Sonhando para viver


IV – Tentar ser feliz


Os olhos se acharam e para Duo foi como se existisse apenas o azul turquesa colorido das orbes de Yui. Será que havia se apaixonado? Apenas em duas oportunidades havia se apaixonado? Não seria exagerado?

-Me solta, Yui. – Duo sacudiu o braço se afastando do outro rapaz.

-Duo. Eu preciso falar com você. – o empresário estava ali. Agora diante do jovem trançado, mas e que palavras usar? Como fazer brotar a voz diante de Duo lhe olhando de forma tão ferida? –Estou com você. Sua luta...

-Cala boca, Yui. – Duo não gritou, mas se aproximou do rapaz, seus olhos violetas ligeiramente úmidos. –Suma. Da minha vida, Heero. Você já me mostrou que não somos um para o outro. – ele completou quase trêmulo.

-Porque? – Heero falou. –Porque errei? Olhe pra mim. – Yui pediu aumentando o tom de voz. –Porque não sou suficiente para você?

-Não é nada disso.

-É sim. Você é lindo, forte, sabe o que quer... E eu sou um inseguro. Duo, eu não quero outra pessoa. Eu quero você. Eu preciso de você. – falou com sinceridade.

Em volta dos dois já se formava uma legião de curiosos. Pessoas que passavam e pararam para ver aquela declaração.

Alguns já meneavam positivamente com a cabeça, afirmando para os que estavam ao lado sobre as glórias do amor.

Duo ficou mudo. Olhava de Heero para as pessoas... Queria apenas sair dali. Pensar um pouco, porque se ouvisse seu coração e se jogasse nos braços de Heero? E se entregasse de corpo e alma, e depois sofresse novamente?

-Vá embora, por favor. – Duo gemeu ferido se afastando.

Heero não o seguiu. Havia montado acampamento na frente daquele hospital. E agora, acabara de dizer tudo que estava dentro de seu peito. Era a mais pura verdade, e se Duo ainda assim, não acreditava, ele já não podia mais fazer nada.

Vencido, mais uma vez com o coração partido o romântico incorrigível saiu.

-Ele gosta de você. – a senhora pedinte sorriu.

-Acho que ele me odeia. – Heero tentou sorrir, mas estava muito ferido.

-Dê tempo... O tempo é o grande curador da história. – ela falou poética.

-Certo... Obrigado. – ele retrucou.

-Senhor, Yui. Não se esqueça que meu vestido é de cetim, azul turquesa. – a senhora sorriu quando ele já se distanciava.

Heero sorriu. Ela era espirituosa. –Vou providenciar seu vestido.

-Providencie a ocasião para eu usar também... – ela voltou à atenção a umas moedas lançadas em seu pote pedinte.

-Certo... ahh... A Propósito. Qual é o seu nome? – De longe ele se virou, não conseguia acreditar que gastara tardes e tardes conversando com aquela agradável senhora e nem a delicadeza de lhe indagar o nome teve.

-Esperanza. – ela anunciou.


Duo foi direto falar com Quatre. Por mais que soubesse que o médico estava ocupado em seu trabalho, o trançado naquele momento precisava de um amigo de verdade, alguém, que ele soubesse que teria um olhar de compreensão.

-Ele estava lá fora. – Duo falou triste entrando na sala do loiro.

-Oh, eu sinto muito. – Quatre o olhou com pesar. Sabia que se tratava de Yui.

-Me diz o que fazer? – o rapaz falou encarando os olhos bondosos de seu amigo. Quando nem mesmo ele sabia como agir com seus próprios sentimentos apelava para a sensatez de Quatre, porém havia certas coisas que Duo teria que enfrentar sozinho.

-Amigo. Eu posso apenas te apoiar, seja no que for, mas não vou poder concertar as coisas para você e tão pouco tomar suas decisões. Seu coração deve lhe guiar. – o loiro falou paciente. –Mas, Duo. Você se negou a acreditar no Yui, mas se está em dúvida é porque lá no fundo acredita que ele é uma boa pessoa. – o médico observou.

