Mais uma manhã de aulas. Que ao contrário das outras, não foi de todo uma seca. Simplesmente porque a passei ansiosa, aérea e cheia de nervos. Na minha mente persistiu uma única questão, ir ou não ir à biblioteca sábado à tarde? Eu precisava de ir lá procurar os livros. Tinha um trabalho para entregar segunda-feira, e no domingo ia passar o dia todo em Hogsmead. Ia ser obrigada a enfrentar o Malfoy. A não ser que…

- Oi! Como foram as aulas? – perguntou Luna do outro lado da mesa à hora do almoço.

- O James vai ver o jogo amanhã?

- Acho que não, temos um teste segunda-feira… porquê? – disse ela com um ar desconfiado.

- Nada.

- Tu vais, não vais?

- Já te disse que tenho aquilo pra acabar.

- Não podes! – controlou-se e baixou a voz – Ele vai tar lá! Vai-te fazer algum mal, Ginny.

- Não quero saber se ele vai lá estar, Luna. Eu vou porque tenho de ir. – a outra fez cara de desaprovação - E começarmos a almoçar, não?

A custo lá a fiz calar e meter pernas de frango na boca. Continuou a tentar convencer-me, mas sempre reconhecendo que eu precisava de fazer o trabalho. Criticou-me por não ter começado mais cedo e até chegou a oferecer-se para passarmos a noite a fazê-lo. Aí reconheceu que sem os livros, nada feito.

Nessa noite, ao deitar-me, pensei no James. Gostava mesmo de curtir com ele. Parecia ser tão… interessante e tão… interessante. Ao mesmo tempo tinha a imagem do loiro pálido espalmado contra mim, a torturar-me. Estava a ficar dividida: James contra Malfoy. Nunca um rapaz me tinha dado tanto trabalho. Normalmente apareciam-me à frente e eu caçava os que quisesse. Nos aniversários acabava sempre com uns copos a mais e uns preservativos a menos. Virei-me para o outro lado da cama. É verdade que nos dias seguintes eles conseguiam roer-me a paciência para conseguirem mais um encontro. Mas isso não foi nada, comparado com o trabalho que o James me está a dar. Só para o conhecer, ganhei um problema do tamanho da Inglaterra: o Malfoy a perseguir-me. E ele até tem umas certas qualidades, as quais começaram a saltar à vista desde que me encostou à parede, naquele dia à noite; isso complicava muito mais o problema. Imaginei como seria ser tocada por ele. Tremi. Fingi a sua cabeleira loira pendurada no meu pescoço, na minha cama. Suei. Levei a mão ao longo da camisa de dormir de algodão até encontrar a bainha. Pensei-o a tocar-me e a despir-me. Encontrei com a mão o espaço do prazer e levei-o lá. Movimentei-o durante algum tempo, sem o tirar de vista, era enlouquecedor. Tinha poder sobre mim como mais ninguém teve. Deixou-me exausta e nem era real. Adormeci.


- Não me ias falar? – o loiro apareceu-me à frente, quase vindo do nada.

Eu já o tinha visto ao longe, quando entrei na biblioteca na tarde do sábado seguinte àquela noite perturbadora, mas estava determinada a ignorá-lo.

Bem…quase determinada. Olhei-o nos olhos e respondi:

- Não estou aqui pra falar contigo. – apontei para um corredor distante - Preciso de livros.

Comecei a andar e ele veio ao meu lado.

- Também não quero falar… Eu sei que tu me queres tanto quanto eu te quero a ti. – olhei para ele com ar de "poupa-me" – Oh…não faças essa cara, não te favorece nada, boneca.

Confesso, andar com Draco Malfoy ao lado não era mesmo nada mau. Ele tinha aquele perfume natural que me fazia lembrar a mais bela das árvores, o mais fresco oxigénio, era a mais especial das fragrâncias. Ajudava-me a sobreviver. Mas eu ainda tinha um trabalho de herbologia para terminar.

- És patético. Não aceitas um não. E suponho que quanto mais difícil a gaja for, mais irritadinho ficas. Acertei? – estava trombudo; continuávamos a andar. – Mesmo quando se trata de algo tão desprezível como uma Weasley e Gryffindor ao mesmo tempo?

- Eu tou-me a cagar pra isso tudo.

- Oh, tão querido, não discriminas, portanto.

- Ainda não percebeste que não me consegues ignorar?

De facto o meu plano não estava a funcionar. Desde que o vi, fiz tudo menos ignorá-lo. Suspirei, e, desta vez não lhe respondi; continuei a andar.

Finalmente cheguei ao corredor que precisava de revistar. A biblioteca tinha muito pouca gente, afinal era dia de jogo de Quidditch e quase toda a população estudantil tinha deslocado-se ao campo.

