Teen Titans

Capítulo 14: Pontos de Vista - Revenge:

Vida de herói é um saco! Mas tem seus lados legais. Você pode detonar bandidos vagabundos, pode mostrar pro mundo todo que você bate um bolão e ainda ser reconhecida publicamente. Mas como toda droga de dever, tem seus pontos ruins. E no dia de hoje, eu teria que lidar com um deles...

Tudo começou em uma manhã, no salão principal da T-Tower. A equipe estava espalhada pela sala, fazendo coisas variadas. O "musgo" e o Ciborgue estavam discutindo sobre uma mesa, por causa de um jogo de tabuleiro em que ambos terminaram empatados. Estelar e Robin estavam noutro canto, conversando, como o bom casalzinho que eles são. Aliás, nem sei o que ela vê nele. Quero dizer, como ela consegue ver alguma coisa nele com ele usando aquela máscara afinal de contas? Cole estava no sofá, fazendo o ritual matutino de passar por todos os canais da tv a cabo sem prestar atenção em nenhum. Eu mesma acho que ele é um molenga por fazer isso. Televisão é perda de tempo se vocês querem saber. Os únicos que não estavam presentes na sala naquele momento eram Ravena e o Bozo. Pra falar a verdade, estou achando que tá rolando sacanagem com esses dois...

Cansada disso tudo, eu me levantei. Fui em direção a porta, quando Estelar veio até mim no seu sorriso característico.

-Você vai sair Sarah? - ela perguntou.

-Sim. Até mais. - eu respondi, atravessando a porta.

Saí do nosso "arremendo de condomínio" e corri para a cidade. As pessoas caminhavam para todos os lados, indo em direções variadas. Eu segui até um Barzinho na esquina da Rua Walker, local este que eu costumo visitar com freqüência. Assim que abri a porta, o cheiro de bebida e o som da televisão ligada com o volume no máximo preencheram minha cabeça. Eu caminhei até o balcão, passando por alguns bêbados. Reconheci um deles como o velho Dumas. Ele era motorista de ônibus. Eu me lembro dele me dando uma carona grátis até a praia quando eu não tinha dinheiro. Eu sentei em um dos bancos e me encostei no balcão de bebidas. Olhei para o lado e vi o Larry, um mudo que morava no bar e era amigo de todos os clientes.

-Ei Larry, o que houve com o Dumas? - eu perguntei.

Larry pegou o bloco de notas pendurado em seu pescoço, puxou a caneta e escreveu alguma coisa. ele virou o bloco e mostrou o que tinha escrito.

-Despedido? Mas como? - eu indaguei.

-Estão poupando despesas na companhia de ônibus. - respondeu o dono do bar, uma figura baixa e vestida com um avental sujo. Billy era como o chamávamos. - Parece que eles planejam fundir a empresa de transporte público com uma outra empresa concorrente.

-pois é... - eu disse, erguendo um copinho. - um brinde aos burocratas.

Quando eu ia beber, fui interrompida por Billy, que puxou o copo de mim.

-Sabe que só pode beber isso quando tiver 18 anos, Sarah. - ele argumentou.

-Ah vamos, só faltam dois meses!

Ele me olhou naquele jeito de quem não aceita desculpas. Eu suspirei, irritada com o fato de ainda não poder me embebedar também. Ok, você deve estar se perguntando como eu sei que dia eu faço aniversário certo? Bem, eu fiz do dia do meu despertar naquela prisão de hamster o dia do meu aniversário. Simples assim. Então me servi de um refrigerante e olhei em volta. Todos ali já eram conhecidos meus. Em sua grande maioria, eram desempregados e pessoas de classe média baixa. Eu olhei do outro lado do balcão, e vi Olsen, um rapaz de uns 24 anos que trabalhava pro jornal local, "O Inquisidor". Eu fui até onde ele estava e me sentei ao lado dele. Ele tinha um álbum aberto sobre o balcão, repleto de fotos da equipe.

