Capítulo 18: A Revelação.
O grupo já havia a muito retornado para a Torre, mas o estado de choque permanecia em todos. O fato de Slade ter retornado, por si só, já era motivo de choque o suficiente. Mas o fato de que seu novo adversário era a mãe de Magi, isso era completamente inesperado. Sem escolha, o grupo só tenta conseguir se inteirar na situação com a mesma pessoa que revelou a identidade da mãe de Magi...
-ok Ravena, estamos ouvindo. Pode começar. - Disse Robin em tom sério, sentando no espaçoso sofá ao lado de Estelar e Mutano. Ciborgue sentou-se na mesinha mesmo.
-é isso aí. Pode explicar qual é a história da mãe do Magi agora mesmo. - Soltou Ciborgue.
-parece que não resta muita escolha Ravena. Por favor, conte. - Encorajou Cole.
Ravena olhou de um titã ao outro, respirou fundo, e sentou-se, para começar a contar a história...
-ok. Mas aviso. Pode ser chocante demais para vocês.
-comece de uma vez e acabe com isso. - reclamou a sempre mal-humorada Sarah. Aproveitando a oportunidade, ela sacou sua espada e mirou ela em Mutano.
-pra quê isso- ele perguntou assustado.
-pro caso de você ter a leve idéia de soltar uma piadinha durante a história...
Mutano engoliu em seco e se encolheu no sofá.
-posso começar- perguntou Ravena.
-sim. - confirmou Robin.
Inspirando fundo mais uma vez, ela começou:
-certo. Como vocês já sabem, Luiz adquiriu seus poderes durante o Big-Bang.
-sim, que nem todos os outros meta-humanos. - disse Robin.
-quase todos... - acrescentou Sarah.
-bem. Querem saber como os pais dele reagiram à notícia de que ele adquirira poderes?
-nada bem imagino- tentou Ciborgue.
-exatamente. O pai de Luiz era policial. Os poderes de Luiz só começaram a surgir 2 meses depois do Big-Bang. Durante esses meses, o pai de Luiz tinha se tornado um dos principais opositores aos Meta-Humanos. Na opinião dele, todos os meta-humanos eram monstros. Então, qual foi a surpresa quando seu próprio filho virou um monstro.
-imagino que tenha sido um choque de bom tamanho. - comentou Robin.
-se foi, não faço idéia. Só sei que se não fosse pela insistência da mãe de Luiz, o pai dele já o teria entregado à polícia. Os meses que seguiram foram conturbados. Luiz não controlava bem os poderes dele, e sendo um típico adolescente com problemas de adolescente, ativava os poderes por acaso ao ter acessos de raiva.
-mas é claro. Os poderes dele estão fortemente ligados às emoções, não é pra tanto que os ativasse durante um acesso de raiva. - acrescentou Robin.
-como os meus. - disse Estelar em adição. - a diferença é que meus poderes tem como base a emoção, enquanto os deles são impulsionados por emoção, não ativados por.
-o pai constantemente o castigava e punia por suas ativações acidentais de poderes, por medo de descobrirem que seu próprio filho era uma aberração.
-a vida dele deve ter sido horrível naquela época. - disse Estelar tristemente.
-havia algo que impedia sua vida de ser assim como descreve Estelar. Ou melhor, duas coisas. Uma, obviamente, era a amizade que ele formara com Cole. Ele o ajudava a tentar controlar seus poderes, além de ser como um irmão mais velho para ele.
-"nas palavras do próprio." - comentou Cole sorrindo levemente.
-a outra, como vocês devem imaginar, era a mãe dele. Pelo que sei, ela nunca concordou com o pai de Luiz sobre os Meta-humanos. Podemos dizer que era a única pessoa na casa que gostava de Luiz.
-imagino que Luiz amava a mãe dele da mesma forma. - acrescentou Estelar.
-exato. Por isso que o que aconteceu aquele dia fatídico o feriu tão gravemente.
-o que aconteceu- perguntou Mutano, ainda com a espada apontada para ele.
-como em qualquer outro dia, Luiz e seu pai estavam discutindo. Conhece aquele ditado: "não mexa na lenha da fogueira ou ela pode aumentar"? foi o que houve. O pai dele atingiu um ponto crítico na raiva de Luiz, dizendo que os poderes dele serviam apenas para destruir. Luiz, em resposta, disse que não era verdade. O pai de Luiz, então prosseguiu a insult�-lo de todas as formas possíveis. Luiz, em um momento de intensa raiva, acabou por dizer: "aposto que você não se importa com ninguém, só com esse seu medo irracional daquilo que é diferente. Aposto que a mamãe poderia cair morta agora que você não derrubaria uma lágrima por isso"
-espere, pare um momento Ravena. - Robin pediu. - não me diga que.
-...a mãe dele... - Estelar continuou, levando a mão sobre a boca aberta em pavor.
-...sim. - confirmou Ravena. - ela morreu por culpa dos poderes de Luiz. Ao pronunciar aquela frase, em conjunto com o acesso de raiva, ativou o poder, e a matou instantaneamente.
-m-mas não pode ser- balbuciou Mutano.
-pode sim. Nós sabemos perfeitamente bem que a capacidade do Luiz vai além do que imaginamos... se ele quisesse mesmo, ele seria capaz de erradicar o planeta inteiro talvez. - Ciborgue comentou.
