Capítulo 7 – Bilhetinhos & Discussões

Com o barulho de alguém entrando correndo no quarto, Ana acabou acordando. Ao abrir os olhos, viu Lílian se jogando em sua cama chorando sem parar. Belle acabou acordando também e acendeu o abajur.

- Lily! Se acalma, o que houve? – perguntou Ana toda preocupada.

- A conversa com o Tiago não foi boa? O que ele te falou? – perguntou Belle num tom interessado.

- ELE ESTAVA COM OUTRA! – berrou Lily entre soluços.

- O QUE? EU NÃO POSSO ACREDITAR NISSO! – exclamou Belle.

- Eu não consigo acreditar até agora. Foi horrível... ele entrando no salão com aquela garota nos braços... ele me olhando com desprezo...! Com o que eu estava na cabeça para ficar até altas horas esperando o imbecil do Potter? – falou Lílian.

- Mas ele não tinha como adivinhar que você ia estar esperando por ele, Lílian! Ele não apareceu com a tal garota lá de propósito. – partiu Ana em defesa do Tiago.

- Isso só prova uma coisa: o Potter não está nem aí para mim, e nem nunca esteve.

- E por que você chegou a essa conclusão? – perguntou Belle.

- Não é óbvio? Se ele gostasse mesmo de mim como sempre disse, não estaria saindo com outra! – disse Lílian revoltada.

- Será que você não percebe Lily? Ele só está saindo com outra para tentar te esquecer! Todo mundo tem um limite, e você estourou o dele lhe dando aquele tapa. Ele cansou de ser escorraçado por você e agora vai tentar seguir em frente, partir para outra. – falou Ana. – Mas como você gosta dele e sabe que errou, deveria ir pedir desculpas de uma vez!

- Eu não gosto dele e não vou fazer nada disso! Ainda mais depois da cena que fui obrigada a presenciar a alguns minutos atrás!

- Muito bem então Senhora Orgulho, faça o que quiser! Só espero que quando você for perceber que está cometendo um grande erro, não seja tarde demais. Boa noite para as duas. – disse Ana voltando a se deitar.

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- Caramba Pontas! Não acredito que ela viu vocês dois... o pior é que eu falei para ela ir dormir, mas a cabeça-dura me ouviu? Não! – exclamou Sirius.

- Vocês tinham que ter visto a carinha dela... deu vontade de expulsar a Alex de lá e correr para abraçá-la. – disse Tiago um pouco triste.

- Ei, quem é Alex? – perguntou Pedro sem entender nada, como sempre.

- Ai Rabicho, como você é lerdo! Alex é a garota que estava com o Pontas quando ele encontrou com a Lílian no salão comunal agora a pouco. – explicou Sirius.

- Ahhhh tá!

- A Lily deve estar arrasada agora. Ela ficou horas te esperando, para depois ter que te ver chegando com outra... – falou Remo.

- Aluado, não precisa me deixar pior do que já estou! – reclamou Tiago. – Mas olha só: se a Lílian vive dizendo que me odeia, não tem porque ela ficar triste, não é mesmo?

- É. Mas todos nós sabemos, inclusive você, que a Lily fala isso da boca para fora. A gente sabe que no fundo ela não te odeia. – disse Remo.

- Quem mandou ela me dar aquele tapa? Agora agüenta. – falou Tiago começando a se irritar. – Vou dormir, boa noite.

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No dia seguinte as meninas acordaram antes dos marotos e, a pedido de Lílian, foram tomar café da manhã sem esperá-los.

Passados uns 15 minutos, os meninos já se aproximavam delas. Após cumprimentarem as garotas, eles se sentaram e começaram a comer também. Logo as corujas entravam no salão principal e, para surpresa de Tiago, chegou uma carta para ele. O envelope era igual ao último que recebera. Apesar de não ter comentado com ninguém, tinha ficado muito curioso sobre quem tinha lhe mandado aquele poema. Ao pegar o novo envelope, teve a esperança de conter algum tipo de pista sobre o autor nele, e logo o abriu.

