Neville e Gina estavam sentados no salão comunal. Boa parte dos alunos ainda se mantinham em silêncio, chocados com o que acontecera naquele dia. Um dia que, supostamente, deveria ser feliz, mas acabou sendo o oposto.

Demoraram-se alguns instantes até que Neville e Gina estivessem conversando. Por algum tempo, ambos ficaram comentando e teorizando sobre os eventos anteriores. Eventos esses que poderiam estar relacionados com o que ocorrera. Precisando esperar algum tempo até que as memórias de Neville aparecessem.

"Então... Você acredita mesmo que pode ter alguma relação?" Perguntou Neville após ter comentado sobre o tempo em que ele conversava com Justin.

"Pode... o bruxo das trevas estava te usando para conseguir escolher uma das vítimas. Essa acabou sendo Justin... uma das vítimas do ataque do monstro... caso não fosse ele, poderia ser a Penelope, Madame Norra ou mesmo Hermione."

"Ele ficaria muito feliz em relação à Hermione." Comentou Neville. "Ele ficaria contente de poder eliminá-la."

"Sim... mas, ele deve ter percebido que seria muito arriscado. Estavam de olho nela por conta da tentativa de envenenamento. Portanto, ele escolheu alguém que acreditavam não correr perigo… um estudante que, geralmente, não chamava muito atenção e não tivesse relacionamento com alguém de cargo importante como Penelope."

Neville concordou. Pensava sobre como ele havia sido manipulado e usado. Primeiro no plano de assassinato e, agora, esse sequestro. Um plano que estaria sendo feito havia bastante tempo. Tendo a pelúcia de Freddy despertado em Justin memórias daquele tempo que ele era uma criança e frequentava a Fazbear… memórias essas que, por algum motivo e de algum modo, acabaram sendo esquecidas… fato que nem mesmo Justin conseguia compreender. O que foi brevemente discutido, perguntando-se sobre a possibilidade de ter magia envolvida.

Por algum tempo, Gina ficou pensando a respeito do vilarejo bruxo, na loja de doces. Não imaginava que o criminoso estaria tão perto. Nem pensando que ele teria relação com a venda da Dedosdemel, perguntando se o novo dono era um aliado ou uma identidade falsa. Perguntava qual poderia ser a loja que ele poderia ter adquirido no Beco Diagonal... o mesmo que poderia ter ocorrido em outros centros comerciais bruxos... tendo grandes chances de estar fazendo o mesmo no mundo trouxa.

O buraco do retrato abriu-se, Ron e Hermione estaram. Eles sentaram-se próximos de Gina e Neville. Os recém-chegados começaram a contar brevemente sobre o que acontecera entre eles e os alunos da Lufa-Lufa. Uma conversa que deixava Hermione tensa, ainda se recordando do que acontecera após aquele primeiro relato de Ron.

"Eles estão determinados em fazer algo por conta do que aconteceu com Justin... eles eram muito próximos..."

"Bem parecido com você, Ron e Harry, não?" Comentou Gina.

Hermione concordou. No segundo ano eles já eram muito próximos. Lembrava mais do comportamento que ela vira por parte de Ernie quando a Câmera dos Segredos fora aberta, durante o evento do Clube de Duelos. Tendo eles demonstrado medo e irritação pelo que acontecera com Justin. Esse bruxo fora salvo da morte daquela vez, apenas para acabar caindo nas mãos de outra pessoa, pessoa essa que, certamente, provocaria a morte do jovem bruxo. Uma morte extremamente violenta.

O grupo estava aumentando. Agora teria membros de quase todas as quatro casas de Hogwarts. Somente faltando algum membro da Sonserina. Ela perguntava-se qual poderia ser o motivo de alguém acabara se envolvendo nessa história.

Durante aquelas férias de final de ano, Hermione imaginava que não teriam muitas descobertas sobre o que estava acontecendo em Hogwarts. Além disso, o contato com os amigos estaria extremamente prejudicado por conta de não ter uma coruja; mesmo que tivesse uma, teria o perigo de que ela fosse receptada em algum ponto… um evento que traria grandes consequências. O que precisava ser evitado a todo custo.


A porta abriu-se, Hannah e Ernest entraram na sala comunal da Lufa-Lufa. Muitos estudantes lá, reunidos, sentados nas poltronas que ficavam dispostas pelo cômodo. Todos estavam em silêncio. Alguns olharam momentaneamente para a entrada.

Imaginavam que a professora Sprout já teria conversado com alguns alunos a respeito do ocorrido. Agora, simplesmente, não teria muito o que fazer. Ambos sabiam que somente deveriam aguardar e, também, acabar ajudando no que for necessário para poder conseguir acabar com todo aquele tormento que rondava a escola, impedindo que mais algum estudante tivesse o mesmo terrível destino.

