O vale proibido
5 - O abraço de um pai
Um recado: Dessa vez essa fic vai até o fim e ahhh... acho que meu analista está em perigo, já tenho tantos que querem o cargo dele. (rs)
Os acontecimentos recentes eram desastrosos. Todo o reino ficara sabendo do trágico acontecimento com o príncipe. Era de fato algo lamentável, o pobre Duo havia sido estuprado no dia que prestaria os votos, era de fato uma grande infelicidade, uma tristeza muito grande para a família real e todo o reino. Fora a preocupação com o jovem que havia ficado em um estado muito delicado, o corpo de Duo havia ficado muito debilitado.
Alguns ossos quebrados, muitas escoriações por todo corpo, seus mamilos ficaram bem machucados, bem como seu ânus e próstata, fora algumas infecções.
Já fazia duas semanas que o menino se encontrava na câmara de recuperação, que era uma central de tratamento intensivo. Seu quadro já fora preocupante, porém seu organismo já se restabelecia.
Os malditos vândalos não haviam sido capturados embora os esforços de Treize. Zechs, que se casaria com Duo cancelou o compromisso alegando impureza por parte do noivo e da família real. A preocupação acerca da reação do menino ao acordar era muito grande. Duo havia sido ensinado de forma a manter sua virgindade para o dia dos votos, porém nesse dia que seria tão importante para ele fora duramente abusado.
Heero soube que Duo estava se recuperando. Não pode deixar de pensar um momento sequer no humano. Ele tinha planos para aquele garoto. A verdade era que desde aquela noite que havia encontrado aquele menino perdido na floresta havia se apaixonado por ele. Precisava dele ao seu lado, ficara sabendo que Duo estava prometido a Zechs e fora à festa dos votos para lhe abrir seu coração. Mas Duo o havia tratado como um lixo. Pisado no seu coração de forma cruel.
Mas o estado do príncipe o havia deixado muito preocupado. Não sabia como Duo ia reagir após acordar, havia ficado sabendo também que o antigo noivo de Duo havia cancelado o compromisso e isso de certa forma lhe deixou contente. Podia ainda alimentar alguma esperança.
Em L2 Duo se moveu dolorosamente sobre a cama. Já fazia alguns dias que estava desacordado, porém preferia continuar naquela situação a ter que acordar e lembrar de tudo que havia acontecido naquela maldita noite. Porém a razão lhe havia voltado trazendo uma dura realidade.
Seus enormes olhos violetas se abriram lentamente se acostumando a claridade do quarto da enfermaria. Duo ficou olhando o teto por um tempo, sua mente e seu corpo se acostumando. Sentiu alguma dor e mal estar. Sua cabeça pesava delicadamente e a sensação de corpo dolorido lhe incomodava. Ele suspirou tentando afastar o mal-estar.
De súbito ele foi atingido pela realidade. Uma onda de dor lhe apertou o coração impiedosamente. Lágrimas vieram a seus olhos. O menino se encontrava deitado, os cabelos soltos descansando sobre o travesseiro felpudo, trajava um leve pijama branco.
Duo se levantou sentando na cama, pendendo a cabeça entre as mãos em sinônimo de derrota. Seu peito doía, um pânico inicial lhe tomou os sentidos. Ele olhou em volta, sentiu-se desesperadamente perdido.
Apatia era uma palavra ideal. A única coisa que podia fazer era chorar e chorar. Tinha vontade de se socar ou de socar alguém, de gritar com alguém... Queria quebrar tudo em torno de sim, afinal era dor demais para caber dentro de seu peito, tinha que botar isso para fora... Mas nesse exato momento a única coisa que lhe parecia atraente era o sofrimento latente e silencioso.
-Ohh, não... Não pode ser verdade! – ele falou baixinho para si. -O que vou fazer agora? –se perguntava baixinho entre os soluços.
Wufei entrou no quarto nesse momento e não pode deixar de sentir-se infeliz pelo filho. Duo estava arrasado. O chinês não sabia o que fazer para aliviar a dor, por algum tempo ficou parado o olhando chorar. Lágrimas vieram a seus olhos também. Por Deus, o chinês sabia exatamente o que Duo estava sentindo. Afinal há anos atrás, quando era muito jovem já sentira na pele a mesma dor. E ele lembrava que era uma dor misturada com ódio, angústia, medo, vergonha, pena... Ele fechou os punhos fortemente, sabia o quanto aquilo podia ferir alguém, feridas que poderiam ficar ali por toda a vida, e não cicatrizarem nunca, feridas como as suas.
Duo notou a presença de seu pai no quarto. Mas não teve coragem de olhá-lo nos olhos. Nunca havia tido um bom relacionamento com ele, e agora que isso tinha acontecido. Por Deus, jamais seria perdoado. Era culpado pela vergonha maior que o reino já havia tido. Não ousou olhar para o chinês, sabia que não suportaria o olhar do pai, um olhar que o culparia eternamente.
-Duo. Trate de ajeitar essa cara. Zechs está aqui para falar com você. – Wufei falou o mais frio que pode.
