Notas do Autor
Disclaimer: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor desse texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas à JK Rowling.
Capítulo 17 - Centelha Divina, Renasceu das Cinzas
— Então, por que decidiu vir aqui em vez de em algum lugar na Escócia? Ou em Londres? — Perguntei, mais de seis horas mais tarde, quando girei o carro para uma vaga de estacionamento na frente do prédio que Severus tinha indicado.
A viagem em si durou um pouco menos de três horas. Mas precisamos matar o tempo, já que o compromisso de Severus era apenas às dezesseis horas. Paramos para almoçar, andamos por aí, e visitamos uma loja trouxa onde ele tinha perdido a cabeça na seção de suprimentos de escritório, "qualquer coisa custa uma libra?". Eu tive uma crise de risos quando ele começou a inspecionar cada item que nos deparamos e comparei mentalmente o homem na minha frente com o Sr. Weasley e seu fascínio por coisas trouxas.
Desafivelando o cinto de segurança, ele deu-me um olhar ainda claramente insultado, porque presumi que ele iria fazer uma "transfiguração plástica" mais cedo.
— Conheço alguém que confia no seu trabalho.
Essa foi toda a informação que ele me deu. Saímos do carro e fizemos o nosso caminho em direção ao estúdio. Uma música baixa tocava suavemente ao fundo e um homem ruivo estava sentado atrás da mesa preta na recepção, trabalhando em algo com um lápis. Ele olhou para cima quando entramos e nos deu um sorriso amigável.
— Olá, como vai?
Quando percebi que Severus não disse nada, sorri de volta para o homem enquanto acotovelava o meu acompanhante nas costelas por ser rude.
— Bem e você? — Respondi por ele.
— Ótimo. — Ele olhou para Severus e algo como reconhecimento cintilou em seu olhar antes de ele largar o seu lápis sobre a mesa. Provavelmente esse tatuador era um bruxo e agora vivia como um trouxa, após a extinção da magia. Ele mexeu no computador, possivelmente para confirmar se estávamos na agenda, antes de deslizar lentamente seu olhar de volta para nós.
— Fox sairá em um minuto, se você quiser se sentar.
— Obrigada. — Sorri agradecida para ele e voltei para me sentar em um dos sofás de couro.
Severus ficou de pé, caminhando em direção ao mural onde vários artigos de revistas estavam enquadrados. Um minuto mais tarde, o som de botas ecoou no chão de cerâmica e não me preparou em nada para o homem de cabelos encaracolados que saiu da parte de trás do negócio. Alto, ombros amplos e com tatuagens indo até os pulsos, não consegui despregar os meus olhos dele e eu nem era uma fã de pessoas com tanta tatuagem assim, mas eu teria que ser cega para não notar quão bonito ele era, mesmo que ele não fosse meu tipo. Porque, Merlin, ele era delicioso.
— Ele está usando uma aliança de casamento. — A voz baixa de Severus murmurou, à direita de mim.
— Isso não significa que não posso olhar. — Murmurei de volta, já percebendo que sim, ele estava usando uma aliança brilhante amarelo-ouro.
Algo caiu sobre o meu colo e percebi que Severus tinha jogado o cachecol dele em mim.
— Segure isso! — Pediu ele.
— Olá. — A voz do cara de cabelos encaracolados soou mais perto, ele e Severus estavam diante de mim, apertando as mãos.
Severus era apenas ligeiramente mais baixo que o homem, que aparentava ser apenas um pouco mais jovem. Enquanto eu examinava suas diferenças, Severus me olhou de uma forma que me fez sorrir. O rosto dele, que eu já estava familiarizada há anos com a mesma expressão de impassividade, agora estampava um misto de irritação e advertência. Se possível, o achei ainda mais bonito. Severus não sabe disso, mas eu ainda preferiria ele ao homem de cabelos encaracolados em qualquer dia.
— Você quer olhar para o desenho mais uma vez, antes de refazer a tatuagem? — Perguntou o tatuador, dando um passo atrás e não olhando para mim nenhuma vez.
— Sim. Quanto tempo tudo levará? — Severus quis saber.
— Por volta de duas horas.
Severus assentiu com a cabeça antes de falar comigo, sua mão apoiada no meu ombro.
— Granger, você...
— Eu vou esperar por você, Severus. Você não sabe dirigir de qualquer forma. — Respondi, provocando-o.
Ele me olhou por um segundo e então puxou um punhado dos meus cachos até a frente dos meus olhos. Quando consegui enrolá-los de volta, ambos os homens estavam caminhando em direção a uma das áreas de trabalho, por trás da recepção. Eu me acomodei melhor no sofá, me preparando para ler um livro que baixei no meu celular enquanto esperava, quando o tatuador deixou Severus próximo a saleta privada fez seu caminho de volta para a mesa.
— Se Rizzie não estiver de volta em dez minutos, ligue para ela. — Ele disse para o ruivo na recepção.