-Sei, mas e se não for? – o trançado olhou um ponto qualquer na parede.

-Só o tempo lhe dirá.


Naquele dia Heero não foi ao trabalho, tão pouco ficou em casa, ele apenas se deixou seguir ermo, como se não tivesse vontade de ser quem era. Ao caminhar por entre a gente apressada daquela cidade ele quis deixar de ser quem era ou mesmo sentir o que sentia.

De repente o mundo lhe soava sem graça, numa busca insana por se sentir completo, e de repente surgira Duo, como a resposta que seu coração buscou durante anos.

-Porque não podemos ficar juntos? – Heero pensou estando agora já sentado numa mesa confortável em um café no centro da cidade. Nem ele soube ao certo como chegou até ali.

Seu momento atual era para ficar sozinho. Havia levado um fora, e de alguém da qual gostava muito, ele agora queria apenas ficar quieto, curtindo a dor da perda de algo que podia ter sim, sido uma grande história de amor.

Mas nesses momentos sempre surge alguém. Assim ele viu quando um vulto se sentou à mesa o observando. Talvez por pura apatia e inércia ele não se animou a levantar seus olhos azuis turquesa para ver quem era.

-Sabia que é uma surpresa te encontrar aqui? – a voz feminina e cheia de empáfia de Relena tomou os ouvidos de Yui com um vento ruim. –Você sumiu da noite... Acaso encontrou o que procurava? – ela lhe indagou interessada.

-Hi. – Heero falou sem olhá-la. De todas as pessoas no mundo Relena a que menos Yui teria de gosto de encontrar.

-Ora, finalmente encontrou o que tanto almejava. – ela sustentou um olhar que podia soar como inveja. Já não sorria como na noite do bar.

-Foi sim. Sabe, Relena. Não me apetece conversar com você. – Yui gemeu querendo se levantar. –Me faz mal... – ele completou.

-Acaso... – ela o tocou no braço o fazendo parar. – É aquele rapaz daquele dia? – ela perguntou com sua voz ficando baixa e insegura.

-É ele sim. – Heero falou parando.

-Estão juntos então?

-Não. Não estamos, graças a você. – o oriental agora se virou para olhá-la. – O Duo, Relena. É diferente de você. Ele é doce e forte, e ama viver com o coração... Teria sido muito bom pra mim se ele tivesse se apaixonado por mim...

-E porque ele não te quis, você vai ficar assim? Com essa postura de perdedor? Onde está o Heero Yui teimoso que eu conheci? – Relena se levantou chateada. –Aquele Heero faria qualquer coisa para conquistar uma pessoa.

-Eu já fiz tudo que podia. – ele comentou achando mesmo que não valia apena aquela conversa.

-Lute por ele. Ou então o esqueça e não me amole mais. – a moça saiu pisando duro. No fundo ela queria que aquela atenção e cuidado de Yui fossem direcionados a sua pessoa.

-Mulher mais esquisita. – Heero pensou. Mas uma coisa a moça loira tinha sido correta. Se ele já tinha queimado todas as possibilidades então devia esquecer Duo e partir para outra, mas se seu coração se negasse a deixar para trás as lembranças daquele sorriso vivo e olhar travesso, então devia ainda tentar. É claro que tinha tudo para dar errado, tinha tudo para sofrer e ser dispensado, mas tentaria, por que havia uma chance de dar certo, viu essa chance gritando por trás daqueles faróis roxos quando se declarou nessa manhã na frente do hospital.


Duo estava péssimo nessa tarde que Quatre decidiu não deixá-lo sozinho. E assim que seu plantão terminou foi ficar com ele. Fizeram coisas bobas como preparar alguma coisa leve para comerem e se perderem no papo até a noite chegar.

Estaria tudo bem. O trançado até já sorria esquecido do encontro com Yui na porta do hospital. Mas o silêncio calmo da tarde foi quebrado, assim como a paz que começava a reinar no confuso coração do jovem Duo.

