Teen Titans

Capítulo 22: Luz e Sombras

Torre dos Titãs. Noite. É um dia negro para os Jovens Titãs. Negro, porque hoje perderam um de seus companheiros de combate. O corpo de Luiz, já sem vida, foi trazido de volta à torre, na esperança que seus amigos tinham de que ainda pudessem salvá-lo. A esperança foi vã... Não havia como negar o fato. Como já disse um certo filósofo: "eu sei quem está vivo e sei quem está morto". Luiz está morto. Não há força alguma nesse mundo capaz de mudar este fato. O salão principal da torre fora arrumado, mudando móveis de lugar e colocando outros, de modo que os titãs pudessem dar um funeral digno ao seu valoroso amigo. No centro da sala, uma mesa acolchoada servia para acomodar seu corpo. Os Titãs preferiram assim, pois consideraram que a imagem de Luiz não seria a mesma dentro de um caixão. Ao redor, foram colocadas cadeiras para os amigos distantes que vinham prestar uma homenagem ao falecido herói. Estrela Negra foi a primeira a chegar. Seu sorriso fora trocado por uma expressão de profunda tristeza. Assim que atravessou as portas, ela voou direto para os braços de seu namorado.

-ai Cole... Eu não consigo acreditar... Como que isso foi acontecer? - disse a garota, chorosa, o rosto escondido no peito do garoto. Cole simplesmente a consolava, incapaz de falar na possibilidade de chorar também.

Estelar veio na direção de sua irmã e a abraçou, chorando tanto quanto ela. Logo chegaram Trovão e Relâmpago. Os dois irmãos se aproximaram de Luiz e fizeram uma reverência silenciosa, os rostos cobertos de tristeza, mas sem uma única lágrima. Por causa de sua ligação com a chuva, suas lágrimas eram refletidas na chuva que despencava no céu lá fora.

-Mano... - disse Trovão em sua voz grave para seu irmão. - ele realmente se foi.
-isso não é legal... Não é nada legal... - disse Relâmpago, com uma voz triste.

Speedy chegou logo atrás, sendo segurado pelo braço por um desesperado Aqualad. Speedy parecia irado.

-SEU MALDITO LUIZ! COMO VOCÊ SE ATREVE A MORRER ASSIM? - ele berrava.
-espera Speedy, aqui é um funeral não uma casa de berros... - Aqualad tentava acalmar o amigo.
-RESSUCITE MALDITO! VOCÊ NÃO É UM FRACOTE! PARE DE SE FINGIR DE MORTO E LEVANTE DAÍ! - ele continuava gritando, as lágrimas correndo livres pelo seu rosto enfurecido.

Aqualad conseguiu, após uns minutos, acalmar Speedy, que finalmente se sentou, chorando silenciosamente, segurando firmemente ao seu arco e flecha. A próxima pessoa a chegar foi o amigo fotógrafo de Sarah, Olsen. Ele veio em direção de Sarah, abraçando-a levemente, não estava chorando, mas com uma expressão preocupada.

-você está bem? - perguntou Olsen. -já estive melhor... Droga, eu queria que ele estivesse vivo para eu poder dar um sacode nele, mas agora que ele não está... Eu queria ter sido mais legal com ele... - ela disse, numa voz sem emoção. Olsen pode notar que o orgulho da garota era grande o suficiente para privá-la de chorar pela morte de Luiz.

A última a chegar foi Jinx. A garota mantinha uma expressão séria, que sem sombra de dúvida não lhe era normal. Ela caminhou entre as cadeiras e sentou-se ao lado de Ravena, na cadeira mais próxima de Luiz. Ravena mantinha seu capuz erguido, cobrindo o rosto completamente em sombras. Segurava aos próprios braços, sentindo-se incrivelmente solitária.

-como você está? - disse Jinx, silenciosamente, de modo que apenas Ravena pudesse ouvi-la. -...Ele queria me dizer algo... Eu não pude ouvir... Ele nos deixou antes que pudesse terminar de falar... - a garota respondeu, igualmente silenciosa. -nossa... Realmente, eu nunca tive chance... - disse Jinx, numa voz de aceitação. - Ele tinha mesmo te escolhido...

Ciborgue, Mutano e Robin estavam em um canto da sala, em silêncio, observando os demais.