-o pai de Luiz, ao contrário da reação de Luiz, permaneceu calmo. Ao que parece, ele era mais doentio do que parecia ser, pois havia posicionado câmeras de vigilância na casa. A intenção dele era realmente fazer Luiz cometer um crime hediondo, para poder finalmente mostrar ao mundo o quão perigosos um meta-humano, mesmo benigno, pode ser. Luiz, percebendo estar certo sobre o pai não ligar para a vida da mãe, decide tomar vingança por si próprio, e destrói a mente de seu pai, com a arma que ele apontava para o filho. Luiz foi para a polícia, e disse que seus pais haviam sido assassinados por algum marginal que invadiu sua casa. Os pais foram enterrados, e Luiz foi levado à um orfanato. Porém, de lá foi resgatado por Cole e seu pai, que o adotaram. Então, de certa forma, Luiz e Cole se tornaram irmãos mesmo... fim da história.
O grupo permanecia em choque. Nenhum dos casos pessoais de suas vidas teria sido tão trágico. Estelar parecia que iria chorar, seu coração inocente não acreditando na crueldade do pai de Luiz. Robin olhava de olhos pasmados para o chão, enquanto acalmava Estelar.
-mas... como que a mãe dele poderia estar viva? E mais importante, como ela está trabalhando para Slade, e como ela tem poderes como os de Luiz- questionou Cole, a mão segurando o queixo, pensativo.
-você tem alguma idéia Cole- perguntou Sarah.
-muitas. Uma mais improvável que a outra.
-será que Luiz tem idéia? Hein Luiz, o que você acha- perguntou Robin.
Luiz ignorou a pergunta, andando para fora da sala lentamente. Seu rosto permanecia em expressão catatônica.
-você não teve muito tato Robin... - Cole comentou.
-Como assim- perguntou Robin.
-não importa o fato da mãe estar viva. O que importa é o fato dela agora ser nossa inimiga. E você sabe o que fazemos com inimigos...
Durante a noite, Luiz não foi visto em nenhum lugar da torre. Ravena, cansada de esperar, dirigiu-se para seu quarto. Qual foi a surpresa então, ao deparar-se com Luiz sentado em sua cama. Seus olhos pareciam levemente inchados, provavelmente estivera chorando.
-Luiz, eu te procurei pela torre inteira. - Ravena disse, fechando a porta.
-desculpe... eu queria ficar sozinho por um tempo...
Ravena sentou-se ao lado dele na cama, levitando o chá que tinha preparado mais cedo naquele dia. Servindo-o em uma xícara, o entregou para Luiz. Grato, ele bebeu o conteúdo lentamente.
-você está bem- perguntou a jovem.
-não sei... por que ela? Por que, de todas as pessoas mortas que poderiam voltar, tinha que ser ela... eu não teria problemas para enfrentar zumbis ou coisa assim... mas ela.
-shh... acalme-se. - Ravena consolou, passando um braço por trás dele. - não sabemos se aquela é realmente sua mãe ainda.
-era sim. Não precisa mentir para mim. sei que você pode perceber coisas que outras pessoas não percebem, e sei que percebeu que a aura dela é parecida com a minha.
Ravena se sentiu encurralada. Novamente, os poderes de Luiz provaram-se mais versáteis do que ela previra.
-certo. É sua mãe. Sem dúvida. Mas também pode ser um clone. Slade é rico, poderia providenciar algo assim.
-mas por que minha mãe? Ela não tem nada a ver com os titãs.
-eu não sei...
Luiz fechou os olhos, enterrando o rosto nas mãos.
-eu estou com medo... a imagem dela esteve assombrando meus sonhos desde aquele dia... se tivermos que enfrent�-la novamente, meus poderes podem sair do controle... ou talvez eu fraqueje, lhe dando a oportunidade que ela precisa para eliminar o time.
-Luiz, tente entender uma coisa. O que você fez, ou não fez, não importa agora... por mais que você tenha a amado no passado, agora vocês são inimigos... e não nos resta escolha... senão a trat�-la como qualquer outro inimigo...
Ravena percebeu logo que Luiz estava em conflito. Um lado concordava com cada palavra dela, mas a outra negava isso tudo totalmente.
-eu... obrigado Ravena... você parece trazer sempre a luz pra me guiar pra fora do túnel... - Luiz disse. Seus olhos vermelhos fixaram-se em Ravena. Um impulso terrível se apoderara dele... ele queria muito contar o que sentia.
-eu... de nada... você que me impressiona... teus poderes são um fardo maior do que os meus...
-eu só consigo por que tenho quem me ajude...
os dois permaneciam em silêncio... se olhando... a conversa havia longo se encerrado, mas não conseguiam parar de se olhar.
-acho... melhor você ir para o seu... - começou Ravena, mas logo foi impedida por Luiz.
-não.
-mas Luiz.
-por favor... me deixa ficar aqui... com você? Acho, que vou dormir melhor se saber que está aqui do meu lado.
-eu... pode...
agora eles estavam de pé, próximos a cama. Seus olhos enxergavam apenas a pessoa em sua frente. Um gesto de carinho surgiu logo em seguida, enquanto os corpos dos dois jovens repousavam na cama, em um abraço repleto de significados...
continua...
