente até o centro do salão e em meio aos corpos que se contorciam no ritmo da música, passou a se mover como uma serpente sedutora, mostrando que o que fazia era perfeito e incomparável, digno de apreciação.
Nunca mais conseguiu odiá-lo...
- Senhor Potter?
Harry piscou confuso, trazido de volta à realidade. Olhou à governanta, que esperava na porta.
- Entre, Margarita... – sorriu, passando os dedos pelo cabelo, de modo um pouco nervoso, pelas recordações.
A velha entrou e se postou frente ao moreno, tomando suas mãos de modo carinhoso. Harry ficou um pouco assustado com esse gesto, mas permitiu que continuasse.
- Tuo bambino é um amore... – ela começou. – Faz bem ao cariño mio, que no es muito sorridente, ahn?
- Sim... Eu percebi isso... – tentou não se emocionar, devido às recordações e o que acabava de ouvir da mulher.
- No leve bambino embora! – pediu.
- Acredite Margarita... Não quero tirar essa felicidade de Malfoy...
A mulher o olhou bem dentro de seus olhos, como para se garantir disso, depois com um largo sorriso, se afastou até a porta. – Vá a sala de descanso, térreo primeira porta a direita perto da escada - com isso, fechou a porta.
Harry sorriu, tomou um banho rápido e trocou de roupa, colocando algo mais confortável. Calça jeans desbotada e camiseta verde de algodão. Assim que se vestiu, deixou o quarto e seguiu para a sala indicada pela governanta. Encostou ao batente da porta e ficou olhando as duas figuras que comiam pipoca doce e assistiam a um filme infantil.
Anny estava ao colo de Malfoy, usava um pijama de ursinhos, certamente arranjadas por Margarita, suas duas mãozinhas dentro da travessa de pipoca enquanto abria a boca para que o loiro desse pra ele comer.
- Essa pipoca é a maior de todas! – Draco mostrou ao menino.
- Então é minha! – Anny abriu a boca bem grande.
- Oh! Socorro! – fez a pipoca falar, enquanto caía dentro da boquinha do garoto, que ria muito, enquanto mastigava sem piedade.
- Sumiu! – ele mostrou, depois de engolir tudo.
- E você não deu nenhuma pro Teddy? – o ex-sonserino perguntou.
Anny olhou pensativo ao urso, que estava sentado ao lado de Draco, também assistindo ao filme.
- Não... – ele balançou a cabeça – Papai disse que Teddy não pode comer doce, porque ele não come direito e vem formiga.
- É verdade... Então, o que faremos com a parte do Teddy?
- Vamos guardar pro papai! – Anny se decidiu, com um largo sorriso. – Papai também gosta de pipoca doce.
- Certo, vamos guardar pro seu papai então... – o loiro concordou.
Nisso, Harry se aproximou do sofá e deslizou para o outro lado de Malfoy. – Eu ouvi falarem de mim?
- Papai! – Anny sorriu ainda mais. – Guardamos pipoca pra você.
- Hum... Que bom! – abriu a boca, pro seu filho lhe dar.
Anny pegou um pouco de pipoca e colocou na boca do seu pai, depois abriu a boca para que Draco lhe desse.
- Vocês são muito folgados! – o ex-sonserino brincou.
- Não seja por isso – Harry pegou pipoca e colocou em sua boca, antes que começasse a resmungar – Eu dou pra você.
Malfoy, com a boca cheia de pipoca, só conseguiu lhe lançar um olhar estreito.
Anny começou a rir, olhando os dois. – Não estão mais brigando!
- Não... Não estamos mais brigando nem discutindo... – Harry esfregou a cabeça do filho.
Passaram quase uma hora, assistindo o filme e se divertindo com Anny. O menino os fazendo se aturarem e conviverem sem nenhum comentário maldoso, ou contradições, que sempre tiveram.
Harry se endireitou no sofá, olhando ao garoto que dormia confortavelmente ao corpo de Malfoy. Apanhou Teddy e suspirou cansado. Foi um longo dia.
- Acho melhor coloca-lo na cama – avisou, um pouco duvidoso em falar com Malfoy. Realmente não queria voltar a discutir com ele.
Draco passou os dedos pelo contorno da bochecha de Anny, para depois carrega-lo com cuidado e se levantar do sofá. Não disse uma palavra até o quarto de hóspedes. Colocou o garoto na cama e o olhou mais uma vez, antes de se dirigir a Harry, que o observava parado perto da cama, com o urso nos braços.
- Boa noite Potter...
- Boa noite... Malfoy...
Antes de fechar a porta, o loiro voltou a olha-lo. – Amanhã vocês podem ir e... Sinto pelo que aconteceu, é que...
- Está tudo bem... Me alegra saber que gosta tanto de Anny... – sorriu um pouco e sacudiu o urso. – E do Teddy também.
Draco não resistiu e sorriu também. – Claro, o Teddy também...
