Capitulo 3:

Termino: 02/05/06

I – Revelações – Uma Noite sem Fim.

Pela 25ª vez ele suspirou, não agüentava mais um daqueles empresários lhe falando de bolsa de valores e capitalismo, já estava se irritando, queria ficar ao lado de Tétis, mas um minuto que desprendera os olhos dela, ela sumira e Sorento, ainda estava em frente à mesa de bebidas querendo usar o Clímax Sem Fim para tirar aquela Sra da frente dele. Correu os olhos pelo salão, não a encontrando e parte alguma.

-Sinto Srs, mas preciso falar com meu assessor agora, com licença; ele falou, os empresários assentiram, enquanto ele se afastava. –Finalmente; ele resmungou.

-o-o-o-o-

Tétis e Armand caminhavam com calma pelo salão, indo até um balcão próximo a eles. A vista do local dava para o mar. Apesar do barulho de dentro do salão ela conseguia ouvir perfeitamente o som das águas chocando-se contra os paredões de pedra, isso lhe transmitia paz. A lua cheia no alto refletia-se prateada sobre as águas escuras.

Tétis se aproximou da guarda do balcão, observando com atenção a vista que tinha. Armand observou-a durante alguns segundos, aproximou-se por trás da mesmas, parando a alguns milímetros de si, deixando que sua mão repousa-se de forma displicente sobre seu ombro, enquanto a outra fora apoiar-se em sua cintura.

-Se me pedisse o mar, lhe daria até a ultima gota do oceano; ele falou, num sussurro confidencial. –Se me pedisse por uma única vida, iria ao inferno buscá-la somente para agradar-lhe; a voz soou como um sussurro melodioso entoado por sirenes, deixando-lhe entorpecida. –Se desejasse tocar a lua, dar-lhe-ia os céus como um tributo a sua beleza... Basta apenas que deseje isso; ele falou, tocando-lhe a face com suavidade, puxando-a delicadamente pelo queixo.

Ambas as faces estavam próximas, as respirações se confundiam. Tétis perdera completamente o senso de espaço e tempo, ficando entregue entre seus braços que agora jaziam enlaçados em sua cintura. Armand aproximou-se com vagar, deixando que seus lábios roçassem nos dela de maneira provocante, tentadora. Aproximou a boca de seu ouvido, sussurrando-lhe.

-Se me pedisse, faria até mesmo os deuses curvarem-se diante de ti; ele completou.

Tétis sentiu um leve tremor, simplesmente no conseguia resistir, mas de alguma forma, sentia-se tentada a descobrir se todas aquelas propostas eram realmente reais. Em todas as viagens que fizera, de todas as pessoas que conhecera, nunca vira alguém assim, que causasse esse efeito sobre si, nem mesmo o ex-imperador era capaz de tal feito.

O que era diferente agora? Porque aquele homem singular e atraente lhe chamava tanto a atenção? Tinha impressão de conhecê-lo, porem aos poucos tais pensamentos eram obliterados de sua mente, ao senti-lo aproximar-se de seus lábios, até afastar-se bruscamente, ao ouvir uma voz lhe trazer de volta a razão.

-Cof! Cof! Cof! –alguém falou, fingindo uma tosse seca. –Espero não estar atrapalhando nada; Jullian falou sarcástico, parando encostado no batente da porta do balcão, embora seus orbes estivam nublados de pura ira ao reconhecer o distinto que estava flertando com a sereia.

-Uhn! –Tétis murmurou piscando confusa, dando-se conta da situação que se encontrava. –Imagina, não interrompeu nada; ela falou afastando-se do homem, sem notar o olhar envenenado que os dois trocavam. –Foi um prazer conhecê-lo Armand, agora com licença, Sorento esta me esperando; ela falou saindo rapidamente dali.

-Armand? –Jullian falou arqueando a sobrancelha.

-Jullian? –ele respondeu no mesmo tom.

-Não deveria estar no Olimpo? –Posseidon perguntou num tom de irritação carregado em sua voz.

-Não, as coisas andam pacatas de mais por lá; ele respondeu, encostando-se na guarda do balcão e cruzando os braços de maneira impertinente. –E você?

-Eu o que? –ele perguntou desconfiado.

-Continua o mesmo idiota de sempre; ele falou com um sorriso debochado e um brilho de vitória em seu olhar, chegara perto, se ele não atrapalhasse teria conseguido o que queria.