— Certo. Ela me mandou uma mensagem vinte minutos atrás, dizendo que estava a caminho, então tenho certeza que chegará logo.
O moreno grunhiu e antes que tivesse uma chance de resposta, a porta se abriu e uma mulher mais ou menos da minha idade entrou, carregando uma cadeirinha infantil em uma mão e um pacote grande de fraldas, na outra. O homem, que eu sabia chamar Fox, veio imediatamente para junto dela.
— O que diabos você está fazendo? Eu disse para me chamar quando estacionasse, assim eu poderia ajudá-la. — Ele disse numa voz áspera, pegando o assento de carro com um braço e segurando-o até o nível do rosto, olhou para dentro, e seus olhos escuros se estreitaram, antes de um sorriso estampar seu rosto. — Como está o meu pequeno? — Ele sussurrou, mergulhando de cabeça ainda mais perto para o casulo do assento e fazendo um audível som de beijo.
Oh meu Merlin! Um homem assim, fazendo sons de beijos, no que eu só podia supor ser seu filho. Meu útero e minha vagina não sabiam o que fazer com eles mesmos.
A mulher sorriu, nem um pouco perturbada com a maneira que o cara tinha falado com ela, ou como eu fiquei incrédula olhando para eles.
— Eu não vou ligar, Fox, quando sei que você tem um compromisso. — Ela ainda estava olhando para o homem com o bebê antes de adicionar para o ruivo: — Oi, Sean.
Sean mandou-lhe um beijo. — Senti sua falta.
— Senti sua falta também. — Ela respondeu.
Fox baixou a cadeirinha de bebê de volta, e franziu a testa para ela. — E o meu beijo, porra?
Ela revirou os olhos e cortou a distância entre eles, subindo na ponta dos pés para plantar seus lábios contra os do homem de cabelos escuros. Ele envolveu seu braço livre em torno da sua cintura e a puxou direto para o peito dele, aprofundando o beijo, mesmo que ainda estivesse segurando a cadeirinha em sua mão.
Tive que desviar o olhar. Talvez fosse a hora de começar a pensar em deixar alguém entrar na minha vida. Tinha passado muito tempo desde o meu único namoro de verdade, e embora eu tenha saído algumas vezes com Viktor, aquilo não era um relacionamento de nenhuma forma. Meus olhos estúpidos mudaram-se para a direção de Severus, apenas por uma fração de segundo, antes que eu forçasse-os de volta para o meu colo ao notar que ele sequer olhava em minha direção.
Coloquei meus fones de ouvido, espiei para cima novamente para ver Fox segurando a cadeirinha em uma mão, enquanto ele e a mulher seguiram de volta para os fundos do estúdio, e comecei a leitura no meu celular, para me manter ocupada até Severus terminar.
Algum tempo depois, uma mão balançando pra mim da recepção me chamou a atenção. Era o ruivo.
— Oi. — Eu disse, tirando meus fones.
A mulher de antes estava sentada ao lado da mesa com ele, nenhuma cadeirinha de bebê à vista, mas havia uma babá eletrônica em cima da mesa.
— Normalmente respeitamos a privacidade aqui. — Disse ele com a voz sussurrada. — Mas... Aquele é o Snape?
Seu rosto estava muito esperançoso. Eu coloquei o meu telefone no colo e vi quando ele se inclinou para frente, pela minha resposta.
— Sim. — Respondi.
O cara lançou o punho no ar e voltou-se para a mãe do bebê.
— Eu te disse! — Ele sussurrou para ela, o que só me fez sorrir.
— O cabelo dele está diferente. — Ela respondeu-lhe em voz baixa, olhando para trás para se certificar de que não estava sendo ouvida.
— Ele parece diferente quando prende o cabelo e mostra o sidecut. — Eu concordei, estendendo meu pescoço, mas só fui capaz de capturar um vislumbre de Fox curvado.
— Nós sabemos que você é uma heroína também. — Disse o ruivo e eu sorri para ele.
— É só que nós sabíamos que você estava por aqui o tempo todo. Mas ele reapareceu de repente. — Ela explicou timidamente e olhou ao redor antes de adicionar, olhando o ruivo: — Eu tive uma grande queda por Snape quando cursei Hogwarts. Ele tinha todo um ar de mistério e uma voz absurdamente sedutora.
— Não deixe que o chefe te ouça! — Sorriu o ruivo.
Ou ele ficaria com ciúmes? Quão adorável era isso? Tão doce que me fez sentir um pouco estranha. Ocupada como eu estava, não passava muito tempo com casais, exceto Dean e Ivan, mas mesmo assim eu não vivia tão colada com eles. Ah, inferno! Por que eu tinha que ver esse casal feliz? Minha vida solitária estava ótima, eu não tinha nada a reclamar.
— Vocês estão namorando? — O cara deixou escapar um segundo mais tarde e levou uma cotovelada da mulher em reprimenda. — O quê? Eles estavam no jornal. — Ele justificou.
