O vale proibido
9 – Duo, eu te amo!
Ahhh... esse capítulo é dedicado ao MEU POVINHO!
Nosso povo, que sabe sonhar e amar... respeitar e viver... brasileiros apaixonados pelo que fazem.
Duo agora se encontrava dormindo tranqüilamente na cama. Heero o havia depositado ali após o incidente da tarde na qual Duo torcera o tornozelo. Seria bom um pouco de gelo, mas não tinham geladeira em casa. Porém, o ogro conhecia umas ervas que segundo a crendice popular eram boas para aliviar dores, e foi buscá-las não muito longe dali. Quando finalmente retornara encontrara Duo dormindo tranqüilamente.
E como era lindo.
Heero parou na porta do quarto admirando o belo marido.
Suspirando o ogro se dirigiu à cozinha, acendendo o fogão à lenha levando as ervas no fogo.
-O que você está fazendo comigo? – Heero se perguntou.
Desde que o humano chamado Duo entrou na sua vida tudo mudou. Eram raros os momentos em que aquele baka trançado não fizesse parte de sua composição de pensamentos. O ogro estava confuso. Às vezes aquele pequenino baka sorria lindamente, outras estava tão triste, mas tão triste que parecia que o mundo inteiro podia se acabar naquela tristeza toda.
Quando trouxe o humano para sua casa. Quando o viu entrando ali como seu esposo, sem sombra de dúvidas foi o dia mais feliz da vida do ogro. Seu coração podia parar de bater naquele instante, mas depois... Depois ele foi vendo que Duo não estava feliz, e tudo que Heero mais queria era fazer o humano feliz. Queria de volta aquele menino vivaz pela qual havia se encantado...
-Esse humano baka, vai acabar me deixando louco. – Heero pensou consigo mesmo ao entrar no quarto trazendo a infusão.
-Hun... Heero? – Duo acabara de acordar.
-Eu trouxe isso para aliviar a dor... – Heero falou meio abobado. Duo era perfeito. Até mesmo recém acordado ele era uma imagem fotográfica.
-Heero. Tá doendo... – Duo falou manhoso querendo chorar.
-Pronto, vai passar. Isso aqui vai ajudar. – Heero tomou cuidadosamente o tornozelo do humano nas mãos grandes, como se fosse uma preciosa jóia. Ainda com todo zelo foi passando as ervas sobre o pé muito inchado do trançado.
-Ai... ai... Heero! Tá doendo muito... – Duo reclamava, mas aos poucos a dor foi se indo. Ele acabou se permitindo relaxar entregue àquele carinho ternoso que lhe era feito no local magoado.
-Melhor? – Heero perguntou assim que notou o corpinho amolecido sobre o colchão.
-Um-hum... – Duo estava de olhos fechados apreciando aquele momento tão doce. Jamais pensou que aquelas mãos tão pesadas fossem capazes de acariciar de forma tão agradável.
-Ótimo. Vire-se. – Heero pediu depositando o pé de Duo sobre a cama com cuidado.
-Tá! – Duo obedeceu virando-se de bruços acreditando que seu marido lhe faria nova massagem no pé.
-Isso. Não se preocupe eu vou cuidar de você. – o ogro falou vendo seu falo se atiçar ao notar que a posição de Duo seria ideal para uma transa. – Que bundinha mais linda. – O ogro não pode deixar de notar se recriminando pelo pensamento tarado.
-Eu estou em boas mãos. – Duo brincou dando um sorriso. Porém, esse se esgotou de seu rosto logo assim que Heero executou sua próxima ação. Duo suou frio, seu coração disparou em alerta, mas seu corpo mais uma vez falhara na tentativa de se defender.
Heero se debruçou sobre seu esposo. Abaixando as calças do pijama que ele vestia. Agora foi que seu falo se atiçou, Duo estava nu por baixo do pijama expondo uma nádega perfeita.
-Ohhh, meu Deus essa bunda é linda – Foi mais um pensamento lascivo por parte do ogro.
Conseguindo se conter diante de talvez uma das coisas mais linda que já havia visto, Heero prosseguiu passando a infusão sobre a nádega direita de Duo fazendo massagem, na verdade fazia carinhos circulares sobre a avantajada nádega cremosa.
