Sombra & Luz
Age of Empires
Gênero:
Lemon, Angt, Romance
Personagens Principais: Surion, Helkersim, Lúhien, Ashlam
Capítulo: Três
Status: Incompleto

Sumário: A paz entre os Drows e os elfos "dourados" era frágil como uma folha de outono preste a cair de uma árvore. Para protegê-la é celebrado um casamento entre o rei Drow e uma elfa do norte. Dessa união, nascera o atual soberano Drow, um mestiço cujo sangue carregava a etnia das duas raças inimigas. Mas os príncipes da corte, elfos "azuis" de raça "pura", almejando o poder absoluto do soberano de olhos claros, querem derrubá-lo do Trono a qualquer custo e recomeçar a guerra. Nesse conturbado ambiente de traições palacianas, um amor proibido nasce sob a égide de bênçãos e maldições divinas.

( Uma fanfiction baseada no Rolling Playing Game Age of War)


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Sombra & Luz

- Capítulo 03 -

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Lúhien andou de um lado para outro... Controlava sua raiva a muito custo...

"E então, meu caro irmão, não vai me dizer onde está o MEU presente?".

Surion deu um suspiro exasperado. Pelo jeito, a coisa iria rolar pior do que ele imaginava... Mas não era um Drow que se deixava acovardar, principalmente por Lúhien, fosse ele o rei, ou não!

"Seja o que for que Lisandra tenha lhe escrito...".

Agora a voz do rei soou alta, furiosa mesmo.

"Vai negar? Vai negar quando toda corte viu você cortejar esse moleque como se fosse uma donzela, um desprezível yahman!".

Surion não respondeu de imediato. Conhecia muito bem o gênio forte de Lúhien, que não melhorava nada por ter tido ele, o rei, na infância, todas as vontades feitas, exatamente como o soberano que seria um dia... E que agora realmente o era. Mas também sabia que Lúhien era extremamente racional, que escondia seu lado emotivo a todo custo. E que costumava ser justo, em tudo o que fazia ou decidia!

Tinha que rezar aos deuses para que eles despertassem essa justiça no irmão agora...

"Não, não vou negar".

O modo tranqüilo, quase plácido, com que Surion falou fez a máscara de altivez que o rei mantinha se espatifar no chão. Seus olhos claros, translúcidos como um lago, brilharam uma mágoa intensa... Sua voz soou num sussurro agora...

"Por que, Surion, por quê?".

Aquela pergunta englobava tantas coisas, deuses! Surion passou as mãos pelos cabelos, aflito...

"Nós já discutimos isso antes...".

"Não, NUNCA DISCUTIMOS NADA! Você me evita, você me isola... Você... Me despreza, despreza a mim e meu modo de vida. Me taxa de dissoluto e... Tudo o que eu queria...".

"Não, não comece esse assunto profano de novo. Eu não quero ouvir!".

"Mas vai ouvir! - O rei deu um soco num vaso de porcelana élfica e ele se espatifou, quebrando em mil pedaços. - Você sempre ridicularizou os Drows que tinham os arqueiros Yahman ao lado deles, sempre riu dos eunucos e rapazes que chegavam ao harém, ou para o mercado da cidade, e agora... Agora...".

A voz morreu na garganta no rei, como se ele não quisesse completar seu pensamento. Surion disse, tristonho:

"Foi algo... Que não premeditei, Lúhien... Simplesmente... Aconteceu".

Lúhien olhou firmemente para Surion...

"O que ele tem melhor do que eu?".

Forte tensão pairava ali. Podia se sentir o ar denso, palpável, como se pudesse ser cortado com uma faca.

"Você é meu irmão".

"Entre as dinastias élficas e drownianas é comum casamentos consangüíneos. É símbolo da nobreza".

Surion riu, um riso amargurado:

"Você enlouqueceu? Casamento entre primos e primas, machos e fêmeas, não entre dois irmãos homens!".

O rei ignorou o riso do outro. Disse:

"Você seria soberano, junto comigo, não um bastardo, de qualquer forma, sem títulos ou propriedades, eu lhe daria...".

"Não quero saber o que me daria! Não percebe o ridículo da situação? Como consorte ou amante, eu seria taxado de aproveitador, de um bastardo interesseiro que iria manipular o rei, por Hastar, o Senhor das Trevas, não percebe o que sua imagem sofreria com isso?".

