Capítulo 3: O final do dia.

Lithos POV

- Dorme bem, tá? - ele diz me dando um beijo na testa e fazendo festa nos meus cabelos.

Numa cena dessas ainda me sinto como uma criança perto do Mestre Aioria.

- Hmmm... - digo enquanto meu "irmãozão" fecha a porta.

Não está muito frio, mas a coberta parece pouca. Hoje mesmo cheguei e aconteceram tantas coisas. Reencontrei o pessoal do Santuário totalmente mudado. Conheci o "velho" Dohko (e até agora não entendo porque chamam ele assim), Aioros, o falecido irmão do mestre. Aioros quando me conheceu, disse, "ora, se é irmãzinha do meu irmão também é minha irmã!". Me surpreendi quando Aioria me contou que ele era seu irmão mais velho e não mais novo, como parecia. Reencontrei Aldebaran e nós conversamos bastante à noite Aldebaran sempre foi um grande amigo. Também me surpreendi bastante com Máscara da Morte. Para mim, ele sempre foi um cavaleiro rude, muito mal educado e metido à besta. Nunca pensei que fosse virar um homem tão bonito e até simpático.

Athena não estava. Aioria me contou que ela mora no Japão e talvez viesse por esses dias. Ainda não pude conhecê-la. Quando fui mandada para o colégio interno, estava tudo muito confuso. Aioria, nunca me explicou direito porque de me mandar para o colégio interno, ele sempre dizia que eu não podia ficar aqui, que tinha que ter uma boa educação e tudo o mais, mas ele parecia bem preocupado ao dizer isso.

Me despedi e fui para o colégio com uma tristeza imensa. Afinal eu sairia da minha terra e de perto de pessoas importantes para mim. Na verdade, devo confessar, eu tinha uma paixonite adolescente por Aioria. E quando ele me mandou para fora do Santuário, meu coração se partiu. Foi a pior coisa que ele poderia ter feito.

Mas não consegui esquecer Leão. Sempre nos correspondíamos e ele era tão carinhoso nas cartas. Então essa paixonite, como eu pensava, não foi esquecida. Aquelas cartas e presentes, ao contrário, só a aumentavam.

Voltei, cheia de esperança. Mas hoje... o que eu descubro? Aioria e Sra. Marin estão noivos! Zeus! Como eu não pensei nisso antes? Encontro um homem lindo no aeroporto e ainda acho que ele está disponível!

Aioria me vê como irmã... Como eu poderia pensar em outra coisa? Ainda devo ter uns doze, treze anos para ele. A Marin é tão linda...

Me lembro quando ela me salvou. É uma mulher de fibra, muito forte e responsável. Me senti até um pouco idiota perto dela. Além disso, ela é linda. Se eu tivesse metade da beleza dela estava satisfeita.... Só que eu não tenho.

Aquelas palavras ditas ainda à pouco durante o jantar, ainda machucam o meu coração. Não tive nem reação diante delas, só forcei um sorriso e um parabéns que sinto eu, saiu em um tom pesaroso.

Levanto da cama, não consigo dormir, e ficar rolando de um lado para o outro não vai me ajudar a pegar no sono. Fico pensando em como pude alimentar tantas ilusões a respeito dele, sempre foi tão claro o seu amor de irmão. Me sinto uma estúpida, deveria ter notado que ele amava Marin desde aquele dia... Ou pelo menos começara a amá-la ali, no dia em que ela nos salvou...

Caminho um pouco pelo quarto espaçoso, com móveis antigos e com alguns detalhes femininos que Sr. Garan colocou logo depois que Aioria me trouxe para cá. A noite está serena lá fora, dá para ter uma visão bem ampla do céu pela janela imensa do quarto.

Sento-me de frente ao espelho, e fito o meu reflexo olho no olho.

- Por que heim Lithos? Me responda, por que? – digo baixinho indagando a mim mesma.

Estou no auge do delírio, só pode ser isso. Pergunto a mim mesma, qual o por que dessa paixonite adolescente, não sou mais uma menina... Nem deveria estar sofrendo tanto, é meu irmão, tenho de me acostumar com essa idéia de qualquer maneira, mesmo querendo que ele visse em mim, não a irmãzinha brincalhona, mas a mulher que me tornei.

Só que do fundo do meu coração, a única coisa que desejo é que ele seja feliz, muito feliz. E se ele estiver bem, eu vou estar bem... Marin conseguiu mudar tantas coisas nele, tempos atrás ele não sorria tanto, era triste, sofria muito com tudo que acontecera a seu irmão... Era triste e sozinho, não se envolvia com ninguém, não queria amizade com nenhum outro cavaleiro, apenas trocava uma ou outra palavra com Aldebaran e se tornou amigo de Mu quando este concertou sua armadura.

Hoje eu pude notar claramente o quanto tudo isso havia mudado, Aioria brinca com todos, até mesmo com Máscara da Morte. Enquanto íamos os três até a casa de Aioros, pude notar toda essa mudança em seu comportamento. E também notei outra coisa, notei o quanto ele e Marin se amam, esta escrito no olhar deles.

Um olhar cheio de cumplicidade e carinho... Mas que não deixava o desejo de lado... E agora torno a me perguntar, como é que chegou a passar pela minha cabeça ser algo mais do que uma irmã para mestre Aioria. Como você é burra Lithos, como iria competir com ela?

Continuo lembrando do jeito dela no jantar, tão delicada, tão feminina e eu? Uma desastrada... Mal pude conter meu embaraço quando os vi junto e ainda por cima quebrei um monte de pratos.

Encaro meu reflexo novamente e pego a escova em cima da penteadeira... Começo a pentear meus cabelos... Enquanto isso reparo um pouco nos meus traços, na tonalidade de meus cabelos, na cor dos meus olhos, enfim em cada traço... E começo a me sentir ainda pior, realmente nunca vou chegar aos pés dela.

Levanto-me e sigo até a janela, as palavras continuam a voar por minha mente... "Lithos... Eu e seu irmão estamos noivos". Noivos... noivos... noivos.

Sinto que uma lágrima cai, deslizando suave pelo meu rosto. Sento-me no chão, com a cabeça encostada no vidro da janela e aos poucos ouço o som de meus próprios soluços aumentarem. Quando vejo, já estou em um pranto incontido, assim como tantos outros que tive durante todos esses anos estudando fora, só que o de agora não se trata de um pranto de saudade e sim de dor.

Abraço meus joelhos com força, tenho de chorar tudo agora e amanhã quando levantar; terei de ter tomado a consciência definitiva da minha posição de irmã e tentar na medida do possível me mostrar feliz. Não quero que Aioria fique triste, quero que meu "irmão" seja feliz e não serei eu a atrapalhar sua felicidade.

Notas: Eu (Lithos) peço desculpas pela demora para publicar esse capítulo que já esta pronto a um tempão, é que com a correria do vestibular acabou não dando tempo msm... Nesse cap. a Elfa sugeriu que fizéssemos o POV destacando a visão da Lithos (personagem) sobre os acontecimentos... Uma idéia e tanto, adorei

Espero que curtam mais esse cap. e vamos fazer o possível para não demorar a publicar os próximos... Lado positivo, o drama do vestiba passou, ehhhhhhhh eu passei no vestibular. Agora só março pra começar a correria de novo�

Abraços