Olhos verdes observavam ao rostinho adormecido. Não estava com sono e queria matar a saudade do filho, depois de quase tê-lo perdido.
Anny estava encostado em seu corpo, abraçado ao Teddy, seu único brinquedo que nunca se separava. Olhou às horas, quase uma da manhã, logo o filho acordaria para ir ao banheiro e beber um pouco de leite, como todas as noites.
Mais alguns minutos até que Anny se moveu, abrindo os olhos sonolentos e o buscando pela cama. Quando o encontrou, se agarrou em seu corpo, esquecendo-se de Teddy.
- Quer ir ao banheiro? – Harry sussurrou-lhe, com carinho.
Anny fez que sim. Esperou que o pai o carregasse, já que estava ainda meio dormindo, e o levasse ao banheiro. Depois de fazer xixi, que Harry o ajudava a se despir e a se vestir novamente, lavou as mãos e aguardou que o pai as enxugasse.
Era hora do leite agora.
Carregando Anny, Harry deixou o quarto e procurou a cozinha, não sendo muito difícil de acha-la. Abriu a geladeira, pegando um pouco de leite e o servindo num copo. Usou sua magia para dar uma temperatura ambiente, e não gelada ao leite, antes de dar a Anny. Ficou segurando o copo até que bebesse tudo.
Satisfeito, o menino se abraçou ao seu pescoço, esperando retornarem ao quarto. Enquanto Harry subia a escada, ouviu o filho falar baixinho em seu ouvido.
- Eu gosto do seu namorado, papai...
- É mesmo? – sorriu um pouco.
- Ele vai morar com a gente?
- Por que pergunta isso? – Harry parou no meio do corredor.
- Porque tio Rem disse que talvez ele ia morar com a gente... – se explicou.
- Remus... Remus... – anotou mentalmente essa conversa, para depois ter uma boa conversa com ele.
- Eu queria que o Draco morasse com a gente – Anny pensou em voz alta. – Por que eu gosto muito dele. Ele vai ser meu papai também? Tio Rem disse que quando o namorado do papai fosse morar com a gente, ele seria meu papai também. Eu posso chamar o Draco de papai? Podemos dormir com ele? Ele disse que se eu quisesse eu podia dormir com ele hoje. Você também vai dormir com ele? Podemos levar o Teddy? O Teddy tem medo do escuro e não gosta de ficar sozinho.
- Anny... Está indo rápido demais – Harry riu. – Não consigo acompanhar suas perguntas!
- Pega o Teddy pra mim papai?
- Claro, Anny... Você quer dormir com o Draco?
Anny fez que sim com a cabeça. Harry o deixou no chão e foi buscar Teddy, quando voltou, entregou o urso ao filho, que abraçou feliz da vida.
Caminharam pelo corredor, procurando o quarto do ex-sonserino. Um revolver em seu estômago fazia Harry ficar um pouco tenso.
Ao empurrar de uma porta, notou os fios platinados que se destacava entre os travesseiros, iluminados pela claridade da lua, vinda da janela, assim como braços pálidos estavam caídos sobre o lençol.
Com cuidado, Harry carregou Anny e entrou no quarto, se aproximando da cama. Ao lançar mais um olhar para o homem que ali dormia, notou o chispar prateado de um par de olhos.
- Desculpe... Mas Anny queria dormir com você e achei que ia gostar que ele dormisse do seu lado... – tentou não se constranger.
Draco deslizou o corpo pela cama, abrindo espaço para que Harry colocasse o menino ao seu lado.
Anny se engatinhou todo sorridente até onde o loiro estava deitado e se acomodou encostado em seu corpo.
Harry apenas sorriu, vendo os dois juntos, sobre a cama.
- Vem papai – Anny chamou.
- Ahn... Bem... Acho que-
- Está com medo ou com vergonha? – Malfoy provocou, com um sorriso de sarcasmo. – Ainda continua o mesmo tímido de antes?
Harry estreitou os olhos. – Já que insiste...
Deu a volta pela cama e se deitou do outro lado de Malfoy, deixando o loiro no meio. Se cobriu e se encostou às costas do ex-sonserino, sentindo como ele era quente e estava tenso, sob o lençol. Mesmo assim, aproveitou para passar um braço ao redor da cintura do loiro e o deixar submisso em seu abraço.
Aos poucos, Draco foi cedendo ao corpo do moreno, até relaxar completamente e se acomodar em seu peito, trazendo Anny para mais perto e o abraçando igual que estava sendo abraçado.
Na manhã seguinte, Draco foi acordado por vários beijos de Anny, que montara sobre si e o atacava sem piedade. Harry também estava acordado, mas continuava deitado a seu lado, o abraçado.
Sorriu pela forma como começou o dia. Uma forma bem diferente do que sempre havia sido. Bem mais acolhedora, carinhosa e especial, e fez questão de retribuir da mesma maneira, abraçando e beijando o pequeno menino sorridente e com pique total para brincar e aprontar muito.
