Saiu pela porta, encostando-a ao passo que esfregava um olho com a mão. Estava realmente cansado, claro, nada que o grande e poderoso (e lindo:) Nataku não superasse, entretanto, mal dormira noite passada. Pudera também! O filme que ele e Sally assistiram fora interrompido por uma leve falha no projetor, que os atrasou mais de meia hora... Bem, por ele, eles iriam logo embora daquela espelunca que funcionava aos trancos e barrancos, mas a loira insistira para ver a comédia romântica e, assim, eles acabaram permanecendo na sala de cinema. E como se não bastasse, ela ainda o arrastou para uma lanchonete e ao fim da feira de artesanato que ficava exposta todos os dias próxima à praia. Com isso, chegara noite alta e, ao tentar dormir, exausto, teve de agüentar os estranhos "barulhos" provindos do quarto do casal de morenos. Mas, tudo bem, não conseguia negar nada à Sally, ela lhe era como uma irmã a quem adorava muito.
" Aww! " bocejou, botando a mão na maçaneta da porta do banheiro, ainda estava de pijama: uma regata branca transparente e um short azul-marinho.
Girou o metal dourado, constatando que ela estava aberta, então abriu-a de uma vez, entrando. Contudo, o pobre Wu Fofo parou estático ao adentrar o recinto, soltando um longo e assustado grito:
" Aaaahhhhhh! " pulou para trás, agoniado.
" Aaaahhh! " correspondeu ao grito, igualmente espantado, subindo sua calça e cueca o mais rápido possível.
Bom, obviamente que com essa barulheira todos da casa acordaram, mas apenas dois saíram de seus quartos: Heero, que, na verdade, apenas pôs a cabeça para fora, revelando o cabelo mais bagunçado que o normal e um bico sisudo, pronto para exterminar aquele que fazia tanto barulho àquela hora da manhã; e Quatre, que correu assustado até o banheiro, para ver o que acontecia. Mas parou ao chegar à porta deste e perceber um irritado e mais vermelho que um tomate Wu Fei saindo de lá e parando ao seu lado.
Mirou seus azuis claros no amigo, pronto a lhe perguntar o que acontecera, quando Duo irrompeu do mesmo banheiro, ricocheteando nas costas os fios castanhos, presos de qualquer jeito por um baixo rabo-de-cavalo, apontando um dedo inquiridor para o chinês.
" Seu tarado, pervertido! "
Uma sobrancelha de Heero se ergueu, agora ficara nervoso ao tentar entender o que se passava com seu amante e o outro, afinal, se Duo o acusava de tarado e os dois estavam juntinhos no cômodo... Assim, fungou, irritado, e saiu da entrada do quarto, indo ter com eles.
" Tarado, eu? Você que é um depravado! Seu demente! "
" O que está acontecendo aqui? " ouviram a voz imponente de Heero, que os olhava com uma cara nada amigável, as duas mãos na cintura, de modo impaciente.
" Deveria perguntar para esse seu namorado exibido! " acusou Wu Fei " Ele vai ao banheiro sem trancar a porta, pervertido. "
" Oras, eu não tinha percebido que a deixei aberta. Ou você acha que eu a deixaria assim de propósito só para que um coisa ruim que nem você me visse? " defendeu-se.
" Coisa ruim? Ah, agora você vai ver, seu ignorante, maníaco! " rangeu os dentes, fechando o punho.
O japonês então entendeu o que acontecera: Duo fora ao banheiro sem trancar a porta e Wu Fei entrara e o vira nu, sem querer. Ah, aqueles dois eram dois idiotas mesmo! Mas... Peraí, Wu Fei vira Duo pelado?
Quatre apenas corou e, ao ver que Heero ia se meter na briga, começou a se colocar no meio para acalmar os ânimos, quando ouviu uma porta atrás de si se abrir. Olhou para a direção de onde vinha o som e deu-se com Trowa saindo de seu quarto. Os dois se encararam, o moreno com um olhar vago e indiferente que até o assustou. Então, colocando um braço atrás dos ombros, levando com ele uma mala preta, deu-lhe as costas. Um arrepio percorreu a espinha do loirinho, Trowa estava realmente mal e parece que ia embora, como pensara noite passada. Apressou-se a segui-lo, não o deixaria partir! Quando o viu, ele já estava à porta de saída, o que o fez correr para alcançá-lo.
" Trowa! "
Trowa parou ao ouvir a voz doce chamando seu nome, que agora parecia carregada de medo. Virou-se para o menino, que acabava de chegar à sua frente. Quatre respirou fundo, apertando a manga comprida do pijama com as mãos, nervoso.
" Trowa, espera, por favor. " falou tremulamente.
" Não adianta, não tenho por que esperar. " respondeu friamente, como se nunca tivesse amado aquele garoto, ou, pior, como se nutrisse sentimentos exatamente opostos a este.
Quatre ficou estático, como se uma navalha lhe cortasse o corpo ao ouvir as palavras sem emoção de Trowa e ao ter aquele olhar gélido sobre si.
