A manhã já chegara naquela quinta-feira de novembro. Os alunos já tinham se levantado. Andavam em direção ao Grande Salão. Enquanto isso, muitos conversavam sobre os mais diversos assuntos, os mais predominantes eram os relacionados com o quadribol.
Tudo estava ocorrendo de maneira bem tranquila. Não durando por muito tempo. Sendo interrompido por um som que chamou rapidamente a atenção dos estudantes. Tratando-se de objetos que estariam caindo no chão. Assim, alguns bruxos pararam e olharam para de onde viera tal barulho.
Hermione e Ron também olharam para tal direção. Conseguiram ver um estudante terceirista da Corvinal que estava agachado no chão enquanto pegava o material escolar que tinha se espalhado pelo chão
Hermione logo reconheceu quem era o garoto. Ele era Oliver Rivers; pessoa com quem ela e Ron estavam trabalhando nas aulas de adivinhação por algum tempo. A turma deles era composta por um número ímpar de estudantes, portanto, acabava com vários pares e um trio.
O estudante logo se agachou e começou a pegar o que os objetos caídos no chão e a recolocar na mochila. Sendo ajudado por algum outro colega. Não demorou muito para que Potter tivesse também ajudando o garoto a colocar as coisas de volta para mochila. Ele estava conservando algo com o corvino.
Os alunos voltaram a caminhar em direção ao Grande Salão. Alguns comentavam sobre o que acabara de acontecer.
Hermione e Ron estavam sentados à mesa da Grifinória. Eles conversavam sobre o que acontecera havia poucos instantes.
"Parece que a bolsa do Oliver não rasgou... ela foi rasgada por algum feitiço... Harry pode ter alguma relação com isso."
"Tem realmente certeza disso?" Questionava Ron.
"Bem provável que foi isso que aconteceu…" Respondia Hermione. "Não podemos subestimá-lo… ele consegue ser astuto quando precisa, sendo também inteligente para conseguir elaborar algum plano…"
"Então, porque ele faria tal plano para conversar com aquele garoto? Para tentar se reaproximar de nós?"
Hermione imaginava que aquilo não seria impossível de acontecer... ele havia feito umas poucas tímidas tentativas durante o mês de outubro; pouco tempo depois, ele, aparentemente, deixara isso de lado por algum tempo. Contudo, agora, poderia ter mudado a situação.
Uma resposta que a jovem bruxa imaginava que eles conseguiriam ainda naquela quinta-feira.
Hermione escondeu-o sob suas vestes antes de se apressar para se juntar aos demais alunos do terceiro ano. Todos caminhavam em direção à entrada da sala de aula. Os alunos subiam a escada que levava para o alçapão.
Hermione e Ron sentaram- se à mesa que eles vinham utilizando desde outubro. Hermione ficou observando os estudantes, imediatamente percebendo que uma mudança repentina havia ocorrido naquele dia.
Ao olhar para um canto da sala. Logo ela pôde ver Oliver sentando-se no lugar o qual era utilizado pelo Potter. Um barulho fez com que Hermione voltasse a olhar para o outro canto da mesa a qual ela e Ron estavam sentados. Ela viu a figura de Harry sentando, colocando a mochila no chão.
"Ele realmente fez tudo aquilo para conseguir mudar de lugar e se aproximar de nós..." Pensava Hermione. "Qual será o plano que ele tem em mente?"
Não demorou muito para que a aula de adivinhação tivesse começado. A professora apareceu para a turma. Ela explicou sobre o método de adivinhação que eles aprenderiam naquele dia. O que durou alguns minutos. Assim que ela terminou, foi-se seguido do barulho dos alunos pegando os livros, colocando-os sobre as mesas e começando a colocar em prática o que a professora falara.
Hermione fechou os olhos, mentalizou uma pergunta. Rapidamente abriu o livro em uma página aleatória, apontando para um trecho igualmente aleatório. Ela abriu os olhos e pôs a ler o que o 'destino' estaria reservando para ela. Sendo uma parte do livro o qual estava, aparentemente, falando sobre um grande perigo que ela estaria correndo. A jovem suspirou profundamente. Aquilo parecia muito com o que acontecera durante a primeira aula de adivinhação com o Harry falso. "Espero que a professora não fique sabendo disso…"
Hermione olhou para Ron, vendo que o amigo observava para a frase retirada com uma das sobrancelhas erguida. Enquanto isso, Potter também estava olhando para a previsão dele com descrença.