-E aí Olsen? Preparando mais uma manchete sobre os Titãs? - eu perguntei. Obviamente, ninguém no bar sabia da minha identidade secreta.

-Não, embora eu quisesse. Meu chefe deu um ultimato. Ou eu descubro a identidade secreta dos Titãs ou eu perco meu emprego.

-Descobrir a identidade secreta dos Titãs? - eu perguntei espantada. - mas por quê?

-essa é a idéia que "O Inquisidor" faz de manchete suprema...

Eu fiquei em silêncio, e comecei a pensar naquilo que eu sabia sobre o Olsen. Ele me falou que gosta de tirar fotos que mostram a realidade. Seu trabalho era mostrar as pessoas o que deveriam saber e nada mais. Ele tinha demonstrado ter uma grande afinidade com os Titãs, por sempre lutarem para proteger as pessoas e tudo mais. Eu imaginei que para ele, ficar sem o emprego de jornalista ia ser o golpe fatal na pobre alma.

Quando me dei conta, todos haviam ficado em silêncio em quanto à televisão anunciava os vencedores da loteria. Porém, quando desviei minha atenção para a televisão, um plantão do jornal da cidade havia começado. Um criminoso estava atacando a loteria. Meus olhos faiscaram e minhas orelhas tremeram ao som da notícia. Imediatamente eu corri para o lado de fora, atravessando a rua até o beco. Era hora de Revenge entrar em ação.

Quando cheguei na loteria da cidade, minutos depois, encontrei o tal otário assaltando a loteria. Reconheci-o na hora. Era um dos inimigos comuns dos Titãs. Um homem quase na meia-idade, com um cavanhaque muito do ridículo. Usava uma roupa colante preta com botas e luvas brancas. No peito, o símbolo de uma lâmpada(a propósito, procurem no dicionário por ridículo e talvez ele esteja lá a essas alturas...). Ele era conhecido como Dr. Luz. O figura olha pra mim com cara angustiada e furiosa.

-ERA PARA EU TER VENCIDO A LOTERIA! VERÃO A FÚRIA DO DR. LUZ!

Aliás, eis outro detalhe que eu esqueci de mencionar, ele gosta muito de falar na terceira pessoa, uma coisa que realmente me irrita. Portanto, vocês devem imaginar como eu estava na hora. Não pude beber o que queria, interrompem o resultado da loteria, e agora esse cara. Definitivamente, eu devia ter ficado em casa e metido uns tabefes no bozo ou no musgo, quem sabe estaria mais feliz...

Eu logo comecei. Puxei de meu bolso minha fiel shrinkatana (eu chamo assim... que foi? Não gostou? Eu te surro ouviu???). A lâmina brilhou ao sol, e refletiu o meu olhar furioso. O figura ergueu os braços e disparou um raio de luz branca sobre minha pessoa. Saltei, desviando no mesmo segundo, pulando sobre ele. Ele ergueu o outro braço em resposta, arremessando uma granada em mim. Desviei no último segundo, mas ela atingiu o poste atrás de mim, causando um clarão que me deixou atordoada.

-Nada poderá vencer o poder do Dr. Luz. Nem mesmo... hã... Como é que te chamam mesmo pirralha?

Meus olhos acenderam em raiva ao ouvir aquilo. Esquecer meu nome já é uma coisa, mas me chamar de pirralha é literalmente pedir pra morrer!

Eu me ergui de raiva, ativando meu poder meta-humano de diminuição de passagem do tempo(eita coisa difícil de falar...). Corri ao redor dele, literalmente moendo ele de pancada. Chute, soco, mordida, o que for que você pensar, eu fiz. No fim, só havia sobrado o figura e sua roupa mecanicamente destruída...

