Umbral do Inferno


V – No menear do amor


A viagem que ligava os paises de Sanc e L1 sempre fora para Heero bem desagradável e cansativa. Mas estranhamente era a primeira vez que sentia como aquela paisagem que cercava os dois paises era bonita. Talvez fosse apenas por causa da companhia que tinha dessa vez, havia dado uma baita ajuda ao escravo que agora se encontrava completamente adormecido.

Em certo momento que o rapaz já estava adormecido Heero parou um tempo olhando compenetrado para o rosto dele, estava bem machucado e abatido, havia manchas rochas e rastros de sangue seco, os cabelos em estremo desalinho caiam-lhe pelo rosto, precisava de alguns cuidados e um banho, mas havia alguma coisa nele que chamava sua atenção.

Ele era um garoto bonito, mas estando encoberto de tanto desalinho não parecia tanto, mas o que Heero Yui viu em Duo naquele momento foi bem além de alguma coisa externa, ele havia apenas simpatizado com a presença do outro. Heero Yui estava se sentindo bem estando do lado daquele garoto, mesmo ele estando adormecido.

Daí em diante reparou todos os detalhes daquele rosto, daqueles cabelos, também não tirava da mente o corpo, que embora ferido era estremo em elegância, e que agora estava coberto pela casaca de Yui.

Quando chegaram ao destino, em L1, Heero não quis acordar o menino, e nem conseguiria, afinal ele estava praticamente desmaiado de tanto sono. O peso dele era leve demais nos braços de Yui e também aquele corpo era macio e morno.

Tocar alguém e sentir as sensações que Heero estava sentindo agora era uma bela novidade para o líder de L1, Heero nunca soubera que podia se aproximar tanto de alguém e deixar que essa pessoa lhe passasse um estranho calor confortável, nunca havia deixado ninguém se aproximar de si dessa forma.

"O que estou sentindo agora?" – Heero se perguntou quando colocou Duo em sua própria cama. Ele havia contrariado a todos os serviçais que viviam na sua mansão quando decidiu levar o rapaz para seu quarto, mais necessariamente para sua cama, e ele nunca tinha esse tipo de atitude humana com ninguém, mas desde que havia encontrado o rapaz fugitivo alguma coisa havia mudado.

Yui se encarregou pessoalmente dos primeiros socorros, ficando muito impressionado com a profundidade dos muitos cortes que Duo tinha nas costas, e tratou de vesti-lo e cobri-lo muito bem, afinal o pobre rapaz tinha febre.

Heero sentou-se na cama ao lado do rapaz adormecido e o olhou, estava mesmo preocupado com ele, parecia tão jovem e frágil.


Ainda no reino de Relena.

A noite passou e Duo, o escravo fugitivo, não foi encontrado por parte alguma. Zechs havia definitivamente acabado com a festa de sua irmã, mas nem sinal de Duo.

O Sol nasceu nas terras de Relena trazendo ao castelo um dia para contabilizar os prejuízos que vinham dos negócios que nem Relena nem Treize tiveram a oportunidade de fechar.

"Não fechamos o negócio com aqueles investidores e sabe onde eles vão buscar apoio agora?" – Relena socou sua mesa com raiva, ela olhou com seus olhos azuis fulminantes para Treize.

"Sei bem... L1." – ele falou olhando para fora da janela. "Perdemos muito nessa noite." –completou.

"Culpa sua!" – ela acusou. "Culpa sua e de sua incompetência como homem." – a rainha gritou.

"Minha culpa?" – Treize a olhou com raiva não era um homem de se deixar criticar.

"Se acaso esse gênio dele fosse controlado... se você fosse homem para controlar meu irmão ele não viraria a cabeça por causa de um vadio qualquer!" – Relena gritou.

"Não vou admitir que duvide das minhas capacidades." – o homem falou ficando calmo. "Mas... confesso que Zechs está mesmo passando dos limites." – ponderou.