O humano estava ali completamente vulnerável enquanto Heero apalpava sua nádega. Desde que fora estuprado ainda não tinha mostrado aquela parte do corpo a ninguém. E muito menos a deixou ser tocada daquela forma que Heero lhe tocava. Mas aquele toque era tão diferente. Diferente de tudo que já havia sentido antes. O ogro tinha as mãos grandes e rígidas, porém eram leves ao acariciar. Duo se surpreendeu gostando da atenção que lhe era dada a sua nádega. Ele estava tenso, mas foi se acalmando com os toques macios.
Heero notou toda a apreensão de Duo ao tocar sua nádega, mas já não tinha como voltar atrás. Já não podia mais ficar longe daquele pedaço de carne quente e macio que o atraía tal qual um poderoso imã.
Completamente cego de desejo Heero apertou a outra nádega passando a apalpar as duas ao mesmo tempo fazendo sua ereção doer. Sabia que devia ter se controlado, mas não conseguiu. Havia descoberto que Duo tinha o poder de remover toda a sua frieza e autocontrole.
Abrindo as nádegas levemente Heero teve acesso à visão que tanto queria. O pequeno ânus. Ele era perfeito, tão minúsculo e delicado em um tom levemente rosado. Duo era perfeito.
Ao abrir seu marido para si o ogro o viu tenso mais uma vez, viu o minúsculo ânus piscar, e isso foi a gota d'água. Ver aquele botãozinho dar uma piscada fez o ogro afundar o rosto naquele local lambendo o anelzinho.
Duo sentiu o corpo tremer. As lambidas, porém, não foram nada parecida com aquelas muitas que levou naquela noite fatídica, ao contrário eram cercadas de um imenso carinho e delicadeza. Mas ainda era tão cedo para isso. Duo não achou repugnante o toque de Heero, mas de fato era cedo para se deixar ser tocado desse jeito. Um estranho e forte sentimento o arrebatou. Seus olhos se encheram de lágrimas e seu coração de rancor. Será que o ogro Heero Yui era como os outros? Um aproveitador que só pensava em sexo? Não. Esse pensamento se foi logo em seguida ao lembrar da delicadeza com a qual Heero o havia tocado em seu ponto anal.
Mas ainda era cedo e se não fizesse nada iam acabar transando e Duo não estava preparado para fazer sexo ainda, mesmo que fosse com Heero.
-O que pensa que está fazendo? Seu... Seu...? – Duo não teve palavras. Ele estava com raiva de Heero por tê-lo tocado sem sua permissão. E também raiva de si mesmo por ser tão fraco a ponto de não conseguir superar seus medos e se entregar a seu esposo.
-Duo... Eu... – Heero não tinha o que explicar. De fato ele havia feito o que não devia.
-Como você... como... Meu Deus! – Duo não sabia o que dizer. Ele apenas se encolheu contra a parede pondo a mão sobre a boca. Estava tão perplexo com o que tinham acabado de acontecer. Ele ainda lembrava dos maus tratos que sofreu.
-Duo, desculpa, eu não deveria ter feito isso. – O ogro tentava se justificar, mas seu coração estava agitado, ele jamais quisera magoar Duo.
-Tantas vezes eu te pedi para você me dá um tempo! Yui. Eu te pedi. – Duo agora se espremia mais e mais contra a parede, aos soluços. Estava tão magoado, principalmente consigo mesmo. Naquele momento que fora tocado desejou realmente se entregar a Yui, mas sua fraqueza não permitiu. Ele sabia que ia acabar perdendo seu casamento e conseqüentemente sua única chance de ter uma vida.
-Duo! – Heero Yui jamais pensou que um dia faria isso. –Duo. Me perdoa, por favor! – ele falou em tom ligeiramente desesperado. Não lhe restava ao menos orgulho quando estava próximo de Duo.
-Não chega perto de mim. Você não me respeitou quando eu te pedi... Você é como os outros! – Duo estava afundado no seu mundo de dor. Aos prantos ele berrava. – Porque teve que fazer isso, Heero? Você não vê que eu não consigo? – continuava aos prantos.
-MERDA, DUO! Eu já te pedi desculpas! – Heero de fato estava com o coração em frangalhos. Ele tinha tanta raiva de sua própria burrice e descontrole, sentia raiva de Duo, sentia raiva da situação que estavam vivendo.