Quando ouvi a polícia chegando, saí correndo pro beco mais próximo para me transformar novamente em Sarah. Porém, foi aí que a coisa encrencou. Olsen, que havia vindo correndo ao saber que eu estava no local, me viu entrando no beco. O coisa tirou fotos de mim como Sarah e Revenge! Meu, deviam ter inventado um beco a prova de intrometidos! Se eu não fosse rápida, ele teria tirado foto erótica também! Infelizmente, não vi o cara e não soube que ele havia me flagrado.

No dia seguinte, eu fui ao bar de novo. Sentei-me no balcão mais uma vez. Logo em seguida, ouvi a porta se abrir e Olsen caminhando até mim e sentando ao meu lado.

-e aí Olsen? Conseguiu alguma foto boa do assalto? - eu perguntei, disfarçando.

-claro. "timas fotos. Especialmente algumas suas... - ele respondeu baixinho.

-hã? O que quer dizer? Eu nem estava lá!

-ah é mesmo... - ele se aproximou de meu ouvido. - Revenge.

Meu coração deve ter parado de bater naquele momento. Eu olhei para ele, e ele estava com um sorriso triunfante. Reuni o que me sobrou de força e falei:

-como é que...

-por que você não faz que nem o Super-homem e usa uma cabine telefônica na próxima? - ele sussurrou.

-droga. O que você quer pelas fotos?

-nada! Eu quero apenas salvar meu emprego!

E dito isso, Olsen se levantou e saiu do bar. Eu corri atrás dele. Droga, por que eu não me teleporto ou coisa assim? Daí eu podia ter voltado pra T-Tower sem precisar me trocar! Eu o segui até o apartamento. Fiquei do lado de fora, tentando argumentar com ele.

-Olsen, você não faz idéia sobre porque eu guardo segredo. Eu não posso arriscar, se os vilões sabem do meu segredo, tentariam atingir quem são próximos de mim.

-não interessa. Não é problema meu Sarah. Se eu não fizer isso, lá se vai minha carreira. Meu novo chefe exigiu isso.

Eu tremi de raiva. Saí do prédio, derrubando o corrimão da escada no caminho. Como diabos eu ia fazer aquela anta jogar as fotos no arquivo L?(arquivo L=Lixeira)

Subitamente, a janela do apartamento de Olsen estilhaçou-se quando alguma coisa entrou nela e agarrou a anta, puxando-o pra fora. Eu olhei com atenção. Era outro carinha comum inimigo dos Titãs. Um guri careca com óculos de marcenaria, roupa verde e usando uma mochila metálica nas costas. Gizmo, o gênio inventor e ex-membro da H.I.V.E. a "Academia de mercenários". Um tipo de tentáculo metálico segurava o Olsen. Corri pro beco para me trocar, e voltei a tempo de perseguir o carequinha.

Segui até o cais da cidade. O Gizmo entrou dentro de um dos armazéns. Eu olhei dentro da janela. Lá dentro, ele havia amarrado Olsen em uma cadeira. Gizmo o observava, e mais ao lado, eu pude ver outra pessoa. Um homem enorme, com pêlos por todo o corpo e bíceps maiores que a cabeça. Mamute, outro ex-membro da H.I.V.E. que era conhecido por sua força incrível. Encostei uma orelha no vidro pra tentar escutar eles...

-...Ele sabe quem é a Revenge. - Gizmo disse para Mamute.

-interessante. - Mamute disse em resposta, enquanto erguia Olsen do chão com uma mão. - e aí espertinho? Vai falar ou teremos que arrancar o seu estômago fora?

Eu escutava com atenção, preparando-me para entrar em ação, quando:

-isso é traiçoeiro demais para um membro da H.I.V.E. - disse uma voz atrás de mim.

Eu me virei instantaneamente. Jinx, a garota pirada que o Bozo tinha trazido pra nos ajudar a salvar o Batboy e o Homem-latão me olhava.

-o que é que você faz aqui? - eu perguntei.