Os olhares de Hannah e Ernie voltaram-se para uma das poltronas. Onde eles estavam conversando com Justin, esse contando a respeito daquele pesadelo que estava atormentando-o. Um que virou realidade. Ele havia entrado na toca do coelho, uma que era muito mais perigosa do que normalmente as pessoas imaginariam. A partir daquele momento, muitos teriam medo de sonhar com coelho, especialmente se o animal tiver pelagem dourada.

Alguns alunos vieram para conversar e tentar consolar os melhores amigos de Justin. Foram cerca de sete estudantes que fizeram isso. Os dois foram reconhecendo esses alunos, muitos com os quais já haviam conversado antes. Primeiro foi a Lily Moon que tomou a iniciativa de ir até eles. O que foi logo seguido por alunos da mesma turma como Leanne e alguns mais velhos. Alguns falavam sentirem muito enquanto outros afirmavam saberem muito bem o quão difícil era aquilo, mencionando que tiveram algum amigo que havia desaparecido na década de 80, também vítimas do coelho amarelo.

Assim, os dois jovens bruxos sentaram-se nas poltronas. Conversaram entre si como também os colegas que se sentaram próximo deles. Os dois amigos se perguntavam sobre o que o destino estaria guardando para eles. Sabendo que as coisas poderiam tornar-se difíceis.


Andrew estava aliviado por ter chegado o momento em que o Mestre estaria dormindo. Algumas horas livre, sem a presença daquela pessoa. Uma pena que ele não precisasse dormir tanto quanto a maioria dos seres humanos. Cerca de quatro ou cinco horas de sono eram o suficiente. Conseguindo o Mestre, também, passar algumas noites em claro sem muito efeito colateral, para a tristeza de muitos subalternos.

O quarto era cômodo que Andy já vira antes. Era pequeno, sem a presença de muitas mobílias. O Mestre não estava ligando muito para o conforto desde que muitas das coisas acabaram mudando por conta das próprias atitudes. Um lugar que ficava próximo da sala de onde ele ficava assistindo aos pesadelos. Tendo a presença de alguns aparelhos que poderiam ser usados para algum propósito, talvez para atormentar alguém… aparelhos que teriam relação com o sonho e outros maquinismos utilizados no castelo.

Aquela tarde de domingo tinha sido movimentada. Andrew lembrava-se, passando a mão pelo nariz. Ficava feliz de ele ter sido consertado, não estando mais com aquele óleo escorrendo. O Mestre ficou muitíssimo irritado que um dos aurores conseguiu estragar o traje dele. Um dos que ele tanto utilizou para esses mesmos crimes. Assim, acabou sendo nele, Andy, que o Mestre descontou parte desse sentimento destrutivo. Fazendo que o restante do dia fosse terrível, precisando ficar acompanhando o superior, mesmo que tivesse sentindo dor no local onde levara aquelas bicudas.

O pior de tudo foi o que aconteceu com alguns colegas deles. Pessoas com as quais Andy tivera algum contato antes de tornar-se o assistente do Mestre. Uma cena que mexeu muito com ele, fazendo-o ter a certeza de que ela ficaria marcada por muitos anos. Perguntando-se como Randall tinha forças o suficiente para conseguir ter chegado aos trinta anos de vida.

Eles eram os responsáveis por vigiar os Shadow animatronics. Tendo a responsabilidade de garantir que eles fossem incapazes de sair do laboratório, devido à capacidade de se teletransportar. Uma regra que cabia a quase todos eles, tendo apenas uma única exceção.

O Mestre admitiu que vira Shadow Bonnie na Dedosdemel. Afirmando que o coelho fora o responsável pelos garotos perceberem que um sequestro estava acontecendo, impossibilitando que utilizasse o RTC que estava esperando. O que alguns robôs tentavam explicar, afirmando que o animatrônico conseguiu enganar os sistemas de segurança.

Nesse momento a bomba simplesmente explodiu e o Mestre pôs para fora toda a raiva que ele estava sentindo. Uma cena completamente terrível e desesperadora. Andrew rapidamente escondeu-se atrás de uma mesa que fora virada, ficando deitado no chão. Cobriu o rosto, enquanto aguardava. Ouvia tudo o que estava acontecendo. Sabendo perfeitamente que os colegas estavam sendo destruídos.