Eu Te Quero E Você Nem Sabe

Eu te quero para sempre

Eu te quero de um jeito diferente

Eu te quero em todo lugar

Eu te quero até só para olhar

Eu te quero agora

Eu te quero a toda hora

Eu te quero mais que tudo

Eu te quero com um desejo absurdo

Eu te quero por inteiro

Eu te quero de qualquer jeito

Eu te quero para beijar

Eu te quero para amar

Eu te quero e vou te esperar.

Tiago o releu várias vezes, mas não conseguiu chegar nem perto de um provável autor. Ou melhor: autora.

- O que tem aí? Outro poema? – perguntou Sirius.

Tiago confirmou com a cabeça, guardou o poema e saiu de perto dos amigos. Tudo o que ele desejava era que fosse Lílian a autora daqueles poemas, mas ele sabia que não era ela. "Quem pode ser então?" - pensou ele, entrando na sala de aula ainda vazia.

Um pouco depois, a aula de Feitiços estava começando. Lílian foi obrigada a sentar logo atrás de Tiago, pois quando ela chegou na sala aquela era a única mesa que sobrara.

Ao longo da aula, Lílian observava Tiago de rabo-de-olho. Depois de um tempo, ela percebeu que o maroto, pela primeira na vida, anotava alguma coisa na aula. Mas não parecia ser uma anotação para estudos... o maroto não demonstrava a menor atenção pela aula. Ele escrevia calmamente em seu pergaminho, como se pensasse muito antes de adicionar alguma palavra nele. Por vezes, rabiscava algumas palavras e escrevia outras por cima.

Ana, por sua vez, estava ficando muito furiosa ao reparar os sorrisinhos que Susan lançava ao seu namorado. Mal sabia ela que um garoto a observava atentamente.

- Ai! – exclamou Ana. Um papel amassado tinha acabado de bater na sua cabeça. – O que é isso?

- Não sei, abra e leia. – falou Lílian enfim tirando sua atenção de Tiago.

- Ok.

- E aí, o que está escrito?

- "Se eu fosse você, abria o olho." – leu Ana.

- Do que essa pessoa está falando?

- Do Sirius e da Susan, só pode ser.

- Quem foi o imbecil que te mandou esse bilhetinho ridículo?

- Eu. – falou um garoto sentado logo atrás delas.

- Aaron? Você está louco? – disse Ana.

Aaron era um Grifinório encantador. É claro que sua beleza não chegava nem perto a de Tiago e Sirius, mas ele tinha o seu charme. Era um menino muito popular por sua gentileza e doçura que, acompanhadas por seu lindo sorriso, o fizeram se tornar quase um príncipe encantado para as garotas de Hogwarts. Mas Aaron não era de ficar com qualquer uma, muito pelo contrário: raramente o viam "galinhando" por aí. Aaron só ficava com quem ele realmente gostava, o que levava mais ainda as meninas ao delírio.

- Não Aninha, só quero que você abra os olhos. Não quero de jeito nenhum te ver sofrer. – disse o menino.

Logo após isso, o sinal indicando o fim da aula tocou. Enquanto Aaron foi saindo da sala conversando com Ana, Tiago guardou o pergaminho em que escrevia dentro de um livro e se levantou. Ao sair da sala, esbarrou com um garoto da Corvinal, fazendo seu livro cair no chão. Quando o pegou de volta, o pergaminho que estava dentro dele caiu. Mas Tiago não reparou e continuou a andar.

- Tiago! TIAGO! – gritou Lílian.

Como o maroto ainda estava com o plano de dar um gelo em Lílian na cabeça, resolveu continuar andando e não responder a menina.

A ruiva então se abaixou e pegou o pergaminho. Ela estava muito curiosa em relação ao conteúdo dele, mais no início relutou em abrí-lo.

"Eu não posso fazer isso, não é meu! Mas pensando bem... quem mandou ele me ignorar? É isso, vou abrir!"