-droga... Agora quem é que vai rir das minhas piadas? - disse Mutano triste. -Isso lá é hora de se preocupar com isso? - contestou Robin, em uma voz de irritação.
-cara, será que... - Mutano ia reclamar, mas Ciborgue colocou a mão em seu ombro, pedindo que ele não contestasse. Robin, apesar de não ter tido culpa alguma no acontecimento, sentia que a responsabilidade era toda sua. Se ele não tivesse pedido para que Luiz se juntasse ao grupo, ele não teria morrido, ou pelo menos assim pensava.

O funeral ocorreu em silêncio. Todos ali reunidos estavam em tristeza profunda conforme Robin e Ciborgue faziam um discurso homenageando o amigo.

-Luiz sempre acreditara que a força para se realizar os sonhos jazia no interior de si mesmo. Ele, mais que todos nós, acreditava que se podia fazer uma diferença quando se acredita na capacidade de sonhar. Ele foi um bom amigo para todos aqui e um valoroso companheiro de combate que compensava sua falta de experiência com muito entusiasmo e valentia. Sua perda foi algo terrível... Mas nossa tarefa de agora em diante é manter viva a memória desse que se tornou o símbolo do sacrifício que um herói deve fazer para proteger o mundo.

Após o fim do dia, todos os convidados deram adeus aos titãs, que lentamente deixaram o salão e se dirigiram à enfermaria, onde deixariam o corpo de Luiz até o dia seguinte, quando seria enterrado. Ravena permaneceu sentado ao lado da cama.

-você não vem Ravena? - perguntou Mutano. -deixe-a ficar Mutano. - Estelar disse. - ela precisa de um tempo sozinha...

Ravena esperou que Estelar e os demais estivessem bem longe da enfermaria, para só então abaixar o capuz. Seus olhos pareciam prontos para explodir em lágrimas... Ela se debruçou sobre o peito de Luiz, chorando... Chorando muito... Todos os anos de repressão emocional para controlar os poderes, sendo compensados no lamento por Luiz... No dia seguinte, todos se levantaram cedo. Ao chegarem no salão principal, logo lhes caiu a verdade... Luiz não iria voltar. Não fora apenas um pesadelo.

-cara, e agora o que vamos fazer? - Mutano disse, jogando-se no sofá. -realmente, eu gostaria de saber... - Cole respondeu, sentando-se numa poltrona. -ora vamos, seu bando de cabeças-ocas! - exclamou Sarah irritada. - não vêem o óbvio preso na sua frente?
-o que quer dizer? - Estelar questionou.
-Sarah está certa. Só existe uma coisa a fazer. - Robin afirmou. - temos que acertar contas com Slade. Ele é o responsável por tudo isso. -é impossível. - Mutano falou. - lembra que ele tem a mãe do Luiz como parceira? Ela tem os mesmos poderes dele. Seria como insetos desafiando um deus! -por mais inesperado que seja Mutano ter uma opinião correta sobre alguma coisa - Cole comentou - ele está certo. Nós todos vimos. Ela conseguiu deter a todos nós facilmente no nosso primeiro encontro. Que chances nós temos?
-...Luiz nunca se importou com as chances... - Ravena disse silenciosamente.

Todos se viraram para ela. Fazia horas que ela não falava diretamente com eles.

-Luiz sempre acreditou no poder da coragem... -e nós todos juntos temos mais coragem que qualquer um. - Robin completou. -é isso mesmo! - Cole disse, finalmente sentindo-se um tanto mais animado.
-então é isso. - disse Robin. - vamos todos juntos. Se tivermos que cair hoje... -...Isso só ocorrerá depois que dermos um mega chute na bunda daquele filho da mãe! - exclamou Sarah, erguendo o punho no ar.

Uma explosão poderosa irrompeu na sala, arremessando os titãs através da janela para o térreo, lá fora, na área do percurso de treinamento. Conforme se levantavam após a queda violenta, notavam quem fora responsável pela explosão. Slade, sendo acompanhado por Julia. Robin se levantou de imediato.

-Slade!
-ora Robin, não precisa falar. Senti saudades de vocês também... Creio que terei me atrasado para o funeral do jovem Magi? - Slade disse naquele tom cínico.
-cala a boca seu... Seu... - Ciborgue exclamava.
-Capacidade de expressão nunca foi sua principal habilidade não é mesmo Ciborgue? - Slade provocou.
-isso acaba hoje. - disse Ravena, seus poderes irradiando ferozmente ao seu redor. -ao contrário Ravena... - respondeu Slade, calmamente. - este é só o começo... Primeiro, os Titãs caem. Depois... O mundo cai. Cai de joelhos perante seu novo governante... Eu. -isso é o que você pensa! Certo... Prontos? - Cole perguntou, energizando seu dedo. -TITÃS, ATACAR!

