Boa noite, pessoal! Espero que tenham gostado do prólogo! Como já era um material conhecido, resolvi adiantar na postagem do primeiro capítulo de fato. Espero de coração que gostem :D

PS: caso tenha algum termo médico que tenha ficado confuso, é só perguntar que eu esclareço.

Não esqueçam que estou no twitter ( psc_07_).

Até a próxima!


01 - i am going out to see what i can sow

Assim que abri os olhos e desliguei meu despertador eu sabia que dia era aquele, e, ainda assim, não senti nenhum tipo de "frio na barriga" relacionado a uma nova mudança.

Tudo bem que a primeira vez que fui para outro estado não contasse pelo simples fato de eu ser um bebê na época e não lembrar de nada. Ainda assim, apesar de ter crescido em Phoenix, Renée trocou de casa algumas vezes. Eu decidi voltar a morar com Charlie em Forks na adolescência; e depois escolhi uma faculdade do outro lado do país.

E agora, um hospital ainda perto, mas tudo completamente novo.

De novo.

Quando minha mãe saiu de Forks comigo, deixando Charlie cuidar dos meus avós, obviamente não senti tanto. Crescer com Renée foi, no mínimo, diferente, considerando o quanto minha mãe era (e ainda é) excêntrica. Minha responsabilidade com as atividades da casa não demoraram de chegar, e logo substituí Renée na maioria delas – como pagar contas e garantir que tivéssemos comida na geladeira.

Quando Renée conheceu Phil e começou a dividir seu tempo entre viajar com ele e ficar comigo, percebi que era hora de restabelecer laços com meu pai. Eu visitava Charlie ocasionalmente, e ele também ia a Phoenix às vezes, mas não tínhamos uma grande regularidade nos nossos encontros.

A apreensão foi maior durante a decisão; sempre tive a característica de ficar tranquila depois de escolher algo. Para minha surpresa, eu me dei melhor com Charlie do que imaginava – talvez melhor do que com Renée. Eu e meu pai somos parecidos, de certa forma: somos mais introspectivos, lidamos bem com silêncios prolongados e definitivamente não gostamos de atenção.

A decisão de ir para a NYU não foi difícil, mas o curso definitivamente sim. Eu nunca manifestei nenhum desejo de fazer medicina, e sempre quis fazer algo relacionado a letras ou literatura, até o dia que Dr. Carlisle Cullen salvou a vida de Jacob.

Jacob era o filho do melhor amigo de Charlie, Billy Black, e pela convivência, acabamos virando melhores amigos também. Ele não morava em Forks, exatamente, mas em um povoado perto chamado La Push. Ser amiga de Jake era absurdamente fácil, já que ele era feliz praticamente o tempo todo, e era muito difícil não ser contagiada por seu riso e jeito tranquilo.

Jake era mais novo que eu, e extremamente habilidoso com carros e motos. Charlie me fez prometer diversas vezes que nunca pegaria carona com Jake numa moto; óbvio que eu não obedeci completamente. Jake pilotava muito bem, e a liberdade que a moto trazia era diferente de tudo: o vento no rosto, a velocidade sobre humana e a sensação de estar voando eram únicas.

No dia em que Jake sofreu o acidente, não estava chovendo, o que é uma grande ironia, já que Forks é uma das cidades que mais chove no país. Ele estava voltando para La Push – tínhamos combinado de ir atrás de peças para um carro que ele estava consertando, mas teve que ir para Forks rapidamente. Como a pista estava milagrosamente seca, Jacob quis se divertir um pouco mais, e acabou no asfalto.

Eu nunca vou me esquecer da cena na estrada. Eu encontrei Jake caído e parei o carro ao reconhecer a moto. Todo o lado direito de seu corpo estava deformada. Depois de uma faculdade de medicina eu consigo compreender a gravidade da situação e a sorte que demos de eu ter chegado tão rápido.

Eu sempre tive aversão a sangue, chegando a desmaiar ao ver apenas uma gota, mas naquele momento eu consegui me controlar e pedir ajuda imediatamente. Eu acompanhei Jake ao hospital de Forks e liguei para Charlie de lá.