" Trowa, por favor, eu sei que você está revoltado comigo, mas me deixe falar, pelo amor de Al Á! "
" Não quero falar nada com você. É melhor sair de perto de mim antes que eu não consiga me segurar mais e diga-lhe tudo o que tenho vontade. " seu olhar agora era ameaçador, insensível e, acima de tudo, desprezava Quatre por completo.
O loirinho se arrepiou com o brilho das orbes verdes, recuando um passo. Mas logo se lembrou que não devia, não iria, deixá-lo partir. Iria desfazer o mal entendido de qualquer jeito!
" Não, Trowa! Pode dizer o que quiser, pode até me bater, mas você não sai daqui enquanto eu não falar o que tenho para lhe dizer. E, se mesmo assim você não acreditar em mim, é porque talvez eu nunca tenha lhe dado motivos suficientes para tal e, aí, então, você poderá ir embora; mesmo que eu morra por dentro, eu não te prenderei mais. " desabafou o que seu peito tanto repreendia, sentindo-se mais leve ao terminar de impor sua vontade.
Trowa ergueu uma sobrancelha, com desdém, porém permaneceu parado, esperando que o menino falasse. Na verdade não sabia o que o mantinha no mesmo lugar, talvez fosse uma luzinha lá no fundo de seu coração desejando que houvesse uma esperança, uma esperança de ele estar errado, de Quatre não ter feito o que ele pensava. Um truque do amor, com certeza, pois mesmo tentando odiá-lo por tê-lo feito de idiota, tê-lo enganado, traído sua confiança, humilhado sua honra e, principalmente, por ter arrasado com o seu coração, simplesmente não o conseguia.
Estava sofrendo muito, nunca conhecera o amor verdadeiro, ao contrário, sua vida sempre fora triste e escura, alguém como ele não sabia e nem podia se dar ao luxo de ter um sentimento como esse. Ao menos assim pensava, mas Quatre, aquele mesmo garoto que estava parado ali à sua frente, o ensinara que não, que todas as pessoas são dignas de amor, começando pelo amor próprio, e mostrou-lhe o caminho a se seguir para amar. E ele aprendera perfeitamente, mais que isso, abrira seu peito para o menino árabe, entregara-se àquele novo sentimento que nascia dentro de si e o dominava cada vez mais. Agora podia dizer-se conhecedor do amor, pois amara... Amava... tão intensamente o loiro, tão verdadeiramente, e aquilo não podia ter outro nome. Todavia preferia esquecer-se desse sentimento, essa ilusão que pulsava em seu coração, não a queria mais, para nunca mais ter que sofrer.
Para ele as coisas eram mais difíceis, amar e ser amado não era comum, render-se a outra pessoa, como amigo, amante, ou seja lá o que for, não lhe era fácil. Exatamente o oposto: não conseguia, devido à sua vida trágica aprendera a se afastar, a não nutrir sentimentos pelos outros... Bem, não que tivesse existido naquela época alguém para ter sentimentos a se nutrir... Não se deixar envolver e nunca, jamais, dar seu coração a outro. Não que isto fosse uma regra que se auto-impusera, mas sim o que seus instintos lhe avisavam sempre que passava por infelizes situações ao longo de sua "desprezível" vida. Mas com Quatre fora diferente, a ele pudera dar-se por inteiro, recomeçar, ter a chance de ser feliz, de provar a si mesmo que estivera errado durante todo esse tempo, que podia, sim, confiar e se confiar às outras pessoas.
Por isso mesmo que agora lhe doía tanto a desfeita, aquilo era como se lhe dissessem "não, você está certo, não nasceu para ser feliz, está condenado à sofreguidão". Além de, óbvio, todas as dores que se tem quando se é traído ou quando se perde seu objeto de amor bruscamente, estarem lhe atormentando neste tenso período. Apoiou o peso do corpo sobre a perna direita, esperando que o outro começasse.
Quatre respirou profundamente, tentando não tremer, seu futuro, agora, dependia das palavras que diria.