Slade fez um comando com a cabeça, indicando para Julia atacar. Então, ele saltou para o alto, para observar a luta. Robin correu em direção de Julia, arremessando seus discos de energia. Julia defendeu-se girando a espada velozmente, atuando como um escudo. Ele atirou logo em seguida uma seqüência de bird-arangues, os quais se chocaram contra a espada de Julia, sendo então arremessados de volta por Julia. Robin saltou entre eles, girando em uma espiral, o seu bastão metálico esticado à frente, pronto para um golpe certeiro direto ao peito da adversária. Foi quando o poder de Julia ativou-se, parando Robin no meio do ar e o arremessando para o alto, onde ficou preso em um domo de energia similar ao que Luiz criara antes de morrer. Ciborgue e Mutano se uniram em um ataque em dupla, com Mutano se tornando um tatu-bola, encaixando-se na saída do Raio Sônico de Ciborgue, o qual impulsionou Mutano como uma bala-animal, voando velozmente em direção à Julia. Julia usou os poderes dela para trocar de posição com Ciborgue, e assim, causando um impacto Mutano/Ciborgue. Ambos vão a nocaute. Ela usa seu poder e os arremessa para o domo de energia. Estelar e Sarah atacaram juntas, avançando pra cima de Julia distribuindo socos poderosos. Julia se defendia, soco após soco, apenas com as pontas dos dedos. Sarah ficava cada vez mais furiosa e atacava cada vez mais rápido, mas Julia simplesmente usava dos poderes para se tornar mais rápida do que a luz... e derruba Sarah, arremessando-a para dentro do domo. Estelar, por sua vez, voou para longe, apenas para dar de cara com Julia, que se tornou mais rápida que Estelar era, e ser atingida à queima-roupa por um disparo energético no rosto, seu corpo sendo jogado para trás e caindo dentro do domo. Cole não perdeu tempo, disparando carga atrás de carga energética sobre Julia, não poupando esforço algum para tentar derrubá-la. Infelizmente, como ele logo descobriu, seus disparos energéticos não eram nada para ela, que simplesmente distorcia o ar ao redor de si mesma, fazendo os disparos darem uma curva. Cole se irrita e prepara o seu disparo mais poderoso, o qual ele apelidou de Impacto Big-Bang. Julia, novamente, troca de lugar com Cole, e ele cai vítima de seu próprio ataque. Estando inconsciente, Julia arrasta seu corpo para o domo de energia. Slade sorriu triunfante. Os Titãs caíam como moscas de frente com sua guerreira. Só restava uma última pessoa a ser derrubada. Ravena.

-Ravena, Ravena... Ainda está triste pela morte do garoto? - se perguntou Slade em voz alta.
-Vá pro inferno! - ela exclama enfurecida, arremessando uma gigantesca rocha sobre Slade, mas Julia intercepta no meio do ar, chutando-a de volta. Ravena se transforma em sombra e escapa por um triz pra dentro do solo, ressurgindo após o impacto. -vamos Ravena... O que poderá ganhar me derrotando? Isso não trará o garoto de volta trará?
-CALA A BOCA! - ela gritou ainda mais furiosa, arremessando ainda mais rochas sobre Slade, mas Julia agia como uma legítima barreira, derrubando de volta qualquer coisa que Ravena atirasse contra ela. -desista Ravena... Ele está morto... Aceite isso e se entregue, quem sabe talvez você possa se tornar minha... Aprendiz?
-NUNCA! - ela grita em resposta.
-...Como quiser... - ele responde em uma voz silenciosa e fria.

Julia desapareceu no ar, reaparecendo em frente a Ravena, a prendeu no ar com algum tipo de poder de contenção, então passou a surrá-la pelos próximos 15 minutos... Ravena gemia e gritava de dor a cada nova pancada e golpe que recebia. Slade apenas assistia, enquanto sua guerreira enfraquecia a garota. Um certo tempo depois, Slade desceu ao solo, onde Ravena jazia, muito fraca e ferida depois de sofrer tantos golpes. Julia continuava indiferente. Slade pegou a espada de Julia em suas mãos e apontou a ponta da lâmina em direção do peito de Ravena.