"Faça alguma coisa! O convença do casamento e levou-o daqui! Talvez ele se sinta mais ocupado se tiver os seus domínios para brincar de soldadinho rebelde, quem sabe não esqueça esse novo vadio e comece a dedicar mais tempo a você?" – A rainha falou segurando têmpera.


Ainda no Castelo Zechs havia desistido das buscas.

Ele era bem esperto para saber que Duo não estava por ali, tinha tido alguma ajuda para fugir, só podia ter sido ajudado por algum maldito serviçal. Agora o nobre loiro se encontrava em seus aposentos, largado na cama, pensava em Duo. Era tão estranho. Nunca havia possuído o corpo daquele garoto, mas se encontrava agora perdidamente infeliz por estar sem ele. Era como se tivesse perdido algum parente íntimo.

"Zechs! Acho que precisamos conversar." – Treize que terminara sua conversa com a rainha Relena acabara de entrar no quarto do noivo.

"Não enche, Treize." – Zechs queria fugir dali. Não era mentira que perder Duo o havia ferido profundamente. Ele queria apenas ficar sozinho pensando em como seu belíssimo escravo estava. Se aqueles ferimentos em seu corpo estavam custando muito, se estava ainda vivo, se agora estava em alguma cama quentinha e confortável? Essas eram alguma das muitas dúvidas que não saíam de sua cabeça em relação a Duo.

"Chega! Você é meu noivo e como tal deve me respeitar! Acho que já te dei muita liberdade." – Treize falava ignorando completamente a expressão de indignação de seu noivo.

"Você não manda em mim! Eu faço da minha vida o que achar melhor!" – Zechs o olhou com certa mágoa.

"Dane-se! Eu não dou a mínima para sua liberdade! Você já tem 26 anos! Está na hora de casar e ter um homem de verdade!" – Treize o combateu.

"Você não se importa comigo! Não me ama... apenas seria perfeito para seus negócios se casar com o irmão da grande Relena." – Zechs falou magoado.

Ele não podia negar que sempre, desde quando Treize passou a freqüentar sua casa por causa dos negócios com Relena havia sido atraído pela personalidade forte do conde. Era fato que Zechs se apaixonara pelo noivo tempos atrás, mas a convivência fez o loiro perceber que seu noivo era um homem movido apenas pela ganância, por algum tempo havia alimentado a esperança vazia de fazê-lo mudar, mas Treize não havia mudado.

"Zechs. Novamente essa conversa?" – Treize se aproximou com uma expressão de impaciência, eles já haviam conversado bastante sobre isso.

"De novo, e de novo, e de novo." – Zechs o olhou. "Eu... queria casar por amor. Eu estava apaixonado por você. Mas não sei o que houve entre agente. Você apenas se interessava pelos negócios, por lucro." – Zechs suspirou. Aquela conversa não levaria a lugar algum, ele há muito tempo já havia desistido do amor que um dia sentiu, e agora vivia se dedicando a seus escravos. Ali com os presos sob seu julgo, ele descontava toda a frustração que carregava.

"E você parece se interessar apenas por menininhos escravizados. Acaso acha que não percebo sua profunda estima por esse novo vadio?" – Treize agora estava bem próximo de seu noivo.

"Transar com ele deve ser mais humano que transar com você." – O loiro falou abafado em tom cínico.

"Seu... seu..." – Treize costumava ser bem enfático e até radical quando se tratava de sua moral. Ele desferiu um forte tapa contra o rosto do noivo o jogando de volta na cama com o golpe estralado.

"Merda! Treize! Você pode me bater como quiser, eu não me importo!" – O loiro gritou tendo o rosto escondido pelos cabelos.

"É isso que você quer?" – Treize o puxou pelos lindos cabelos. "Quer que eu te bata? É por isso que me provoca com esse monte de escravos?" – O conde estava ficando enfurecido. Talvez as palavras de Relena, junto com o ciúme natural que sentia e a perda dos negócios tivesse provocado em si essa reação.