-E você esta me irritando; Posseidon rebateu alterando o tom de voz. –Já lhe falei pra não se aproximar dela, se quer alguém pra amante, procure em outro lugar, não vou permitir que você fique brincando com os sentimentos de Tétis só porque esta passando por uma crise conjugal com a Hera; ele completou ferino.

-Hei! Nós não estamos em crise; ele falou exasperado.

-Sei, essa é aquela parte que eu finjo que acredito em você? –ele perguntou sarcástico.

-Não abuse Posseidon, é meu irmão, mas nada me impede de mandá-lo para o Tártaro; Zeus falou perigosamente, desencostando-se da guarda.

-Então tente; Jullian o desafiou, desencostando do batente da porta. –Não tenho medo de você; ele completou, queimando seu cosmo de maneira perigosa e impulsiva.

-Não agora; Zeus falou com um sorriso triunfal maior que o anterior. –Você já tem problemas suficientes pra resolver em apenas uma noite; ele completou com um sorriso jocoso nos lábios, desaparecendo em seguida.

Jullian sentiu o sangue gelar, voltou-se pra trás encontrando Tétis com um olhar espantado pra si e Sorento lhe observando como se dissesse que não pudera impedi-la de se aproximar.

-Tétis; ele chamou num sussurro fraco.

A jovem apenas deu um passo para trás, ante de sair correndo dali; Sorento a observou se afastar antes de caminhar até ele.

-Ainda dá tempo de concertar algumas coisas, mas é melhor que seja rápido; ele completou passando por ele, Jullian assentiu, antes de sair correndo.

II – Tempestade.

O tempo mudara radicalmente semelhante a seu humor tempestuoso agora. As nuvens fecharam-se no céu, anunciando que uma tempestade logo viria, porém ela não se importava, só queria simplesmente sair dali.

Corria pela praia, pouco se importando com o que poderia encontrar pelo caminho. Sentia os pés vez ou outra afundarem na areia, os cabelos agora estavam soltos, esvoaçando com o vento. Seria facilmente confundida com uma miragem se seus orbes vagos não transmitissem apenas tristeza e dor por uma mentira.

-"Porque não foi capaz de confiar em mim e me contar que sempre soube de tudo?"; ela se perguntou, deixando as lagrimas banharem-lhe a face. –"Me fez achar todo esse tempo que não se lembrava, não lembrava de nada, enquanto sempre soube de tudo";

Não muito longe de onde estava, pode avistar uma plataforma. Ela ia da areia até uns dez metros até o mar. Estava úmida. Graças a algumas ondas que se arrebentavam ente os corais que compunham as paredes laterais da plataforma.

Tétis caminhou com os pés descalços sobre a plataforma, sentando-se quase na ponta. Onde jazia um único poste de luz aceso, era a única coisa a iluminar aquela noite escura e para si sombria.

Sentia frio, mas não queria sair dali. Pela primeira vez em muito tempo sentia-se sozinha, desamparada. Fitou o negrume do mar. Tão tentador.

-O que pensa que esta fazendo, Tétis? –uma voz soou de dentro de sua mente, chamando-lhe a atenção.

-QUEM É VOCÊ? –ela gritou.

-Não respondeu a minha pergunta, acha que fugir de um problema é a melhor forma de resolvê-lo? – a voz continuou, embora suave e pacifica, soava imponente, sentia um cosmo cálido lhe abraçando.

-Não agüento mais; ela respondeu num soluço.

-Você é forte, pode resolver isso sem apelar para algo tão imaturo; ela continuou.

-Não posso; ela afirmou.

-Quanta covardia. Pensei que fosse mais corajosa e soubesse enfrentar seus problemas sem se importar com os obstáculos;a voz falou, debochada.

-VÁ PARA O INFERNO; ela gritou como resposta.

-Eu já fui; voz falou rindo suavemente. –É por isso que você se lembra, vamos Tétis, faça um esforço, sabe quem sou;

-Uh! - Tétis murmurou confusa, agora tudo fazia sentido, reconhecia a voz e o cosmo, como não se dera conta disso antes. –Aishi; ela falou.

-Vejo que sua memória está boa, mas se quiser pode me chamar de Harmonia também, não faz muita diferença; ela respondeu. –Então, não acha que esta na hora de deixar o comodismo de lado e fazer a diferença?