Shadow Bonnie, RWQFSFASXC, havia prometido que ele conseguiria vingar a própria morte. Ajudaria as crianças assassinadas ou faria outro plano para que tudo o que Afton conseguira ao longo dos anos fosse buraco a baixo. Uma promessa que Andy via que Edward estava levando a sério; ele era muito mais vingativo do que aparentava ser.

Andrew saiu daquela sala quando foi chamado pelo Mestre, pode ver os restos destroçados dos colegas. Uma cena que cairia no conhecimento dos outros, talvez, até mesmo dos RTCs em Hogwarts. Quais seriam as consequências? Conseguia imaginar que seriam bem negativas, a longo prazo. A raiva e o descontentamento estava aumentando, podia perceber por alguns comentários que certos colegas faziam com o máximo de cautela.

No momento da narrativa, Andrew estava andando pelo corredor quando uma porta, perto dele, abriu-se. Rapidamente, sem aviso, duas mãos o agarram com força e o puxaram para dentro daquela sala. O pânico e medo dominaram-no rapidamente. O que significava aquilo? O que estava acontecendo? Temia que aquilo fosse obra dos subalternos mais leais e dedicados... uma lealdada doentia, tratando o Mestre quase como se fosse algo divino por tê-los construído.

"Por favor, Andrew, não tente gritar." A voz dizia, cobrindo a boca com a mão de Andy enquanto a porta atrás dele era fechada. O lugar estava escuro. Contudo, já havia reconhecido a voz daquela pessoa. O que dava ao robô mais nervosismo. O que era pior? Ser capturado por alguém fanaticamente leal ao Mestre ou por alguém que lhe tinha profundo rancor? "Não se preocupe... prometemos que você sairá vivo e inteiro desta nossa breve conversa.

"Não prometo nada!" Protestou a segunda voz. Outra que Andrew reconheceu. Uma presença que constantemente conseguia piorar a situação e o clima que já estariam negativos. Agradecendo ter alguém que pudesse conter, de certa forma, os comportamentos duvidosos e vontades igualmente duvidosas desse novato.

As luzes foram acesas. Podia observar as duas figuras de Martin e Bernon observando-o. O primeiro estava sério, começando a soltá-lo, mantendo cuidado para que nenhum escândalo fosse feito. O segundo estava sorrindo, os olhos amarelos brilhando de modo sombrio. Esse robô estava desejando fazer algo, algo que Andy não tinha muito interesse em saber.

"Precisamos conversar com você sobre assuntos importantes." Martin voltou a falar, mantendo o mesmo tom de voz. "A sua colaboração será necessária, mesmo que precisemos forçá-la para que isso aconteça."

"De fato." Concordou Bernon. "Seria uma pena se algo acontecesse e você precisasse ser duramente castigado."

"O QUE?!" Martin olhou para o companheiro, com os olhos arregalados. As mãos tremiam um pouco. "Não podemos fazer isso! Uma atitude dessa é completamente inaceitável."

"Uma pena." Lamentou Bernon. "Pensei que você odiasse esse Andrew por conta do que aconteceu com o seu falecido melhor amigo."

"Por mais raiva e ódio que eu tenha dele, uma atitude dessa seria imperdoável." Martin advertia o novato. "Os outros robôs ficariam com muita raiva quando descobrissem e nos tratariam como traidores. Não somente isso, pois, seria apenas o começo. Alguém faria com que provássemos do próprio veneno e afirmariam se tratar de 'justiça poética'."

Era visível a insatisfação do outro robô. Andrew via que não havia somente um monstro presente naquele lugar. Por que esse robô tem essa personalidade? Quais peças foram utilizadas para construção de Bernon ?

"Sobre o que desejam falar? Sobre o que plano que está sendo colocado em prática?" Andrew logo perguntou. Sendo respondido por Martin que confirmou com a cabeça.

"Queremos que você ajudasse e colaborasse mais com o plano." Comentou Marty. "Você já deve ter percebido que as coisas estão saindo mais lentamente do que desejamos. Sei que estamos tendo dificuldades, especialmente por conta daquele urso roxo que, possivelmente, já está desconfiando de algo e espera apenas uma prova para conseguir demonstrar tudo para o Mestre que, felizmente, não está acreditando muito por conta da própria arrogância."

"O senhor, Andrew, está sendo um dos que ainda permaneceu no lugar, desde quando as coisas começaram a ser colocadas em prática… indecidido sobre o que deve fazer… Apesar disso, felizmente, demonstrou certa inclinação para estar do nosso lado… mantendo os nossos segredos a salvo." Bernon pronunciava. O modo com que ele falava, fazia com que Andy sentisse um forte incômodo. Era tudo de modo mecânico, como se a fala não fosse nada além de um texto decorado. Texto esse que decerto não foi escrito pelo novato. Andrew não gostaria de imaginar quais seriam as palavras sinceras que estariam saindo da boca desse robô.

