Notas do Autor
Disclaimer: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor desse texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas à JK Rowling.
Capítulo 16 - Lendas Perdidas de uma Tapeçaria
— Não podemos falar sobre isso aqui no castelo. — Severus disse quando havia passado três minutos inteiros desde a sua revelação do seu nível mágico e eu continuava estupefata demais para processar a informação.
O céu, de súbito, pareceu desabar sobre a minha cabeça, e as montanhas ao redor do castelo pareciam que foram empurradas em minha direção, por um momento, pareceu que eu cairia de joelhos com o peso da afirmação dele.
Nível doze? Como isso era possível?
Há algum tempo eu desconfiava que ele não estivesse no mesmo nível dos bruxos mestiços, mas estar acima de todos os nascidos-trouxas também? Eu não sabia dizer se eu achava isso magnífico ou se ficava aterrorizada com alguém detendo tanto poder num mundo onde a magia era algo tão escasso.
Mas esse bruxo era Severus. Eu não me permitia sentir medo dele. Todas as manhãs, quando acordava era nele que eu pensava, mesmo quando estávamos em pé de guerra no início do mandato. Repeti para mim mesma as palavras dele: minha melhor amiga. Porém, mesmo após essa afirmação e o toque dele no meu pulso, eu ainda não tinha certeza se ele confiava o bastante em mim para me dar as explicações sobre o que me disse bem aqui, agora mesmo. Apenas... respire.
— Este castelo está cheio de espiões, desde pessoas em retratos até fantasmas. Onde podemos conversar? — Ele insistiu, enquanto me assistia tentar recuperar o autocontrole diante de uma confissão tão surpreendente.
Respirei fundo tentando acalmar a minha mente, meus olhos se fecharam lentamente enquanto eu inspirava e expirava em busca de uma paz que eu não sentia no momento.
— Eu deveria… — Cada palavra era difícil, eu acho que ainda estava chocada demais para conseguir formular uma frase coerente.
— Winky! — Era uma ordem, mas a voz de Severus mal passou de uma exalação. A pequena elfa imediatamente surgiu. — Aparate a senhorita Granger até a casa dela. Sirva-a um chá de hortelã-pimenta com muito mel. — Pediu Severus, sem se importar em sorrir.
— Dois. — Consegui finalmente encontrar um tom de voz mais forte e acrescentar o número. — Venha comigo, por favor!
Seus olhos me escanearam por alguns instantes, até que ele baixou o queixo em concordância, e Winky estendeu suas pequenas mãos, uma para cada um de nós. Eu afundei no sofá assim que Winky pousou conosco na sala do meu apartamento. Severus tomou o assento ao lado do meu, enquanto Winky seguia até a cozinha.
Fechei os olhos de novo, apenas por um momento. Eu tinha tantas perguntas, que elas sufocavam a minha mente e eu não estava conseguindo me controlar pela ansiedade que me dominava. Severus Snape era o bruxo mais poderoso da atualidade. Por que ele? E por que ele escondia isso? Eu não era mais a bruxa mais poderosa de Hogwarts, Severus era. Eu devia me sentir rebaixada por isso? Ou eu deveria ficar feliz e pensar que isso podia ser um sinal de esperança?
Não notei que meus minutos de reflexão haviam sido muito mais que um momento até Winky apoiar as duas delicadas xícaras diante de nós, com uma pequena chaleira de ferro fumegante no centro da mesa. A elfa nos serviu quantidades generosas de mel, minha boca estava seca demais e a língua pesada demais, para me incomodar em dizer à pequena criatura que parasse ou deixaria nós dois diabéticos.
Winky mexeu as duas xícaras em silêncio, então entregou a primeira a Severus, que imediatamente a repassou para mim. Eu estava cansada demais para recusar o cavalheirismo dele conforme envolvia a xícara com as mãos, tentando reunir forças para levá-la aos lábios.
Severus pareceu perceber isso e disse a Winky que deixasse a segunda xícara sobre a mesa de centro e voltasse ao castelo. Eu observei, como de uma janela distante, quando ele pegou a xícara que eu segurava e a levou aos meus lábios. Pensei em afastar a mão dele do meu rosto para não deixá-lo chegar tão perto e cuidar de mim daquela forma quando eu estava em uma massa trêmula de nervos por uma revelação que ele mesmo me fez. Embora tenha sido por inteira culpa minha. Fui eu quem perguntei o nível mágico dele.
— Beba. — Disse ele, a voz como um grunhido baixo. — Ou podemos nos sentar aqui durante as próximas horas. — Eu não disse nada. — Acho que atingi o seu limite... — Murmurou. — Ao ultrapassar sua ideia de quem eu sou.
Eu tinha a sensação de que a intensidade nos olhos dele talvez se espelhava nos meus. Mesmo que, em mim, essa intensidade era uma profusão de sentimentos que eu mal sabia discernir.
