O vale proibido
3 - Desilusão do Ogro
Heero se viu diante dos dois reis de L2 carregando Duo no colo como se esse fosse um desprezível saco de batatas. O ogro encarou os reis por um momento despejando o príncipe no chão como um fardo pesado. Após explicar o acontecido o ogro deu meia volta e saiu. Odiava aquele lugar, não gostava de humanos. Sabia que não eram de confiança.
Wufei e Treize se olharam, depois olharam para o filho desacordado ao chão e em seguida para o ogro que saia. Em fim suspiraram, apenas Duo seria capaz de ser meter em tremenda confusão.
Duo estava ainda com o corpo todo dolorido por causa da febre que o havia assaltado. Ele estava agora quentinho debaixo das cobertas na sua cama macia e cheirosa nos seus aposentos, um enorme contraste com a cama na qual acordou na manhã passada. A cama de Heero.
-Deus... eu dormi na cama de um... Um ogro. –o príncipefalou baixinho para is mesmo. Por algum motivo o ogro havia mexido com ele.
-Duo! – A voz arrastada de Wufei o assustou.
-O que você quer? – o trançado falou secamente fechando o rosto.
Wufei não se incomodou com o tom de Duo. Estava acostumado a ser tratado friamente pelo filho. Mas alguma coisa no olhar do chinês incomodou o mais jovem.
-Você sabe que prestará os votos na próxima semana. Mas você passou uma noite fora, Duo. E Zechs, seu futuro noivo, exigiu castidade. Ahh... Eu vim aqui pra ver se você ainda tem... – o chinês explicava.
-Você não vai me tocar! – Duo se encolheu na cama com os olhos cheios de lágrimas.
-Deixe de bobagens, pirralho! Sou seu pai. Vamos! Abaixe as calças e vire-se de bruços. – Wufei mandou sem paciência.
-NÃO! –o garotose encolheu mais ainda.
Wufei nunca teve muita paciência com ele. Rápido, arrastou o garoto pela longa trança até o meio da cama, o virando bruscamente e o mantendo preso com os braços torcidos atrás das costas.
Duo nada pode fazer, foi tudo muito rápido e em um minuto se via imobilizado tendo os braços praticamente deslocados, ainda tentou se livrar, mas a única coisa que conseguiu foi intensificar a pressão que Wufei fazia sobre seu corpo. O trançado sentiu a calça do pijama ser removida até a altura dos joelhos e um dedo intruso ser inserido em seu ânus virgem. A dor foi enorme, não havia nenhum lubrificante e o chinês parecia querer mesmo machucá-lo.
-Aiii... Pára, por favor! – Duo pedia bem baixinho entre lágrimas. Estava tão humilhado.
Wufei continuou a introdução naquele canal apertado e quentinho, sentindo Duo tentar expulsá-lo a todo custo. Quando finalmente seu dedo atingiu um certo ponto dentro do corpo do garoto ele se deu por satisfeito.
-Hun... pronto já acabou. – Wufei falou suavemente libertando o filho.
-EU ODEIO VOCÊ! – Duo berrou entre lágrimas.
-ÓTIMO, meus sentimentos por você são recíprocos! – Wufei gostaria de dar uma boa surra no filho mimado.
-SAI DAQUI! SEU... – o garoto berrou novamente, ainda chorando.
-Cale essa boca, Seu... seu... idiota! Eu ainda sou seu pai. – Wufei estava perdendo o controle.
-EU QUERO QUE VOCÊ MORRA... – Duo desabafou chorando.
O chinês não suportava a arrogância do filho. Odiava todo o orgulho e empáfia que o pirralho trançado tinha. Num reflexo ele desferiu um forte tapa contra a bochecha de Duo o derrubando da cama.
-Nunca mais levante a voz pra mim! – O chinês ameaçou perigosamente.
Duo não podia fazer muito. Apenas ficar ali no chão chorando como uma criança. E ele odiava se sentir de mãos atadas, mas por hora era apenas o lhe restava.
Uma semana havia se passado desde o caso do ogro.
Esta era uma noite muito especial em L2. O reino todo estava em festa, era o dia dos votos do Príncipe.
Todos já aguardavam no salão de festas pela chegada do homenageado. Devido à demora deste, Wufei teve que subir até os aposentos do príncipe e apressá-lo. Quando finalmente desceu, Duo estava simplesmente lindo. Trajava calça de um leve tecido branco encoberta por uma túnica também branca de gola alta e manga comprida com detalhes florais bordados a fio de ouro e babados com bainhas também bordadas a ouro. Trazia o brasão real de L2 bordado a ouro no peito esquerdo.
A trança de sempre estava lá, mas hoje mantinha um risco de lado alguns fios maiores pendiam delicadamente contornando o belo rosto do rapaz.
A chegada do jovem arrancou suspiros excitados de muitos homens e mulheres no salão.
A festa seguiu normalmente.