A hora que ele chegou com Billy foi a mesma que fomos apresentados ao Dr. Carlisle Cullen, cirurgião do trauma. Ele estava próximo a Seattle e conseguiu chegar a tempo para ajudar na cirurgia de Jacob. Pelo que nos foi dito, não fosse pela experiência de Dr. Cullen, Jake dificilmente teria sobrevivido.

A recuperação dele foi terrível. Ele não conseguia ajuda suficiente de seu pai, já em uma cadeira de rodas, e não tinha mais familiares. A salvação deles foi Sue Clearwater, que foi levar alguma comida e viu a necessidade de ajuda. Ela se juntou com Sam Uley e juntos criaram uma rede imensa com as pessoas da tribo para ajudar os Black.

Eles me inspiraram a fazer o trabalho que ficou em segundo lugar no congresso que fui em Baltimore.

E Dr. Cullen me inspirou a fazer medicina e cirurgia.

Escolher a NYU não foi um processo tão trabalhoso quanto ir para Forks; era um excelente curso e que não cobrava nada por ele – o que estava dentro do meu orçamento. Charlie e Renée me ajudavam com alguns custos, já que a cidade era extremamente cara.

A mudança em si ficou mais fácil porque Jacob estava indo comigo. Eu não sabia na época, mas seu único motivador, na verdade, era eu. Como excelente mecânico, ele não teve dificuldade de achar emprego, e ainda conseguiu fazer um curso técnico para aperfeiçoar suas habilidades.

Eu não fiquei exatamente surpresa quando começamos a namorar; ninguém ficou na verdade. Minhas amigas da faculdade, Jessica e Angela, achavam que já namorávamos desde Forks – o que justificaria ele ter ido para Nova Iorque também.

Ficamos juntos por alguns anos, até nos separarmos sem mágoas, apesar de Jake não ter exatamente concordado com o fim. Permanecemos amigos; não como éramos, antes, é claro. Ainda mais depois de…

"Bom dia," James disse enquanto me abraçou e beijou meu pescoço. Não consegui conter um sorriso enquanto ele se deitava ao meu lado já vestido e me lembrava da programação do dia, "pronta para a mudança?"

Eu e James começamos a namorar havia um ano. Ele estava terminando a residência de medicina intensiva na NYU quando eu passei pela UTI ainda como interna. Ele esperou exatamente três segundos até eu terminar o rodízio antes de me chamar para sair, e eu não tinha nenhum motivo do mundo para dizer não.

"Bom dia," respondi, me ajeitando em seu abraço, "quase pronta. Só preciso reunir os eletrônicos."

"Certo. Vamos tomar café no caminho? Conheço uma excelente lanchonete saindo de Nova Iorque…" a proposta era muito boa para recusar mesmo que eu quisesse. Até porque o apartamento dele já estava vazio, pronto para ser entregue.

Ele levantou da cama e me puxou junto com um beijo que terminou num sorriso. James estava extasiado com a nossa mudança – ao contrário de Charlie. Meu pai não tinha gostado da ideia de morar com James depois de tão pouco tempo de namoro, mas fazia sentido financeiro e dessa forma eu conseguia me sustentar sozinha. Para Charlie, além de ele achar que eu deveria me casar primeiro, a ideia de morar com alguém apenas por ser financeiramente vantajoso não era suficiente.

Na realidade, Charlie não tinha muita certeza se gostava de James. Eles só se viram uma vez, e nenhum tópico em comum surgiu durante as três horas que passamos juntos no brunch.

Isso não tinha incomodado muito James, mas não era o que eu queria que tivesse ocorrido nesse encontro. Charlie tinha se acostumado a me ver com Jacob, que ele conhecia e aprovava, e eu me acostumei com esse cenário positivo.

Não demorei muito para me arrumar, já que tinha deixado tudo separado na noite anterior. Enquanto eu tomava banho e me vestia, James guardou a roupa de cama que tínhamos usado naquela noite junto com nossos pijamas.

Assim que decidimos que iríamos para Baltimore, combinamos que iríamos no carro dele e mandaríamos meu carro por um caminhão-cegonha. De início, James não entendia o motivo de eu querer levar meu Chevy, já que moraríamos juntos e muito perto do hospital, mas eu insisti e ele cedeu ao se lembrar dos meus horários.