"Você deveria pensar mais nas atitudes. Você é a pessoa que mais próxima do Mestre, sabendo muito bem a rotina dele para que tudo saia com perfeição. Não cometendo os mesmos erros que acabaram gerando extremas consequências." O olhar de Martin voltou-se temporariamente para Bernon que tentou ignorá-lo, demonstrando irritação com tal comportamento. "Até mesmo o sr. Rickey decidiu a respeito, tornando-se mais colaborativo enquanto você ainda não tomou nenhuma decisão."

De fato, Randall estava agindo diferente, até mesmo o Mestre comentou a respeito. O Sr. Rickey estava conversando com mais frequência durante as visitas que fazia. Na última, ele ficou com Bernon e Martin, certamente, recebendo alguma informação sobre o plano que já estaria sendo colocado em prática.

"Qual a sua resposta? Não temos a noite inteira para ficar esperando?" Bernon estava impaciente.

"Sim." Respondeu Andrew, ainda relutante quanto a isso. Sentindo que não tinha muita opção. "Eu vou colaborar com o plano."

Bernon e Martin sorriram.


Neville deitou-se um pouco mais tarde naquele sábado. Ainda pensava nas coisas que aconteceram. O nervosismo ainda presente, dificultava um pouco em adormecer. O olhar dele voltou-se para os outros. Os colegas aparentavam estarem adormecidos.

Ele ficou esperando por alguns instantes até que o sono realmente viera. Começara a sonhar em determinado momento. Um sonho que estava com um clima que o perturbava.

Encontrava-se num lugar completamente vazio como também escuro. Quase não conseguia ver muito o que estava ao redor dele. Não tendo a presença de algo que pudesse iluminar. O medo e insegurança tomavam conta do jovem bruxo. Temendo que algo pudesse acontecer ou aquilo ter alguma relação com os relatos dos pesadelos.

"Não estou sozinho." Pensou o garoto enquanto olhava ao redor. Podia sentir a presença de algo estranho… um ser completamente desconhecido. A primeira vez que sentiria tal presença… não sabia o porquê, mas aparentava-lhe se tratar de algo que não deveria pertencer àquele mundo. Uma coisa que ficava mudando de posição à medida que o olhar de Neville se movia ao redor do cômodo. Podia ouvir um barulho estranho constantemente, sendo que seria provocado por tal ser.

Ele conseguiu encarar a criatura por alguns tempos, vendo um par de olhos observando. Olhos grandes, de coloração violeta. Uma expressão que dava pânico. Neville deu um grito, dando alguns passos para trás, quase caindo.

Sentiu as costas esbarrando em algo e duas mãos seguraram-no. O garoto olhou para cima, percebendo que se tratava de um homem que estava abaixado. Ele era muito alto, deveria ter, aproximadamente, dois metros de altura. O olhar dele estava voltado para a direção para a qual o garoto estivera olhando, um sorriso formado em um dos cantos dos lábios.

Neville ajeitou-se rapidamente, voltando-se para aquela direção. A criatura não estava mais lá. O que quer que tivesse aparecido, simplesmente deixou o lugar.

A atenção dele voltou-se para o estranho que estava na frente dele. Não podia ver muito da figura daquele humano. Somente podia perceber que ele teria uma certa idade. Provavelmente, mais de sessenta anos. Contudo, tinha algo muito sinistro presente nele. Uma aura que gritava perigo.

O olhar dele voltou-se para o garoto. O jovem bruxo tremeu. Podia sentir algo extremamente sinistro e maligno naqueles olhos prateados. Neville percebeu quem ela deveria ser. Aquela pessoa seria quem estaria por trás de tudo aquilo. A pessoa que foi mencionada por Gina… pessoa que realizou os crimes e também o manipulou para fazê-lo ajudar nos planos.

"A julgar pela sua expressão, Nev, é seguro afirmar que está me reconhecendo." O homem falava. Sorria de modo sádico enquanto se dirigia para o garoto.

Não conseguia entender como aquilo estava acontecendo. Parecia que, realmente, o bruxo estava usando algum truque para entrar na mente dele. O que tinha semelhanças com o que acontecia algumas vezes durante as aulas de Snape. Como era possível? Teria relação com a pelúcia? Como?

"Devo admitir que você e sua colega foram bons na ideia de se livrar do brinquedo." O homem voltou a falar após algum tempo em silêncio. "Uma pena que não foram bons o suficiente... uma pena para vocês, pirralhos."