-você será a primeira... Afinal, você sem dúvida deseja muito se juntar ao seu amigo no outro mundo...

Ravena tremeu por dentro. Não havia mais como escapar... Estava muito fraca para se concentrar e usar seus poderes. No que parecia ser os últimos segundos de sua vida, pensou em como ela se arrependia de não ter tido coragem para dizer a Luiz o quanto ele significava para ela... O quanto ela o amava.
A lâmina de Slade recuou para o iminente golpe que penetraria o peito de Ravena... Avançou... Como se em câmera lenta.
Um som foi ouvido cortando o ar... Mas não foi o da espada perfurando Ravena. Ravena abriu os olhos, vendo que Slade segurava o próprio punho, que fora atingido por algum objeto. Ravena olhou para baixo, e viu uma carta. Uma carta de baralho, com a imagem de um feiticeiro. Os seus olhos se arregalaram. Não poderia ser... Ela, Slade, os titãs, todos olharam para o alto do prédio, de onde a carta veio... De pé, na janela quebrada de onde ocorreu a explosão, estava a pessoa que atirou a carta, a única pessoa que poderia tê-lo feito. Era Luiz. Não havia dúvidas.

-não pode ser... - Robin exclamou.
-tem que ser um fantasma! - Mutano disse em voz alta.

Luiz saltou do alto do edifício e lentamente flutuou para baixo, pisando no chão. Seu olhar era calmo e um tanto frio até.

-não! Está morto! - Slade exclamou, pego de surpresa.
-pois é. A propósito Slade, Lúcifer e Belzebu estavam perguntando de você. pediram pra eu te mandar lá pra um almoço... - Luiz respondeu, em tom de gozação.

Slade ordenou que Julia atacasse. Ela avançou velozmente em direção a Luiz, mas ele a parou no ar e a imobilizou completamente, erguendo-a no ar. Julia tentou usar seu poder de troca de posição, mas não funcionara.

-tente o quanto quiser, usei meu poder para anular o seu poder. - Luiz disse, em uma voz fria. - e ainda por cima, te deixei completamente imobilizada e indefesa... Agora, hora de me livrar de você.

Após dizer isso, Luiz fechou a mão um pouco mais, causando uma pressão tremenda ao redor do corpo de Julia, que pela primeira vez falou algo... Uma exclamação de agonia. Ravena estava chocada. Luiz estava parecendo um monstro...

-fiquei entediado... - ele disse, inclinando a cabeça levemente pro lado.

E em um rápido movimento, ele arrancou a cabeça de Julia fora de seu corpo... Todos ao redor ficaram em estado de choque catatônico, conforme Luiz largava o corpo sem vida de sua mãe no chão.

-c-como ele pode? - Estelar disse, quase chorando.
-porque ela não é humana. - disse Cole, finalmente entendendo.
-como assim? - Ciborgue perguntou.
-vejam no pescoço dela...

O lugar onde estivera a cabeça de Julia expusera agora vários circuitos internos e mecanismos.

-ela é uma...? - Mutano exclamou.
-Andróide. - concluiu Luiz. - um truque barato. Pode-se camuflar um andróide até os mais variados extremos Slade... Mas você não contava com uma coisa... A MINHA MEMÓRIA FOTOGRÁFICA!

Todos ficaram confusos. O que ele queria dizer?

-eu poderia ter caído no truque e me rendido para minha própria mãe... Se não fosse um detalhe. O seu andróide é destro! Minha mãe era canhota! Se tivesse prestado atenção ao estudar minha vida, teria visto esse pequeno detalhe...

Slade ficou tenso. Ele sabia que não teria chance em um confronto direto contra Luiz, ainda mais agora que ele parecia 1000 vezes mais poderoso. Desesperado, ele atirou uma bomba de fumaça... Mas viu espantado a fumaça evaporar imediatamente.

-fumaça Slade? Até eu teria pensado algo melhor... - disse Luiz, com um tom irônico.
-você nunca irá me vencer. - Slade diz, perdendo um pouco da postura cínica e fria que mantinha até então. -nunca é? - Luiz disse, os olhos irradiando uma luz dourada. - pois eu tenho novidades para você... Eu não acredito nisso. E até onde interessa, aquilo que acredito é o que realmente importa. -e o que seria isso? - Slade questiona o garoto.
-eu acredito que você irá perder.