"Me deixa! Ahhh... aiii!" – Zechs se viu nas mãos fortes do noivo.

"Mas... eu não vou te espancar... Zechs... eu quero bem mais de você." – Ele falava a verdade. Era perdidamente apaixonado pelo noivo tão belo que tinha, adorava transar com ele a noite toda e adormecer junto à chegada dos primeiros raios de Sol tendo o corpo aquecido pelo corpo do loiro. "Eu te amo... você sabe disso." – Treize capturou os lábios entreabertos de seu noivo para um beijo, os lábios ávidos se tocando enquanto as línguas provavam seus gostos.

Zechs acabou relaxando naqueles braços. Ele quando notou que nem mesmo todo seu amor por Treize podia tornar o conde um homem melhor havia se deixado desistir de lutar pelo noivo e acabara buscando em outros a satisfação que o noivo não lhe dava por completo. Mas parecia que agora com Duo havia encontrado alguém diferente, ele sabia que estava completamente ligado a Duo, apenas não sabia como. Não o amava como amava seu noivo, embora tivesse algum tipo de sentimento forte que os ligava.

"Zechs. Você está apaixonado por esse vadio?" – Treize perguntou bem baixo depois do beijo. Queria que a resposta fosse negativa, pois não suportaria que seu noivo se confessasse apaixonado por outro homem e se acaso se desse isso ele teria que matar Duo.

"Treize... eu apenas sinto algo diferente por esse vadio." – Zechs falou sincero olhando os olhos de seu noivo. "Não é amor... como o de um homem por outro." – Ele confessou.

"Seria obrigado a matá-lo se sua resposta fosse outra." – Treize falou frio.

"Treize. Apenas uma vez seria capaz de deixar de matar alguém?" – Zechs perguntou entristecido.

"Seria sim..." – O Conde fez uma pausa. "Apenas por você eu faria isso." – Ele o abraçou.

"Então se torne um homem melhor! Abdique dessa louca sociedade com minha irmã." – Zechs pediu.

"Zechs... eu... posso tudo por você." – Treize o trouxe para seus braços. "Casa-se comigo." – Ele pediu mais uma vez, apertando seu noivo a seu corpo como se aquele lugar entre seus braços e peito fosse feito para aninhar seu belo loiro.

O pedido mais uma vez foi sem resposta.


Nas dependências dos serviçais algumas conspirações continuavam.

"Droga de festa fajuta! Quando eu ia comer alguma coisa aquele loiro de merda deu a louca." – Wufei sentou na cama bufando. "Estava de olhos nuns canapés... e ele acabou com tudo." – Falou chateado.

"Não seja guloso... pior fui eu... discuti com o soldadinho de novo." – Quatre falou enquanto arrumava umas velhas roupas nuns baús.

"Hum... você tem que parar com isso. Parece que está se divertindo as custas do soldado." – Wufei ponderou.

"E se estiver?" – O loirinho falou cínico com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

"Quatre! O cara é enfezado. Qualquer hora dessa ele perde a cabeça com você. Depois não reclama se ele te levar para alguma moita e conseguir o que quer." – Wufei deu de ombros.

"Você acha que ele pode chegar a tanto?" – Quatre não sabia se isso lhe assustava de verdade. Afinal estava desejando ir para cama com aquele rapaz.

"Bom... se for isso que você está querendo..." – Ele falou levantando as mãos em forma de rendição. "Eu vou ver se tem alguma sobra de canapés na cozinha." – O bobo da corte saiu deixando um loiro confuso.