De início eu queria levar meu carro dirigindo também, mas ele me lembrou rapidamente do que tinha acontecido a última vez que forcei essa mesma viagem com o Chevy.

Além do mais, o custo do combustível seria pouco menor do que o caminhão-cegonha.

James pegou as duas sacolas que ainda não estavam no carro e me ofereceu a mão dele. Deixamos a chave do apartamento na portaria, onde o dono a recolheria mais tarde, e seguimos até o carro para pegar estrada.

Como prometido, a lanchonete realmente era maravilhosa.

"Conheci há uns dois anos quando errei um caminho," James me contou com um sorriso, "eu nem lembro pra onde estava indo, pra ser honesto. Agora qualquer desculpa que eu tenho, eu uso pra vir aqui."

James era uma pessoa naturalmente sorridente, bem mais do que eu, inclusive. Angela brincava que nos completávamos, Jacob dizia que éramos muito diferentes. Talvez a realidade fosse algo entre os dois.

O caminho até Baltimore foi no silêncio confortável com o qual nos habituamos. Ocasionalmente comentávamos sobre algo na estrada ou coisas que precisávamos lembrar de comprar para o apartamento novo. Tínhamos feito uma lista assim que fechamos o contrato duas semanas antes.

James, trabalhando apenas na UTI e ganhando o salário de um intensivista de fato e não mais residente, conseguiu garantir as garantias mínimas do aluguel que eu definitivamente não conseguiria.

O GPS do carro de James indicou o momento exato que entramos em Baltimore, e ele abriu um sorriso de imediato, pegando a minha mão e apertando de leve.

Não que eu não estivesse animada para a mudança, eu só não demonstrava tanto quanto James.

"Vamos ter que comprar um suporte de celular pro seu carro," ele comentou enquanto seguia as direções ditadas pelo áudio.

"Já está na lista. Mas honestamente, o hospital é tão perto, eu espero que não consiga me perder," repliquei. Pensei por alguns segundos e suspirei, "a chance ainda assim é alta."

A risada de James encheu o carro enquanto entrávamos na nossa nova rua. O hospital ficava a cinco quarteirões de distância, mas na direção oposta da que viemos.

"Lar doce lar," James disse enquanto abria a porta do novo apartamento. Ele depositou as malas que tinha trazido na primeira leva no chão e me puxou para um beijo. O apartamento tinha dois quartos, e não era tão grande – mas a ausência completa de mobília tornava o espaço vazio maior.

"Ainda falta um pouco para ser um lar de verdade," brinquei, "principalmente móveis."

"Não seja por isso," ele respondeu, "vou trazer o resto das sacolas e vamos transformar esse apartamento em nossa casa."

Passamos o dia inteiro nas lojas que tinham nos recomendado. De algum jeito, James conseguiu que entregassem a cama box no mesmo dia. Isso nos pouparia de dormir essa noite no colchão inflável que trouxemos de Nova York. Nós resolvemos experimentar os restaurantes locais para já ter uma avaliação quando não tivéssemos tanto tempo de conhecer novos lugares.

Escolhemos uma pizzaria logo de cara – a comida favorita de James. Comemos enquanto checávamos nossa lista de pendências para o apartamento.

Quando nos deitamos na cama nova e James me puxou para seu lado, ele soltou um longo suspiro satisfeito.

"Tudo bem?"

Ele sorriu para minha pergunta.

"Tudo ótimo."

*.*.*

"Eu nem acredito que todas conseguimos passar no mesmo hospital!"

Jessica estava quase vibrando de emoção enquanto brindávamos juntas num bar próximo de casa.

"Vocês se lembram quando eu e Angie achávamos que queríamos cirurgia?" Jess continuou, enquanto as duas riam.

"Você quer dizer quando viemos ao congresso nesse mesmo hospital e conversamos com os residentes que nos fizeram desistir?" Angie perguntou, sorrindo.

"Aquele que Jessie boicotou minha apresentação?" Provoquei, brincando. Jessica revirou os olhos.