Desde que a magia foi extinta e milhares de bruxos perderam seus poderes completamente ou tiveram seus dons reduzidos pela metade, minha vida foi me dedicar a descobrir o motivo.
De maio de 1998 até julho, estivemos tão ocupados e frenéticos em linhas de pesquisas sobre o que tinha acontecido, que não vimos a primeira onda de desesperança que tivemos: em primeiro de Setembro, pela primeira vez em mais de mil anos de existência da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, o castelo não receberia alunos para o primeiro ano. Não havia mais magias em crianças. Nenhuma delas. Eu vi Minerva chorar ao chegarmos até a câmara onde o livro e pena enfeitiçada com os nomes das crianças antes existia. Tudo dentro do local estava reduzido a cinzas.
Foi quando alguém sugeriu que os bruxos deveriam engravidar, porque provavelmente a magia estava punindo essa geração, mas as novas crianças não seriam afetadas. Várias pessoas aderiram à ideia. Harry e Gina foram um dos casais a testar a teoria e tiveram dois filhos em sequência. Mas nada mudou. O livro nunca reapareceu, a pena mágica nunca se moveu e nenhuma criança manifestou magia.
Fora todos os outros revés que sofri em cada linha de pesquisa que seguimos. Até que Severus retornou a Hogwarts e tudo, absolutamente tudo, me aconteceu em questão de meses. A Rowena Ravenclaw em uma moldura me "mostrou" uma passagem secreta que me levou ao túmulo dos fundadores da escola; Regulus Black, um fantasma, se revelou para mim e fala constantemente comigo através de enigmas; alguém pichou uma profecia debaixo da minha cama; fui atacada por uma manticora; e chorei ao ouvir a história de Draco Malfoy, dentre todas as pessoas. Isso sem contar a emoção de me deparar com a primeira criança mágica em anos: Scorpius.
Tudo mexeu demais comigo. E ouvir agora do bruxo — que além de todos os meus problemas também é a mesma pessoa por quem eu sou apaixonada — que ele é um nível doze e provavelmente pode ser o catalisador de tudo o que me aconteceu nos últimos meses, estilhaçou o controle que eu tentava manter sobre minhas emoções. E eu nem vou falar aqui sobre todos os outros elementos atingindo minha vida pessoal, como o reaparecimento de Chloe e a perseguição dos repórteres.
— Beba. — Puro comando envolveu a voz de Severus. Ele soava como o homem acostumado a ser obedecido, não como o amigo que me disse que era. — Pode se ressentir de mim o quanto quiser por eu ter escondido isso do mundo mágico mas, por favor, beba o maldito chá.
E foi a pequena semente de preocupação em seus olhos que me mostrava que, embora Severus fosse mesmo um homem acostumado a ser obedecido, ele também é um homem que tendia a se importar com os outros. Impelido sempre a cuidar de todos por uma compulsão que ele não conseguia conter, que não conseguia se condicionar a perder. Mesmo que ele hoje fosse um homem livre de qualquer obrigação de proteger pessoas, já que a guerra terminou há anos, essa era uma condição que não podia ser arrancada dele.
Eu entreabri os lábios, numa resignação silenciosa. Com cuidado, o meu antigo professor de poções apoiou a xícara de porcelana contra a minha boca e a virou. Eu bebi um gole e ele murmurou um encorajamento, enquanto levava a xícara a minha boca ainda mais duas vezes.
Sentindo que eu provavelmente esbravejaria com ele se ele me forçasse a mais, Severus afastou a xícara da minha boca e a bebericou. Eu achei o ato tão íntimo que quase suspirei, talvez eu tivesse, se não fosse pelo meu interior ainda nervoso. Ele esvaziou a xícara e pegou a outra, novamente me oferecendo os primeiros goles antes de tomar todo o restante.
Isso é estranhamente reconfortante. Eu devo ter dito isso em voz alta, pois um meio sorriso repuxou um lado do rosto dele.
— Não é a única que pensa assim. — Comentou ele, com a voz suave.
— Ainda não sei se é uma coisa boa. — Murmurei de volta.
Severus apenas me deu um meio sorriso novamente e se esticou para encher as duas xícaras de novo, adicionando bem menos mel do que Winky. A quantidade certa.
— Posso fazer isso. — Eu disse quando o vi alcançar a colher para mexer o líquido fumegante.
— Eu também. — Foi tudo o que ele falou.
Consegui segurar a xícara dessa vez. Severus se certificou de que eu bebi bem da minha antes de levar a própria aos lábios. Respirei fundo por um tempo, curtindo nosso silêncio, enquanto sentia minhas emoções lentamente se acalmarem. Alguns minutos se passaram até que me senti confortável o suficiente para retomarmos nossa conversa.
— Doze. — Eu disse o número, olhando para ele. — É possível que haja alguma condição diferente na sua ancestralidade?
