Teen Titans

Capítulo 15: Pontos de vista - Bullseye.

Lá estava eu, sentado no sofá, como sempre faço de manhã. O controle remoto na minha mão, trocando de canal de cinco em cinco segundos. Naquela hora, eu sentia-me muito entediado. Tinha programa pra hoje, mas nada de muito bom surgia pra fazer até a hora que eu marquei com ela. Eu me levantei do sofá e me espreguicei, bocejando de modo alto.

-Isso, ruja pra que todo mundo fuja - Disse Luiz quando entrava na sala.
-Muito engraçado Luiz. Bom dia - Eu respondi.
-e aê, ta afim de uma partidinha de Perfect Dark?
-pode ser. Tenho que matar tempo.
-por que?
-combinei de sair com a Estrela Negra hoje. - eu disse calmamente.
-peraí um minuto. Quer dizer, vocês já.
-nem pense em terminar a frase, não estamos. -tá ok... Vamos jogar...

Depois de 10 partidas, Luiz desistiu e disse que ia fazer uma outra coisa. Eu fiquei na sala, certo de que ele ia ver Ravena. Isso não era nenhum mistério. Quer dizer, vocês, todo mundo que lê essa história, inclusive eu, já sabem que o Luiz ta caidinho pela Ravena certo? Legal, agora que afirmamos isso, vamos voltar pra história. Hã, onde eu estava mesmo? Ah é. Chegou então a hora do almoço, e eu fui me preparar. Vesti meu hero-cloth (roupa de herói). Fui pra garagem e apertei o botão do chaveiro em meu bolso. Os faróis de uma moto azul escura acenderam. Eu sorri, vendo a beleza de moto que o Ciborgue construiu pra mim. Também, já eram duas semanas que eu havia pedido pra ele. Fui até a minha nova moto e passei a mão sobre o assento.

-e aí Flashrider, pronta pra um test-drive?

Pulei pra cima da moto e girei o acelerador. O portão da garagem abriu-se e minha moto e eu saltamos para o asfalto, em direção à cidade. No centro da cidade, perto do poste no centro da praça, lá estava eu. Sinalizei com o controle de meu chaveiro para Flashrider voltar para a torre e fiquei lá esperando por meu encontro. Erm, digo, esperando por Estrela Negra. Não pessoal isso não é um encontro, somos apenas dois amigos saindo juntos, eu juro! Ah, quem eu quero enganar. Sim pessoal, eu e Estrela Negra estamos saindo sim. Na verdade, acho que só preciso apenas me declarar. Nós dois gostamos um do outro. Quero dizer, eu gosto dela, não sei se ela gosta de mim. Não logo se passaram 3 minutos após minha chegada, senti uma mão tocando no meu rosto gentilmente por trás. Sorri em resposta ao toque.

-bom que veio Estrela... - eu disse.
-como sabia que não era um ladrão? - ela respondeu com uma risadinha.
-ladrões aqui nessa cidade não têm mãos tão delicadas e macias. Tampouco possuem o delicado aroma de orquídea negra do perfume que você usa.
-heh, a você não escapa nada não é cowboy? - ela disse, me abraçando por trás. - senti sua falta sabia? - ela sussurrou ao meu ouvido.
-pois então somos dois. Vamos então? Temos um longo dia só pra nós dois. - eu disse sorrindo, estendendo meu braço para ela. -heh, engraçado, se outra pessoa nos visse agora, poderia jurar que somos um casal de namorados. - ela comentou rindo.

Meu estômago deu uma leve tremida naquela hora com o comentário dela. Bem, de qualquer modo, eu e ela caminhamos juntos pra fora da praça, em direção ao local que eu falava pra ela faz um tempo. Um clube de tiro.
Provavelmente não era bem isso que você esperava que eu fosse dizer não é, ô mente pervertida?
O sino acima da porta soou assim que eu e ela entramos. Fui até o balcão falar com o dono, um carinha simpático de 36 anos chamado Jay. Ele me conhecia já faz um tempo, tanto na forma de herói, como na forma real. Ele era um velho amigo do meu pai, e sempre me deixava entrar no clube para praticar minha mira (mas cá entre nós, não é lá algo muito necessário pra que tem uma mira perfeita cês não acham não?).