Mal sabia ela que depois de lê-lo, ia se arrepender profundamente de ter pensado assim.

Eu tentei,

Te falei que gostava você,

Mas você fingiu nem perceber.

Mesmo assim fiquei a te esperar,

Mas você parecia nem ligar.

Fui caindo aos poucos,

Me afogando em choro.

Quando eu já estava quase no fim,

Parei e pensei: eu não quero isso para mim.

Tentei me reerguer

Como se nunca tivesse conhecido você.

Já pensei em desistir, mas sei que vou conseguir.

No começo parecia impossível,

Admito que foi muito difícil.

Aliás, está sendo até agora

Porque para mim, você ainda importa.

Quando te vejo meu coração dispara

E eu não enxergo mais nada.

Vai demorar,

Mais sei que um dia, de você não vou mais lembrar.

Ao ler aquilo, os olhos da ruiva se encheram quase que automaticamente de água. Lílian sabia que aquilo era em relação a ela.

I never felt

-- Eu nunca senti --

The feeling that I'm feeling

-- O sentimento que eu estou sentindo --

Now that I don't hear your voice

-- Agora que eu não ouço mais a sua voz --

Or have your touch and kiss your lips

-- Nem sinto o seu toque, nem o beijo dos seus lábios --

Sem que ela pudesse escolher, um flashback de todos os momentos que eles haviam passados juntos começou a surgir em sua mente: todas as vezes que ela gritou com ele... Todos os elogios que ele lhe fez e ouviu vários desaforos em troca...

I need you, need you back in my life baby

-- Eu preciso de você, preciso de você de volta em minha vida baby --

A vez em que ele a ajudou com o relatório imenso de Transfiguração... O momento maravilhoso em que eles se beijaram...

I should have held on tight

-- Eu deveria ter te agarrado --

I never should have let you go

-- Eu nunca deveria ter deixado você ir --

O tapa que ela lhe dera em seguida...

I didn't know nothing

-- Eu não sabia nada --

I was stupid, I was foolish

-- Eu fui estúpida, eu fui tola --

I was lying to myself

-- Eu estava mentindo pra mim mesma --

E, finalmente, a hora em que ela viu outra menina agarrada aos seus braços.

When you left I lost a part of me

-- Quando você se foi, eu perdi uma parte de mim --

It's still so hard to believe

-- Ainda é tão difícil acreditar --

Come back baby, please /b

-- Volte baby, por favor --

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Depois de um tempo parada no meio corredor, uma sonserina passou por Lílian e lhe deu um esbarrão.

- Ops! Sinto muito Sangue–Ruim.

Lílian levou um susto e deixou todos os seus livros caírem no chão. A ruiva olhou de cara feia para a menina e se abaixou para recolhê-los. Quando ela foi pegar o de Poções, a sonserina colocou o pé em cima do livro.

- Tire o pé. – falou Lílian encarando-a com muita raiva.

- Quem você acha que é para me dar ordens, sua cabeça de fósforo?

Ana, que até o momento conversava com Aaron, viu o que estava acontecendo e foi ajudar a amiga.

- Essa magrela está te incomodando, Lil? – disse Ana com firmeza.

Ao ver que Narcisa estava com o pé no livro de Lílian, Ana empurrou a sonserina, exclamando:

- Tire esse pé imundo do livro dela!

- Imunda é essa Sangue–Ruim idiota, não eu! – berrou Narcisa.

Ana se descontrolou com essa ofensa e acertou um tapa muito bem dado no rosto de Narcisa, que por sua vez se desequilibrou e caiu para trás.

- O que você pensa que está fazendo com a minha irmã? – Bellatriz chegara gritando.

- Estou dando o que essa caveira ambulante merece. – disse Ana séria.

- Não fale assim dela, sua corna mansa. – disse Bellatriz com ar de superior.

- O QUE? DO QUE VOCE ESTÁ FALANDO? – Ana ficara visivelmente transtornada com as duas últimas palavras de Bellatriz.