-Eu não quero suas desculpas. Eu não quero nada de você... – Duo falou em tom mais baixo, porém mais duro. Tudo que mais queria agora era ficar sozinho, para poder chorar toda a mágoa de não ser capaz de ser superar o maldito estupro.
Heero ouviu aquelas palavras tão duras e cortantes. Sentiu seu coração baquear. Já perdera a conta de quantas vezes Duo lhe rejeitava dessa forma. Sempre que tentava abrir seu coração, demonstrar que se preocupava, que se importava Duo o repelia como se seus sentimentos nada significassem.
O ogro sentiu uma raiva confusa de mágoa. Ele queria agarrar o menino pelo braço e tomá-lo a força, ou mesmo lhe dar uns tapas para ver se ele acordava, mas ao invés disso ficou ali parado sentindo seu coração ser esmigalhado a cada soluço do outro. Vencido o ogro abaixou cabeça, escondendo seus olhos azuis.
-Duo, um dia você ainda vai destruir o que eu sinto por você... –o ogro falou magoado, porém ele nem podia sonhar o quanto essa frase ia machucar Duo. Primeiro porque o trançado se sentia culpado por ter sido estuprado e mais culpado ainda se sentia por não conseguir fazer seu casamento dá certo. Ele ia acabar perdendo Heero por causa de sua covardia, ele achava.
-SAI DAQUI! – foi tudo que a mente ferida de Duo pode formular. Um grito desesperado. O maior medo de Duo podia estar acontecendo e era tudo culpa sua. Ele se deixou escorregar pela parede indo ao chão. Heero ia deixá-lo. O ogro ia simplesmente acordar um dia e resolver viver sua vida ao lado de outra pessoa que fosse capaz de lhe corresponder.
-Você quem sabe. – Yui saiu do quarto. Ele estava chorando também.
-É tudo minha culpa. – se Duo não tivesse tão incomodado em se encolher como uma bola contra a parede, se ele não estivesse sendo torturado pela enxurrada de mágoas, dores e culpas ele teria visto as lágrimas que Heero Yui havia derramado.
Por um momento as coisas se acertaram. Pela primeira vez havia sido tomado pela real sensação de ter alguém o tocando com carinho, de ter alguém o amando. Duo sentiu em um momento a sensação impar de ser amado, aquela sensação que faz uma pessoa levantar da cama toda manhã e que mesmo a revelia de todos os problemas sorrir de forma boba. Mas fora um engano achar que podia ser amado. Qualquer outra pessoa tinha esse direito, não ele. Desde cedo havia entendido que amor era algo lindo, pleno, mas não era de seu alcance.
-Porque? Porque, meu Deus? – Duo se perguntava com uma certa raiva apertando seu coraçãozinho. Na dor o humano chorou amargamente afundando o rosto no travesseiro.
Já fazia dois dias que Duo estava naquele estado, desde que foi tocado pelo marido naquela noite.
Uma maldita sensação de inércia lhe consumira e incapaz de levantar ele permitira se afundar de vez em toda dor e depressão que lhe rondava desde que fora estuprado.
Um ogro de olhar perdido estava no terreno amplo da tapera que lhe servia como casa, ele cortava a lenha. Na verdade estava só passando o tempo, pois já havia cortado tanta madeira aquela manhã que podia descansar durante uma semana inteira. E também fazia dois dias que o forno não era usado. Desde da noite que tocara as nádegas do marido que este não saía de dentro do quarto.
Ferido com tudo que se passava Heero também não o procurou. Na verdade, naquela noite lera nos olhos de Duo que não adiantaria tentar se aproximar. Vira com choque que o humano estava se jogando de cabeça no abismo da depressão, de onde Yui imaginava uma pessoa não poder voltar, se não quisesse. E Duo parecia não ter vontade de retornar. O ogro entendia que o menino estava sofrendo, mas ele tinha fortes motivos para acreditar que Duo não estava se esforçando nada para superar essa crise. Yui estava desistindo de Duo. Já havia pensando em devolvê-lo, já que o casamento não tinha sido consumado, mas havia alguns sentimentos que o estavam impedindo de tomar tal decisão.