Senti meu pescoço ficar quente, e embora tenha percebido que não tinha que responder, fiz de qualquer jeito.
— Somos apenas melhores amigos. — Respondi e pus novamente meus fones de ouvido, amaldiçoando mentalmente os repórteres e a imprensa por terem feito que uma mera visita médica soasse como um romance secreto até para pessoas desconhecidas.
— Severus, eu preciso mesmo te avisar: acho que o Harry vai entrar em choque. — Avisei quando finalmente chegamos ao bairro dos Potters. — Eu já avisei a ele que tinha uma surpresa, enquanto estava esperando por você no estúdio de tatuagem, mas realmente acho que ele vai surtar.
Eu sentia o peso do seu olhar do outro lado do carro.
— Não estou preocupado com Potter.
Claro que ele não estaria. Mas eu estava. Harry, no mínimo, vomitaria. Eu não tive coragem nem para avisar Ginny, porque não sabia como ela administraria isso também. Havia uma chance que ela pirasse por prever o surto do marido, se eu dissesse.
— Severus… você não entende o quanto foi ruim para ele ter duvidado de você por uma vida inteira, enquanto você só estava lá nos protegendo e sendo fiel a sua promessa de proteger o filho da Lily. Ele sabe o que ela foi para você. Aquelas memórias…
— São provas do quanto sou leal a uma amizade. Você deveria pensar sobre isso enquanto decide quando vai me levar até aquela tumba. — Ele me cortou.
Suspirei, conformada de que ele preferia subestimar o fascínio atual de Harry por ele. Mas isso não ajudou em nada para acalmar os meus nervos quando chegamos mais perto da casa que meus amigos tinham escolhido para viver. Mas Severus não me deu muita escolha quando literalmente se ofereceu para vir comigo. O que eu deveria dizer? Que ele não era bem-vindo? Era uma resposta nada educada, meus pais me ensinaram melhor. Além disso, eu já tinha trazido o próprio Dean para casa comigo algumas vezes durante as férias, o que deveria ser estranho, já que ele e Ginny namoraram na escola. Mas o casal Potter sempre foi a personificação da gentileza.
A pequena casa de três quartos estava localizada no fim do beco. Não era nova, de qualquer forma, mas o casal cuidava muito bem dela e fez daquela moradia simples, um lar cheio de amor. Atirei um sorriso quando Severus pegou minha mala no porta-malas, e seguimos o caminho de pedras até a porta de entrada. Ele nem sequer esperou por mim antes de estar batendo na porta, um pouco mais fraco do que a maneira que ele batia na minha, toda vez que ia lá em casa. Eu o empurrei para o lado quando as fechaduras começaram a virar.
— Quem é? — Claro que seria Harry.
— Mione! — Eu disse de volta, colocando o dedo indicador sobre minha boca quando Severus olhou para mim.
— Mione? Você perdeu sua chave? — O bloqueio de fundo virou-se um momento depois, o rosto do garoto-que-sobreviveu apareceu na fresta da porta.
— Não. — Sorri, feliz em vê-lo. — Tenho uma surpresa para você. Não se assuste… — Sua testa enrugou em confusão quando ele abriu a porta completamente. — Não entre em pânico, ok?
Harry parou. O seu olhar virando de mim para Severus, então de volta para mim e finalmente de volta para nosso ex-professor de poções. Um som rouco e estranho escapou de sua boca. Então, ele simplesmente fechou a porta na nossa cara. Severus e eu olhamos um para o outro, e um segundo depois, ele começou a rir, um sorriso que me pegou totalmente desprevenida.
— Harry! — eu gritei o nome dele. Não houve resposta, o que só me fez rir ainda mais forte. — Harry, vamos lá. — Eu pressionei minha testa contra a porta, meus ombros sacudindo em risos quando lembrei o olhar em seu rosto quando ele viu Severus ao meu lado. — Oh, Merlin.
Virei a cabeça para olhar Severus novamente, ele ainda estava sorrindo.
— Hermione? O que houve? — A voz de Ginny veio de dentro da casa um segundo antes dela abrir a porta, a testa já enrugada em confusão. — Por que… Ah, caralho! — Ela disse, imediatamente olhando para nosso ex-professor. O rosto dela ficou um pouco pálido e sua boca abriu em surpresa por três segundos, antes dela me olhar e limpar a garganta novamente. — Ok. — Os olhos dela giraram para Severus antes de sorrir para ele com cautela. — Entrem.
— Oi, Ginny. — Eu disse, dando-lhe um abraço antes de me afastar, enquanto ela fechava a porta atrás de nós. Dei-lhe um olhar com os olhos arregalados que disse "por favor, não fale nada". — Eu trouxe o Severus comigo.