"É por isso que nega tudo o que lhe ofereço, se sujeitando a um soldo miserável de capitão das tropas, quando poderia ter tudo o que quisesse? É por isso que prefere ser um mercenário comum e sem futuro?".

"Não entende o absurdo que seria se eu aceitasse os seus presentes? Estou até vendo o conselho se reunindo, o que diriam eles... Os irmãos do pecado, um rei com o sangue 'sujo' dos elfos dourados e eu, um bastardo conseguindo o poder na cama! Seríamos o motivo de riso do reino e seu reinado acabaria imediatamente!".

"E se eu não fosse rei? Você me aceitaria... Como seu?".

A pergunta pegou Surion totalmente desprevenido. Ele, por algum instante, mergulhou no olhar do rei, vendo a angústia que havia ali, nas íris translúcidas. O tempo escoou lentamente, mas, no fim, Surion foi irredutível:

"Nego-me a responder sua pergunta".

"Diga-me onde escondeu o moleque".

"Não vou fazê-lo".

Os olhos claros se estreitaram, perigosamente:

"Desobedece duas ordens do rei, afrontosamente?".

Surion abriu os braços...

"Espero não estar falando com Elkim Hamak Lúhien II, senhor supremo dos Drows agora, mas sim, com meu irmão Lúhien...".

Lúhien estreitou os olhos lindos e semicerrou-os ocultando assim suas emoções do irmão que o encarava tão de perto. O que dizer? O que fazer? Como fazer Surion mudar suas atitudes e entender todo aquele sentimento que... Deu as costas ao seu capitão da guarda, e do castelo, que antes de tudo era seu amor mais querido!

Depois de alguns segundos, se voltou para ele e erguendo o queixo perfeito, olhou–o fixamente. Disse, sem responder a pergunta do outro:

"Estou cansado, meu irmão! Se meus aposentos estiverem em ordem, gostaria de poder repousar até a hora do jantar! Qualquer outro... Contratempo, nós resolveremos nos assuntos de rotina depois!".

Surion segurou um suspiro. Na verdade, não sabia ainda se aquela atitude do rei era boa ou era má. Desde há muito, sabia que às vezes as palavras de Lúhien nem sempre diziam o que queriam dizer...

"Seus aposentos estão sempre a sua disposição!".

"Me acompanha, então?"!

Em resposta, Surion abriu as portas da grande sala em que estavam e esperou que o irmão passasse. Seguiram em silêncio pelos corredores que levavam aos aposentos reais. A comitiva os seguia silenciosamente logo atrás. Era sempre assim. O rei, raramente, conseguia ficar sozinho. Havia sempre servos, damas de companhia, ajudantes de ordens...

Em determinado momento, aproveitando uma curva mais acentuada do extenso corredor do castelo, Lúhien parou subitamente. Virou-se para Surion, que seguia ainda logo trás dele. Estavam a poucos passos antes de todo o resto da comitiva real. O rei aproveitou aqueles poucos segundos onde estavam os dois sozinhos e perguntou muito baixo, quase num sussurro:

"Você o ama? Ele é gentil e carinhoso com você? Tem liberdades com ele? Faz confidências para ele?".

Sem querer, a imagem dos últimos dias com Helkersim veio à mente de Surion: as noites quentes e apaixonadas entre os lençóis, o riso fácil quando estava ao lado do seu mestiço, as corridas a cavalo, as confidências no lago... Os cabelos dourados tão perfumados... Os olhos fiéis e fervorosos de Helkersim... O Drow pediu a deusa que sua voz saísse neutra:

"Se faz essa pergunta, é porque não me conhece mesmo, meu senhor! Pois se me conhecesse, saberia das minhas prioridades...".

"O que sei é que me toma por um tolo fácil de se convencer com mentiras...".

Estreitando os olhos e cerrando os punhos, Surion disse, muito sério e irritado:

"O que sei, meu rei, é que anda dando ouvido a fofocas de harém! Se quer saber, me espanta muito que esteja aqui em vez de ter isso para sua casa de...".

"O que me espanta muito, meu senhor da guarda real, é que o senhor tenha adquirido um Yahman... Nunca teve essas preferências antes!"

Surion respirou fundo e baixou a voz dizendo sério:

"Não discutiremos isso de novo e nem agora!".

Surion abriu as portas que davam acesso aos aposentos de Lúhien e acrescentou:

"Descanse, meu irmão, que conversaremos mais tarde!".