-O que quer dizer com isso?

-Só lhe salvei porque você desejava viver, o quanto pode você lutou, se você simplesmente tivesse desistido, não seria eu a ir contra esse desejo; ela respondeu.

-...;

-Você é forte, vai saber resolver isso, sem precisar fugir;

-Não sei, ele... As coisas são tão difíceis; ela falou com um suspiro triste.

-Bem vinda ao mundo real. A vida é assim, cheia de improváveis e inevitáveis, situações das quais temos de aprender a lidar com o tempo e criar as nossas próprias oportunidades;ela completou.

-Tem razão; ela murmurou, ficando mais animada.

-Em algum momento você teve alguma duvida disso; ela brincou.

-Vejo que orgulho é mal de família; Tétis falou com um meio sorriso.

-Espere pra conhecer a minha mãe, assim você vai saber o que é a encarnação do orgulho; ela respondeu, rindo. Mas agora você tem mais com o que se preocupar;

-Mas...;

-Já lhe dei as respostas, agora a forma de usá-las é com você;

-Obrigada;

-Não há porque agradecer, se algum dia for a Atenas, me procure pra conversarmos;

-Pode deixar;

-Adeus; a voz soou como um sussurro longínquo.

Tétis sorriu, realmente precisava daquilo, levantou-se com calma pra não escorregar. Começou a fazer o caminho de volta. Viu ao longe algo que lhe fez prender a respiração. Com certa dificuldade conseguiu distinguir a imagem do ex-imperador correndo na praia em sua direção. Continuou caminhando, faltava pouco para descer da plataforma, quando o viu surgir de forma inesperada a sua frente.

-Tétis; Jullian chamou, ofegante devido à corrida. –Precisamos conversar, por favor; ele pediu.

-...; A amazona assentiu, voltando-se uma ultima vez para o mar antes de ir. Mas arregalou os olhos ao ver uma onda gigante se formar por causa da maresia, não teriam tempo de sair dali sem serem pegos por ela. Deu um passo para trás, sentindo o corpo ficar tenso ao chocar-se contra o ex-imperador.

-Vai ficar tudo bem, apenas feche os olhos; Jullian falou, sussurrando-lhe ao pé do ouvindo, quando a virou em sua direção, abraçando-lhe ternamente.

Seriam atingidos pela onda, porém o impacto nunca veio. Tétis sentiu o cosmo dele se elevar, tão quente e acolhedor que acabou por aconchegar-se mais entre seus braços. O quanto desejara aquilo. Só os deuses sabiam.

Simplesmente não sabia quanto tempo ficaram assim, Jullian mantinha a jovem entre seus braços de maneira possessiva, deixando que seus dedos corressem com suavidade pelas melenas douradas.

-Olhe; ele falou com suavidade, afastando-se parcialmente dela, vendo-a abrir os olhos com cautela. Tétis ficou atônita com o que viu.

Sobre suas cabeças agora jazia uma cúpula dourada, que impedia que a água lá fora entrasse ali e os atingisse, a onda havia se chocado contra uma barreira indo perder-se na areia sem atingi-los.

Puxou-a com calma até a ponta da plataforma, para que não corressem o risco de escorregarem, a cúpula ia desaparecendo aos poucos. Tétis simplesmente não sabia o que dizer quando aquilo.

-Zeus estava certo; Jullian começou, sério. –Nunca deveria ter lhe escondido nada; ele falou com pesar, dando um suspiro cansado, como era difícil ter que admitir aquilo.

Tétis estranhou a forma que ele falava, nunca o ouvira falar assim, parecia que por muito tempo andara pensando qual a melhor forma de lhe contar, quando lembrou-se do que acontecera antes de saírem, agora entendera o que ele tinha de tão importante pra contar quando foram interrompidos.

A amazona prendeu instintivamente a respiração, ao senti-lo puxar-lhe para mais perto de si, prendendo-a novamente entre seus braços protetoramente, emanando uma energia quente e reconfortante e porque não dizer meio possessiva.

-A cerca de um ano e meio recebi a visita de Zeus; ele começou, sentindo-a aconchegar-se entre seus braços.

-Quem? –ela perguntou arqueando parcialmente a sobrancelha.

-Aquele idiota que você conheceu hoje como Armand; ele respondeu, sem esconder seu desagrado quando aquilo.