Duo avistou um amigo que já não via há algum tempo. Ele seguiu cortando caminho entre a multidão chegando próximo a um rapaz loiro.
-Quatre! – Duo chamou.
-Duo! Quanto tempo. – o rapaz o atendeu lhe dando um forte abraço. -Você está lindo...– ele elogiou.
-Ahh... Deixa disso. – Duo ruborizou. -Como estão as coisas?
-Ahh... Não andam nada bem, mas não vamos falar disso agora. Hoje são seus votos. – Quatre era amigo de Duo de data remota. Ele observou o trançado por um tempo notando os olhos tristes do outro rapaz.
-Preferia morrer a ter que prestá-los a esse tal de Zechs. – o garoto de tranças desabafou.
-Não diga isso. Mas eu também acho que Zechs não é um bom marido pra você. – Quatre era um comerciante que vivia em uma das colônias controladas pela tirania de Zechs e a fama do governante não era nada boa. Zechs era conhecido por ser capaz de tudo por poder.
-Eu também acho, menos meus pais! – o príncipe revirou os olhos em sinônimo de impaciência.
-Mas, se Deus quiser você será feliz. – Quatre sorriu, mas Duo não estava mais prestando atenção à conversa. Seus olhos se voltaram para o outro lado do salão.
Lá. Parado próximo a uma das janelas estava alguém que Duo não gostou de ver por ali. O príncipe caminhou pesadamente em direção ao convidado, parando bem a sua frente.
-O que faz aqui? – a voz saiu dura e enojada.
-Fique calmo, não vim estragar sua festa! – Heero falou irônico.
-Já estragou! Eu quero que vá embora agora mesmo! – Duo tentava se conter, não queria chamar a atenção.
-Eu fui convidado. – o ogro informou. - Seus pais me mandaram um convite de agradecimento por salvar sua vida! – Fez questão de enfatizar essa última frase, era da tradição dos ogros a gratidão eterna por alguém que lhe salva a vida.
O trançado não sabia o que dizer. Por um momento a voz lhe faltou. De todos os seres do mundo o que não esperava na sua festa era aquele ogro insuportável. Por um momento congelado no tempo eles trocaram olhares e Heero podia jurar que havia visto um brilho estranho nos orbes ametistas a sua frente. Ledo engano. Duo retornou seu olhar esnobe e enojado.
-Eu não sabia que ogros iam a festas. Isso é um saco de estopas que esta vestindo, e por acaso tomou um banho? – ele divertia-se tampando o nariz e humilhando o rei dos ogros.
Heero sempre caía nas provocações do outro. Enraivecido o ogro segurou firme o pulso do humano removendo a mão que cobria o lindo nariz o trazendo mais para próximo de si.
-Escute. Vim aqui em paz. – Heero viu que machucava o pulso delicado de Duo.
-Seu estúpido, olha só o que você fez! – o humano massageou o pulso aborrecido.
-Não tive intenção. – arrependido Heero tocou os cabelos de Duo num carinho.
Duo se afastou temeroso. Não esperava essa atitude do ogro. Seus olhos se cruzaram novamente.
-Porque veio? – o humano perguntou baixo.
Por você! – Heero desabafou o encarando. Desde que se viram pela primeira vez que ele havia sentindo mil sensações. Estava apaixonado, e como ogro tinha as reações a flor da pele. Talvez devesse ter tentado se conter, e não sair jogando na cara de Duo que estava sentindo por ele.
-C-como disse? – o rapaz pareceu surpreso com a confissão.
-Eu cuidei de você na noite de febre. Você não quer casar... eu... E eu não quero que você pertença a outro homem...– Heero tomou coragem para declarar o que vinha sentindo.
-Cala essa sua boca grande e suja! – mas Duo não entendeu. Na verdade a informação era muito nova ainda para sua mente confusa. Ogros e humanos não se dava bem e de repente vinha um jovem ogro lindo lhe confidenciando amor? Era mesmo muito confuso.
-Duo... eu... Eu acho que... – Heero ainda tentou se justificar.
-Você não acha nada... Ogros nunca acham nada! – Duo levantou o tom de voz.
Eu te amo! – Heero foi decisivo. Apostara tudo.
-O que? Hahaha. Você é patético, OGRO! – o jovem humilhava. -Olhe-se no espelho, ah... você não sabe o que é isso. Então olhe pra mim! - Ele mandou – Olhe onde eu vivo e o que sou e agora olhe pra você, não está a minha altura. Não é bom o suficiente pra mim.
-Pare! Por favor! – os olhos de Heero estavam marejados. - Eu vim aqui e abri meu coração com você... – o ogro estava arrasado.
-Não me faça rir... Ogros não têm coração! – Duo era cruel. - Ficou encantado comigo, né? Nem nos seus melhores sonhos pode ter alguém como eu. As ogrinhas sujas com as quais você está acostumado a deitar no meio do mato, não cheiram tão bem como eu, não é?" – Duo nem mesmo sabia porque a ingênua declaração do ogro o incomodou tanto.