Slade, tomado por um acesso de fúria, correu em direção ao garoto. Ele não apenas dispusera de sua mais poderosa arma, como também passara a humilhá-lo. Slade, sendo o homem orgulhoso que era, não poderia deixar tal coisa impune. De jeito nenhum. E com esse pensamento formado, ele sacou o seu próprio bastão de combate, similar ao de Robin, partindo ao ataque. Luiz sorriu, um sorriso simples, mas que demonstrava para seus colegas que ele mantinha o controle sobre a situação. Não restava dúvida que este era Luiz. Apenas Luiz teria capacidade para manter a cabeça fria e o rosto alegre em tal situação, com os amigos dominados e confrontando sozinho um adversário poderoso.
Slade saltou no ar e desferiu um golpe com a ponta do bastão, mirando o peito de Luiz, no lugar previamente perfurado pela espada de Julia, esperando matá-lo permanentemente. Para seu espanto, entretanto, o bastão simplesmente atravessou Luiz no ponto atingido, perfurando-o, mas sem sinal de impacto. Slade recuou, incrédulo. Os titãs olhavam apavorados enquanto Luiz tirava a camisa, demonstrando estar com o bastão atravessado em seu peito, no exato local onde antes a espada de Julia atravessara. E ele continuava de pé, sorrindo.

-o que é você? - Slade balbuciou, os olhos arregalados por trás da máscara.

Luiz sorriu mais ainda, os olhos apertados enquanto o bastão em seu peito derretia em pó e desfazia-se no ar.

-Sou complicado... Simples, mas complicado...

Slade pegou uma pedra de aparência afiada e partiu para cima de Luiz, perdendo completamente a calma. Luiz chamou com seus poderes o nunchaku que Robin lhe dera de aniversário, e como um raio, distribuiu centenas de golpes sobre Slade, começando por desarmá-lo, seguindo de golpes em ambos os lados do abdômen e costelas, golpes nos joelhos e canelas, braços e punhos e finalmente a cabeça. Slade caiu no chão de terra, o corpo inteiro inutilizável praticamente.

-usando de meu poder e de alguns que tomei emprestado de uns outros lutadores, destruí nervos essenciais de seu corpo. Irá demorar anos, mas você poderá voltar a andar algum dia... - ele disse, numa voz suave, como se imitando Slade.
-p-por que... Por que eu não... Posso... Matar você? - Slade se perguntou, antes de desmaiar.

Luiz ergueu o corpo de Slade no ar e então o fez desaparecer. Em seguida, desarmou o domo de energia que prendia os Titãs, que caíram logo no chão. Então, ele ajoelhou-se perto de Ravena. Ela olha para ele, incerta.

-é você... Não é? - em condições normais, ela não precisaria perguntar, mas estava fraca demais para usar os poderes.

Luiz se inclina, abraçando ela, enquanto sussurra ao seu ouvido...

-...Eu também...

Os olhos de Ravena, apesar de estranharem a resposta, não podiam deixar de notar a suavidade familiar, e se encheram de lágrimas de felicidade. Ela abraçou Luiz com muita força. Então, depois de um tempo, se afastou, olhando para o buraco no peito de Luiz.

-m-mas como? - ela perguntou. -ah isso? - sorriu o garoto, enquanto o buraco se fechava. - fácil de consertar com meus poderes. -mas como que você sobreviveu? - perguntou Robin.
-é isso mesmo! Até os computadores da base declararam você como oficialmente morto! - contestou Ciborgue. -e estavam certos. Eu realmente morri Ciborgue. - ele respondeu, na maior calma do muno.

Os Titãs piscaram, incrédulos, olhando para ele e seu sorriso.

-bem, melhor nós voltarmos lá pra cima... Daí eu explicarei melhor. Aqui não é muito cômodo pra sentar... - Luiz pediu.

Após subirem a torre:

-pode começar a explicar Luiz. - pediu Cole. Luiz sentou-se no sofá, espreguiçando-se. -tudo bem... Eu tinha minha suspeita que Julia poderia ser na verdade um andróide. Parecia algo óbvio. Ontem, porém, quando comecei a me lembrar do dia da morte de minha mãe, me ocorreu sobre ela ser canhota e a andróide destra. -espera aí... Mas se você sabia disso, por que foi que você se deixou matar? - perguntou Ciborgue.
-é isso mesmo! Você é o cara mais poderoso do mundo, podia ter simplesmente derrotado ela e tudo mais. - Mutano adicionou.
-poderia, sim. - Luiz respondeu. - o problema é que minha memória é cheia de lapsos por causa do trauma. Eu não tinha certeza. Então me ocorreu a solução ideal... Eu a deixaria me atacar. Se ela hesitasse, eu teria certeza que era minha mãe.
-mas como você pretendia sobreviver caso não fosse sua mãe? - questionou Robin. -ah... Essa sim é uma parte do meu plano que acho brilhante. - disse Luiz com um sorriso triunfante. - vejam bem... Conforme assistia a luta de vocês com ela, me perguntei até onde meu poder alcançaria... Perguntei-me se eu seria capaz de enganar a própria morte... E bolei o seguinte... Acreditei, com toda a força de meu coração, de que caso eu morresse, eu iria renascer.

Ele respirou fundo e continuou:

-mas para que meu plano tivesse garantia, para que não desafiasse as leis da natureza, me ocorreu uma idéia de criar um "gatilho", por assim dizer, o qual ativaria minha ressurreição. No meu caso, escolhi a Ravena... -a Ravena? - perguntou Sarah.
-sim. Eu e ela compartilhamos uma ligação mental faz algum tempo. E ela, inconscientemente, iria pensar em mim quando estivéssemos separados... por isso, eu usei essa ligação como o gatilho. No momento que ela começasse a pensar em mim, pensar firmemente em mim, eu iria voltar. Dessa forma, também poderia pegar Slade de surpresa.
-e como! - Robin falou. - pela primeira vez, Slade parecia estar com medo.
-o padre da igreja aonde eu e minha mãe íamos sempre costumava dizer que "o medo é a arma mais terrível que existe, pois domina cada sentimento nosso e proporciona a raiva, que impulsiona o desespero, que traz o sofrimento e a desilusão". Simplesmente elevei o significado à enésima potência. - disse Luiz com um sorriso.
-e o que houve com Slade? - perguntou Mutano.
-simples, teleportei ele para a prisão, na ala de segurança máxima, dentro de uma cama, amarrado. Ele vai mesmo demorar anos pra sair de lá...

Sarah se levantou, olhando firmemente para Luiz.

-o que você teria feito se seu plano falhasse? E se Ravena fosse morta antes de pensar em você? E se você ficasse morto? - ela questionou.

Ele olhou para ela por um bom tempo, e então respondeu.

-...Essa foi a parte do plano que eu esqueci de averiguar...

Sarah e os demais o olharam em silêncio... Até que Sarah começou a rir.

-ai céus... Não tem solução, esse aí é estúpido até depois de morto! - ela dizia, aos risos. Os outros começaram a rir junto com ela, aliviados de terem Luiz de volta.

Mais tarde, Ravena está em seu quarto, abraçada a uma almofada. Estava esperando. A pessoa que esperava apareceu em sua porta. Luiz. Estava de calça azul e camisa vermelha aberta, expondo o peito. Uma toalha estava pendurada ao redor do pescoço. Acabara de sair do banho. Ele caminhou até Ravena e sentou-se ao seu lado. Ele olhou dentro dos olhos da garota, que olhou de volta para os olhos dele.

-Luiz... Eu... - ela sussurrou.
-não precisa dizer... Eu sei... Ouvi você dizendo enquanto eu estava lá... E eu também sinto isso... - ele respondeu, acariciando o rosto dela.

Os dois se olharam, por um longo tempo. Conforme seus rostos se aproximavam, umas batidas na porta os interromperam, chamando para o almoço. De repente, tudo ficou muito silencioso. Ravena olhou para Luiz.

-você parou o tempo? - ela perguntou, sorrindo.
-creio que sim. Isso irá durar no máximo 4 horas... -tem algo em mente para fazermos durante esse tempo? - ela disse, os olhos levemente cobertos pelas sombras causadas pela escuridão do quarto.
-imagino que sim... - respondeu o garoto, seus olhos brilhando em uma luz repleta de sentimento, enquanto Ravena o puxava para perto, enquanto ambos deitavam-se na cama.

A única testemunha do longo período onde os dois jovens desfrutaram um do outro foram espelhos... O Espelho da mente de Ravena que emitia sombras. O Espelho da mente de Luiz que agora emitia luz. Postos um sobre o outro, eles simbolizavam a relação dos dois jovens. Não pode haver luz sem sombra. Assim como onde houver sombra, haverá luz... Os dois jovens foram feitos um para o outro.

Continua...