O príncipe ouviu a voz tão fria e desumana daquele homem que chamou algum dia de pai. Ajudaria muito se ao menos hoje ele lhe olhasse com um pouco de carinho, hoje Duo precisava e aceitaria um afago de Wufei. Estava tão carente.
-Vamos! Vou lhe dar um tempo até o mandar entrar. – o chinês deixou o quanto sem olhar nos olhos de Duo. Temia fazê-lo, não conseguiria encará-lo sabendo que veria naqueles olhos tão lindos tanta dor. Não suportaria ver aquela maldita dor novamente tão perto de si, ele segurou as lágrimas, daria qualquer coisa para que seu único filho nunca conhecesse esse sentimento esmagador, mas infelizmente Duo havia sido engolfado nesse buraco escuro que o próprio Wufei vivia a tentar sair. Só rezava para que Duo fosse mais forte que ele.
Mas que de pressa Duo secou as lágrimas. Forçando o corpo ainda dolorido ele se obrigou a ir ao pequeno banheiro do quarto de recuperação. Olhando-se no espelho e descobriu o quanto estava terrível. Abatido, com um ar doente. Também estava magro e seus olhos cercados de enormes olheiras, já não tinham o brilho vivaz e travesso de antes.
Ajeitou-se como pode, ao menos ficaria mais apresentável. Porém estava nervoso. O que será que Zechs queria? Duo alimentou uma esperança de que o homem viesse lhe dizer que ainda o queria para o casamento dispensando as formalidades dos votos. Não amava aquele homem, ao contrário não gostava nem um pouco dele, mas se agarraria a qualquer um de nome nobre que o quisesse como companheiro. Alguém que o tomasse para si, cuidando e protegendo. Dando-lhe um nome e uma honra que já não tinha mais, segundo as tradições.
-Ohh, Deus faça com que seja isso que ele veio fazer. – Duo pedia aos céus.
Um homem elegantemente vestido, com enormes e brilhantes cabelos loiros entrou no quarto. Zechs era mesmo um homem muito bonito. Talvez não fosse tão ruim a vida ao lado dele. Duo ficou o olhando, incapaz de fazer qualquer comprimento.
-Não esperava mesmo nenhuma recepção de sua parte! – Zechs falou friamente.
Mas Duo não sabia como agir. Tinha tanta vergonha de estar ali diante do homem para quem prestaria os votos, tendo sido violado.
-Eu vim aqui falar com seus pais. Mas sabendo que tinha acordado quis falar com você também. – o loiro continuou enchendo o coração ferido de Duo de esperanças, ele acenou com a cabeça para que o loiro continuasse.
-Mediante tudo que aconteceu. Não temos mais nenhum compromisso. – Zechs foi direto. Acabando com alguma esperança que havia no menino.
Duo sentiu uma pontada no coração. Sentia-se um idiota completo por ter qualquer esperança de resgate de honra. Estava mesmo perdido, seu nome estava para sempre jogado na lama.
-Eu propus casamento com alguém puro intocado, mas você... – o comentário foi seguido de uma cara de nojo... -Você pertenceu a tantos que nem sei... isso não me serve... Não quero uma vergonha dessa na minha vida...
-Por favor! – Duo implorou desabando sobre a cama se debulhando em lágrimas. As palavras de Zechs o estavam ferindo.
-Veja, você entende que nunca será tomado em casamento, né? Olhe pra você, olhe quanto está sujo... – Zechs se aproximou e Duo apenas consentiu com a cabeça, ele sabia que o que lhe era dito era a mais pura verdade, cruel, mas ainda assim verdade.
-Então... mas veja... você ainda está lindo... apesar de tudo... Você continua tão bonito... – o loiro estava bem próximo afagando os fios marrons dourados de Duo. -Irresistivelmente lindo... – Seus lábios se abriram deixando sua língua lamber a orelha de Duo.
Duo não teve reação. Era como se toda sua dignidade tivesse se esgotado por algum ralo. Era como sua alma tivesse sido tragada de seu corpo, seus olhos estavam sem brilho. Até quis enxotar o homem que lhe ia cometer novo estupro, mas descobriu que não tinha de onde retirar forças. Alem do mais sabia que era seu único destino, esse. Nas famílias mais tradicionais era isso que aconteciam à moça ou rapaz que perdiam a virgindade antes dos votos: ou era entregue para algum templo religioso ou era largado pela família para cair na prostituição.
O príncipe sentiu aquele hálito quente e nojento no seu pescoço e entrou em pânico, um medo que lhe moia o coração, mas seu corpo não reagia.
-Ohh... Não... Não... de novo, não... Pare. – ele implorava enquanto Zechs já lhe deitava na cama se debruçando por cima, apertando as coxas grossas. Duo seria estuprado novamente.
-Que pensa que esta fazendo? – Wufei chegou bem a tempo.
-Ora, se os outros tiveram eu também quero... – Zechs falou debochado.
Wufei não pode acreditar no que via. Duo. Seu pequeno Duo, implorando para aquele homem se afastar dele, acuado sob o outro corpo mais forte.