As articulações dos dedos dele estavam brancas quando ele agarrou mais forte a asa da xícara. Era notório que essa não era uma conversa confortável para ele.
— Não há dúvidas de que meu pai era um trouxa. — Admitiu ele. — E minha... mãe, era mesmo uma Prince.
Eu considerei as palavras dele e a forma como meu orientador semicerrou os olhos para a minha televisão atualmente desligada ao invés de me encarar, mas não ousei indagar se havia alguma chance da mãe dele ser uma trouxa também, porque para minha cabeça altamente pragmática, era a única explicação possível para que ele tivesse um poder tão alto.
Minutos se passaram em silêncio até ele mexer na gola de sua camisa e liberar uma corrente fina de ouro. Um anel de sinete estava pendurado nela. Reconheci o brasão da família Prince quando ele retirou a peça e a estendeu para mim, enquanto pegava minha xícara e a depositava de novo na mesa de centro.
— É uma relíquia e tanto. — Murmurei enquanto examinava o antigo anel arranhado.
— Sim, de uma família morta.
— Você tem acesso à tapeçaria da família da sua mãe?
— Sim. — Severus disse. — Eu fiz uma visita ao pai da minha mãe, logo após o fim da guerra.
— Seu avô ainda é vivo? — Perguntei espantada.
— Não. Ele se matou ao perceber que as várias tentativas de parar o bloqueio da magia foram frustradas. Típico. — Ele disse simplesmente. Alcançando o prato de muffins que Winky tinha também depositado ao lado do conjunto de chá, ele me ofereceu um deles, e pelo olhar em seu rosto, não aceitaria a minha recusa. — Ele era um idiota purista. Confie em mim, o mundo está melhor sem alguém que queimou a única filha da tapeçaria da família por causa de um casamento que fugiu às expectativas dele.
Fiquei em silêncio porque eu não sabia como responder a amargura em sua voz. Ele também se manteve calado, mas quando ele falou, seu tom era uniforme e casual, mesmo que suas palavras não fossem.
— Você já respondeu suas perguntas?
— Sobre? — Indaguei, confusa.
— Mim.
A minha boca caiu aberta, chocada e incapaz de formar um bom argumento para negar todas as perguntas que se passaram na minha cabeça desde o minuto em que ele me contou o seu status. Severus diminuiu mais o espaço entre nós no sofá e precisei levantar o queixo para continuar a encará-lo. Os olhos dele estavam perfurando os meus, procurando, e sua mão, pela segunda vez naquela noite, agarrou o meu pulso; como curandeira, eu sabia que ele conseguia sentir o aumento da minha pulsação e os fios da energia caótica que mais uma vez se apoderou de mim com a nossa proximidade.
— Eu sei quando estou sendo analisado, Hermione. E foi uma revelação grande demais para que você não tenha perguntas. — Disse ele, soando tão honesto e cru como eu nunca o tinha visto antes, exceto, talvez, ao afirmar que eu era sua amiga para Robards.
— Assim como você. — Olhei com ousadia para o homem ainda me observando com uma intensidade que eu agora já estava familiarizada. As emoções guerreando dentro de mim me tornando ainda mais corajosa. — Você já me descobriu?
O silêncio que se seguiu à minha pergunta foi de apenas alguns segundos, mas parecia interminável. Usei-o para prever meu próximo passo e descobrir o dele. Eu sabia que esse era o momento em que nós precisávamos nos abrir e confiarmos um no outro. Mas a postura relaxada de Severus era o oposto da tensão que eu conseguia sentir emanar dele.
— Hoje é você quem merece as respostas. Mas eu ainda chegarei nas minhas perguntas para você, garota. Em breve. — Ele afirmou.
— Quando forem os meus termos em discussão, eu precisarei pedir que você anule sua necessidade de ser pragmático, Severus. Ou eu temo que nada do que eu lhe contar, faça sentido para você. — Murmurei.
— Eu estou curioso em como não devo soar pragmático depois de ter visto uma picada de manticora ruim o suficiente no seu braço para ser uma ameaça óbvia contra nossas vidas. E digo nossas, porque ela literalmente está à solta dentro do castelo onde trabalhamos a maior parte dos nossos dias.
— Não vou viver com medo, Severus. Eu me recuso a fazer isso. E esse não é um tema que estou disposta a discutir.
Eu desviei o olhar dele e escolhi um ponto da parede à minha frente para fitar, enquanto esperava que ele tomasse a iniciativa de conversar novamente. Houve uma pausa. Uma mudança leve na energia entre nós e ao nosso redor. A atenção de Severus desviou para a minha janela da sala.
— Suas alas são intrigantes. Definiu-as você mesma?