Ele apenas encolheu os ombros casualmente e estendeu uma mão apropriada para minha amiga. Ginny estava muito ocupada, olhando-o de cima a baixo, como se ela não pudesse acreditar que ele estava aqui, e honestamente até uma pequena parte de mim não acreditava também que ele estava aqui, como meu amigo, passando os próximos dias com os Potters porque ele não tinha mais nada para fazer. Era surreal.
— Olá, senhora Potter. — Ele disse educadamente. — É um prazer revê-la. Obrigado por me receber.
Eu convivo o suficiente com Severus para não me surpreender com quão educado ele é, quando não está sendo um bastardo, mas me pegou um pouco desprevenida a sua solicitude com uma ex-aluna que inclusive já arrombou o escritório dele quando ele era diretor de Hogwarts.
Um pequeno sorriso atravessou o rosto de Ginny, satisfeita com seu cumprimento.
— É um prazer reencontrá-lo também. — Ela disse, felizmente evitando qualquer tópico do nosso passado em lados opostos. Ginny finalmente olhou para mim. — Eu estava me perguntando por que Harry fechou a porta e se escondeu no quarto. Ele está lá agora, procure-o enquanto dou uma bebida a Severus.
Simples assim, Ginny decidiu que o chamaria de Severus. Eu nem podia dizer que estava surpresa, ela sempre foi, de longe, a pessoa mais atrevida do nosso grupo de amigos. Dei um pequeno sorriso para ele, deixando-o lá parado e com as mochilas na mão.
— Eu já volto. Você pode deixar as mochilas lá no canto, eu vou guardá-las mais tarde.
Ele me deu o que eu estava começando a chamar de seu olhar "Cale-se, Granger". Sorri para Ginny e lhe dei outro abraço, apesar do fato de que ela continuava mais concentrada no homem ao meu lado.
— Vou tirá-lo de lá. — Avisei enquanto ia para os degraus. Quando subi para o quarto dele, a porta estava fechada.. Eu bati nela duas vezes. — Harry? Vou entrar. Por favor, não me mate.
Sentado à beira da cama, com a cabeça entre os joelhos, estava o homem que tinha derrotado o maior bruxo das trevas dos últimos tempos. Suas mãos escuras estavam segurando a parte traseira da cabeça, e levou tudo dentro de mim para não começar a rir do seu mini ataque de pânico. Sufocando tudo de volta, me sentei ao seu lado e deslizei minha palma carinhosamente nas suas costas.
— Surpresa! — Eu sussurrei com apenas o menor indício de riso na minha voz.
Lentamente, ele virou a cabeça e peguei seus olhos verdes semicerrados me encarando.
— Não sei se quero te abraçar ou te amaldiçoar. — Ele disse sufocado.
— Você não tem mais magia. — Lembrei-lhe com um sorriso.
Harry conseguiu fazer uma careta, com a pequena parte de seu rosto visível.
— Nunca duvide do "Escolhido". Você está tentando me matar? — Harry sussurrou.
Eu não consegui conter o meu riso e neguei com a cabeça para ele saber que estava sendo apenas dramático.
— Do jeito que você dirige, Harry, isso vai acontecer mais cedo do que o previsto. Você não está tendo um ataque de coração, certo?
Harry levantou finalmente a cabeça, seus olhos verdes agora totalmente abertos e visíveis, que se destacavam contra sua pele marrom. Era uma combinação linda. Cão sortudo. Ginny já me confessou uma vez que foi a primeira coisa que ela reparou nele.
— Com a forma como você está me tratando, vou acabar tomando remédio para pressão arterial em breve. — Ele sentou-se reto e continuou a me dar um olhar impertinente. — Você o trouxe para nossa casa e não me avisou? Você não me disse que estava falando com ele, da última vez que conversamos. — Harry abanou a cabeça exasperado. — Eu pensei que você era minha melhor amiga.
E ele realmente soou mal. Não muito, mas o suficiente para que eu me sentisse culpada por não ter dito nada a ele sobre minha amizade com Severus. Harry é o meu melhor amigo. Geralmente, eu conto tudo, ele e eu sempre tivemos uma relação especial. Ele tinha sido meu amigo, meu herói, meu conspirador e o meu suporte desde os meus doze anos. Assim suas palavras foram suficientes para tirar o sorriso do meu rosto, eu me apoiei ainda mais nele.
— Me desculpe. Eu não sabia como te dizer. Eu não tinha certeza de que realmente éramos amigos. No início, ele era apenas o mesmo idiota que já conhecíamos, então, de repente, nos tornamos amigos.
— Humph. — Harry rosnou.
— Estou falando sério, Harry. É estranho. Nos primeiros dois meses, eu tinha que pensar sobre filhotes fofos de unicórnios para evitar azará-lo nos treinamentos, ao mesmo tempo em que ficava gaga toda vez que estava perto dele. — Isso fez Harry quebrar um pequeno sorriso. — Nós duelamos juntos algumas vezes, levei-o comigo para jogar quadribol não-mágico com Neville e Ivan, e ele me levou a um curandeiro há uma semana. — Expliquei, surpresa que Harry não tinha visto nossas fotos nos jornais bruxos.
