Luna colou a imagem de um Ron sorridente na parede por trás da sua cama.
Virou-se para mim e disse:
- E tu disseste que sim?
Assim que entrei no dormitório, tinha começado a contar-lhe a proposta do Malfoy.
- Não! Achas que sim! Ele é horrível!
- Pensei que gostasses de loiros. – disse ao sentar-se na cama, ao meu lado.
- Mas ele é uma besta! Tás-te a passar?
- Claro que é. Isso é um dado adquirido pela maior parte da escola. Sofre de arrogância desde o primeiro ano, egocentrismo, também, claro que devido à atenção sempre voltada para o Harry. Oportunista. Um pouco de ganância em demasia. Ignora meios para chegar aos fins…
- É que nem sequer foi isso. Foi mesmo a maneira como ele tava a falar comigo. Parecia-lhe óbvio que eu o ia querer! Estupor.
- Visto que ele costuma ter, – baixou a voz - todas as miúdas que quer, quando os Slytherin dão festas nas masmorras. Segundo consta, – baixou ainda mais a voz e aproximou-se – Convida-as, de todas as Casas menos de Gryffindor.
- Sinto-me honrada. – Sussurrei. – Mas ele não me convidou. Fez-se de convidado!
- Só espero que não te estejas a meter numa confusão. – Olhou-me super séria com os olhos muito abertos, - Não se brinca com esse gajo, Ginny.
- Está tudo controlado, ele vai deixar-me em paz. Com o baile que lhe dei, ele ficou frustrado e foi saltar para a espinha da primeira fã que lhe aparecer à frente.
- De qualquer maneira, manda-me uma mensagem assim que chegares à torre.
- OK. Até amanhã.
Como prometido, enviei uma curta mensagem via coruja à Luna, garantindo-lhe que não havia encontrado problemas no caminho. Sem contar com a minha própria consciência. Estaria Luna certa? Estaria eu a comprar uma guerra com o loiro oxigenado por não querer fazer parte do seu leque de putas baratas? E afinal, era só pra olhar, não era pra me querer comer!
Isto era tão o que me faltava…
Na manhã seguinte desci para o pequeno almoço com umas colegas e chegada ao Salão, dirigi-me à mesa dos Ravenclaw que ainda tinha pouca gente. Sentei-me de frente para a Luna.
- Estive a pensar e acho que eu também mereço que pagues a aposta.
- Bem… - pensou por momentos, contemplando uma torrada com ovo no seu prato. Olhou-me de novo nos olhos e pôs uma expressão firme - Sim, és capaz de ter razão. Mas aviso-te já. O James é um rato de biblioteca. Tá sempre a estudar.
Levantei-me e disse-lhe: - Eu sempre gostei das prateleiras.
Ao atravessar o salão para chegar à minha mesa, cruzei-me com a Besta. Olhámo-nos de lado, seguimos em frente ao nosso caminho. Ele ia com os gorilas. Segui. Ao sentar-me olhei para a mesa dele, estava a sentar-se, a sorrir ao clube de fãs e ups, a olhar para mim. Não pude deixar de notar que o sorriso dele era agradável. Mas depressa o esqueci. O James entrou no Salão e perdi-me por fantasias e sonhos acordados.
As aulas dessa manhã foram a seca do costume. Adivinhação – 3h, Herbologia – 1.30h, Transfiguração – 1.30h. não vi ninguém interessante nos intervalos e ainda tive de levar com dois da minha turma a disputar quem me segurava nos livros.
- Estão a chatear-te, Weasley? – O tal oxigenado.
Correcção: ninguém interessante até àquele momento.
- A tua presença chateia-me mais do que eles dois juntos. – Disse eu, a sorrir.
Enquanto Malfoy pensava, furioso, numa resposta, reparei que ele estava sozinho. Visto que, pelo menos durante o dia, os camaradas o acompanham a todo o lado.
Olhou para os meus colegas e disse: - Vocês. Pirem-se.
Desde sempre amedrontados pela figura de Malfoy, fizeram o que este lhes mandou. Olhei à volta, procurando auxílio. Saquei calmamente da varinha. Ele reparou.
- Eu não quero lutar contigo… só se lhe chamares luta… mas só com a minha varinha…
- Eu não vou. Foder. Contigo. – Disse claramente e ainda a sorrir, como ele, mas menos ordinária.
- Claro que não. Aparece nas masmorras, sábado à hora do jogo Rav/Huff.
- Vou tar a estudar. – Eu não disse isto. eu não disse isto.
- Na biblioteca, então? – expressão afectada – OK, eu sempre gostei das prateleiras.
E com isto virou costas.