— Não, Vector enviou um especialista para defini-los depois que aquelas cartas com ameaças começaram. Quanto a mim, li o suficiente para aprender a fazer melhorias. — Ele revirou os olhos para minha última frase, uma pitada de diversão aparecendo no canto de seus lábios. — Eu melhorei as medidas de segurança e o pouco de magia de proteção que tanto permite quanto restringe o acesso à minha casa.
— Até onde elas se estendem? — Ele perguntou, levantando-se e indo até o vitral, afastando a cortina para vislumbrar lá fora.
— Início e final da rua. — Quando olhei para cima, parecia que ele estava fazendo uma nota mental. O que fez um pequeno alarme disparar. — Porque tenho a impressão de que você já sabia disso?
— Sim, eu sabia. — Ele admitiu. — Draco ficou curioso quando passou por suas alas e não conseguiu senti-las.
— Provavelmente por ele não ser mais mágico. — Mas então me lembrei de algo. — Ele disse que você parecia já saber sobre a magia do Scorpius. Isso é verdade?
Severus continuou parado observando a rua. Quando um suspiro cansado saiu de sua boca, eu sabia que a história seria longa e me ajeitei mais no sofá, colocando minhas pernas sob mim enquanto esperava-o falar.
— Eu ouvi sussurros. Lendas. — Ele começou. — Elas falavam sobre bruxos puro-sangue que desrespeitaram as leis. Por leis, falo sobre as diretrizes impostas pelas gerações de famílias fanáticas em para manter a pureza do seu sangue. Fui em busca de histórias de bruxas e bruxos que desobedeceram aos comandos dos seus pais e fugiram para se casarem com trouxas. Foi natural iniciar essa pesquisa pela família da minha mãe. — Severus inclinou a cabeça para o alto, como se estivesse pedindo forças a alguma entidade para continuar o seu relato, sua voz continha um tom mais duro quando ele retomou o relato. — Ficou claro para mim que mesmo anos após a "traição" da minha mãe, o pai dela não estava arrependido de tê-la queimado da tapeçaria da família.
Eu gostaria de entender porque as pessoas são tão preconceituosas, não há uma explicação racional para se julgar alguém por algo que ela não controla, como o sangue. Um borrão da lembrança de ter sido torturada na sala de estar dos Malfoys surgiu como um comichão no fundo da minha mente.
— Me apresentei como um dos seguidores do falecido Lorde das Trevas que estava em busca de reavivar o legado dele de pureza de sangue. Foi assim que consegui acesso à tapeçaria e confirmei que ele havia queimado Eileen, dela. Desconfiei que esse poderia ser o fator determinante para a minha condição atípica de ter poderes quando eu deveria ter perdido a metade deles. — Severus narrou. — Fui em busca de mais pessoas com a mesma condição minha. Viajei até a Bulgária em busca do Diretório Bruxo original, fiz uma cópia dele e saí em busca dos bruxos queimados da tapeçaria que ainda pudessem estar vivos e tivessem descendentes. Eu queria comparar a minha magia com a deles.
— Foi por isso que você não se juntou a Hogwarts desde o início das nossas atividades? — Perguntei baixo.
Severus inclinou levemente a cabeça, confirmando.
— Minha busca durou anos. — Ele continuou. — E os poucos que encontrei, que eram como eu, tinham um talento incrível para saber quando meus olhos estavam à procura. Era um dom tão raro, ser um mestiço e ainda possuir plenos poderes, então, ninguém estava disposto a se tornar um rato de laboratório de um Ministério Mágico. Precisei agir como um espião para finalmente conseguir observá-los. Mas para minha surpresa, todos tinham perdido metade dos seus dons. Eu continuava a ser uma anomalia.
— Você não encontrou mais ninguém? — Perguntei.
— Não, pelos primeiros dois anos e meio. — Severus respondeu e finalmente voltou ao sofá, sentando-se novamente ao meu lado. — E foi totalmente por acaso que conheci Maeve Binns, em um bar nos arredores da Castelobruxo. Tivemos um breve envolvimento até eu descobrir quem ela era de verdade. Acontece que Maeve se apresentou para mim como uma inglesa trouxa radicada no Brasil, o que era uma meia verdade. Ela era uma bruxa sangue puro, neta do seu antigo professor de História da Magia, mas não usava magia desde que terminou seus estudos em Hogwarts. Renunciou a seus poderes quando se apaixonou pelo falecido marido trouxa. A farsa dela durou até o dia que eu descobri que ela tinha uma filha adolescente. A garota chegou em casa inesperadamente e eu reconheci de imediato o uniforme da escola bruxa do Brasil. Numa troca de interações entre mãe e filha, a menina deixou escapar o sobrenome de solteira da mãe. Não foi difícil a partir daí ligar os pontos. Pressionei Maeve por uma explicação e ela confessou que também era uma bruxa, mas que não usava magia há muito tempo. Sequer possuía uma varinha, já que a quebrou em uma prova de amor oferecida ao primeiro marido.