A professora de adivinhação ficava caminhando por entre as mesas. De tempo em tempo ia na direção de uma delas e 'ajudava' os estudantes. Ela lia a frase retirada e 'explicava' qual seria o significado. Fazendo com que alguns ficassem apreensivos sobre o verdadeiro significado. Quando chegou a vez de Neville, ele ficou nervoso, quase deixando o livro cair da mesa.
Não demorou muito para que Harry começasse a 'arrumar' a cadeira dele. Arrastando-a para mais próximo de Hermione e Ron. A jovem bruxa ficou olhando para ele.
"O que você quer?" Hermione perguntou.
"Devo admitir que você demorou um pouco mais de tempo do que imaginamos que você levaria para conseguir descobrir."
"Descobrir o quê?"
"Por favor, Hermione, não se faça de desentendida. Com o que a Madame Pomfrey comentou, você já deve ter conseguido entender."
Ron e Hermione se entreolharam brevemente. Novamente, aquele robô estava demonstrando ter um conhecimento que, tecnicamente, ele não deveria. Como ele poderia ficar observando o que estava ocorrendo na enfermaria na tarde do dia anterior? Ele estaria cumprindo detenção que Percy determinara. Não sendo possível que tal Bonnie de pelúcia estivesse por perto da ala hospitalar naqueles momentos.
Os três ficaram em silêncio durante algum tempo até que o Potter decidira que teria de falar algo. "Ray me contou bastante sobre o que aconteceu durante a tarde de ontem."
"Esse coelho de pelúcia ficou contando as coisas que iam acontecendo..." Ron falou.
"Ele não é a pelúcia…" Harry falou, com certo receio. Dando uma breve olhada antes de continuar a falar. "Hermione deve ter contado a respeito dos boatos das pizzarias…"
Ron lembrava-se do que a amiga havia dito sobre o que os trouxas comentavam sobre aquele comportamento estranho dos animatrônicos. Algumas histórias que o deixaram assustado.
"Boatos envolvendo possessão?"
"Sim..." Respondeu Potter. "Trata de algo parecido…"
"Então é isso que está acontecendo..." Pensava Hermione. "Essa pelúcia está possuída pelo espírito de Ray... uma criança que foi brutalmente assassinada..."
Algo que fez ela começar a compreender melhor o primeiro pesadelo que Ron tivera. "Esse tal de Ray deve ter sido o responsável por fazer o Ron tivera... sendo ele quem estava compartilhando a memória, fazendo de tudo para que garantir que Weasley acompanhasse toda a cena do sequestro dele e das outras crianças."
Outras dúvidas surgiram. Será que aquilo teria relação com o último pesadelo? Além dele tinham mais quatro crianças... o número exato de animatrônicos que continham entranhas humanas; partes que seriam necessárias para a realização do experimento. Deste modo, caso essa memória também fosse desse garoto, ele estaria invisível, observando tudo o que estava acontecendo naquela Saferoom.
Hermione estava prestes a falar algo, mas parou. Ela percebeu que a Sybill parou perto de Harry. A professora viu a frase de Harry. Imediatamente, começou a se lamentar, afirmando o quão triste era o fato de o destino ser tão terrível com ele. Lamuriando sobre ele era o aluno mais novo daquela sala e sobre o quão o garoto não conseguiria aproveitar a vida.
Hermione revirou os olhos. Estava incomodada com todo aquele drama que Sybill estava fazendo. Harry levantou uma das sobrancelhas e ficou encarando a professora por algum tempo.
"Ela faz muitas profecias…" Comentou Harry, assim que a professora se afastou daquela mesa. "Faz tantas que acaba acertando alguma por pura sorte."
"Você tem quantos anos?" Perguntou Hermione.
Harry ficou em silêncio durante alguns minutos antes de responder. "Um ano, oito meses e três dias..."