Numa ultima tentativa de o afastar, disse:

- Deixa-me em paz, Malfoy. Já não te posso ouvir. – comecei a procurar pelas prateleiras aqueles livros de que precisava. Ele estava mesmo atrás de mim

- Não me rejeites. – pôs uma mão à volta da minha cintura e sussurrou, – Sabes bem que também queres.

O simples toque dele na minha pele, deixou-me sem ar nos pulmões. Tirou-me o manto, que caiu no chão. Alcei um braço e puxei-lhe os cabelos enquanto ele baixava os lábios para os meus ombros descobertos. Fechei os olhos e só o via a ele. Sentia o seu calor corporal contra as minhas costas e o meu corpo contra pilhas e pilhas de livros volumosos e antigos nas prateleiras que se alongavam muito além na nossa altura. Eu estava nervosa, dominada: por mim e por ele. Pelo meu desespero e pelas suas mãos agora a levantar-me a saia.

- Aqui não, Malfoy. Aqui…

- Aqui sim. Eu é que sei.

Ele continuou com a sua técnica mais que apurada cujo objectivo era pôr-me louca. O que, obviamente, já estava a funcionar. Ginny Weasley não estaria ali se estivesse nas suas perfeitas capacidades mentais. Ele palpava-me, envolvia-me; eu sentia-o, adorava-o.

Por entre beijos no pescoço, sussurrou: "Então, já não dizes nada? Já não queres que me vá embora?". Levantou a minha camisola. Se alguém ali aparecesse, a minha reputação estaria manchada para todo o sempre. Que eu não estava sempre com o mesmo rapaz, era um facto; mas nunca deixava toda a escola saber disso.

Era-me impossível retorquir. Estava com vergonha de mim mesma. Em vez de responder, peguei-lhe na mão que agora passeava pelos meus seios e levei-a para debaixo da minha saia. Virei a cara e olhámo-nos nos olhos.

Decidi que, se ia fazer, ia fazê-lo bem. Levei uma mão às calças dele, desapertei o botão e abri o fecho. Reparei que ele gostou da minha acção pela maneira como ofegou no mesmo momento em que sentiu a minha mão tocar-lhe. E eu, quando senti a dele invadir-me a roupa interior e chegar onde eu queria, tive de me segurar às prateleiras poeirentas antes que me deixasse cair. Daí não demorou muito a que estivéssemos ambos bastante excitados; pusemos qualquer pensamento racional de parte e deixámos que as nossas hormonas tomassem o controlo.

Com uma certa brusquidão os últimos pedaços de roupa interior foram-se, e tudo o que restou foi a união de dois corpos em genuíno prazer. Ele mexia-se em mim e eu mexia-me com ele. Eu agarrei-me à prateleira, eu agarrei-me a ele e ele agarrou-se a mim. Respirámo-nos, sentimo-nos. Às tantas, alguns livros caíram. Estava a começar a suar de tê-lo tão em cima de mim, colado às minhas costas. Ele também suava mas nunca parou. Não parou um segundo e eu agradeci-lhe. Numa das poucas vezes em que abri os olhos, por entre estantes e livros afastados, avistei o James. Fiquei a vê-lo estudar rigorosamente páginas de livros enormes. Malfoy reparou nisso e por momentos foi mais brusco nos seus gestos, fazendo-me soltar um gemido mais alto que devia. Tapou-me a boca com a mão.

- É aquilo que tu queres? – disse ao meu ouvido – Querias estar a foder com ele, Ginevra?

As suas mãos a passar pelo meu corpo a abusar da minha pele, a sua voz a dizer o meu nome. A mão dele, a silenciar-me… foi tudo sensual demais. Virei a cara para me soltar da sua mão e ele logo contestou:

- Não. Continua a olhar. Olha pra ele. – respirou com dificuldade, – Porque só vais poder olhar. – outra pausa, - E para além disso… eu sou muito melhor.

Ele apertou-me a cintura, ele roçou a sua cara na minha, ele soprou-me lábios e marcou-me. Marcou-me mais que o esperado, de todas as maneiras possíveis. Quando me levou ao limite, também lá chegou. Quando nos separámos foi uma tortura – literalmente; digamos que a biblioteca podia ser mais confortável. Ele arranjou-se, eu virei-me e também me arranjei; ainda respirávamos com dificuldade.

Estava encostada às prateleiras de livros caídos para o lado quando ele se apoiou nelas com uma mão de cada lado de mim, a cercar-me. Como se já não o tivesse feito o suficiente.

Disse-lhe: - Admito, foste bastante bom.

Ele olhou para os lados. Endireitou-se e olhou-me com o tal ar superior.

- E tu hás de ser perfeita.

Sem mais palavras, começou a andar por onde tínhamos vindo e deixou-me ali com o manto do uniforme no chão.

Eu, ao vestir a peça preta, virei-me e voltei a ver o James. Pensei em mim, no que o Malfoy acabara de dizer, e que devia começar a poupar-me.