Uma batida na porta chamou sua atenção.
- Sim?
- É Margarita, vim buscar bambino pra que... Fiquem sós... – ela engasgou um pouco. – Tomar café da manhã.
- Anny, eu quero que obedeça tia Margarita e não esquece do Teddy – Harry consentiu.
- Ta bem... – o menino abraçou seu urso e com a ajuda de Draco, desceu da cama e foi direto para a porta.
Margarita abriu-lhe a porta, já que não alcançava a maçaneta e a fechou assim que saiu do quarto, o levando para a cozinha.
Ficaram um pouco em silêncio, até que tomando iniciativa, Harry depositou um casto beijo ao ombro desnudo de Malfoy.
O loiro se arrepiou.
- Olha pra mim, Draco... – pediu.
Draco obedeceu, girando o corpo até que seus olhos se encontraram.
O mesmo olhar esverdeado que vira no último dia em Hogwarts... O mesmo olhar esverdeado que vira em meio à guerra...
Harry inclinou-se sobre esse loiro, que há muito tempo negava, buscando esquecimento nos outros, mas nunca conseguindo de fato se esquecer... E foi maravilhosamente aceito...
O sol brilhava imponente. As ondas batiam nos rochedos ao longe e a areia era encoberta por espumas, sumindo os rastros de pegadas.
Anny, segurado nas mãos de Draco e Harry sorria como nunca, maravilhado com a imensidão do mar e o barulho das ondas. Ria mais alto, quando eles o suspendiam para que saltasse as pequenas ondas que encobriam seus pés descalços. Era uma sensação única e inesquecível, tanto para o menino, como para o loiro e o moreno.
Malfoy usava uma calça de um fino algodão e uma camisa aberta, mostrando seu peito e seu abdômen, conforme o vento açoitava sua roupa branca. As barras da calça estavam dobradas para que não molhasse com a água que corria rasteira pela areia.
Potter usava apenas uma bermuda jeans desfiada, o corpo bronzeado a destacar ainda mais, pelos músculos de seu corpo. Apenas seu cabelo negro era impiedosamente castigado pelo vento.
Anny por sua vez estava peladinho e saltitante na areia da praia. Ansioso do jeito que estava, quando chegaram à praia deserta, numa ilha perto da costa da Nova Zelândia, onde Malfoy herdara uma mansão à beira-mar de sua tia avó, descendentes dos Black, o garoto apenas deixou Harry lhe passar o protetor solar e já correu em direção à água, sendo escoltado pelo namorado do papai.
- Uma concha! – o pequeno apontou com o dedo, fascinado.
Soltando-se das mãos dos dois, correu em direção a ela, depois a outra e a outra, que encontrava espalhados, trazidas pelo mar.
- Não vá muito longe Anny! – Harry avisou, mantendo o passo lento e preguiçoso, assim como Malfoy.
- Vou fazer um castelo aqui! – o menino sorriu, se sentando metade dentro da água.
- Desse jeito não tem como construir nada – Draco riu, o carregando e o colocando longe das ondas, em local seco e lhe entregando um baldinho e pá de plástico, para que começasse seu trabalho, à sombra de um coqueiro encurvado.
Harry que trazia Teddy, o colocou ao lado de Anny, para que brincassem juntos.
O menino ficou distraído, brincando, enquanto Draco observava a imensidão de azul que os rodeava, tanto do mar, como do céu. Sorriu ao ser abraçado pelas costas e sentiu a respiração do moreno a lhe tocar o pescoço.
- Margarita tinha razão... – comentou timidamente.
- Em quê?
- Anny é uma Graça de Deus, que me mostrou que posso ter um pedacinho do céu, em meu coração...
Olhou sobre o ombro, aos olhos esverdeados e se inclinou para trás, puxando a nuca de Harry com uma das mãos e selando seus lábios, tão inebriante como da primeira vez, mas dessa, lenta e demoradamente, com a certeza de que não se separariam...
O clima, porém, durou menos do que imaginaram, ao serem interrompidos por um balde de água fria, literalmente.
Anny ria muito, com seu balde nas mãos e pingando água, vendo como os dois ficaram molhados e assustados.
- Agora eu tenho dois papai! – falou orgulhoso.
- Anny! – Draco passava os dedos pelo cabelo.
- Danadinho! – Harry riu, passando a correr atrás do filho, logo sendo ajudado pelo loiro.
Fim
N/A: bem, fica aqui mais esse extra, acho que agora é o fim mesmo. Pra quem for comentar e não é cadastrado, deixe email para que eu possa responder. Bjs!
Nota 2: Ok, Lís, eu realmente fui muito cruel com o Teddy, então, retirei a parte que eu maltrato o coitadinho, Anny também não gostou nada do que eu fiz com seu urso de pelúcia. Obrigada pela review, bjs!