Ver aquele imundo tocando o corpo já tão ultrajado, apertando as coxas, falando barbarismos ao pé do ouvido dele. E ainda ver todo o deboche na voz do molestador. Alguma coisa se rompeu dentro de si. Wufei sentiu um ódio de morte. O mal irreparável já havia sido feito, mas não permitiria que nenhum ser no mundo tripudiasse sobre tanta dor.
-Deixe minha criança em paz! – o chinês ordenou. Seu tom de voz não permitia recusa.
-Hun... Ele não tem mais valor nenhum... – o loiro replicou.
-Dobre a língua. Você está falando do meu DUO! – os olhos do chinês espirravam ódio.
-Hun... Entendo. – Zechs se afastou. - Mas sabe que isso se tornará normal nas suas vidas... – ele se referiu ao tratamento que Duo teria a partir do estupro.
-Seu bastardo, maldito! Suma daqui e não volte mais ou acabo com você! – Wufei segurava trêmulo o cabo de sua espada. Seria capaz de matar. Mas Zechs não ficou ali pra se certificar disso. Ele deu uma última olhada para Duo e deixou o quarto.
Um silêncio pesado se instalou naquele aposento após a saída de Zechs. Nem Wufei nem Duo ousaram falar durante algum tempo até o chinês decidir que era hora de mostrar a Duo que ele não estava sozinho.
-Ele não te machucou, né? – o chinês perguntou receoso da resposta.
-Não podia fazê-lo mais do que eu já estou. – Duo mais parecia uma estátua sem emoções.
-Duo, eu... – o chinês tentou falar.
-Não diga nada... Você não precisa fazer isso. – Duo cortou friamente.
-Eu não preciso fazer nada por você! – Wufei replicou.
-Certo... – agora Duo teve um tom magoado, estava só blefando, como queria que seu pai lhe aconchegasse num abraço naquele momento.
-Mas eu QUERO fazer... – dizendo isso o chinês se aproximou sentando na cama do filho, tocando seu rosto ternamente.
Duo olhou meio que assustado ao sentir aquele toque tão macio. Era tudo que precisava.
-Duo... nada do que eu falar ou fizer vai fazer isso tudo passar... mas... eu quero que saiba que não está sozinho. Nunca estará... – Agora não convinha falsidades. Wufei abriu seu coração para o menino.
Duo nem lembrara de seu orgulho bobo. Ele não estava em condições de recusar uma trégua. Sem dizer palavras se lançou naquele abraço tão gostoso. Duo agora tinha a sensação bárbara de proteção. Aquela que mesmo quando o mundo parece se voltar contra agente, mesmo quando tudo dá errado, mesmo quando você é obrigado a abrir mão de seus sonhos mais valiosos, mesmo assim pode ser capaz de te fazer se sentir protegido. Naquele abraço nada podia lhe atingir, nem que fosse só por aquele momento, mas ninguém ou nada no mundo poderia lhe ferir, estava seguro.
Tinha a maior segurança do mundo: o abraço de um pai. E como era bom ter um pai, de verdade, um pai pra abraçar quando as coisas dessem erradas. Agora Duo sabia que isso podia não concertar as coisas, mas sem dúvidas lhe ajudaria a encarar as dores da vida.
-Duo... Filho... – Wufei sentiu o filho soluçar em seu peito.
-Não diga nada... Apenas fique assim comigo... – Duo falou baixinho entre um soluço e outro. Estava se entretendo com as batidas do coração do Chinês.
-Ohhh, amor! – Wufei apertou ainda mais aquele abraço gostoso.
-Pai... Como é boa essa sensação... – Duo sorriu ainda com o rostinho escondido no peito de Wufei.
-Filho, que sensação? – o chinês quis saber.
-Essa de segurança... Que só o abraço de pai pode trazer... – ele respondeu tímido.
-Então sempre que você tiver medo, dor, ou qualquer outra coisa ruim dessas que a vida nos reserva pode recorrer ao meu abraço, tá?– Deus, o chinês nunca se imaginou sendo tão emotivo com o filho, mas nesse momento sentia extrema necessidade de fazê-lo.
-Hum-hum... Combinados... – Duo sorriu.
Sim... Duo sorriu e Wufei também. Eram pai e filho. E sabiam que era assim que funcionava a temática da família. Pais e filhos serviam um para apoiar o outro. Ficar perto e abraçar. E que força pode ter esse abraço... Duo descobriu isso hoje e agradeceu a Deus por isso, algumas pessoas passam a vida inteira sem saber o que ele havia acabado de descobrir.
Hehehe... Mais um capítulo foi pra conta.
E sim, como não poderia deixar de avisar, quem me mandar review, pode ter certeza que eu vou responder. Respondo todos que chegam a mim, sempre respondi e assim vai continuar.
Eu não fico como outras pessoas IMPLORANDO para que leiam minhas fics, e muito menos colocando apelos rídiculos para receber comentários, não é para isso que postamos e sim para divulgar nosso pensamento Yoai, mas todo comentário é muito bem vindo e será respondido.
Beijos,
Hina