Mas mesmo quando o bruxo favorito de Harry no universo estava a uma curta distância, o meu "irmãozinho postiço" dessa minha vida me colocou em primeiro lugar.
— Por que diabos você foi a um curandeiro? — Ele surtou.
Quinze minutos depois, eu tinha resumido para ele quase tudo — principalmente, da visita sombria à tumba que tinha dado errado o suficiente para que Severus me levasse ao consultório, a conversa com Robards e finalmente sobre o homem impassível aparecendo na minha casa naquela manhã.
Harry estava balançando a cabeça no final, raiva aparente em seus olhos.
— Eu pedirei a Kingsley a cabeça de Robards se ele for injusto com você. — Ele disse, ainda frustrado com o meu chefe.
E eu sei que Kingsley idolatra Harry o suficiente para aceitar qualquer pedido que ele faça.
— Nós vamos nos preocupar com isso depois. Eu não violei qualquer termo do meu contrato de colaboração com Hogwarts, então não acho que ele possa fazer qualquer coisa. — Eu realmente esperava isso. Harry estreitou os olhos, mas a contragosto assentiu com a cabeça. — Então, pronto para ver o seu "quase-pai"? — Eu perguntei com um sorriso no rosto.
Harry deu um tapa leve na parte de trás da minha cabeça.
— Não, mas acho melhor obedecer a minha "quase-madastra". — Ele devolveu, ficando de pé e me arrastando junto com ele, mesmo que eu estivesse fraca por causa da crise de risos desencadeada por nossas piadas.
Eu o segui para fora do quarto, percebendo quão lentamente ele estava andando. Na cozinha, encontramos Severus abarrotado, sentado na mesa redonda pequena do canto da sala, com um prato de salgadinhos variados, outro com vegetais, e um copo de água na sua frente. Ginny estava buscando por mais algo na geladeira. Ele levantou-se e estendeu uma mão para Harry, que não disse uma palavra, apenas olhou para ele de uma forma que não era o seu modo habitual, timidamente, e levantou uma mão ligeiramente trêmula para apertar a do antigo espião da Ordem da Fênix.
— Potter, é bom vê-lo novamente. — Severus falou, mantendo contato visual com meu amigo.
Eu tive que beliscar meu nariz, Harry assentiu rapidamente em troca, puxando um suspiro alto quando suas mãos se soltaram. Eu cheguei por trás, apertando os ombros dele e sussurrei em seu ouvido que ele só precisava imaginar Severus fazendo cocô, e assim o veria como uma pessoa normal. Sorri para o olhar chocado em seu rosto antes de me sentar ao lado do meu orientador, e às escondidas roubei um dos salgadinhos do seu prato.
Harry agarrou um assento ao meu lado, e em frente a Severus, olhando por toda parte, menos para o homem que entregou suas memórias para ele quando achava que morreria. E o Harry era o mesmo homem, que mesmo após o baque de perder a magia, foi transformado pela guerra que venceu e tirou um peso dos seus ombros, em uma pessoa que fala alto, é extrovertida e tem temperamento leve, que conquista a todos. Mas agora ele sentava-se nervosamente na sua cadeira. E isso era exatamente o que me preocupava em trazer Severus para Bamburgo. Eu queria passar tempo com os meus amigos, não ter o Harry tão assustado que ele se recusasse a falar.
Eu não ia envergonhá-lo, apontando quão estranho ele estava agindo na frente do Severus, e decidi ter um pouco de paciência. Nós, ou pelo menos eu, íamos estar aqui pelos próximos três dias; Severus e eu não discutimos se ele iria descobrir outro jeito de voltar para a Escócia, então, veremos como isso funcionaria. Severus estendeu o prato na minha direção e sorri quando peguei um pedaço de queijo. Em seguida, lembrei que não havia perguntado pelas crianças.
— Onde estão os pequenos? — Perguntei aos dois.
Harry levantou as sobrancelhas, mas foi Ginny quem respondeu.
— Estão dormindo no quarto. — Eu sorri, até que minha amiga acrescentou: — Com Ron.
Claro que ele estaria aqui no feriado. E não havia como, no inferno, que ele não soubesse que eu viria também e já tinha chegado em casa.
— Weasley está aqui? — Severus perguntou, segurando um pedaço de queijo na mão.
— Sim. — Ginny confirmou.
Ele piscou. Oh sim, isso ia ser muito interessante. Eu nem lembrei de prepará-lo com a informação de que meu antigo melhor amigo e ex-namorado agora era um idiota e que indiretamente me culpava por ser a única de nós com magia. Felizmente, ele não perguntou mais nada.
Eu sabia que Harry interferiria pessoalmente caso Ron agisse como um cretino, mas Ginny por vezes ficava irritada por nós não sermos mais compreensivos e pacientes com ele. Eu era paciente e respeitosa com Ronald. Eu não o soquei apesar das dezenas de vezes em que ele mereceu e nunca usei magia na frente dele, quando estávamos juntos em casa, eu escondia minha varinha e agia como uma Trouxa total.