"Você mesma disse que não fez diferença no final, Bella," ela lembrou, olhando ao redor. Tínhamos combinado de sairmos para almoçar na véspera do nosso primeiro dia no Hopkins. James já tinha começado a trabalhar no dia anterior, e ele tinha quatro plantões regulares na semana durante o dia, além de cobrir a escala quando algum colega precisava.

"Não fez," admiti, "mas sua intenção também não foi exatamente cumprida."

Jessica suspirou.

"Pelo menos posso dizer que tentei."

Nós rimos da tentativa de Jess de conquistar um único cara e ele mal ter ficado na festa. Jessica tinha decidido fazer clínica médica – ela gostava de alguns procedimentos, contudo não queria ficar tanto tempo em pé no centro cirúrgico. Já Angela foi mais surpreendente; ela continuava firme e forte na decisão de fazer cirurgia, até passar pelo estágio da psiquiatria. Se apaixonou de imediato e mudou a escolha faltando uma semana para a prova.

De início, eu tinha ficado um pouco triste por perder minhas companheiras, mas ver quão felizes elas estavam com suas escolhas me satisfez; e quando soubemos que iríamos para o mesmo hospital, ficou ainda melhor.

"Vocês conseguiram achar algum lugar perto para morar?" Perguntei. Elas estavam dividindo um airbnb enquanto não davam sorte com aluguel.

"Na verdade, eu visitei um apartamento hoje," Angela me disse, timidamente, "é muito bom, e próximo, mas só tem um quarto."

"Nós decidimos não dividir um apê," Jessica anunciou, "considerando o quanto Ben virá visitar Angie. Eu honestamente não quero me meter nisso."

Eu e Jess rimos enquanto Angie corava; ela e Ben namoravam há um bom tempo, mas ele não podia se mudar no momento por causa do emprego dele.

"E como está o seu apartamento, Bella?" Angie desviou o foco.

"Está ótimo," respondi com um sorriso, "começamos a comprar decoração, agora que o básico já foi coberto. Bem, quase tudo. Ainda falta a televisão da sala, mas eu definitivamente não sentirei falta."

"Mas a máquina de café está lá já?" Jessica questionou.

"Primeiro eletrodoméstico que compramos," assenti. Se para o estudante o café já era importante, pro residente é essencial para a sobrevivência.

"E como está sendo morar com James?" Jessica sempre foi muito entusiasta do meu relacionamento com James.

"Até agora, ótimo. Ele já começou no Hopkins, então passamos mais as noites juntos," expliquei.

"Isso aí, safada," Jess brincou, e foi a minha vez de corar.

"É definitivamente diferente. Eu estou acostumada a morar sozinha."

"Morar com James deve ser diferente de morar com Charlie," Angie concordou. Ela, por sua vez, tinha suas reservas. Ela concordava em parte com meu pai sobre estarmos fazendo tudo muito rápido, mas depois de me falar isso assim que contei que iríamos nos mudar, nunca mais mencionou e deu todo o apoio que podia. Angie era minha melhor amiga de fato.

"Morar com Charlie era quase como morar sozinha. Nós dois somos mais calados," comentei, me lembrando dos meus anos em Forks com meu pai. Nos víamos no jantar e em alguns finais de semana. Eu não achava ruim; ele, tampouco. Nossas personalidades solitárias encaixaram perfeitamente.

Mostrei algumas fotos do apartamento novo para elas, indicando os locais em que James queria colocar peças decorativas. Angie depois mostrou fotos do apartamento, e eu e Jess a incentivamos a fechar logo o contrato.

Também era fácil estar com Jessica e Angela, confortável. Apesar de estarmos no mesmo hospital, definitivamente não seria a mesma coisa da faculdade. Eu nunca tive medo de coisas novas, mas ter uma segurança fazia bem também.

Me despedi das duas quando James mandou mensagem dizendo que estava começando a passar o plantão. Eu tinha deixado uma lasanha pré-aquecida – a receita da vovó Swan. Consegui chegar antes de James em casa e colocar a lasanha no forno enquanto tomava banho.

"Oi!" Ele cumprimentou, entrando no quarto, "parei para comprar um sorvete," James explicou.