Heero tomara uma atitude que talvez na situação atual fizesse apenas Duo se magoar mais. Ele podia ceder ou se afastar de vez e pela sua expressão, ele ia se afastar de uma vez por todas daquela história, alguma coisa como nem chegar a começar nada...

O som vindo de fora soava como uma altíssima música romântica que era o tema de um filme muito famoso, e os dizeres na voz de Heero que amava Duo, quantas vezes quem estivesse por perto quisesse ouvir.

Os vizinhos saíram às janelas, alguns enfurecidos com o barulho, alguns tocados com tamanha demonstração de romantismo.

Mas para Duo aquilo foi uma demonstração da mais profunda falta de respeito de Heero. Ele havia dito não, Heero tinha que ter o respeitado. Ele tinha que ter respeitado o tempo que o trançado havia pedido.

-Duo. – Quatre o olhou. Aquele oriental era mesmo louco. Mas o loiro não pode deixar de ver coragem naquele ato. Ele estava lá fora, enfrentando olhares acusadores, estava de peito aberto gritando aos ares o amor que sentia pelo jovem de olhos violetas.

-Ele não tinha esse direito. – Duo gemeu com as lágrimas lhe chegando aos olhos.

-Duo, demonstrar publicamente o que sentimos é uma questão de extrema coragem... Pense nisso. – o médico falou. –Tem certeza que não quer ir até lá em baixo? – ele falou brando vendo que Duo já chorava.

-Não quero vê-lo, Quatre. Eu tenho medo do que pode acontecer. – Duo estava era confuso no fundo. Alguma parte de si queria ir até Heero e ver o que podia acontecer entre eles, outra, lhe pedia desesperadamente que se mantivesse distante.

-E acha que não vale mesmo apena deixar acontecer? – o médico perguntou manso.

-Não vou deixar acontecer... não quero. – Duo foi para o quarto, não numa atitude infantil, mas numa postura de defesa, de alguém que quer apenas se preservar.

Lá embaixo Heero se deu conta que Duo não ia descer, pois se o fosse fazer já estaria ali. Mas que frustrante. O japonês olhou perdido para as flores em sua mão. Duo nem mesmo havia lhe dito se gostara ou não, ele simplesmente o ignorara por completo.

Todos o olhavam, muitos querendo ver quem era aquela pessoa que merecia uma demonstração de amor como aquela. Mas Duo simplesmente não desceu. Quatre fez isso um tempo depois e o loiro por mais que achasse que Yui não era o homem certo para seu amigo, não pode deixar de se sentir ferido pela situação do oriental. Ele estava com os olhos esperançosos e trazia um buquê de flores nas mãos.

Quando o oriental notara que Duo não vinha mesmo ele sentiu como seu um baque forte tivesse acontecido dentro de seu estômago. Com a boca seca e os olhos úmidos ele encarou o loiro, sem palavras.

-Ele não quer mais te ver. – foi o que o médico lhe disse. Seu tom era leve e penalizado, o que só fez Yui se sentir pior.

-Mas, eu tinha tanto carinho para ele. Tanto amor e admiração. – fraco Yui falou, sem chão.

Quatre não falou mais nada. O que diria a Yui? Que Duo não queria os melhores sentimentos que lhes estava sendo oferecido? Não podia pisar daquela forma em sentimentos tão puros. Talvez o tempo fosse o melhor para todos os corações envolvidos naquela confusão.

Quem sabe o trançado podia sentir falta de todo aquele cuidado que Heero queria lhe entregar? E um dia, quem sabe tentar viver alguma coisa, mesmo que essa tentativa lhe pudesse ferir.

-Yui. Se você gosta mesmo do Duo. Espere mais um pouco por ele... E até vai ser bom para você ver se é isso mesmo... – Quatre gemeu. –Agora tire essas pessoas daqui... Esse carro de som. Heero, Duo não precisa disso, dessa exposição toda. Ele precisa simplesmente de amor.