Ginny tomou um lugar à mesa e começou a perguntar se tínhamos planos para amanhã e depois dizendo como o restante do clã Weasley gostaria de me ver. Emendamos várias conversas sobre a enorme família de Ginny e histórias engraçadas sobre as crianças. Logo estava perto das dez horas e eu estava bocejando e me perguntando como é que meu Harry não tinha soltado um único suspiro, quando eu sabia muito bem que ele estava acostumado a ir para a cama cedo.
O silêncio foi estranho, comigo trocando olhares com Severus e Ginny, enquanto Harry evitava todos os olhos. Tudo bem, cansei.
— Você quer que eu te mostre onde pode dormir? — Perguntei ao meu orientador.
Ele assentiu. E então me caiu a ficha de que nessa casa havia apenas um quarto de hóspedes e desde que Ron estava no quarto das crianças, eu, dormir no quarto delas, estava fora de questão. Quando Severus me seguiu da cozinha e passamos pela sala de estar com o sofá que tinha sido comprado pela durabilidade em vez de conforto, senti meus olhos se contorcendo um pouco. Essa coisa era imperdoável e não havia forma de banir um hóspede para aquela pedra revestida com tecido. Seria lá que eu dormiria.
O quarto de hóspedes tinha duas camas de solteiro pequenas, uma cômoda com uma televisão e um mural com diversos cartazes do Trio de Ouro estampados em uma das paredes. Eu quase sorri quando Severus nem sequer piscou o olho para as acomodações.
— Bem-vindo ao Hotel Potter. — Segurei minha mão em modo de apresentação, deixando-o ocupar uma das camas de metal preto.
— Onde você vai dormir? — Severus perguntou, soltando nossas mochilas no chão.
— Eu ainda n…
— Aí também. — Ginny falou quando passou por nós, seguindo para o quarto dela no final do corredor, como se tivesse me dado essa informação antes. — Boa noite.
Dormir no mesmo quarto que Severus?
Nas duas vezes que tinha trazido Viktor comigo, ela o tinha feito dormir na sala, e me dito que era por "respeito a sua história com o meu irmão", mas com Severus, ela praticamente me jogou com ele no pequeno quarto com duas minúsculas camas. Eu devia ter esperado que minha amiga aprontasse isso. Ela sabia do meu encanto adolescente no passado, pelo meu professor. Típico.
Eu poderia ter argumentado, mas eu realmente queria me espremer no sofá? Não, obrigada. Minhas costelas e meu ciático me agradeceriam se eu não fizesse isso.
— Pegue a da esquerda. O colchão é mais novo.
Ele me deu um olhar e assentiu com a cabeça, antes de trazer nossas mochilas mais para dentro do quarto e depois abaixando-se para mexer na sua própria.
— Há um banheiro na porta ao lado. E pegue o que quiser na cozinha, todo mundo dorme como pedra, por isso você não vai incomodar ninguém. Eu quero ver se o Ron está acordado lá em cima, antes de me preparar para dormir.
Severus apenas acenou com a cabeça e murmurou algo que não entendi completamente.
O quarto das crianças era do outro lado da porta do banheiro. A fenda por baixo da porta estava iluminada, então bati levemente, não querendo acordar as crianças.
— Ron? Está acordado? — Nenhuma resposta. — Ronald? — Bati novamente. — Ainda nada. — Ron, sério?
Não houve resposta. Eu conhecia Ron e sabia que ele não conseguia dormir com qualquer luz. Ele estava apenas sendo uma merda, de novo. Eu não tinha dado a ele um tempo difícil o rebaixando por não ser mais um bruxo, nem dito qualquer coisa para desmerecê-lo quando terminamos o namoro. Pelo contrário, eu foquei em minha busca por solucionar o problema da escassez mágica desde o dia em que terminamos de enterrar os mortos da batalha. Mas a partir do momento que ele passou a ser uma pessoa comum, simplesmente descontava toda a sua frustração em mim.
Eu tive que respirar fundo e soltar um suspiro mais profundo, para não deixá-lo derrubar meu humor. Ele não iria abrir a porta e não vou implorar também. Mais desapontada que irritada, voltei para o quarto que compartilharia com Severus, quando ele estava saindo com uma nécessaire na mão. Era fácil esquecer quão mais alto que eu, ele era, em geral, não reparava muito nessa nossa diferença de altura, especialmente com Ron agindo como uma idiota afastando meu foco.
Assim que ele voltou para o quarto com o rosto um pouco úmido, peguei minhas próprias coisas e me dirigi para a saída.
— Eu vou tomar um banho. O controle remoto da TV está na cômoda, você sabe usar um, certo? — Perguntei, já passando em torno dele para ir ao banheiro.