Neville ficou pensando a respeito. Devendo algo ser feito a respeito do brinquedo. Algo que ele não poderia fazer, dependendo mais dos amigos que permaneceriam na escola.

"Você é um garoto extremamente frágil e fácil de manipular." O homem riu. Neville deu alguns passos para trás. "Simplesmente acreditou naquele 'amiguinho' que aparentemente estava te ajudando, apesar de todos os poréns. Tudo o porquê ele fazia com que sua vida na escola parecesse menos miserável do que é normalmente."

"Você se aproveitou dos meus pontos fracos para isso." Neville falava. Estava irritado com o comportamento daquele bruxo. Ele deveria tentar fazer algo. "Me manipulou..."

"De fato... um garotinho completamente fraco e ridículo." Comentava William, fazendo com que a raiva do garoto fosse aumentando. Não estava suportando aquilo. Aquele homem estava subestimando-o. Exatamente o que os outros faziam com ele constantemente. Sempre sendo colocado para baixo e visto como alguém sem importância. "Não sei quais foram os critérios para colocar-lhe na Grifinória... a casa dos corajosos ter você como um dos membros; da mesma forma que não entendo a seleção do falecido Lockhart… Não seria nenhuma surpresa caso visse algum aluno de sua casa que estivesse descontente de ter você como colega..."

"ISSO NÃO É VERDADE!" Neville berrou. Segundos depois, ele arregalou os olhos. Não estava acreditando que ele tivesse realmente feito aquilo.

O jovem bruxo olhou para a outra figura. Por alguns instantes, aquele homem permaneceu em silêncio. Tinha uma expressão de surpresa em seu rosto enquanto olhava para Neville. Analisava-o novamente por algum tempo até que o sorriso voltou.

"Você me surpreendeu com esse comportamento... consegue ser atrevido e corajoso em determinados momentos... Contudo, isso não será o suficiente para te salvar. Pensou que o tormento tinha terminado, garoto? Não. Ele está apenas começando..."

O homem avançou bruscamente, pegando-lhe o braço esquerdo. Ouviu um barulho, Longbottom fechou os olhos, chorando. Sabia o que teria acontecido. O bruxo quebrou-lhe o braço. Depois Afton o soltou e o empurrou, fazendo com que Neville caísse de barriga no chão. Antes que pudesse se levantar, o homem segurou pela parte de cima da cabeça, puxando os cabelos loiros. Ele começou, repentinamente, a bater o rosto do jovem bruxo contra o chão.

Algum tempo depois, o garoto podia ver uma poça formada no chão, sendo ela feita de um líquido vermelho e escuro. Tendo nela, a presença de pedaços brancos, manchados de vermelho, quebrados de maneira irregular.

Podia ouvir uma voz... voz essa que aparentava estar bem distante daquele lugar. Gritava, aparentemente, tentando acordá-lo. O rosto dele foi largado no chão. Podia somente ouvir o que aquele monstro estava falando. "Por enquanto a minha diversão acabou... contudo, tenho certeza que mais outras virão futuramente."

Nesse momento o garoto despertou.


"NEVILLE! NEVILLE ACORDA!" Harry berrava enquanto o colega permanecia adormecido, ainda se debatendo muito na cama.

As luzes estavam acesas. Os colegas haviam sido acordados repentinamente com o barulho. Eles até ficaram surpresos que puderam ouvir gritos, considerando o que acontecia durante os ataques. Apesar disso, comentaram que teria algo envolvido, de qualquer maneira, pois, os estudantes de outras turmas não teriam escutado nada, somente os presentes naquele quarto.

Neville abriu os olhos. Estava coberto de suor. Olhou e viu ser Harry quem estava chamando-o enquanto estava naquele pesadelo terrível. Potter estava com as mãos nas golas da camiseta. Harry estaria sacudindo-o enquanto tentar fazê-lo despertar.

"Isso foi assustador." Comentou Simas enquanto ainda observava Neville.

"Realmente... Primeiro ele gritou, depois ele chorou e após isso ficou grunhindo e gemendo." Dino disse logo em seguida. "Seja qual for o pesadelo, certamente foi terrível."

"Bem provável que tenha ocorrido uma morte ou alguma tortura." Voltou Simas a falar. Ele engoliu enquanto algumas recordações ainda lhe viam.

"Que horas são?" Neville perguntou após algum tempo.

O silêncio aconteceu até que um estudante respondeu, informando que eram três horas da manhã. Uma infelicidade para Neville ter de voltar a dormir, apesar de ele saber que aquele homem não estava mais presente.

O tormento estaria apenas começando.