-Você deve me achar um idiota. – o japonês sorriu frustrado e envergonhado da cena, que agora, depois que a onda de empolgação estava passando lhe parecia no mínimo ridícula.

-Nunca. Só acho que você devia se conter mais. É linda essa energia toda, mas Duo não precisa que você saia gritando na chuva revelando ao mundo que o ama, ele apenas precisa de você. Como um amigo, que o ame e o respeite. – Quatre sorriu. –Pense nisso. – ele deixou Heero para trás voltando ao hall dos elevadores.

-Tudo, bem Quatre. Eu não vou mais perturbar o Duo. – Heero falou enxugando algumas tímidas lágrimas que cismaram em cair.


O tempo. Contado em relógios ou em sentimentos, era sempre ele a organizar as coisas. Acentuar idéias, amainar as dores, criar o sentimento saudoso...

Heero conhecia os poderes do tempo, havia recorrido a ele anos atrás quando se vira sofrendo e agora não seria diferente. O tempo faria as coisas entrarem em ordem.

Naquela tarde ele retornou à sua casa decidido a fazer do tempo uma arma para esquecer o que estava sentindo por Duo.


De fato Yui não tocou mais no nome Duo Maxwell. O oriental voltou a seus afazeres, se entregando cegamente ao trabalho.

Os negócios iam muito bem, os projetos melhores ainda. Estavam desenvolvendo um programa para pessoas com deficiência auditiva, fazendo do computador um fiel aliado contra esse mal. Os resultados eram os melhores possíveis.

Trowa o ajudou bastante nunca mais tocando no nome do trançado e as coisas pareciam estar caminhando. Heero não parecia tão romântico quanto antes. Não se apaixonava uma vez por semana, não saia à busca do um novo amor nas noites dançantes.

Já fazia quase seis meses que ele havia voltado para casa arrasado depois de saber que Duo não ia corresponder ao forte sentimento que tinha

-Heero... Você não quer dar uma esticada hoje? – Trowa se aproximou do amigo que estava centrado na tela do micro. –Ei, Heero. Terra chamando. – ele brincou estralando os dedos diante dos olhos azuis do oriental.

-Ahh. Desculpe, Trowa. Você disse alguma coisa? – Yui piscou distraído.

-Eu não te reconheço mais, cara. – o amigo mexeu no topete se sentando na frente do japonês. – Não vai mesmo buscar um novo amor? – ele quis saber.

Heero achou engraçado. Ele digitou alguma coisa no teclado e voltou a olhar Trowa suspirando. –Eu podia até tentar... Mas já sei que encontrei a pessoa e ela não me quis. Não há mais ninguém lá fora para mim.

-Tem tantas garotas dando em cima de você. Outro dia mesmo, aquele cara da loja de fotografias... Só faltou te agarrar. – Trowa insistiu.

-Não, não. – Heero negou com a cabeça. –Não tem mais ninguém para mim, amigo.

-Não há ninguém, ou você não quer mais ninguém a não ser ele? – era uma boa pergunta. Evitavam tocar no assunto, mas os olhos de Heero o denunciavam. Ele amava Duo. Claro que amava.

-É acho... Que é isso. – Yui falou fugindo dos olhos verdes de seu amigo. –Não vamos falar...

-Duo também não tem ninguém. Desde aquela época. – Trowa revelou.

-Não me importo...

-Ele está mal. Não consegue esconder isso. – Trowa falou.

Heero nada falou. Não de novo. O que seu amigo queria afinal? Trazer-lhe esperanças de uma coisa que ele já julgava enterrada dentro de si e depois não ser nada daquilo e sofrer vendo os olhos de Duo lhe negarem novamente? Ele não ia tentar de novo...

-No domingo... – Trowa olhou para o céu fora do escritório. –Duo vai estar fazendo algo muito importante para ele... – o rapaz falou retirando um cartão do bolso colocando debaixo do apontador elétrico de Heero. –Ele gostaria de um amigo como você lá. – falou saindo.