-bom dia Cole. Veio praticar como sempre? - ele falou ao me aproximar, mas logo que viu Estrela Negra, não se conteve e me puxou mais pra perto. - vem cá, onde que você arranjou essa gatinha? Ela tem irmã mais velha?
-primeiro, ela não é minha namorada. Segundo, ela não tem irmã mais velha. Terceiro: reserva uma cabine só pra nós e era isso ok?
-ok! - disse Jay rindo.

Por causa de eu estar acompanhado, pudemos entrar de graça. Não que fizesse lá diferença, porque ele sempre me deixava entrar de graça. Fomos até a cabine no final do corredor. Era uma cabine com divisória, onde dois atiradores poderiam praticar em separado. Isso fora implementado após um certo incidente em que um outro freguês me irritou muito e eu quase o furei com um tiro energético. Mas tudo bem, fígado regenera não?
Fui para o lado direito da divisória, enquanto Estrela Negra foi para o lado esquerdo. Eu então disse:

-tem uma jogada Estrela: você não pode atirar com seus poderes aqui. Você tem que usar a arma aí do teu lado.
-esse pedaço de metal aqui? - disse ela, apontando o rifle WP-40. -sim, esse aí. É fácil de usar, não se preocupe. Em todo caso, é melhor você colocar esses fones de ouvido aí. O tiro costuma ser bastante barulhento sabe?

Finalizadas as explicações, eu peguei meu rifle, coloquei os fones de ouvido e testei para ver se eu conseguia ouvir alguma coisa. Silêncio total. "timo, pensei. Engatilhei o rifle e vi Estrela Negra fazendo igual. Posicionei o rifle nos meus braços e mirei para frente para checar a mira. Perfeita. Eu então pressionei o botão de início de treino. Um alvo surgiu a minha frente. Saquei o rifle, mirei e dei um tiro. Direto na mosca. Dei outro tiro, um pouco acima da mosca. Dei mais três tiros, que acertaram dos lados esquerdo e direito da mosca, e no lado de baixo. Formei a cruz que eu usava como marca registrada no clube. Sorri, e então abaixei a arma para olhar Estrela Negra.
Definitivamente, ela devia ficar com os poderes dela ao invés de confiar numa arma. Pessoal, vocês não têm a mínima noção de como a mira dela era ruim... Chegou a acertar o alvo de raspão... Só que era o MEU alvo. Eu fui até o outro lado da divisória e toquei no ombro dela. Ela tirou os fones e baixou a arma.

-a mira dessa arma deve estar com defeito. - ela reclamou, com um sorriso envergonhado. Eu ri por dentro, de tantas vezes que já ouvi a mesma desculpa.
-calma, é sua primeira vez, não precisa ser rápida para disparar o tiro. Venha, vou te mostrar...

Peguei o rifle e o posicionei nas mãos dela. Então, posicionei meus braços juntos aos dela, para poder corrigir a mira. Através disso, pude perceber que ela era canhota, mas segurava o rifle como uma destra. Ajudei ela a segurar o rifle melhor, então segurei firmemente os braços dela na posição correta. Eu não pude ter certeza na hora, mas achei que ela estivesse incômoda naquela posição. Finalmente, dei o sinal e ela disparou. A bala foi certeira, acertou logo acima do alvo. Ela tirou os fones e me olhou sorrindo:

-eu consegui!
-é isso aí, garota. - eu cumprimentei. O sorriso dela sempre me cativava.

Fomos embora do clube de tiro e caminhamos para fora da cidade. Ao chegarmos na Torre dos Titãs, já estava quase anoitecendo. Eu a levei até a costa que ficava perto da torre, e nós dois sentamos nas pedras perto da água.

-foi legal hoje não foi? - eu perguntei.
-muito! Nunca pensei que usar armas fosse tão legal! - ela respondeu sorrindo.
-pois é. Estranho, mesmo eu indo lá, usando armas e tal, eu não consigo gostar delas... - eu mencionei acidentalmente. Na hora, pude perceber que o assunto ia complicar.
-como assim? Por que é que você não gosta de armas? - ela perguntou, de modo muito previsível.
-uma experiência ruim, só isso.
-que experiência? Pode me contar, sou "toda ouvidos", como vocês terráqueos dizem. -ok... Como quiser... Eu tinha 15 anos na época. Eu já tinha adquirido meu poder de tiro então. Tinha uma fantasia meia boca e saltava de assalto em assalto, detonando criminosos com o nome Bullseye. Eu era feliz eu acho. Meus pais sabiam de meu segredo, mas não sabiam que eu era herói. Não tentaram me trancar num hospital para achar uma cura para uma doença que não existia. Eles achavam que eu nunca faria loucuras.