— Qual era o ponto em comum entre ela e você? — Perguntei.
— Não entre mim e ela. Entre ela e a minha mãe. — Severus disse, seus olhos brilhando com uma intensidade mal contida. — Minha mãe também renunciou a varinha e a magia dela, pelo meu pai. Foi assim que eu finalmente cheguei à explicação de porquê mantive meus poderes, ao ver que a filha de Maeve também os tinha. A magia da família Binns e da família Prince, foi interrompida por uma geração, o que fez aquela família bruxa acabar. Maeve e minha mãe foram apagadas da família delas.
— Ainda é um pouco confuso de entender. Quando a magia acabou, se sua mãe e Maeve tivessem mantido-se no mundo mágico, elas não teriam nenhuma magia, por serem sangues puros. — Disparei, franzindo um pouco a testa.
— Sim, você está correta. Mas o que você está esquecendo é que como elas não pertenciam mais a uma família bruxa, elas eram agora consideradas trouxas, e fizeram jus a isso, pois nenhuma delas nunca mais usou seus poderes. Acabaram meio que "matando" seus dons mágicos. Então esses poderes foram presenteados a uma próxima geração de "nascidos trouxas", eu e a filha de Maeve possuímos plenos poderes, porque os talentos dos quais nossas mães renunciaram fizeram delas trouxas. E por isso, a maldição da extinção da magia é nula sobre nós.
Eu estava boquiaberta com a explicação. E não porque era confusa, mas porque aquilo fazia todo o sentido. Era algo tão simples, mas que nenhuma das linhas de pesquisas que fizemos em Hogwarts, seguiu. E a revelação de Severus ainda veio com um bônus, porque também me explicava algo que eu ansiava em descobrir: por que Scorpius tinha poderes quando nenhuma criança os tinha. E era exatamente pelo mesmo motivo que Severus. Draco me confessou que renunciou à magia dele antes de Voldemort morrer. E o pai dele o queimou da tapeçaria Malfoy. Embora isso ainda não explicasse por que não haviam outras crianças nascidas trouxas e mágicas, era um passo à frente para desvendar sobre a magia do filho do meu antigo desafeto do colégio.
— É por isso que você já sabia sobre Scorpius. — Constatei.
— Sim, eu imaginava que o garoto seria um bruxo. Mas acredito que, no caso de Scorpius, haja mais elementos envolvidos. Porque não há nenhuma criança com a mesma condição dele. Acredite em mim, eu pesquisei. Mas o garotinho não é assunto para hoje. — Severus estreitou os olhos em minha direção. — Você vai me contar alguma coisa hoje? Sobre a manticora?
Um aceno de cabeça meu, mas deixei que o silêncio recaísse um pouco sobre nós enquanto pensava no que eu poderia contar a ele.
— No meu quarto em Hogwarts... — Eu mantive os olhos abaixados, evitando encará-lo. — Descobri uma passagem secreta nele.
— Você andou por ela? — Ele inquiriu.
— Sim. — Confirmei e Severus se manteve imóvel, mas eu sabia que ele realmente havia juntado algumas peças. E não contou a ninguém. — Pergunte, Severus.
A garganta dele oscilou.
— O que havia lá? — Ele sussurrou.
— A tumba dos fundadores. Dos quatro. Um fantasma apareceu para mim, falando principalmente por enigmas. Mas nunca tinha acontecido nada. Até aquela noite que você me encontrou. Não foi na tumba, foi numa câmara antes de chegar até ela. Havia um homem, ele vestia…
Me calei e meus olhos voltaram-se para Severus, de repente não queria contar a ele, e fazê-lo achar que eu tinha desconfiado dele e por isso escondi a história. Mas até esse momento, eu sequer associei a figura do meu orientador àquele homem sombrio, mesmo que eu soubesse que Severus vestiu, por anos, um manto e uma máscara exatamente iguais aquela.
— O que ele vestia, Hermione? — Severus pressionou.
— Um manto e uma máscara. — Consigo ver nos olhos dele o momento em que ele percebe a que tipo de vestimenta estou me referindo. — Ele comandava a Manticora. Tinha algum tipo de poder sobre ela, lembro de ouvir alguns murmúrios numa língua antiga pouco antes dele ordená-la a me matar. — Eu ainda conseguia ouvir o rugido daquela criatura na câmara, ainda a via disparando contra mim. Ainda tinha pesadelos com a coisa toda. — Eu corri até a tumba e a espada de Godric se apresentou para mim. Foi assim que eu matei a besta, não antes dela me picar. Todo o resto da história, você já sabe.
Severus assimilou por alguns segundos o que eu tinha relatado para ele, nunca tirando os olhos dos meus.
— Você foi levada a uma tumba e encontrou um fantasma?
Uma pergunta claramente cética.