- Hahaha! – riu a sonserina com muita frieza: havia descoberto o ponto fraco da inimiga. – Só você que não percebe o caso do meu priminho com aquela loira da Corvinal... ou será que percebe mas finge não perceber?

Nessa hora Ana deu um soco bem no olho de Bellatriz. Quando a sonserina caiu no chão, Ana pulou em cima dela e começou a esbofeteá-la, transbordando de ódio.

Narcisa, que já se levantara, tentou lançar um feitiço em Ana para ajudar a irmã, mas Lílian a impediu:

- Estupefa...

- Impedimenta! – gritou a ruiva. – NÃO OUSE FAZER COISA ALGUMA COM A MINHA AMIGA SUA LACRAIA!

Lílian sabia que o seu dever de monitora-chefe era apartar a briga, ma ela não conseguiu ter tamanho sangue frio. Narcisa a ofendeu e Bellatriz pegou propositalmente no ponto fraco de sua melhor amiga.

- ANA! – veio gritando Aaron. – Solte-a! Assim você vai matá-la!

- É EXATAMENTE ISSO QUE QUERO! – berrou Ana socando com cada vez mais raiva Bellatriz. – VOU ARREBENTAR ESSA DESGRAÇADA!

- SOLTE A MINHA IRMÃ SUA LOUCA! – gritou Narcisa, indo em direção a Ana.

Mas Lílian não deixou: puxou Narcisa para trás pelos cabelos e a jogou contra parede. Botou o dedo na cara da garota e ameaçou:

- Tente machucá-la e faço você perder todos os seus dentes!

- CHEGA ANINHA, POR FAVOR! SE ALGUM PROFESSOR PASSAR POR AQUI VOCÊ CORRE RISCO DE SER ATÉ EXPULSA! – falou Aaron usando todas as suas forças para tirar Ana de cima da Bellatriz.

- Já está bom Aninha, chega por hoje. Elas não vão se meter a besta com a gente de novo, – falou Lílian olhando feio para as sonserinas. – vamos embora daqui.

- Isso é o que você pensa! Vai ter troco, garota! Pode esperar! – falou Narcisa.

- LEVICORPUS! – exclamou Lílian, no que Narcisa subiu instantaneamente.

Ana, Lílian e Aaron saíram então dali e foram para outro corredor, mas com eles levaram muitos olhares surpresos e assustados. Afinal, quem imaginaria que Lílian fosse azarar alguém, ou que Ana soubesse socar tão bem?

Ao chegarem na aula de Defesa Contra Artes das Trevas, a notícia já se espalhara e o murmúrio foi geral: todos olhavam e cochichavam. Sirius, que até então estava de costas para a porta, virou para trás e os viu. Imediatamente se levantou e foi ao encontro da namorada.

- Aninha! – disse o maroto abraçando-a. – Eu fiquei sabendo do que aconteceu! Sinto muito por você ter sido obrigada a ouvir aquelas barbaridades da Bellatriz. Mas... Ana... – Sirius agora media cada palavra. – Você sabe que não é verdade! Não sabe?

Ana abraçou o maroto muito forte e começou a chorar. Ela estava nervosa, com vergonha e insegura.

- Sirius, se afasta daquela garota, por favor! Eu não quero nunca mais ter que ouvir aquilo de novo! – pediu a menina.

- Tudo bem Aninha. Qualquer coisa para te ver feliz.

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N/A: Sinto muito, sei que demorei pra caramba nessa atualização, mas é que tão pouca gente comentou que fiquei até desanimada! Mesmo assim, muito obrigada para quem deixou a opinião aqui! Os dois "poemas" foram escritos por mim, então não liguem para o alto grau de mediocridade deles!

Música usada nesse capítulo: We Belong Together, Mariah Carey

O capítulo 8 já está pronto, será "Me desculpa?", então é só deixarem alguns comentáriozinhos que eu posto, ok?

Estou começando uma nova fic, o nome é "Eternamente Apaixonados", T/L e Os Marotos lógico, quem quiser dar uma passada para conferir ficarei muito grata!

Beijos a todos