Teen Titans

Capítulo 19: Eu posso te ouvir.

Uma nuvem de torpor pós sono preenchia a mente de Luiz quando ele acordou. A escuridão no quarto era completa. Ele estranhou, pois não era costume seu dormir com a cortina fechada. Foi então que lembrou-se do que aconteceu na noite passada.

"ok" pensou ele. "eu estava no quarto da Ravena... nós começamos a conversar... e então eu..."

Sentando-se de imediato, ele avistou Ravena perto do espelho, escovando o cabelo. Ele se levantou, vestiu as roupas propriamente após notar que ainda estava como viera ao mundo, e caminhou até ela. Havia algo de diferente com ela que ele não tinha certeza... para só então, com uma sacudida para fora do torpor, que notou: o manto tinha mudado de cor. Não era mais azul escuro, mas levemente claro, quase que branco, mas ainda azul. Ele se perguntou o porquê disso.

-bom dia. - ele disse, um tanto tímido quanto ao acontecimento da noite anterior.
-bom dia. - ela respondeu em tom semelhante. -hã... ontem foi.
-não precisamos falar disso agora se quiser. - ela respondeu, como se percebendo a hesitação dele em decidir sobre o que significara aquilo. -tá. Obrigado. Hã, eu acho que é melhor eu me teleportar pro meu quarto, pra não dar bandeira.
-concordo. - ela disse, com um leve sorriso. - e caso esteja se perguntando, foi especial.

Luiz sorriu docemente, e se teleportou para seu quarto. A cama permanecia arrumada. Ele teria que dar um jeito nisso. Então, concentrou seu poder na imagem de sua cama após acordar. Então, trocou-se de roupa, pois ainda vestia seu uniforme. Devidamente camuflado, saiu de seu quarto. Caminhando lentamente, para ter tempo de recordar o acontecimento, sorriu para si mesmo. Aquela noite ele não iria esquecer jamais. Foi a melhor noite da vida dele. O momento mais fantástico que ele já tivera o prazer de experimentar. Após um longo tempo de caminhada lenta, ele chegou ao salão principal. Foi até a cozinha e começou a preparar o café. Não tardou muito aos outros titãs começarem a entrar. Ravena foi a última, pretendendo ser apenas mais uma manhã comum, onde ela sempre é a última a chegar ao salão. Só havia um porém, que era o fato de seu manto estar colorido diferente. Os titãs a olharam por um longo tempo, até que elas lhe deu um longo olhar sério, como se dissesse: "não sou bicho de zoológico". Pegando seu chá, sentou-se em uma poltrona afastada, junto a um grosso livro de poesia...

"Ergui-me após e, calmo enfim, sem hesitar, falei assim:
"Perdoai-me, senhora, ou meu senhor, se há muito aí fora me esperais mas é que estava adormecido e foi tão débil o batido,
que eu mal podia ter ouvido alguém chamar à minha porta,
assim de leve, em hora morta". Escancarei então a porta:
- escuridão e nada mais.

Sondei a noite erma e tranqüila, olhei-a fundo, a perqueri-la sonhando sonhos que ninguém, ninguém ousou sonhar iguais Estarrecido de ânsia e medo, ante o negror imoto e quedo,
só um nome ouvi (quase em segredo eu o dizia) e foi: "Lenora"
E o eco, em voz evocadora, o repetiu também: "Lenora"
Depois, silêncio e nada mais."

Ravena fechou o livro e os seus olhos, bebendo o chá.

"mais tarde vou ler essa poesia com o Luiz"
"pois é, eu também gostaria... CUMA?"

Ravena teve um leve sobressalto. A voz surpresa de Luiz soava no interior de sua mente. Ela olhou para trás, mas Luiz não estava na sala. Um tanto hesitante, perguntou para si mesma:

"é você Luiz"
"sim, até onde sei sou eu." A voz tentando parecer engraçada era inconfundível. "o que está havendo Ravena? Num momento eu estava caminhando pro meu quarto, pensando em alguma coisa qualquer, quando ouvi a sua voz lendo o livro do Allan Poe"
"sim, eu estava lendo o livro. E ouvi sua voz logo após terminar de ler um parágrafo"
"o que está havendo?" perguntava Luiz em tom de dúvida, embora Ravena pudesse ouvir milhões de probabilidades surgindo na mente imaginativa dele.
"não estou certa... mas acho que deve ter algo a ver com... você sabe"
"oh! Talvez... quem sabe?" "é... quem sabe"
"isso pode vir a ser útil. Sabe, caso nos separemos por períodos indeterminados. Eu acho que não poderia permanecer agindo normalmente se eu esquecesse a sua voz." Disse Luiz, timidamente.