— Certo. — Ele disse colocando suas coisas de volta na sua mochila.
— Ok, volto já.
Menos de quinze minutos mais tarde, voltei para dentro do quarto e Severus estava sentado na borda da cama, com uma camisa preta fina e de mangas compridas, onde eu podia ver, saindo do seu pulso, um pouco do plástico envolvendo seu bíceps esquerdo. Ele olhou para cima quando entrei no quarto, enquanto tirava uma de suas meias.
— Você está bem? — Perguntou depois que larguei minha pilha de roupa suja no cestinho junto à porta e me agachei para pegar o meu próprio par de meias na minha mochila.
— Sim, por quê? — Levantei, me certificando se a minha camisa extra grande cobria tudo devidamente.
Ele tirou a outra meia. — Você está chateada com Weasley. — Ele disse casualmente, jogando os dois pedaços de pano na minha pilha de roupas.
Eu pensei em discutir com ele, dizendo-lhe que estava bem, quando percebi que estaria mentindo e ele provavelmente saberia isso. Severus sabia ler pessoas como ninguém, e muitas vezes nem precisava usar suas habilidades de Legilimência para isso. Então, apenas também sentei no final da cama dele para responder.
— Ah, sim. Eu estou um pouco furiosa por ele ter decidido se esconder no quarto.
Suspirei, passando a mão pelo meu próprio rosto com um sorriso triste. Ele se inclinou para frente, os cotovelos sobre os joelhos, franzindo a testa.
— É rude e peço desculpas. Tenho certeza de que você irá encontrá-lo amanhã.
Meu orientador deu de ombros, completamente indiferente sobre encontrar Ron ou não. E eu nem podia culpá-lo. Por que ele se importaria?
— Se ele vai te chatear, Hermione, prefiro não encontrá-lo. Weasley soa exatamente como o mesmo pirralho de antes.
— Ele não é um pirralho. — Senti que precisava defender Ron. — Ele é apenas… Ele não lidou bem com a perda da magia e se tornou um pouco amargurado. Eu consigo imaginar o quanto deve ser difícil para ele ter crescido como um bruxo e de repente ter isso arrancado dele, mas nós não falamos sobre isso. — Eu adicionei rapidamente, imaginando Severus trazendo o assunto apenas para irritá-lo. — Ele pensa que todo mundo está desapontado com ele por ser "normal". E diz que é uma coisa ruim não ser útil no trabalho que fazemos em Hogwarts. É injusto quando ele diz que eu estou feliz em ser a "nova Harry Potter" e sugere que nós, os nascidos trouxas, não avançamos em busca da solução mágica porque gostamos do poder. Faz parecer como se o trabalho que fazemos em Hogwarts fosse uma farsa.
Seus olhos perfuraram em mim, direto no meu peito. Em compreensão? Em similaridade? Eu não estava certa até que ele assentiu lentamente, como se ele estivesse lembrando de tudo o que tinha sacrificado em sua vida por uma guerra que não tinha realmente acabado.
— A maioria dos sangues puros não entende.
— Eu sei, esse é o tipo de pensamento que os fanáticos rebeldes têm. E eu recebo tanto isso de outras pessoas, eu só não queria receber isso de Ron também. Eu queria que ele se animasse, que tivesse esperanças. Eu não me importo se ele possui magia ou não. — Suspirei. — Enfim, Molly costuma dizer que você sempre briga com as pessoas que mais ama, então eu costumo me lembrar disso quando o Ron está sendo um idiota comigo. — Eu me ajeitei mais na cama, cruzando minhas pernas abaixo de mim e mudei de assunto, querendo encerrar a nossa conversa sobre Ron. — E você, pelo lado do seu pai, restou algum parente? — Perguntei, curiosa sobre mais da vida dele.
— Não. — Ele respondeu, sentando-se melhor na cama dele também. Algo estranho mexeu no meu peito, ao vê-lo sentado ali, em calça e camisa finas e pés descalços. Era tão caseiro, tão natural. Por tanto tempo, tive que me lembrar que ele era apenas um homem normal que vê-lo ali assim realmente me acertou em cheio. E Severus é realmente bonito. Muito. — Gerações de filhos únicos de filhos únicos. — Acrescentou inesperadamente.
Quão solitário isso parecia? Claro que eu também era filha única de pais filhos únicos, mas eu ganhei irmãos em Hogwarts, Harry é isso para mim. E a família Weasley inteira também era o mesmo que ser membros da minha família, mesmo que eu quisesse estrangular Ron às vezes, mas ele ainda conseguia ficar de bom humor pelo menos um punhado de vezes por ano.
— Nem mesmo um amigo próximo, de quando era pequeno? — Eu me arrependi imediatamente da frase, mas já era tarde.
— Essa era a Lily. — Severus respondeu, encostando-se contra os dois travesseiros apoiados na parede. — Não havia mais ninguém além dela no mundo trouxa. E eu não era exatamente popular em Hogwarts, as poucas amizades que forjei lá, estavam do lado errado em ambas as guerras. Não sobrou muita gente.