Respirei fundo, lembrando daqueles tempos felizes de minha infância. Então continuei.

-um dia, na volta para casa, percebi um tumulto no centro da cidade. O banco municipal havia sido roubado. Vesti minha roupa e fui pra lá. Eram cinco bandidos. Um deles estava armado com um rifle PSG1, um dos melhores rifles que existe. Seu nome era Rufus. Ele marcaria minha vida para sempre de forma que nunca imaginei... -Rufus... Eu acho que já ouvi a maninha falando desse cara... Ele não está na prisão? - ela interrompeu.
-sim, ele está. Prendi ele no capítulo 3.
-ah é. Bom, continue. -com meus tiros, dominei os quatro capangas. Então, fui para o prato principal. Foi quando minha mãe apareceu. Ela havia me visto pelo noticiário, e correu para o banco. Ela caiu de joelhos no chão, segurando meus braços, implorando para que eu caísse na real e voltasse a ser o menino normal que eu era. Foi quando...

Respirei fundo, pois a próxima parte era aquela que eu mais tentei esquecer nos últimos tempos.

-antes que eu pudesse responder sua súplica, um estouro foi ouvido. Eu não tive chance de reagir. Só pude ver o sangue escorrendo da cabeça de minha mãe, o buraco deixado pela bala do PSG1 de Rufus. Nem pensei na hora, fiquei em completo choque. Ao me recuperar, caminhei para o lado de fora do banco, carregando o corpo de minha mãe. Entreguei ela para a ambulância e disse para que ligassem para o número de meu pai. Então, fui até a praia, olhei para o céu, e disparei o mais poderoso tiro, com toda minha raiva concentrada... Mesmo eu tendo incríveis poderes, não pude proteger minha mãe, que morreu sem ao menos saber que, eu era herói apenas porque, eu queria protegê-la...

Senti que não poderia prosseguir. Embora minhas lágrimas tenham secado há muito tempo atrás, a vontade era muita. Levantei-me e caminhei até a porta da torre. Estrela Negra veio flutuando atrás de mim.

-você se tornou um herói... Para proteger quem você ama. -sim... - eu respondi concordando.
-Cole... Eu quero lhe dizer algo.
-você quer? - eu fiquei surpreso na hora. Será que ela iria dizer o que eu pensava que ela diria?
-eu... Bem... Você tem sido tão bom comigo nesses últimos meses... Eu queria te agradecer de alguma forma... Você foi um grande amigo para mim... Mas eu não consigo mais pensar em você dessa forma...

Meu coração caiu por terra. Ela não me amava mesmo. Eu fui estúpido. Completamente estúpido.

-Eu sei... Não posso mais pensar dessa forma... Porque eu agora penso diferente de você... Veja bem.
-sim?

Subitamente, Estrela Negra correu em minha direção e me abraçou, ao mesmo tempo em que pude sentir o suave toque de seus lábios nos meus. Um beijo. Ela então sussurrou ao meu ouvido, enquanto me abraçava.

-eu amo você...

Meu coração bateu forte... Por um instante, eu fraquejei. Ela realmente me amava...

-Estrela... Kommand'r... Eu me tornei um herói porque queria proteger as pessoas que amo.
-oh... - ela disse, parecendo desapontada.
-e no momento... A pessoa que mais quero proteger, porque também é a que mais amo... É você. Somente você.

Os olhos de Estrela Negra, aqueles lindos olhos púrpura, lacrimejaram pela primeira vez a minha frente. Eu abracei sua cabeça contra meu peito, e acariciei seus lindos cabelos negros. Ela ergueu a cabeça lentamente, e nós novamente nos beijamos, no ato de amor que consumávamos.

-bem, realmente, o dia de hoje foi muito bom. Foi "bastante proveitoso", como diria a Jinx. - ela disse rindo.
-é. Bastante mesmo. - eu respondi rindo.
-bem, me desculpe, mas tenho que ir agora. Meu toque de recolher e ir para festas da noite já bateu e estou atrasada. Pego você depois cowboy! - ela disse, piscando para mim enquanto disparava voando para a cidade.

Permaneci ali na frente do prédio mais uns minutos. Esperei ela desaparecer por completo, então entrei. Um sorriso percorria meu corpo inteiro... De agora em diante, eu a protegeria como nunca protegi ninguém...

Continua...