— Eu te disse que se você fosse pragmático, isso soaria fantasioso, Severus. — Meu sangue ferveu por ele não acreditar em mim, mas me controlei o suficiente para não estragar a relação que tínhamos acabado de firmar.
— Hermione, me perdoe por ser um pouco cético, mas eu sei que você não é uma mentirosa e eu vi a sua ferida.
As palavras dele soaram verdadeiras e sufocaram o calor da raiva que queimou em mim. Levantei do sofá e me ocupei em acender a lareira, a noite havia esfriado rapidamente enquanto conversávamos.
— Eu… posso levá-lo até lá. — Ofereci, como uma oferta de confiança ainda maior.
Severus se aproximou de mim, estendendo a mão em minha direção.
— Eu sei que vai, somos parceiros.
Eu sorri e apertei a mão estendida dele. Seus olhos brilharam e queimaram nos meus, um calor que foi direto ao meu coração. Parceiro, ele era o meu parceiro.
— Ei, Justin, bom dia. — Eu cumprimentei meu colega de equipe quando ele passou por mim na tarde de nosso duelo com a Koldovstoretz, dois dias após a reunião no escritório de Minerva.
Mas Finch-Fletcher, que sempre tinha sido amigável comigo, seguiu em frente. As sobrancelhas dele subiram enquanto passava e foi isso. Na hora, não pensei muito nisso. Eu estava acostumada com os humores oscilantes dele, não era um grande negócio. Eu também tinha muito disso e imaginei que ele estava tendo um dia ruim ou algo assim.
Nem quinze minutos mais tarde, antes do início da nossa atividade com a escola russa, ouvi alguém sussurrar por trás de mim.
— Você viu as fotos?
Eu não consegui identificar exatamente a pessoa falando e não quis me virar para ouvir um pouco mais. Não havia outras imagens além das minhas e de Severus.
— Que fotos? — Perguntou a outra voz, em um volume normal.
Um segundo depois, a falante original disse: — Fala baixo!
Mas mesmo assim, eu ainda conseguia ouvir todo o teor da conversa.
— Que fotos? — Era quase um sussurro agora.
— As de… — Houve uma pausa, provavelmente para me indicar de alguma forma. — E Snape.
— O que? Não. Quais? — Perguntou de novo a segunda voz.
Houve outra pausa.
— Estava saindo de um prédio com ele, e ele acenou para que ela entrasse no seu carro.
— Sério?
— Sim. Com certeza. E ouvi dizer que tiveram uma reunião com Robards e Minerva sobre isso e que eles não negaram.
Eu me senti imediatamente estranha, mesmo depois que parei de ouvir o que diziam, ainda me sentia provocada. Já tinham começado os rumores e as verdades distorcidas. Eu me senti de novo como anos atrás, na situação com Chloe. Minha vontade de virar e dizer-lhes que não era exatamente o que parecia era esmagadora, mas tive que praticar o que eu prego. Eu não tinha feito nada de errado e não ia me desculpar por isso.
O único problema era, que quanto mais a exibição com a Rússia passava, mais eu sentia o peso de vários olhares sobre mim. Ouvi alguns sussurros. Não eram todas as pessoas, mas era o suficiente dos meus companheiros de equipe, para me fazer sentir suja. Eu sabia que não tinha feito nada para me envergonhar e Severus também, assim não importa o que todos pensavam. Se eu me lembrasse disso o suficiente, era mais fácil ignorar os olhares tortos que estava recebendo.
Eu estava no vestiário unissex quando Dean entrou e sentou-se ao meu lado. A expressão no rosto dele me preparou para o que ia sair da sua boca.
— Amor, eu não queria dizer nada, mas algumas pessoas estão comentando sobre você.
Dei-lhe um sorriso por cima do ombro, que não sentia totalmente.
— Eu sei. — Isso não o fez parecer menos preocupado. — Está tudo bem, Dean. Eu prometo. Não fiz nada que não devia, e não vou correr para me explicar.
— Entendo. — Seus olhos amendoados estavam ainda mais escuros e amplos. — Não gosto de ouvi-los insinuar coisas sobre você.
Meu pescoço ficou muito quente.
— Nem eu. Mas não importa, Dean. — Olhei para o rosto do meu amigo, sabendo que ele realmente acreditou em mim quando disse que não tinha feito nada com Severus, mesmo que ele soubesse o quanto eu era deslumbrava pelo nosso orientador. Mas eu sabia que, pelo menos Dean, me conhecia melhor. — Você e eu sabemos que eu não fiz, estou bem com isso.
Dean franziu seus lábios juntos e assentiu rigidamente.
— Eu posso azará-los...
— Não vale a pena, realmente. Eles vão superar isso.
Ou não, pensei. Mas não ia deixar que as pessoas, que tão facilmente falam sobre mim por trás, me colocassem para baixo. Eu continuaria a fazer qualquer coisa pela equipe, mesmo que alguns deles estivessem fofocando como se eu não tivesse trabalhado duro junto com a maioria em busca pelo reavivamento da magia melhorar, ou tivesse sempre tentando motivar todos quando precisávamos disso.