-Duo. Porque não me deixou chegar até você? – Heero perguntou com raiva de sua incapacidade de resgatar Duo da dor.
-Senhor Yui? – um homem alto se aproximou do ogro.
-Hn? – Heero não havia sequer notado que aquele homem havia se aproximado.
-Sou Trowa Barton. – o homem lhe estendeu a mão.
O ogro olhou para o recém chegado. Ele o conhecia, mas de onde? Era um cidadão distinto, bem vestido. Heero pode notar a elegância do rapaz. Com seus cabelos curtos terminados em um topete ele mantinha um olhar decidido.
-Eu conheço você. – Heero respondeu sem estender sua mão. Na verdade seu coração disparou, suas mãos apertaram sensivelmente o cabo do machado. O ogro lembrara que Trowa era capitão da guarda real de L2 e tudo que veio a sua cabeça foi que ele viera para levar seu baka trançado e isso ele jamais permitiria. O ogro ficou esperando apenas que o rapaz de topete falasse, ele estava disposto a atacar com o machado.
-Ah... – Trowa resmungou ignorando a total falta de respeito do ogro em não lhe oferecer a mão em resposta ao seu cumprimento. – Eu vim aqui para passar uns dias com vocês a mando dos reis de L2. Você sabe como é. Único filho os pais se preocupam... – Trowa explicou.
-Hun... eu sei. Tanta preocupação que o iam mandar para longe por causa das regras idiotas. – Heero ia começar algum discurso contra as normas hipócritas da sociedade de L2.
-Senhor Yui. Não estou aqui para discutir sobre nossas regras. Ahhh... Onde posso pôr minhas coisas? – o rapaz deu uma boa olhada em torno. O lugar era hostil. Havia mato e poeira por todos os cantos. Ele próprio com seu treinamento militar não saberia dizer se conseguiria suportar muito daquilo. Duo devia ter mudado bastante para estar vivendo com aquele bruto naquele lugar imundo.
-Lugar? – Heero coçou a cabeça, ele não contava com um hóspede. – Minha casa é pequena. Mas resta lá! No estábulo. – O ogro apontou com o dedo para um lugar um tanto quanto longe da casa coberto por palha.
-Não devo considerar sua brincadeira, aquilo é um estábulo. – Trowa falou exasperado.
-É o único lugar que tenho. Se quiser pode levar suas coisas pra lá. – Heero deu de ombro e saiu deixando pra trás um rapaz recém chegado e confuso.
-Maldito ogro. – Trowa deixou escapar enquanto levava suas malas para o estábulo.
-Confortável? – Heero apareceu na porta do estábulo.
-Ahhh... Achei que tinha dito que isso era um estábulo. – o humano resmungou.
-E não é? – o ogro deu um meio sorriso. Não sabia porque, mas por um momento achou que se daria muito bem com o hóspede.
-Mais parece um chiqueiro... – Trowa também sorriu um de seus sorrisos inexpressivos.
-Ora! Não reclame. – Heero falou observando que aquele lugar precisava de uma limpeza.
-Ahhh... e Duo? Não o vi desde que cheguei. – o topetudo perguntou ficando sério.
-Hnnn. – o ogro suspirou cansado, sentando-se em um montinho de palhas.
-Ahhh... Problemas? – o rapaz mais alto perguntou sentando-se no chão.
-Hi! – Heero ficou pensativo. – Duo está no quarto... Há dois dias não se levanta daquela cama. – o ogro manteve um semblante desanimado.
-Hn... – O outro consentiu em entendimento. Duo estava passando por maus bocados.
-Não sei mais o que fazer. Ele simplesmente chora e chora e chora... Deus, não sei como chegar até ele... Eu tentei, mas não dá. Duo é tão distante... cada vez que eu tento chegar ele se afasta um pouco... Não sei o que fazer com ele. – Heero desabafou meio que desesperado deixando sua cabeça pender em derrota. Devia estar mesmo derrotado, afinal nunca fora de falar muito e agora se via ali desabafando tudo que podia com um rapaz que lhe era quase um estranho.
-Você gosta mesmo dele, né? – Trowa fez uma pergunta direta. Ele pode sentir toda dor do ogro ao falar do estado do marido.
-Como nunca gostei de ninguém. – Heero tinha certeza: amava Duo com todas as forças.