Heero se encostou à poltrona anatômica suspirando pesadamente. Seus olhos varreram a sala e param traidores sobre o apontador. Seu coração bateu acelerando querendo conhecer o conteúdo do cartão. Talvez fosse melhor deixar a cabeça agir, seria melhor não bater os olhos nos escritos, mas venceu a emoção.

-Ginásio Sant Mong. – Heero leu. – Os amigos do sonho convidam para o jogo beneficente... Às 14 horas no próximo domingo. –Essa é boa. Eu não vou. – ele gemeu amassando o convite.

E agora? O que fazer?


Domingo

Duo estava tenso. Anos buscando aquilo e agora finalmente era chegada a hora de voltar a jogar. Era um jogo amistoso formado pelas pessoas do grupo.

Era estranho. Cegamente o jovem trançado havia percorrido aquele dia, mas agora parecia com medo. Talvez a ânsia por estar ali fosse tanta que não lembrou do sentimento, pequeno, mas puramente humano do medo naquela época, quando a única coisa palpável era o sonho de voltar a jogar. De realizar o que lhe disseram ser impossível.

Ele estava agora sozinho no escuro do vestiário. E se falhasse? Se não soubesse mais pegar a bola e voar sobre o chão emborrachado de uma quadra de basquete? E se o aro lhe soasse muito pequeno quando fosse tentar uma cesta?

-Tudo bem? – Quatre lhe sorriu segurando as mãos com força.

-Friozinho na barriga, mas tudo bem. – o jovem de olhos violeta sorriu tenso.

-Duo... O medo é um sentimento nosso mesmo. Muito normal senti-lo, mas é a superação desse sentimento que nos transforma em verdadeiros vencedores e você sabe bem disso. Você e um vencedor nato... – o loiro sorriu o beijando no rosto.

-Obrigado, Quat. – Duo falou.

-Tudo certo, arrase! – o médico sorriu.

-Amigo! – Duo o chamou antes que ele saísse do vestuário. –Tem certeza que Heero sabe o endereço e o horário do jogo? – ele quis saber.

-Claro. Trowa entregou o convite pessoalmente. – o loirinho sorriu.

-Será que ele vem? – trançado corou levemente.

-A questão é se você quer que ele venha. – Quatre o olhou. Se Duo sofria com aquela situação ele devia assumir e tentar correr atrás do tempo perdido. Ao menos devia tentar.

-Eu quero. – Duo sorriu confiante. –Agora eu sei disso.


O primeiro momento do jogo foi ruim para Duo. Ele sentia como se nunca tivesse pisado numa quadra antes, era como um estranho ninho. Mas ele sabia exatamente o que fazer, era só fechar os olhos e sentir cada acontecimento, se entregar à quadra e ao jogo e aos lances.

Não podia ser diferente. Duo deu um lindo espetáculo em quadra. Um espetáculo de fé e amor.

Na última jogada ele estava cansado, mas venceu suas limitações físicas. Havia adversários na frente, mas quando os olhos violetas se ergueram buscando o aro ele viu a torcida atrás, ao distante. Ele estava lá. Era Heero que vibrava por ele. Simples, acompanhando cada lance, torcendo com um olhar preocupado. Seria apenas mais um a engrossar a torcida, mas para Duo era alguém especial, pela qual ele diz mostrar o melhor que podia fazer.

O trançado não teve dúvidas se era ou não capaz de fazer mais aquela cesta. É claro que era. Afinal ele era capaz de tudo que quisesse.

Quando a partida acabou Duo e os demais jogadores foram ovacionados. Aplaudidos de pé pelo público pela grande lição de fé e coragem. Eles tinham limitações físicas, todos em quadra, mas tinham coragem para se mostrarem como realmente eram.

E era dessa forma, com suas limitações que queria ser visto pela sociedade.