Ron demonstrou certa surpresa com aquela resposta. Hermione já imaginara algo parecido. Sabia que a idade dos robôs não seguiam a mesma lógica que a dos humanos.
"Ray também ficou muito triste pelo que aconteceu com ele." O robô começou a comentar, mudando de assunto. "Também fez amizade com ele nos poucos dias em que os dois estiveram juntos."
"O que aconteceu com ele é..."
"Sinto muito… é verdade..." Harry abaixava o olhar. "Realmente, foi terrível que isso tenha acontecido com ele."
Hermione engoliu seco com tal confirmação. Ron também ficara extremamente tenso e nervoso com aquilo.
Weasley não queria imaginar o impacto que tal notícia teria, não somente no mundo bruxo como também para a família dele. Ele sabia que os irmãos ficariam arrasados de saber que Potter fora brutalmente assassinado. Os pais deles iriam ficar tristes, viam Harry como se fosse membro da família. A mãe primeiro perdera dois irmãos e agora mais essa grande perda.
Hermione estava temendo sobre o que poderia acontecer com Harry após a morte dele. Desejando que ele estivesse descansando em paz. Que a alma dele não estivesse sendo forçada a permanecer nos mundos vivos; sendo usada para terríveis experimentos.
A atenção de Hermione voltou-se para Harry assim que percebeu um comportamento anormal dele. O robô rapidamente voltou-se para o lugar no qual Neville estava sentado. Era como se ele tivesse ouvido algo vindo daquela direção que tivesse lhe chamado atenção. Algo que ela não conseguia ouvir.
Neville olhou brevemente para Dunbar, depois encarou aquele urso de pelúcia, por fim, o olhar dele voltou-se brevemente para a mesa do trio. Rapidamente, Longbottom pegou a mochila do chão, guardando o urso de pelúcia dentro dela. Comportamento que chamou a atenção de alguns estudantes.
Hermione voltou-se a olhar para o robô Potter. Ele estava tentando agir normalmente, mas ela conseguia ainda perceber sinais de apreensão. Hermione olhou para Ron que também observava toda aquela cena. Agora sabiam que tais alunos conseguiam ouvir os brinquedos. E, o quer que aquele brinquedo maldito tivesse falado, seria algo negativo… começo de algo ruim que aconteceria…
Neville Longbottom ficou parado, observando a frase que havia retirado do livro. Pensava no significado falado pela professora. Qual desafio ele precisaria enfrentar durante aquele ano? Seria atacado por alguma daquelas criaturas que teriam força para matar alguém com facilidade? Ou seria envolvendo alguma outra coisa?
O garoto teve recordação da conversa que Gina tivera com ele havia não muito tempo. Quando ela fez os mais diversos alertas. Assim, o olhar do garoto voltou-se para a pelúcia que estava no colo dele. Seria tal brinquedo a casa de todo o desafio que precisaria enfrentar?
"Ele pode estar te usando para ajudar em algum plano sombrio..." O garoto relembrava enquanto encarava para o urso de pelúcia. O urso se encaixava na descrição e alerta que a colega fizera. Apesar de tudo isso, o que ele fez? Conseguiu ser convencido pelo brinquedo e continuou a agir como se ele não fosse nada perigoso. Caindo, novamente, na conversa do pequeno Freddy.
A situação começou a ficar tensa quando um ruído estranho começou a ser emitido do brinquedo. O medo e nervosismo praticamente tomaram conta do garoto. Não conseguia entender o que estava acontecendo. O som emitido era algo que nunca ouvira até então.
O olhar do jovem bruxo voltou-se para o lado. Ele logo percebeu que Fay também estava olhando para o Freddy Plush. Ela também demonstrava sinais de medo. Estava tão focada no brinquedo que ignorava a amiga que perguntava preocupada, perguntando se ela estava bem.
"Ela também está ouvindo esses barulhos." Longbottom olhou para outra direção. Potter também estava olhando para tal lado. Agia de forma similar a colega perto dele. "Eles podem ouvir o que os brinquedos falam."
O bruxo rapidamente pegou a mochila, abriu-a e guardou o urso dentro dela. Fechando e colocando-a no chão.