"Ótimo! A lasanha está no forno!"

"Eu desliguei," ele disse. Pela acústica, deu para perceber que ele tinha entrado no banheiro. Limpei a condensação do vidro do box; James estava só de cueca, encostado na piada e me observando, "eu ouvi a água da porta de entrada, e estava me perguntando se cabem dois no chuveiro…"

Eu sorri e corei enquanto ele terminava de se despir e entrava no box, deixando a lasanha para mais tarde.

*.*.*

Dessa vez, eu não estava atrasada no Hopkins. Ajudada por um carro que funcionava bem e um trânsito mais aceitável que o de Nova York, cheguei com meia hora de antecedência no hospital. James não trabalhava hoje, então deixei ele dormindo em casa.

Era engraçado estar aqui e lembrar do prêmio que eu não ganhara todos aqueles anos atrás, mas que foi mais do que suficiente para me colocar dentro do melhor programa de cirurgia dos Estados Unidos – e ainda abrir uma linha de pesquisa continuada.

Fui a primeira a chegar na sala em que estava programada para acontecer a recepção aos novos residentes. Mais uma garota chegou, além de quatro garotos. Pelo que eles falaram, os cinco eram do Hopkins, e já se conheciam. Um dos meninos me chamou para que eu conversasse com eles e não me sentisse isolada. Ainda como consequência da recente pandemia do COVID, estávamos todos com máscaras – era obrigatório o uso no hospital, mas em salas para reuniões e longe dos pacientes, todos tiravam ou abaixavam o item.

Um deles lembrava do meu trabalho e comentou a respeito. Ficamos conversando sobre expectativas para os próximos anos até que um "bom dia" nos chamou a atenção.

Eu já tinha ouvido dizer que Dr. Carlisle Cullen era muito bonito, mas eu não tinha conseguido averiguar no congresso há alguns anos.

Agora eu conseguia, mas não foi isso que fez meu queixo cair levemente, mesmo que não conseguisse ver seu rosto completamente.

Era uma beleza que eu conhecia com certa familiaridade, o que me fez engolir em seco por alguns segundos – o real motivo do meu choque. Todos levantamos nossas máscaras, seguindo o exemplo do nosso chefe.

"É um prazer receber vocês aqui," ele disse, as rugas de seus olhos demonstrando seu sorriso, "começando essa fase importante da vida de vocês. Cada um mereceu estar aqui, na melhor residência de cirurgia dos Estados Unidos, e tenho certeza que vamos nos dar muito bem."

Dr. Carlisle tinha uma expressão no olhar que transmitia confiança e tranquilidade, duas qualidades que eram importantes para um cirurgião. Sua voz era calma e suave – não tão aveludada quanto outra voz que eu conhecia tão bem.

Olhando o chefe de cirurgia do novo hospital, eu não tinha como ignorar a pequena fisgada que as vezes me atingia quando eu lembrava da véspera da minha apresentação no congresso anos atrás e com quem eu tinha passado essa noite.

Balancei a cabeça para ver Dr. Carlisle se apresentando e pedindo que os novos residentes se apresentassem também. Eu fiquei por último, e quando disse meu nome, ele franziu o cenho.

"Eu sei que você não é daqui, mas seu nome não me é estranho. De onde eu lhe conheço?"

Eu sorri e estava prestes a explicar de onde, quando uma outra voz me interrompeu.

Essa voz me faria parar sempre.

"Ela que deveria ter ficado com o prêmio que ganhei anos atrás."

Quando eu olhei Edward nos olhos, minha mente esvaziou e apenas imagens da nossa noite ficaram.

Eu me esqueci de onde estava, do que estava fazendo, que tinha me mudado, que a pessoa que me inspirou no meu caminho estava a alguns metros de distância, que meu namorado estava em casa me esperando para saber como fora meu primeiro dia.

Eu só conseguia pensar naquelas horas há tanto tempo atrás.

"Ah, e esse é meu filho, Edward Cullen, que fez faculdade em Harvard mas decidiu fazer a residência aqui. Não se preocupem, não haverá nenhum tratamento especial. Sejam todos bem vindos e desejo uma excelente residência!"