Chega! – uma lágrima caiu dos olhos de Heero. - Me enganei a seu respeito. Você é como todos aqui. As ogras com as quais me deitei não cheiravam a rosas como você, mas seu coração é podre, você é podre por dentro, Duo! – Heero falou em tom magoado. Aquilo era mais do que qualquer um já havia ousado lhe dizer, mas não tinha como reagir, nunca fora tão machucado em toda a vida.
-Saía daqui, monstro! Isso não é lugar para você! Seu lugar é lá, naquele chiqueiro que ousa chamar de casa. – Duo ordenou dando o assunto por encerrado.
-Um dia, Duo. Virá alguém e lhe mostrará que as coisas não são como você pensa que são. Um dia você aprenderá que a vida não é esse conto de fadas que você imagina. Você vai acordar e vai ver que é tão feio e tão sujo como qualquer outro... – Heero cuspiu seu ódio sobre Duo.
-Chega... CAI FORA! FORA! – Duo perdeu totalmente o controle chamando a atenção de todos os presentes.
Heero estava por demais arrasado. Havia entregado seu coração e fora humilhado. Estava tão ferido. Jurara nunca mais em vida derramar uma única lágrima por qualquer humano que fosse. Mas por hora tinha que fugir dali. Tinha que sair debaixo dos olhos frios de ametista da única criatura que amou na vida.
Duo ficou ali parado vendo Heero sair correndo sem rumo. Por algum motivo não estava nada feliz com o que tinha acabado de fazer. Os sentimentos dele eram tão puros. Talvez os mais puros e genuínos sentimentos que já vira antes.
-Gostei de ver. Acho que é de um companheiro assim que eu preciso! – uma voz sensual falou bem ao pé do ouvido de Duo. -Voltem à festa! – Zechs comandou a orquestra com um gesto de mão.
-O que você quer? – Duo foi grosseiro com o noivo.
-Não está claro, ainda? – Zechs sorriu maliciosamente. -Seus votos, meu caro! – novo sorriso daquele homem alto e bonito de longos cabeços loiros quase brancos.
O príncipe não podia negar que seu futuro marido era um homem muito atraente. Mas havia alguma coisa nele. Talvez a forma de sorrir, alguma coisa não lhe agradava. Duo lembrou da forma como foi tocado pelo ogro, tão doce. Heero era tão diferente de todos os outros. Ele era grande e rústico, mas nessa noite foi tão... Tão meigo. Tão simples. Tão verdadeiro. Duo piscou confuso.
-Verdadeiro... –o príncipe falou estupefato. Era tão simples. Era somente a pureza da verdade. O ogro era tudo que ele não era.
-Como disse? – Zechs não tinha entendido.
-Isso é tudo uma grande mentira... – Duo encarou Zechs. -A festa. Essas pessoas aqui nem mesmo se importam comigo, você não me ama... é tudo um grande teatro. – ele concluiu.
-Ohh... Sim, meu caro. E você é o ator principal... hahaha! – Zechs sorriu.
Duo ficou o olhando enojado. Estava com nojo de si mesmo, de Zechs, da festa... Do mundo... Lembrou que estava chegando à hora de prestar os votos. Em pouco menos de horas estaria em um quarto escuro com Zechs e teria que deixar esse lhe tocar e verificar se ainda era virgem. Isso lhe deu uma volta no estômago. Ele olhou o noivo a sua frente, jamais deixaria que aquele homem imundo o tocasse.
Confusão era uma boa palavra para resumir o príncipe. Ele ainda se sentia como uma criança, não estava pronto para essa responsabilidade e muito menos queria ser obrigado a viver uma farsa. O ogro o havia resgatado de seu mundo de sonhos. Pela primeira vez estava vivendo, estava vendo a sujeirada toda debaixo do tapete.
-Eu preciso de um ar. – Duo se desvencilhou do noivo indo para os jardins, mas não ficou ali. Confuso com tudo que havia ocorrido nessa noite Duo. Correu até os celeiros e pegou seu cavalo, desesperado ordenou que os portões fossem abertos.
Duo havia fugido mais uma vez.
Quando finalmente dera pela falta do príncipe soubera que montando seu cavalo ele havia deixado o palácio wufei socou uma mesa tremulo de ódio. O filho não podia ter feito aquilo, seria o fim das relações píblicas entre as duas forças.
-Maldito, seja Duo! – Wufei esbravejou ao saber pelos guardas da fuga.
-O que faremos? Ele tem que prestar os votos ainda essa noite! – Treize falou preocupado.
-Ele o fará! – Wufei convocou a guarda real para ir ao encalço de Duo.
Achei esse capitulo tão tosco.. TT... quanto mais eu escrevia mais eu achava tosco... gente deixa eu pedir muita calma e paciência com essa fic... tá?
Eu to achando que preciso fazer uma maldade com o Duo...
Hina