" Trowa, eu imagino o que você deve estar pensando depois de ter me visto beijando outra pessoa, mas, acredite, não foi isso o que aconteceu. Olhe, eu te amo mais que a minha vida, eu nunca te trairia, meu amor! Por favor, me perdoe por ter causado essa dor que você está sentindo agora. " abaixou a cabeça, tentando conter as lágrimas, e voltou a mirá-lo nos olhos " Eu também fui pego de surpresa com aquele beijo, nunca tinha sequer visto o homem que me beijou alguma vez antes. Eu fiquei atônito demais para reagir, foi uma surpresa, eu estava andando pela casa quando de repente me aparece um estranho de não sei da onde e me agarra! Convenhamos que ninguém espera por uma coisa dessas. Contudo, assim que nossas reações voltaram, meu irmão Ariel também chegou, a tempo de nos explicar o que estava acontecendo: o homem que me beijara era, na verdade, seu namorado, que me confundira com ele. Por isso aquela atitude que todos nós estranhamos, na verdade ele queria ter beijado o Ari. " os olhos de Trowa iam passando do irônico para o surpreso, arrependido, espantado e, por fim, entristecido. Sentiu um aperto ao ver como Trowa estava, isso significava que ele não acreditara no que dissera? " Trowa, foi isso que aconteceu, eu dou a minha palavra. Por favor, acredite, eu te amo, te amo. "
Não conseguia decifrar o que se passava na mente de seu amado, Trowa mantinha uma expressão incompreensível. Sentiu as pernas fraquejarem, com muito medo de que ele fosse embora, então, sem que percebesse, seus olhos já marejados dispersaram o choro que estava contendo. Trowa não agüentou ao ver as faces rosadas daquele ser puro se mancharem de lágrimas por sua causa e, não podendo controlar, as suas próprias deixaram seus olhos também. Levou uma mão ao rosto macio de Quatre, secando-o e aproveitando para fazer uma leve carícia. Os olhos aqua-marine se arregalaram diante de não ter recebido uma negativa do garoto.
" Não chore. " pediu, sussurrando.
E dizendo isso, saiu, em direção ao jardim. Quatre permaneceu ali por alguns segundos, sem entender bolhufas, até se dar conta de que o moreno se afastava, e tratou de segui-lo. Novamente escutou o menino a lhe chamar, contudo, dessa vez, não parou nem lhe respondeu.
" Trowa! " desatou a correr, chorando, temendo o que aconteceria.
Por fim, o alcançou, segurando-lhe o pulso e o puxando para virá-lo de frente para si. Viu aquele rosto choroso e, levando a delicada mão à sua face, fez o mesmo que este lhe fizera há alguns minutos, com a diferença de que, assim que o fez, Trowa parou de chorar.
" Trowa... " teve medo de perguntar " Você não acredita em mim? "
O moreno o encarou por uns instantes antes de responder à sua pergunta.
oOoOoOo
Continua
oOoOoOo
Aaeeee! Po, gente, eu me empolguei nesse cap e quando eu vi já tava dando quatro folhas e, se eu continuasse, ia ficar deveras extenso. Entaum resolvi deixar o resto pro prox. cap. mas eu juro que ele será o último repleto de sentimentalismo, porque acho que com esse eu já fiz uns três ou quatro assim e, francamente, isto já está me dando no saco. E creio que a vocês também. Por isso, dentro em breve a baboseira sentimental vai diminuir e a história vai começar a seguir aquilo que o resumo propõe, ok? Mas claro que eu não vou deixar de pôr estas cenas sentimentais, porque, por mais que eu tente fugir disso, eu tenhu um lado mexicano que exerce grande poder sobre mim.
Aih, qnt à cena do banheiro, juro que dessa vez naum foi enrolação, eu apenas queria deixar claro que o Wu Fei considera a Sally como uma irmã. Buaaiiihh, tadinhosss! Tou lá eu separando um dos meus casais favoritos de Gundam W. Hum, eu espero que eles me perdoem n-n'
Sally: Não perdôo não! u.uWu Fei: Saco, odeio quando você vem com essa de me fazer um yaoi! ò.ó
Trowa /.ò: Quatre... snif, snif
Quatre ó.ò: Fica assim não, Trowinha! Vai passar, logo logo a gente tá de volta juntos.
Trowa /.ó: Ah, se naum ficar mesmo, certa autora vai se ver comigo.
Pime: Senti um tom de ameaça. Ú.u
Trowa /.¬: Hn, entenda como quiser.
Pime: Cria mal educada/-P
Hein, agora só sabe-se lá quando vem o próximo cap. dessa fic! U.n Hyyaaaa, depende td do meu humor, que é ótimo, diga-se de passagem oo", para digitar novas coisas. Sim, porque eu tenho o sério problema de não pensar no quê escrever até eu sentar na frente do computador, e aí sai as mais diversas aloprações. Tipo essa de hj que eu fiz com o Trowa, expondo os sentimentos dele! Mas, enton, eh que hj eu to meio tchan, meio desacorsoada. n.n' Mas logo, logo volto ao normal, tá?
Ah, sim, mais uma vez a autora relaxada não revisa o que escreve. Tah, eu acho que já posso parar de dar esses recados, porque cêis também nunca vaum encontrar um capítulo dessa fic revisado, nem das outras. Não ter tempo eh uma droga, viu:P
Mais? Quer comédia? Quer que que o Mush apareça mais? O Ariel? Quem, quem? Vamos lá, estou esperando suas opniões... tá, se bem que eu raramente dou ouvidos pras opniões dos outros ¬¬'... Mesmo assim, mandem reviews!
B-jox, té mais, entaum!
Tchauzinhu!
30/09?—é 9 msm ou eu sou a única perdida no tempo o.Õ/05--- esse eu sei que tá certo. ;)