Tanto faz. Já tive isso antes com o escândalo de Chloe, mas desta vez não ia deixar a culpa levar o melhor de mim. Eu não tinha nada sobre o qual me sentir culpada.
Dean fez uma careta, antes de escorregar um braço sobre meu ombro, enquanto caminhávamos.
— Eu sei quem já fez plástica no nariz. — Ele ofereceu. — Eu também sei quem tem uma infecção por fungos. O que fazer com essas informações é com você.
Eu comecei a rir e passei um braço pela cintura dele.
— Porque não estou surpresa por você saber dessas coisas, Dean? Não vou usar isso contra ninguém, mas mesmo assim obrigada.
Dean eventualmente deixou o braço cair enquanto nós saíamos para os jardins. O rosto dele ainda parecia preocupado com linhas na sua boca, mas ele mudou de assunto.
— Você ainda vai para os Potters nas férias?
— Sim, é o aniversário do James e não os visito há um tempo. E você?
— Vou embora amanhã de manhã. Tenho alguns trabalhos no Departamento de Mistérios chegando em alguns dias. Eu não voltarei por quase duas semanas.
— Vai posar de Inominável de novo? — Eu disse divertida, sabendo que Dean odiava quando Kingsley o nomeava para lá. — Divertido.
— Você é má, Hermione.
Dei um beijo estalado na bochecha dele. — Só quando preciso ser.
A batida familiar que viria a associar a Severus, começou às sete e quinze da manhã seguinte. Eu já estava acordada por quase uma hora e meia, terminando minhas listas de tratamentos dos meus pacientes que ficariam sob cuidado do curandeiro assistente enquanto eu estivesse fora, para arrumar minha mochila, antes de tomar banho e poder sair com meu carro para Bamburgo. A última coisa que esperava era o meu orientador aparecer na minha porta, não especialmente às sete da manhã.
Peguei uma camiseta fora da pilha de roupas na minha cama, com a intenção de guardá-la, quando a batida tornou-se ainda mais persistente. Bastardo impaciente. Fui até a porta com um suspiro, nem mesmo preocupando-me em verificar o olho mágico.
— Severus? — Perguntei enquanto apontava a varinha para a trava.
— Sim.
Abri a porta imediatamente notando que ele usava vestes trouxas. Um segundo depois, notei outra coisa, havia uma mochila por cima do seu ombro. Severus ficou lá parado, me encarando. Eu não perdi o tique no maxilar, quando ele olhou da minha camiseta folgada e os shorts elásticos que mais pareciam uma calcinha do que qualquer outra coisa. Também não perdi o jeito que sua pálpebra começou a tremer, antes de seu olhar finalmente deslizar para cima e os espasmos piorarem.
— O que foi? — Perguntei, como se ele não tivesse mudado seu corpo ou seu olhar.
Aqueles olhos escuros desceram para o que eu estava usando novamente. Sua voz era muito firme e lenta.
— Você abre a porta meio nua o tempo todo?
Ah meu Deus.
— Sim, padre. Perdoe-me, porque eu pequei. — Ironizei e fui para o lado para dar espaço para ele entrar. — Você vai entrar? — Eu olho para sua mochila novamente. — Ou está indo embora?
— Estou partindo. — Ele disse no instante em que entrou no meu hall, ainda dando às minhas roupas de dormir uma expressão de desaprovação.
— Para onde vai? — Fechei a porta atrás dele.
Severus soltou sua mochila junto às minhas botas de trabalho.
— Para Alnmouth Beach.
— É mesmo? Por quê?
Eu já tinha ido lá uma vez com Dean e Ivan. Eles me arrastaram para um fim de semana de festa num castelo privado e conhecemos os bruxos famosos de lá que fazem transfigurações definitivas em pessoas. Dean disse que eles eram o equivalente a cirurgiões plásticos trouxas, e eu não sabia o que pensar sobre isso. Não esperava que Severus quisesse passar seus dias de folga por lá, quando podia ir a qualquer lugar. O bruxo em questão fez o seu caminho em direção a minha cozinha e direto para os armários, retirando uma caneca de lá.
— Eu tenho um compromisso esta tarde.
Então, a primeira coisa que pensei foi que ele estava se referindo a uma consulta de "cirurgia plástica". Plantei minhas mãos no balcão entre nós e inclinei-me, dando-lhe um olhar descrente.
— Não, Severus.
Ele olhou por cima do ombro enquanto alcançava uma pequena panela e começou a enchê-la com água da minha geladeira.
— Sim?