-Heero... Não sei se pode entender. Mas Duo ainda deve estar muito machucado com tudo. Sabe, para um jovem de L2 ser violado como ele foi é muito difícil. Imagina que se cresce sendo ensinado sobre honra e moral... E de repente se vê tão humilhado, lhe sendo tirado algo que tanto prezava. Pode entender isso? – Trowa falou calmo, porém muito sério.
-Hi. Eu imagino o que ele está sentindo. Mas, eu não sou como aqueles monstros, eu só quero dá carinho a ele. –Em um tom magoado o ogro se justificou.
-Mas ele está com medo, Heero. Está tão ferido. Dê um tempo a ele. Da noite para o dia ele perdeu tudo.
-Mas e eu? Eu dei a ele uma nova chance. – Heero olhou para Trowa. Podia ainda ser um ogro e seu país ser um caos, sua casa mais parecia com um chiqueiro, mas aquilo era tudo que tinha ou era, e estava disposto de coração a dividir com Duo.
-Olhe em volta. Isso não é o lugar que Duo sempre sonhou. Ele está magoado e frustrado por seus sonhos terem ido por terra e até se acostumar com isso tudo vai levar um tempo. Não podemos impor isso tudo a ele e achar que ele vai assimilar da noite para o dia. – Trowa explicou.
-Ahhh. Não sei mais o que fazer. – Yui realmente parecia tão cansado.
-Olhe. Duo não é má pessoa. Ele só não teve muito carinho quando criança. Mas ele é uma pessoa de bom coração... Se você tiver um pouco se paciência vai descobrir que pessoa linda se esconde por trás daqueles olhos roxos. – o capitão aconselhou.
-O que eu faço? Esperar só não adianta, ele não vai sair dessa dor sozinho? – Heero se perguntava porque alguém no mundo tem que sofrer tanto.
-Não sei, mas o primeiro a fazer é dar tempo ao tempo. E sei lá. Há tanto o que fazer aqui... Permita ao Duo fazer algo. Sei lá, mostre a ele que pode mudar o que quiser por aqui. Faça-o sentir que aqui é a casa dele também. – Trowa conhecia Duo e um pouco de sua infância de rejeição.
-Um lar... Nosso lar – Heero falou sonhador.
-Um-hum... ele vai ficar muito feliz com isso, Heero. Porque você vai dar a ele uma coisa que ele nunca teve: Um lar. Um lugar que se sente bem, um lugar que tem a carinha dele. Duo nunca teve isso em L2! – Trowa sorriu, ele sabia que este era um desejo de Duo.
Duo! – Heero estava tomado por um novo ânimo. Faria Duo feliz. – Vou vê-lo agora mesmo – o ogro levantou rápido deixando o estábulo.
-Hn... O que não faz o amor...? – Trowa sorriu.
Heero andou o mais rápido que pode até o quarto onde se encontrava seu marido desanimado. Porém, todo o ânimo que Heero Yui podia ter se esvaiu quando ele entrou no quarto. Seu coração traidor falhou naquele momento. Ele Pediu a seu Deus com todas as forças que tinha, ele rogou para que não fosse verdade, mas era. Duo estava ali encolhidinho no chão em um canto da parede. Em suas mãos ele tinha uma faca de cozinha que usava desesperado cortando o próprio pulso.
O ogro se atirou na direção do Humano lhe tomando a arma fria das mãos.
-Não! Me devolva, por favor! – o trançado tentou debilmente pegar o instrumento de volta, mas sem sucesso. –Por favor! Deixe-me parar de sofre... Pelo amor de Deus! – Duo implorou se rendendo ao choro se largando ao chão.
O ogro ficou ali meio que congelado. Era como se todo seu corpo tremesse e seu sangue o tivesse deixado. Ele não podia nem mesmo sonhar em ficar sem aquele menino, quem dirá suportar a idéia de que Duo atentou contra a própria vida. Será que seu desespero era tanto assim?
-Duo. Não. – O ogro resmungou vendo uma poça de sangue avantajada se formar abaixo do pulso rasgado.
-Me deixa! Eu não agüento mais! – Duo chorava completamente rendido.