Wufei suspirou enquanto caminhava pelos corredores. Conhecia o loirinho há bastante tempo. A família dele era de uma região aonde se chamavam às pessoas de árabes e tinha estranhas crenças, mas o fato era que toda sua enorme família havia sido morta pelos homens de Relena de forma bastante cruel e o loiro como único sobrevivente foi trazido para o castelo. Wufei sabia que os Winner tinha um distante parentesco com os Peacecraft e que fora Zechs quem trouxera o primo de segundo grau para viver no castelo, mas Relena nunca desconfiou que Quatre era seu parente, único sobrevivente daquele genocídio, a rainha tão pouco sabia que Quatre existia, afinal eram muitos os seus serviçais.

Wufei vinha pensando em Quatre quando virou uma esquina não conseguindo desviar de um encontrão com uma moça. Parecia que naqueles corredores as pessoas andavam ou muito apressadas ou muito desatentas.

"Acaso é cego ou mesmo um bruto?" – A mulher o desafiou.

"Eu? Você que é uma desajeitada e desatenta." – Wufei falou em resposta.

"Eu só não parto para agressão com você... porque..." – A moça era Sally Pô, a mesma que havia ajudado Duo na fuga, ela o olhou com cuidado.

"Porque...?" – Wufei levantou uma sobrancelha.

"Uma dama... sou uma dama." – Ela falou ríspida.

"Sei... dama de honra de uma nobre." – Wufei sorriu.

"Seu grosseirão!" – Sally deu às costas furiosa.

"Ahhh... espere senhorita dama! Ahh... mas uma dama fina não anda arrastando as saias de forma tão desleixada e nem tem palavreado tão chulo." – Ele a seguiu sorrindo.

"Ahhh... de repente eu não seja uma dama!" – A moça parou bruscamente se voltando contra o rapaz fazendo seus rostos ficarem bem próximos.

Wufei viu quando a face delicada daquela moça se aproximando da sua e como seus hormônios vinham a mil. Ele logo sentiu uma já conhecida sensação lhe queimar o baixo ventre. Ele logo se imaginou tocando o corpo da moça, apenas queria tocá-la.

"Ela foi por ali!" – Vozes de homem soaram nos corredores. Eles estavam atrás de Sally. Infelizmente para a moça havia, na outra noite, visto alguém com as mesmas descrições dela com o escravo nu, antes que este sumisse de vez, e algo que Zechs queria muito era encontrar o escravo.

"Eu tenho que ir! Mas... espero te ver novamente." – Ela abriu um grande sorriso antes de sumir por aqueles corredores frios.

Wufei ficou a olhando partir, sumir.

Sally correu tentando chegar a uma de suas conhecidas passagens no palácio, mas não conseguiu, logo ao virar a esquina foi surpreendia por três soldados.

Aquela mulher era apenas mais uma anônima na luta contra o poder desumano daquela família de soberanos e já estava há muito tempo naquela luta para desistir tão facilmente. Decidida a lutar ela golpeou o primeiro com um rápido jogo de pernas, mas o outro era bem mais ágil e forte.

Com um soco muito forte na barriga e outro no rosto ela desmaiou. Agora seu destino estava nas mãos de Zechs e só Deus sabia o que ele faria com alguém que tivesse se metido em seu caminho.


Enquanto isso em L1 Heero se impedia de fazer qualquer outra coisa. Era bem estranho, mas ele não estava conseguindo voltar a seus afazeres em suas bases, nem conseguia volta a sua mesa e estudar propostas de novos negócios, ele apenas estava ali sentado em seu quarto enquanto olhava o escravo dormir como um lindo bebê em sua cama. Os cabelos praticamente soltos da trança estavam escondendo o rosto sereno, e o pequenino corpo estava coberto por pesadas cobertas.

"Senhor Yui! Eu sei que esse menino deve ser importante ao senhor, mas eles vão precisar de sua presença com os negociantes do leste." – Um dos empregados acabava de entrar no quarto. Heero era um homem bem fechado e negava seus sentimentos para com os outros, mas não era desumano nem fazia distinção de pessoas, ao contrário, todas as pessoas que trabalhavam em sua casa eram como aliados naquela luta.