-Não é possível, só se ele fosse um...; Ele assentiu. –Você não ta realmente querendo que eu acredite que ele é o Zeus, o único idiota da mitologia a ficar colecionado amante por ai, esta? –Tétis perguntou indignada, afastando-se parcialmente, para fitar-lhe nos olhos.

-"Bom saber disso"; Julian pensou dando um meio sorriso. –Estou, e muito me admira que você não tenha percebido;

-Bem; ela falou constrangida, ao abaixar a cabeça. Agora entendia porque tivera aquela reação na presença dele.

Já ouvira as lendas sobre as artimanhas usadas pelo Sr do Olimpo para conquistar as jovens que lhe agradavam e que por sinal, tais lendas só a faziam ao longo dos anos repudiar esse tipo de homem, porém quase cairá nessa sem que ele fizesse um pingo de esforço.

-Não se preocupe, aquilo é típico daquele idiota; ele falou em tom consolador, como se lesse seus pensamentos.

-Mas...;

-Não fique assim, não vale a pena; Jullian falou, afagando-lhe as melenas. –Vamos esquecer isso;

-...; Ela assentiu.

Então ele lhe explicou de forma resumida, como Harmonia invocara o conselho dos deuses e pediu pela vida de todos aqueles que pereceram em meio às batalhas por culpa de alguma divindades. Isso significava todos os cavaleiros, com apenas uma exceção. O cavaleiro de Coma Berenises que escolhera por livre e espontânea vontade tornar-se o lacre dos titãs aprisionados nas profundezas do Etna.

Explicou-lhe o porque de algumas guerras, o fato de sempre perder as batalhas contra Athena e a necessidade dos mortais evoluírem diante da pressão que isso exercia, porém a forma com que Hades lidava com isso. Cruel e fria, que não tinha nada adicionar a humanidade, fora os impactos ambientais que isso provocava.

Não pode omitir a parte em que a mesma apagara-lhe a memória após a sereia ter lhe salvado a vida e como Harmonia perdera sua imortalidade, até que seu cosmo se estabilizasse algumas das memórias que ela havia apagado voltaram, com isso, a sua também voltou.

-Entendo; ela murmurou.

-Então, é tudo isso que aconteceu; ele falou, dando um suspiro aliviado.

-Então, porque não me contou antes? –ela perguntou com a voz triste e um olhar de decepção.

-Eu queria, mas pensei que fosse me odiar por isso; ele falou abaixando a cabeça;

-Como?

-Tudo isso aconteceu por causa da minha leviandade, imaturidade e egoísmo. Muitas pessoas sofreram com isso, inclusive você quase morreu. Enquanto eu ficava com a consciência limpa sem lembrar de nada;

-Mas poderia ter falado, lidaríamos com isso juntos, de que adianta esconder? –ela perguntou, deixando que uma lagrima caísse de seus olhos.

-Eu... Infelizmente não posso mais mudar isso; ele respondeu, abraçando-a fortemente, como se temesse que aquilo não duraria por muito tempo.

-Mas pode fazer a diferença numa segunda vez a voz de Harmonia ecoou em sua mente.

-O que? –ele perguntou confuso.

-Isso mesmo, acha que Tétis arriscou a própria vida à toa para te salvar? Se ela soubesse que você é um idiota que tem medo de enfrentar os próprios demônios, juraria que ela preferiria deixá-lo se afogar; a voz continuou.

-Hei! –ele respondeu indignado.

-Como Posseidon ou não, você tem a sua segunda chance, esta vivo, agora é hora de fazer o certo, isso se realmente desejar; ela continuou.

-É claro que quero;

-Então esta esperando o que pra começar a agir, vai deixá-la virar o novo troféuzinho do vovô?

-Harmonia? –ele perguntou só agora se dando conta de quem realmente era.

-Não gênio. O papa, não sabia, ele também tem cosmo e ta conversado com você lá do Vaticano; Aishi falou irônica. Mas é claro que sou eu. Agora deixa de ser lerdo e se acerta logo com a Tétis, porque se eu tiver de ir até ai, eu te afogo e não duvide disso; ela completou perigosamente.

-Ta certo; ele respondeu sorrindo internamente. Agora sai da minha mente, isso é invasão de privacidade;

-Puff; ele a ouviu resmungar mais alguma coisa que ele não entendeu. -Até mais;

-Obrigado; ele respondeu.