-BAKA! BAKA! BAAAAKAAAAAA! – Heero nem soube quando podia se descontrolar daquela forma. Ele teve vontade de espancar o humano. Mas não faria, não contra Duo. –Duo. Não me deixe sozinho! – Heero pediu catando o corpinho do menino em seus braços.
-Heero. – Duo se viu nos braços fortes do ogro. Deus como precisava de um cuidado, de um carinho nesse momento.
-O que pensou em fazer? Se eu não chego... Duo! Eu imploro por tudo que você quiser, não desista. – o ogro pediu olhando no fundo dos olhos violetas.
-Heero! Eu não consigo mais... – O humano queria lutar contra tudo que sentia, mas aquilo era mais forte.
-Tente! Senão por você, mas por mim. Eu preciso tanto de você. – Heero falou escondendo o rosto no peito de Duo.
-H-Heero? – um Duo confuso aceitou o ogro em seu peito o abraçando.
-Eu preciso de você. Eu preciso muito, Duo. – Heero agora não conteve as lágrimas. Ele chorava abertamente molhando o peito quente de Duo.
-Heero... eu... Eu... – o trançado não sabia o que fazer. Ele jamais sonhou que aquele ogro fosse tão humano. Ele não sabia que aquele Heero Yui que chorava em seu peito existia. E se algum dia se viu sentindo algo pelo ogro agora Duo se apaixonara.
-Te amo! – Heero levantou o rosto buscando os olhos de Duo.
Duo arregalou os olhos. Seu cérebro pareceu não entender aquela nova informação. Ou seria uma piada de muito mau gosto. Ninguém em toda a sua vida nunca havia lhe dito isso. Ele buscou os orbes azuis de Heero, e lá seu coração machucado pode sentir. Nunca ninguém havia lhe falado com os olhos. Heero Yui era o único que pode alcançar sua alma, lhe trazendo de volta para a vida.
-Heero... – ele fez um breve carinho com as pontas dos dedos delicados no rosto de Heero secando suas lágrimas.
-xiiii! Não diga nada. Por hora basta saber que não posso mais aceitar a vida sem você. Duo, eu te quero do meu lado. – Heero segurou o rosto do marido tocando suas testas em gesto de compreensão que beirava a cumplicidade. Duo agora sentia que fosse como fosse não estava só. Heero estaria com ele.
-Heero... eu... Eu não sei se posso. – o humano fraquejou na voz que saiu bem baixinha.
-Claro que pode, Duo! Basta tentar. Prometa que ao menos vai tentar.
-Eu... eu... vou. – Duo falou trêmulo.
-Agora vamos cuidar desse pulso – o ogro procurou mudar de assunto. Havia se exposto demais. Havia dito a Duo que o amava e agora o trançado podia ficar se sentindo na obrigação de tentar devolver esse sentimento. E tudo que Heero menos queria era pressionar seu marido nesse momento.
Por um tempo eles permaneceram calados. Heero cuidando do ferimento do trançado. Concentrados, eles talvez pensassem no que acabara de acontecer.
Seria bom poder superar tanta dor e desencontro e ser feliz, Duo queria muito ser feliz. Como queria acordar numa manhã e não sentir aquela dor. Ele pensava como seria acordar ao lado de Heero.
De qualquer forma tinha um novo motivo para tentar novamente: Amor. Duo sabia que era amado. Ao menos para uma pessoa no mundo fazia diferença se ele sorria ou chorava, e como isso era novo e confortante para Duo.
-Heero Yui, me ama – o trançado adormeceu com lágrimas nos olhos.
-Durma, minha jóia – tudo parecia tão absurdo. Se não tivesse chegado na hora certa agora estaria sem Duo. Será que a dor era tão grande assim para o trançado preferir a morte. Como faria sem ele, como faria para levantar todos os dias e saber que nunca mais veria aquelas lindas jóias violetas. Heero chorou ao lado da cama onde via um Duo calmo dormir mais ternamente que uma criança.
Superar limites.
Romper as barreiras do impossível.
Aproveitar oportunidades.
Ser romântico e trágico.
Sonhar alto, mas tomar cuidado com o chão.
Respeitar o próximo.
Pesar as palavras.
Ser mais tolerante.
Aprender a respeitar os espaços dos outros.
Viver.
Beijos,
Hina