Ravena fechou sua mente, para cortar a conexão mental. Estava certa. Tinha alguma coisa a ver com os poderes de ambos somados... a vocês sabem o que. Mais tarde, naquele dia, Luiz estava em seu quarto, atualizando sua página na internet(coisa que eu não sei fazer pra falar a verdade...), que ele criara para os fãs dos Titãs(pois é, super herói tem que dar uma atenção aos fãs não?). ele estava respondendo e-mails de fãs dele, que para a surpresa dele, haviam em boa quantidade. Haviam, para uma surpresa ainda maior, muitas cartas de garotas. Por essa ele definitivamente não esperava. Lembrou-se dos tempos de escola. Ele nunca fora exatamente um imã do sexo oposto. Para ser franco, era mais um repulsor... de qualquer modo, ele foi abrindo os e-mails, lendo em voz alta(para si próprio) os conteúdos.

-hmm, "Para: Magi. Você é albino ou usa lentes vermelhas?" difícil questão pra ser sincero... - ele disse, respondendo o e-mail dizendo que seus olhos eram resultado de seus poderes. Indo para a seguinte. "querido Magi. você é super herói a quanto tempo?" ao que ele respondeu 3 anos, desde que tinha 14. -hmm, essa próxima parece interessante... mas hein? "Magi docinho, você tem programa pra terça-feira a noite? Mil beijos da sua amada Kitten."

Dando uma sacudida em sua mente, ele teve a impressão que já ouvira esse nome antes em algum lugar... mas seu pensamento foi interrompido ao ouvir uma batida na porta.

-entra - ele disse. Cole entrou no quarto e fechou a porta logo atrás.
-ocupado?
-não na verdade. - respondeu ele, fechando a caixa de mensagens. - em que posso ajudar? -bem, não pude deixar de notar que você parecia diferente de manhã.
-eu diferente? Já olhou pra roupa nova da Ravena? - disse Luiz tentando parecer engraçado. -sim você. Vamos admita. Aconteceu alguma coisa entre você e a Ravena.
-CUMA? Digo, o que insinua?
-o que afirmo, quer dizer. Ou vou ter que lembrá-lo do meu poder de Empatia?

Luiz congelou. Ele havia esquecido do poder natural de Cole em perceber sentimentos.

-ok... mas fique claro, ninguém sabe disso além de você ouviu?
-não sei de nada estranho entre vocês dois... agora conte. - disse ele, sentando-se de frente para o encosto da cadeira.
-certo... bem... hã, me responde uma coisa Cole?
-sim?
-você e a Estrela Negra... bem... vocês já.
-quer saber se já dormimos juntos? - completou Cole displiscentemente.
-é... - afirmou Luiz timidamente.
-sem dúvida que sim. -hã... bem... é que... -espera aí... não me diga que vocês dois... você e a Ravena... - Cole parecia tentar conter um sorriso. Uma afirmação com a cabeça confirmou sua expectativa.

-o que aconteceu depois? -bem... eu acabei dormindo no quarto dela... e de manhã... me teleportei pro meu quarto pra manter a aparência.
-e conseguiu fazer bem, só esqueceu um detalhe.
-qual?
-hoje é domingo, você nunca acorda cedo no domingo. Se tivesse olhado a folhinha, teria lembrado de dormir mais... sorte sua que ninguém reparou. -é, sorte mesmo. Mas, e a Ravena, porque ela mudou de cor no manto?
-o Mutano uma vez me explicou que a cor do manto representa o domínio dos poderes dela, assim como o quão reprimidos estão os sentimentos dela. quanto mais clara a cor.
-maior é o poder dela e mais sentimentos dela podem surgir. É, eu me lembro agora. O Mutano também explicou isso.
-mas, para ter ocorrido isso que ocorreu entre vocês dois, significa que a relação entre vocês está mais profunda do que eu imaginava.
-peraí, como assim "que você imaginava?
-fala sério. Pra alguém capaz de explodir o mundo, você realmente tem pouca imaginação. Se eu pude saber que havia acontecido algo entre vocês, é óbvio que eu sei então que você gosta dela de forma especial.
-touché... - disse Luiz, dando um leve sorriso.
-e agora? O que farão disso?
-não sei... não faço idéia na verdade. Pra ser sincero, nunca cheguei a dizer abertamente que a amava. E nem ela o fez.
-você gosta de ser complicado não? - riu Cole, saindo do quarto.

Luiz, ao invés de retornar para seu computador, saiu pela janela e sentou-se no parapeito. O sol desaparecia no horizonte lentamente. Ele sentiu-se calmo, e muito mais feliz do que normalmente.

"Luiz"
"Ravena"
"tentei falar com você mais cedo, mas ouvi a voz de Bullseye em sua mente. Imaginei que estivessem juntos"
"acertou. Ele sabe sobre o que aconteceu"
"era de se esperar. Você esqueceu de olhar o calendário"
"até tu? Brutus meu filho!" exclamou Luiz em tom de humor.

Ravena, pela primeira vez, riu de um modo que parecia ser próximo de uma risada franca. Luiz sorriu, apreciando o som agradável da risada da garota com quem compartilhava agora uma ligação especial...

Continua...