"Hum?" – Heero se voltou para o homem.

"O senhor tem uma reunião com alguns negociantes, meu rapaz." – O serviçal falou sorrindo. Estava com Heero já há algum tempo e sabia que o garoto só podia ter se encantado pelo novo hóspede, afinal Heero estava ali dentro daquele quarto desde que trouxera o adormecido menino.

"Mas... ele..." – Heero olhou para Duo meio receoso de deixá-lo sozinho.

"Sem problemas! Eu cuido dele." – O rapaz falou se aproximando de Duo. "Afinal... ele ainda está queimando de febre, não acordará tão cedo." – Com um belo sorriso o serviçal acalmou o jovem chefe.

Todos na fortaleza de Yui já sabiam que na noite da festa no país dos Peacecraft Heero havia voltado com um belíssimo espécime de garoto, a notícia havia se espalhado pelos corredores da mansão de Yui.

"Certo! Mas é bom que cuide bem dele." – Yui falou olhando com algum tipo de ciúmes vendo o serviçal tomar a temperatura de Duo com uma mão em sua testa. "Depois da reunião vou até a o laboratório de J e ver se ele tem algo para os machucados dele." – Heero informou indicando que dentre em breve voltaria a sua vigília.

Ao longo do tempo que ficou na reunião Heero se esforçou para não ficar pensando muito no rapaz que estava dormindo em sua cama, mas falhou miseravelmente, a verdade era que Duo não lhe saía da cabeça.

Logo aquela maçante reunião estava acabada, e Heero foi ao laboratório da qual falou, verificar se encontraria algum remédio para a febre que consumia aquele menino.

O que Yui não sabia era que não havia deixado Duo em boas mãos. Richard era o nome do serviçal que se prontificara a cuidar do garoto febril, mas ele tinha outras intenções.

Ele era ainda um homem jovem, talvez contabilizasse uns trinta anos de idade, tinha a pele morena amulatada, e até onde Heero soubesse era um bom serviçal.

Mas bastou ficar sozinho no quarto para sua mão começar a passear por partes daquele corpo de uma forma mais maliciosa.

As coisas iam evoluindo bem e Richard já estava bem excitado com os toques que fazia no corpo de Duo agora novamente nu. O serviçal o havia despido lentamente ignorando os espasmos que a febre provocava no menino, Duo suava bastante e tremia, ainda delirava coisa sem nexo, mas o homem em nada se comovia. Agora estava debruçado sobre o corpo nu de Duo chupando feito um ensandecido os mamilos rosados, que agora passavam para uma coloração vermelha irritadiça, os dentes estavam quase causando um ferimento ali e ele não parava. Sua mão apertava e esfregava o pênis de Duo que também ficava irritadiço, era triste ver que o pobre escravo estava sendo vítima de mais uma violência.

"Como ele é gostoso." – Richard falava baixo. "Vou te comer todinho... vou te fazer minha mulherzinha..." – Insano ele cantarolava ao ouvido de Duo.

Com os dedos molhados de saliva foi entrando no ânus fechado de Duo sentindo a intensa resistência que os músculos do anel róseo mantinham.

Heero finalmente chegara em casa, J o havia retido muito tempo em seu laboratório, talvez estivesse atrasado uma hora, ou mais.

Mas agora em casa correu para o quarto na esperança de encontrar seu doce e novo "mascotinho" dormindo em paz, mas ao abrir a porta a imagem que Yui viu foi Richard nu lambendo feito um louco o ânus de um Duo febril e delirante deitado de bruços de pernas abertas.

Heero gelou, a sensação de inoperação foi a primeira que sentiu, em seguida um ódio foi tomando seu corpo aos poucos, até que se moveu feito uma bala na direção do maldito tarado.

"Seu filho da mãe, desgraçado." – Heero o puxou de cima de Duo com uma salva de socos.