-Jullian; Tétis chamou, vendo-o com um olhar vago, para a mar.

-Uh! –ele murmurou piscando.

-Porque você quer ir até Atenas? –ela perguntou hesitante.

-Porque eu queria saber a versão de Harmonia sobre tudo que aconteceu, quando Zeus me falou que Eris queria matá-la, na época eu não tinha condições de fazer nada, por isso não duvidei que algumas coisas que Zeus me contou fossem mentira; Jullian explicou. –Por isso pretendia ir a Atenas falar com ela; ele concluiu.

-Entendo; ela murmurou, ainda achando que faltava alguma coisa.

-"Fora algumas coisas que tenho pendentes e que não posso esperar uma próxima vida pra resolver"; ele pensou, omitindo-lhe esse fato.

-E agora? –ela perguntou, lhe fitando com apreensão.

-O que?

-Vai voltar a ser oficialmente Posseidon ou continuara como Jullian? –ela perguntou hesitante.

Jullian fitou-a intensamente, sabia o que ela queria dizer com isso, mas essa pergunta não era tão difícil de responder. Afinal, Jullian e Posseidon sempre tiveram uma coisa em comum. O amor pela mesma sereia.

-Serei aquele que você desejar que eu seja; ele respondeu, tocando-lhe com suavidade a face, vendo-a aos poucos enrubescer.

-Porque eu? –ela perguntou com a voz tremula, inconscientemente fechando os olhos.

-Porque em toda a eternidade, você sempre foi à pessoa mais importante pra mim; ele respondeu, roçando-lhe os lábios de maneira delicada.

Sentiu-o tocar seus lábios com suave. Numa caricia inocente de movimentos singelos e ritmados. Permitindo-se aproximar-se mais, Tétis enlaçou-o pelo pescoço, deixando que uma das mãos fossem prender-se entre os fios azulados. Enlaçando-a pela cintura, ambos os corpos ficaram colados e de maneira quase urgente, aquele beijo se intensificava.

Com uma mão livre, deixou que a mesma corressem pelas costas esguias sentindo-a estremecer sobre seu toque. Deixou que os dedos prendessem-se de forma delicada entre os fios dourados.

Separaram-se ofegantes. Jullian abriu os olhos encontrando-a com os orbes serrados e a respiração descompassada. Depositando um ultimo beijo em seus lábios, antes de puxá-la para um abraço.

-Então? O que quer que eu seja? –ele perguntou num sussurro enrouquecido.

-Não preciso de Deuses Gregos quando tenho você; ela respondeu, tocando a face do ex-imperador com carinho.

Jullian encostou a testa sobre a dela, fechando os olhos e dando um suspiro.

-Obrigado; ele falou por fim.

-Pelo que? –ela perguntou confusa.

-Por estar comigo; ele respondeu.

III – Epílogo.

Era estranha a habilidade que algumas pessoas tinham de simplesmente agir com naturalidade. Tétis caminhava pelo aeroporto, era capaz de ouvir o barulho do salto do próprio sapato chocando-se contra o piso frio e as rodinhas da mala marcando o caminho que já percorrera.

Estavam agora em Roma, precisamente no aeroporto Leonardo Da Vinci rumo a Atenas.

Por mais que gostasse dele ainda havia algumas assuntos inacabados, o que acabou por erguer uma parede de gelo entre eles na ultima semana. Queria ignorar, até tentara ignorar, mas algo lhe falou mais alto ao vê-lo escrever uma carta endereçada a fundação Graad que obviamente seria redirecionada ao santuário.

Perguntou a Sorento se ele sabia de algo, mas esse negou, fazendo-a ponderar por diversas vezes se havia escolhido o caminho certo.

-Srta, as passagens já estão liberadas; a atendente do balcão lhe avisou, assim que ela lhe entregou os documentos necessários para retirar as passagens que haviam comprado por telefone no dia anterior.

-Obrigada; ela respondeu pegando-as e saindo da fila.

Não sabia ao certo o que essa viagem lhe reservava, mas agora não tinha mais como evitar. Ao longe avistou Sorento com um olhar vago, sentando em um banco próximo ao portão de embarque.

Respirou fundo, ergueu a cabeça e andou na direção aos dois, agora a ultima parada seria Atenas e sabe-se lá o que as Deusas do Destino queriam ao fazê-los irem para lá.

#Fim#