Duo recebeu carinhosos aplausos por fim. Afinal ele havia idealizado aquela partida. Um jogo pela superação, as reuniões que sempre tinha com Quatre e com os demais do grupo eram também para acertar os detalhes daquele jogo.

Ele estava tão radiante quando lhe passaram o microfone e lhe pediram uma palavra.

-Eu queria apenas dizer que... – Duo olhou para Heero na arquibancada. –É possível. Tudo é possível. Basta haver amor suficiente para tornar algo possível. – ele sorriu ao microfone falando à torcida. –Vamos a festa! – Gritou com uma animação incendiando o público.

Havia uma estrema demonstração de carinho daquele grupo para com Duo, ele era o mais jovem e o mais alegre, era como eles próprios chamavam, a vida do grupo de sonhadores. Foi bem custoso conseguiu fugir de todos os abraços, mas conseguiu e Heero estava de pé na quadra.

-Você é maravilhoso. A pessoa mais preciosa que eu já vi. – Yui falou sorrindo sincero. –Eu me orgulho muito de você. – ele falou. Bastava ficar diante de Duo para seu coração falar como o coração de romântico que era.

-É? – Duo sorriu de uma forma travessa. –Achei que não ia mais insistir. – ele falou sorrindo.

-Eu achei que devia desistir, graças a Deus meu coração é teimoso.

-E... – o garoto olhou em volta. –As flores? – ele gemeu ainda sorrindo travesso. – Ou que horas o placar vai acender com nossos nomes, e você me pedindo para ter uma nova chance? – aqueles olhos divertidos de um violeta bárbaro piscaram esperando.

-Eu... Não fiz nada disso... – Yui coçou a cabeça.

-Eu estou brincando, seu bobo. – Ele empurrou Heero docemente. –Eu... Queria que soubesse que se ainda quiser tentar... – Os olhos violetas fitaram o belo japonês a sua frente. –Se ainda quiser, eu não preciso de muito, apenas de você.

–Claro. Eu amo você. Fica comigo, até agente não poder mais... – o japonês começou a falar.

-Não fale. – Duo o parou com a ponta do dedo indicador. – Eu quero tentar... Porque também te amo.

-Duo...

-Não há mais medo de ser feliz, Heero. – o jovem falou fechando os olhos de forma delicada. E eles se entregaram ao beijo, lento e tímido. Quente e amoroso. O primeiro beijo de muitos que ainda trocariam.

-Olha, os dois! – Quatre puxou Trowa para junto de si apontando feliz para os amigos.

-Eles vão conseguir... – Trowa comentou.

-Eu sei disso. Mas se Heero vacilar... – Quatre sorriu sabendo que Yui cuidaria muito bem daquele tesouro deles.


-Dona Esperanza. Os representantes daquele hospital sobre a qual lhe falei ligaram? – Heero estava em seu escritório entretido na tela de seu micro.

-Não, Heero. Vou ligar para eles depois do horário de almoço. – a senhora lhe sorriu bondosa. – O que tanto olha nessa tela? – ela comentou.

-Algo muito importante. – ele respondeu quase hipnotizado pelo que via na tela do micro.

-E Duo como vai?

-Ótimo. Todo empolgado com a faculdade e com os projetos do grupo. Eles querem forma uma equipe nas próximas paraolimpíadas. – ele comentou.

-Certo. Ahhh... Heero. – ela parou próxima à mesa dele ajeitando o longo vestido de cetim azul. –Você arrumou o vestido, mais ainda não arrumou a ocasião para eu usá-lo. Quando você pedir Duo em noivado eu vou querer outro vestido.

-Ahhh... Esperanza... Só você. De que cor dessa vez? – Heero sorriu.

-Violeta... De seda... Acho que vai me cair bem. – ela sorriu se retirando.

-Em breve, Esperanza. Não é amor? – Heero sorriu acariciando a tela do computador onde havia um descanso de tela lindo, uma foto de Duo lhe sorrindo docemente.


Que venha o fim...

Não se pode voar sem chão...
É preciso acreditar...

Beijos,

Hina