"Perdão! Meu senhor! É que ele era gostoso demais..." – Richard tentava explicar os motivos que o levaram a ser um perfeito canalha. Mas isso só provocava mais a fúria de Yui. Era revoltante que aquele maníaco estivesse se aproveitando de um menino febril.

"Era para isso que você queria que eu o deixasse?" – Heero estava enfurecido. Por meio da força ele arrastou o homem até o corredor o jogando da escada.

Richard rolou violentamente pelos degraus até cair mole no chão. Logo havia muitos outros serviçais ao redor do rapaz desacordado que estava no chão da sala. Os olhares voaram para Heero que mantinha uma expressão mortífera nos olhos azuis.

"Levem esse infeliz." – Heero rosnou sumindo das vistas curiosas. Entrou no quarto olhando penosamente para o corpo de Duo tão desprotegido. Tão indefeso, tão maltratado.

Heero suspirou o tomando nos braços com cuidado, o arrumando na cama sobre os lençóis amarrotados. O corpo estava bem quente por causa da febre.

Heero não sentiu nenhum desejo louco de beijar aquele corpo naquele momento, afinal Duo estava muito doente e machucado, ele inspirava apenas a vontade de acariciar, e cuidar, de proteger. "Vou cuidar de você!" – Yui o abraçou com proteção.


No palácio dos Peacecraft as coisas não iam bem para Sally ela havia sido capturada como uma suspeita de ajudar o escravo fugitivo.

Zechs entrou no quarto de tortura onde a moça estava sendo obrigada a falar o que sabia, porém isso implicava em falar sobre sua vida como espiã infiltrada e dizer quem levou Duo tinha sido ninguém menos que Heero Yui e isso poria em risco o plano.

"Então você foi vista com o meu escravo antes de ele tomar um chá de sumiço?" – Zechs sorriu ao se aproximar de Sally. Ela nada falou. "Eu... entendo... mas eu quero te ver tagarelando feito louca!" – O loiro sorriu com maldade.

A primeira coisa seria uma surra bem dada de chicote, o próprio Zechs escolheu entre tantos outros um tipo de couro maciço, com várias tiras.

"Tirem a roupa dessa vagabunda!" – Ele falou frio.

Logo Sally estava completamente nua sob os olhos de tantos homens, porém nenhum ousava lhe tocar de forma vulgar, afinal Zechs não estava ali para aquilo e sim para obrigar aquela mulher a falar. Ele se afastou do corpo da serviçal, que estava nua amarrada ao teto pelos pulsos por correntes e se equilibrava na ponta dos pés ao chão, medindo uma boa distância ele deu a primeira investida atingindo as costas da mulher que reagiu com um forte grito de dor, mas uma chibatada nas nádegas, a fez gritar novamente, um grito profundo externando toda a dor e humilhação que havia naquilo. Assim seguiu a noite com Zechs golpeando impiedosamente a moça, marcando aquela pele branca de tons vermelhos e inchados, as costas ficavam cada vez mais listradas, as nádegas e pernas, todo seu copo era açoitado de forma cruel sob a orquestra de seus gritos desesperados.

Zechs queria muito saber onde estava Duo, seu desespero aumentava ao passo que torturava a moça e nenhuma resposta lhe era entregue. O loiro para variar não havia se entendido com seu noivo, quem sabe se tivesse conseguido, Duo ficaria em segundo plano, mas Treize não facilitava as coisas e sempre acabavam com um pedido de casamento negado e Zechs furioso espancando alguém, nesse caso, Sally.

"Ahhh!" – Pô já sentia todo o couro de suas costas e nádegas latejar em dor funda, era como se sua pele tivesse cedido em vários pontos naquela chuva dolorosa de golpes. Quando finalmente seu algoz pareceu cansar ela deixou a cabeça pender derrotada, chorava muito em um tolo desespero, mas ainda não havia pronunciando nenhuma palavra, porém sabia que aquele sádico não ia desistir e era melhor que inventasse alguma coisa, ou seria morta.