Houve um confronto de olhares. À vontade de Lúhien era impor suas vontades ao irmão, mas sabia que se fizesse isso, o irmão fecharia ainda mais os seus verdadeiros pensamentos. Tinha que 'jogar' direito e primeiro descobrir como o tal fedelho elfo tinha conseguido cair nas graças do tão mal afamado chefe supremo da guarda dos Drows e Senhor das Armas Reais...

"Quero que o jantar hoje seja íntimo".

"Tomarei as providências!".

"E que você esteja presente!".

Surion reprimiu um suspiro:

"Sim, meu senhor!".

oOo

O coração de Helkersim estava pesado. Sentia falta da segurança que apenas Surion lhe trazia. Tinha sonhado com a mãe e ela lhe dizia para tomar cuidado... Naquele momento caminhava pelos arredores da cabana de caça. A todo instante esperava que seu mestre e senhor chegasse para poder se aquecer entre seus braços fortes e seguros... De longe via os orcs que o vigiavam... Será que Surion o tinha vendido! Não... Não acreditava naquilo! Acreditava no que seu amor dizia! Ele viria e caçariam juntos...

oOo

Indeciso diante do espelho Lúhien achava-se a criatura mais sem graça que existia na face de todo o reino... Olhando o reflexo exibido diante de si disse a sua imagem:

"Será que se eu deixasse de ser rei... Se eu abrisse mão de tudo, ele me deitaria em seus braços e...".

"Meu senhor, acho mesmo que tens que pensar melhor em tudo isso! O que diz é uma heresia...".

"Não pedi opinião alguma, Moskiev!".

"Apenas acho que...".

"Não peço que ache nada! Separe meu traje dourado novo, o que as fadas do Leste teceram para mim!".

Moskiev, servo pessoal do rei, deu de ombros e disse apenas enquanto ia fazer o que lhe fora pedido:

"A mulher está aí fora...".

"Que mulher!".

"A das cartas! Aquela que não lhe deu sossego!".

Os olhos de Lúhien brilharam...

"Mande-a entrar".

Moskiev fez com que Lisandra entrasse nos aposentos do rei. Ela se curvou perante o soberano e ele, num gesto impaciente, a fez levantar:

"Diga, mulher! Se me fez vir até aqui a troco de nada, será severamente castigada...".

"Esse elfo dourado mudou a cabeça de Surion, senhor! O fez ficar sensível e... Amável! Houve risos pelo castelo durante o inverno, brincadeiras e até... até ...".

"Até o quê?".

"Dormiram juntos, senhor, noite após noite! Os sussurros e gemidos eram escutados por quem passasse pelos corredores, diante dos aposentos do seu irmão... Surion não procurou nenhuma das mulheres do harém desde a chegada desde ser inominável...".

Lúhien teve que controlar seu frêmito de ódio. Deu as costas e Lisandra e disse:

"Espero que saiba onde Surion o escondeu...".

"É por isso que estou aqui, meu rei! O garoto está na cabana de caça, onde Surion costuma passar os dias de verão...".

Aquela revelação foi para Lúhien uma verdadeira bofetada. A antiga cabana! Seu coração doeu... Ali, o soberano, pai deles dois, os havia levado para aprender a guerrear, nadar e caçar sem a interferência dos mestres do castelo...

Eram dias raros da infância, onde eram apenas eles três, o rei e seus dois príncipes, filhos de diferentes mulheres...Os primos, também príncipes e sobrinhos do rei, não tinham permissão para ir com eles... Iam apenas os três passar dias felizes na cabana...

Ele, Lúhien, era o herdeiro legítimo, porque nascera poucos meses antes de Surion. Era a tradição drow que assim mandava. O mais velho herdava tudo, o mais novo, filho de uma concubina, nada tinha, a menos que o irmão soberano desejasse lhe dar algo...

Mas o que ele queria dar a Surion era mais do que riquezas e posses... Era o seu amor, e isso o outro não queria!

A mágoa fez os olhos de Lúhien brilharem como estrelas... A cabana! Lá, se apaixonara pelo irmão, quando era um pouco mais do que um garotinho... Não sabia, na verdade, quem Surion era. O pai lhe apresentara o jovem como sendo um servo, um servo pessoal seu, e assim ele, Lúhien, vira pela primeira vez o Drow forte e irreverente. Nada além de mais um serviçal, um acompanhante para ajudá-lo a treinar lutas e caça...

Haviam brigado muito.