-ih nem te conto, os homens me deram o maior apelo pra pegar os meus ex-parceiros. Então, você está aqui por quê? - ela respondeu naquele ar sonso, enquanto esticava-se para olhar dentro do armazém. - ahh, tem um gatinho na jogada hein? E eu pensei que você fosse chegada no outro lado da fruta...

-como é que é? - eu reclamei bruscamente. Será que aquela garota não tem noção do perigo?

Infelizmente, eu, ao me levantar, pisei em falso e caí pela janela, fazendo O estardalhaço. Caí com dureza sobre algumas caixas de ferro (por que eles não fazem caixas de pano?). Vi Jinx descer ao meu lado, posicionando-se para a luta. Ergui-me, puxando minha Katana. Gizmo e Mamute nos olharam, juntamente com Olsen, surpreso.

-oh que surpresa. - disse Gizmo sorrindo. - os mocinhos mandaram a mocinha pra nós.

-e que surpresa, trouxe nossa ex-companheira também. Como vai Jinx? Trouxe azar pra algum gatinho preto recentemente? - riu Mamute, mais parecendo um ronco que uma gargalhada.

-calem a boca, suas cabeças de tijolo. - eu provoquei, girando minha Katana ao redor de meu corpo.

-Em mando do Serviço Secreto Municipal (que nem é mais tão secreto assim...), eu venho prendê-los. Ta legal? - disse Jinx com um sorriso sonso.

Gizmo tomou a dianteira, erguendo-se no ar com seus tentáculos metálicos saídos de sua mochila eletrônica. Mamute puxou um cano enorme do chão e segurou-o à frente como que um porrete. Jinx permaneceu imóvel atrás de mim enquanto saltei à frente, desferindo um corte com minha fiel companheira contra um dos tentáculos robóticos de Gizmo. O guri desviou com agilidade, a qual era provida pelos tentáculos. Minha visão periférica percebeu o cano de Mamute indo a minha direção. Saltei entre os tentáculos de Gizmo, fazendo com que Mamute acertasse o pirralho. Jinx sorriu daquele jeito enlouquecido que lhe era comum, enquanto ergueu sua mão e os tentáculos de Gizmo enrolaram-se ao redor do cano, prendendo Mamute e Gizmo firmemente. Eu olhei para ela impressionada. Ela foi até os dois criminosos capetas e pisou em cima do estômago do Mamute.

-vem cá, você ainda não aprendeu o que é tomar banho? - disse ela, segurando o nariz com dois dedos, referindo-se ao Mamute.

Eu ri, discretamente.

-quer dizer que você é agente do serviço secreto agora é? - eu lhe questionei.

-yep yep. Pode deixar, eu engaiolo as duas ferinhas. Vai acudir teu namorado vai?

Fui até Olsen e o soltei. Ele me olhou surpreso.

-mas pra que você me salvou?

-depois de meses nos fotografando e escrevendo reportagens sobre nossos feitos, você ainda não sabe? Deixa te falar então. Porque nós somos os heróis seu tosco. Agora, se você não entendeu isso ainda, vai fundo e publica a tua grande matéria. - eu disse de uma vez, antes de me virar, guardar minha Katana e sair do armazém, deixando Olsen pra trás.

Bem, depois de ser salvo, o Olsen voltou pra casa. Quando estava editando a reportagem, chamada "A vingança se chama Sarah" (falta de originalidade), ele chegou ao fim da página. Ele hesitou diante do botão de imprimir... Mas pressionou deletar. Ele levantou-se, caminhou para o lado de fora de seu apartamento, puxou um cigarro e olhou para cima. Para onde eu estava. Ele me fitou sério, jogou o cigarro fora e disse:

-Vá pegá-los Sarah.

Eu acenei com a cabeça e saltei para a noite. Portanto, que todos os criminosos saibam. Não importa onde se escondam na noite. Não importa o quanto fujam de seus medos ou destinos. Saibam, que quando chegar o momento certo, a vingança virá pegá-los... e lá estarei eu para afirmar isso sobre seu corpo inconsciente...

Continua...