O "sinto muito" era aparente no meu rosto. Tinha que ser. Mas eu não o explanei. Me sentindo desconfortável por ter trazido um tópico sombrio e sensível para nossa conversa, cheguei para frente e corri o dedo indicador até a sola do pé dele, ficando surpresa quando ele o puxou do meu alcance violentamente. Eu o assisti com um sorriso idiota estampado no meu rosto.
— Você sente cócegas?
Com os dois joelhos agora em seu peito, ele fez uma careta. — Não.
Eu ri ainda mais ao perceber que ele não parecia estar se divertindo.
— Isso é fofo, Severus. — Falei suavemente. — Posso ver sua tatuagem agora?
Severus tinha sido reservado sobre isso, e eu tinha estado curiosa sobre essa tatuagem desde a primeira vez que vi um vislumbre dela sob a manga dele, assim que ele retornou para Hogwarts. O queixo dele mudou só um pouquinho para o lado, até que ele assentiu com a cabeça. Colocando-se mais ereto na cama, ele estendeu o antebraço esquerdo e cuidadosamente enrolou a manga de sua camisa para cima. Onde antes eu sabia estar sua Marca Negra agora havia os contornos de um esplêndido pássaro.
— É linda. — Sussurrei.
— Não era tão cheio de cores antes de hoje. — Ele explicou enquanto eu ainda inspecionava os detalhes bonitos das grandes asas e a crista de aparência excêntrica na sua cabeça. — É uma Fênix. — Severus sussurrou, como se pudesse ler na minha mente que eu tinha acabado de reconhecer a imagem.
— Fawkes. — Sussurrei de volta, minha voz levemente embargada por saber que o pássaro de Dumbledore agora ocupava o espaço onde antes o antebraço de Severus estava marcado por trevas. — Isso é incrível. — Eu deslizei meu indicador levemente por cima do plástico que ainda envolvia a imagem. — Por que você decidiu colori-lo só agora?
Severus me olhou por um momento, até desviar seus olhos e puxar a manga da camisa para baixo.
— Alguém me disse que minhas escolhas erradas já ditaram minha vida por muito tempo e que não posso desfazer o que fiz, mas o que fizer de agora em diante é o que importa. Pareceu apropriado.
Droga. Eu odiava quando ele realmente me ouvia, como eu podia reagir a isso? Eu não estaria tão nervosa se ele tivesse me puxado para um beijo ao invés de me dizer algo assim. Corei nervosamente e saltei do seu colchão, seguindo para a minha cama, vagamente consciente de manter minha camiseta longa me cobrindo e desativando o interruptor para esconder o quanto sua confissão me deixou mexida.
— Boa noite, Severus. Me acorde se precisar de algo. — Disse com a voz fraca pela emoção.
— Boa noite, mocosa.*
— Você não está me chamando de idiota ou algo assim, está? — Eu perguntei com um bocejo, enquanto puxava o lençol para cobrir meus olhos.
— Não. — Ele respondeu simplesmente.
— Ok. Se você quiser voltar para a Escócia amanhã, ou se preferir ficar em um hotel se não estiver confortável aqui, deixe-me saber, tudo bem?
— Sim.
Ficando confortável, puxei os lençóis até meu queixo e rolei para enfrentar a parede. Assim que fechei os olhos, o pensamento me invadiu: ele coloriu Fawkes sobre a Marca Negra por algo que eu disse. Eu agradeci mentalmente pela longa viagem de carro que dirigi por me deixar tão cansada, porque se eu estivesse consciente demais sobre o homem na cama ao lado, eu estaria suspirando e enchendo a minha cabeça com a ilusão de que Severus Snape pode gostar de mim muito mais do que como uma amiga.
Notas Finais
1. O enigma no grupo do Whatsapp da fanfic foi o seguinte:
O título de uma música de um cantor brasileiro, terá um momento especial sob os olhos da nossa protagonista. De alguma forma (na história ou fora dela), essa canção está ligada ao número sete. Esse número não está no título da música. Essa canção fez parte da trilha sonora de uma minissérie da rede Globo.
Acertou quem disse: Fênix - Jorge Vercillo. Chiasant, como sempre, tendo uma imaginação fértil e acertando em cheio. Recomendo todos a ouvir esse hino que tem tudo a ver com essa história.
Deixe-me saber se você tem interesse em participar do nosso grupo de Whatsapp.
2. Este capítulo tem uma fanart oficial feita pela Mademoiselle Raposa arts, que pode ser encontrada pelo link em meu perfil.
3. Esse capítulo inicialmente abordaria a viagem deles e já retornaríamos para nossa aventura, mas tudo ficou grande demais e precisei dividi-lo em algumas partes. Essa é a primeira delas.
4. *Mocosa, em português significa: pirralha. É um apelido carinhoso do Severus para a nossa PP.