Seu gênio forte juntamente com o temperamento irreverente de Surion havia sido como pólvora e querosene juntos... Nunca iria se esquecer de, um dia, quando irritado com a irreverência de Surion, o mandara açoitá-lo impiedosamente. Aquele corpo lindo e forte, sangrando, o olhar furioso do outro, aquele ar de rebeldia... Provocou nele, Lúhien, uma sensação de prazer e desejo como jamais sentira antes!

Descobrira naquele momento sua sexualidade, sua preferência pelos corpos masculinos e descobrira também que queria Surion para ser dele, só dele...

Mas naquele mesmo dia malfadado descobrira também que jamais poderia tê-lo! O rei, vendo Surion muito machucado, chamara o filho mais velho e lhe contara a verdade: Surion era seu meio irmão! Choque, raiva, desespero! Sentira se o mais desgraçado dos seres naquele dia! Era comum o rei ter filhos bastardos e não bastardos com as concubinas e com quem mais ele bem entendesse. Mas saber que o belo Drow, seu mais desesperado objeto de posse e desejo, era para ele proibido, fora algo que marcara a ele, Lúhien, como o fogo marca a pele. Marcara com dor e revolta... Para sempre.

Ele, o herdeiro do trono, poderia ter em sua cama qualquer ser vivente que desejasse... Menos aquele! O rei seu pai lhe pedira para ser mais paciente com o Drow... Paciente? Ele estava apaixonado pelo próprio irmão!

A voz de Moskiev o trouxe de volta ao presente...

"Meu rei... Está muito calado... Não vai dispensar a mulher?".

Somente naquele instante, quando seu criado Moskiev ousou falar sem ser chamado, é que o mestiço drow-elfo percebeu que fazia um tempo enorme que Lisandra estava ali, a espera de alguma reação dele...

"Vá mulher, e que ninguém saiba da nossa conversa. Eu saberei recompensá-la!".

Lisandra saiu, fazendo uma profunda reverência, sem dar nunca as costas para ele. Quando ficou a sós com o servo, o rei sentenciou...

"Meus melhores homens, em segredo, vão me seqüestrar esse ordinário e mandá-lo para cá. Quero ver o seu rosto. Providencie isso".

"É muito arriscado, meu rei, o senhor seu irmão poderá descobrir que...".

"Não, ele não vai descobrir nada. Vou mantê-lo ocupado durante o jantar... Com muito vinho. Depois, de madrugada, vou subir na torre mais alta do castelo para ver esse elfo ordinário uma única vez antes de despachá-lo para bem longe como escravo!".

"Mande seus emissários matá-lo de uma vez...".

"Não. Não quero que Surion me veja como assassino. Ele tem que saber que o garoto está vivo e bem, mas longe, bem longe dele, para sempre. Quanto ao menino... Quero eu mesmo dizer a ele que Surion o abandonou, que o deu para mim. E que eu vou mandá-lo para o inferno de Hastar, o Senhor das Trevas!".

"Mas, senhor...".

"Eu já dei minhas ordens, Moskiev, cumpra-as!".

oOo

Helkersim estava se preparando para dormir. A noite fresca fazia com que uma brisa suave entrasse no quarto pela janela ampla da sacada onde dormia no segundo andar da cabana.

Ao longe, de repente, ele ouviu o tropel de vários cavalos. Realmente pareciam ser muitos... Seu coração exultou, as batidas se aceleraram a ponto de parecer o coração iria sair pela boca. Era Surion, àquela hora só podia ser Surion, seu amo, mestre e senhor. O dono de seu coração e de seu corpo!

Ao pensar assim seu corpo jovem reagiu imediata e automaticamente. Excitou-se só de pensar nas coisas deliciosas que seu amor era capaz de fazê-lo sentir com simples toques... Então vestindo apenas uma camisa leve e transparente de pura seda o elfo mestiço saiu correndo em direção aos jardins da cabana, no rosto uma expressão de pura alegria, os olhos brilhando de felicidade, mas tudo isso foi apenas para presenciar uma cena medonha.

Os orcs e mestiços que estavam ali para tomar conta dele foram atacados sem chance de defesa. Vários eram os invasores e chegaram de lâmina em punho, degolando, matando. Assim num gesto automático sem pensar em mais nada, Helkersim saiu correndo floresta adentro. Acelerava como um louco na certeza de que a legião de demônios iria atrás dele.

Correu, correu muito sem nem saber para onde estava indo, correu até perder o fôlego, até não ouvir mais nada além das batidas de seu próprio coração...

CONTINUA...


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Beijos Jade Toreador