— Não faça isso. Você ainda é muito bonito, e honestamente é sempre nítido quando alguém faz uma transfiguração definitiva no rosto. Não importa se eles vão garantir uma transfiguração perfeita. Principalmente se estivermos falando sobre o seu nariz. Acredite em mim, vai ser perceptível. — Eu disse a ele totalmente séria.
Ele pôs a panela no fogão, mas não acendeu a chama. Seus ombros caíram para frente, ele levantou uma mão e apertou a ponta do seu nariz. Quando ele se virou para me encarar, havia uma pitada de diversão no canto da sua boca e em seus olhos.
— Granger, vou trabalhar na minha tatuagem.
— Ah. — Minhas bochechas esquentaram, me senti uma idiota. — A do seu braço? — Era a única que já vi espreitar pela sua manga, e provavelmente cobria sua antiga marca negra.
Ele assentiu com a cabeça.
Por que Severus ia até Alnmouth Beach quando havia milhares de estúdios de tatuagem muito mais perto, em Edimburgo, por exemplo, estava além de mim, mas tanto faz.
— Isso é ótimo. Eu vou voltar para casa. — Então percebi que ele não saberia que "casa" para mim, significava também a casa de Harry. — Bamburgo. Está perto de Alnmouth Beach.
Severus me chocou quando ele disse: — Eu sei. Vou te pagar duzentos galeões para me levar até Alnmouth Beach.
— O quê?
— Pagarei duzentos galeões para que me leve a Alnmouth Beach. — Ele fez um gesto com a cabeça na direção de sua mochila que tinha sido deixada na porta. — E a gasolina também.
Eu arranhei meu nariz, certificando-me que ele não estava brincando. Meu instinto disse que ele não estava. Definitivamente não.
— Você quer que eu dirija até Alnmouth Beach para seu compromisso? — Não pude deixar de perguntar. Ele assentiu com a cabeça. — Está bem. — Eu estreitei meus olhos para ele, pensando em como responder sobre isso, decidi que não havia nenhuma forma bonita. — Não sei como dizer isso sem parecer uma má amiga, que não aprecia sua generosa oferta, mas... Por que seu motorista não leva você?
— Hoje é o aniversário da sua filha. — Ele explicou.
— E você não pode pedir uma Chave de Portal no Ministério? Ou não vai via Flu? — Perguntei lentamente.
— São rastreáveis. Não quero fornecer um histórico do que faço no feriado.
Ah, certo. Mas a preguiçosa parte de mim que estava muito empenhada em passar quatro dias com meus melhores amigos que considerava minha família, que são minha família, não queria dirigir com Severus por aí. Então, minha outra metade, sentia-se mal dizendo-lhe não.
— Eu estou indo passar o fim de semana com minha família, não posso trazer você de volta aqui logo após seu compromisso.
Ele levantou uma única sobrancelha. — Não tenho mais nada para fazer após o compromisso.
Eu pisquei meus olhos em confusão. Ele estava sugerindo… não, ele não estava.
— Severus, vou passar o fim de semana lá. Não posso te trazer de volta. Já prometi que iria.
— Ouvi a primeira vez, Hermione. — Ele respondeu em um tom enfadonho, servindo-se de uma caneca do chá quente que preparou. — Eu disse que não tenho mais nada para fazer depois. Vou ficar com você.
Ele ficaria… Ele ficaria comigo? Uma imagem de Harry desmaiando passou pela minha mente.
— Você sabe que quando me refiro à família, eu estou falando dos Potters?
— Sim.
— No fim de semana?
Severus revirou os olhos.
— Sim, Granger. Isso é um problema? — Ele perguntou depois de um momento.
Limpei minha garganta e pensei em Harry novamente.
— Lembre-se que o Harry é um grande fã seu… — Ele assentiu com a cabeça. — Ele é um grande fã, você tem que entender, que se você quer ir e… — Engoli. — Ficar com eles. Ele pode desmaiar e agir como se não falasse inglês, o fim de semana inteiro. Ou passar todos esses dias olhando fixamente para você e não dizer uma palavra.
Severus pareceu pensar por cinco segundos antes de dar de ombros, como se nada do que eu disse iria incomodá-lo em tudo. Nem sequer um pouco. — Sim.
— É o Harry, Severus.
— Eu sei quem é o Potter, Hermione. — Ele disse displicentemente.
Tomei uma respiração profunda, porque de repente não conseguia compreender onde eu estava me metendo.
— Tem certeza? — Perguntei-lhe lentamente.
Ele me deu um olhar, antes de voltar para sua xícara novamente.
— Sim. Agora tome banho e vista algo decente. — Ele rosnou.
Eu fui me trocar, sem conseguir imaginar o porquê Severus Snape se ofereceu para ir em uma viagem comigo até os Potters. Eu não tinha uma única fodida pista do que esperar desse final de semana.
Notas Finais
Pausa nos mistérios porque esses dois precisam se acertar, né?
O que vocês esperam de um final de semana deles com os Potters? Palpites?