"Então? Onde levou meu escravo? Por que o ajudou?" – Zechs falava desde que começara a tortura, mas Sally nada falava.

"Não sei de nada... eu apenas trabalho no palácio! Eu nem sei quem é o seu escravo!" – Ela chorava.

"Mentirosa!" – Zechs gritou chibatando as costas delas arrancando sangue. "Você vai falar." – Ele falou calmo alterando para uma voz fria. "Tragam os ganchos. Vamos ver se essas tetas têm a carne firme!" – Ele sorriu.

Zechs podia ser mais complacente, porém se mostrava um completo doente quando se tratava de torturas, seus olhos pareciam ganhar algum brilho especial quando fazia essas maldades. Sally foi pendurada pelos seios por ganchos que os atravessavam de um lado ao outro.

"Já se lembrou?" – Zechs queria saber.

"Ahhhhhhhhhhhh!" – Foi a resposta dela sentindo as carnes dos seios cedendo. Tinha que pensar em algo.

Quanto tempo a moça suportaria sem por tudo a perder? Não sabia a própria, nesse momento a dor e angústia eram únicas em seu corpo, ela já não raciocinava mais.

"Eu o ajudei... ele foi embora!" – Finalmente ela confessou.

"Hum... para onde foi!" – Zechs perguntou a queimando com ferro em brasa nas nádegas e genitais.

"Ohhh... Deus! Não sei... ele entrou num carro desconhecido... não sei quem era." – Mentiu. "Isso é tudo." – Chorava.

"Bem... sendo assim! Eu quero que descubram que carros eram suspeitos e quais deixaram de ser revistados na noite de ontem..." – Zechs ordenou a seus subordinados. "Enquanto a você... eu acho que vai ficar acorrentada até a noite, depois penso em uma forma dolorosa e exposta de te matar. Quero que todos vejam o que acontece com essas vagabundas que se metem no meu caminho." – Ele falou ao ouvido da moça libertando os feridos seios e a jogando numa espécie de solitária imunda. Ali seria sua última estadia.


Ainda por ali no palácio de Relena, alguma coisa acontecia. Treize estava tomando uma decisão, ele não tinha tido o sim de Zechs mas dera ordens para que fossem elaborados os procedimentos matrimonias, somente assim o loiro seria obrigado a aceitar.

"Wufei! Onde você se meteu? Está rolando o papo que Zechs e Treize vão casar." – Quatre entrou no quarto que dividia com o bobo da corte.

"Eu estava por ai." – O bobo da corte estava um tanto quanto estranho, distante. Talvez seus pensamentos estivessem voltados para uma certa moça que encontrara nesse mesmo dia.

"Está distante. Preocupado com alguma coisa." – Quatre se sentou em frente ao amigo.

"Um pouco. Encontrei uma moça hoje... mas acho que havia feito alguma coisa contra a coroa porque estavam atrás dela... acho que a pegaram." – Ele comentou absorto.

Quatre parou um pouco. Ele vivia naqueles corredores escutando conversas e boatos. Um dos que ouvira hoje fora que Zechs estava torturando uma moça que ajudara seu escravo predileto a fugir, seria essa a mesma moça que Wufei havia encontrado?

"Só pode ser a moça que fugiu com o escravinho do Zechs." – Quatre sorriu como quem descobre algo importante.

"Será? Mas se for mesmo ela a ajudar o tal vaiozinho... já era. A mulher já deve está morta uma hora dessas." – Wufei observou.

"Ou talvez não. Zechs vai ter problemas hoje à noite, porque Treize está preparando o casamento. Talvez tenhamos tempo de fazer alguma coisa." – O loiro falou.

O loirinho não estava falando bobagens. Zechs fora convocado por Relena para o jantar e Treize estava lá com um cartista, que faria o casamento nos papeis. Mas o que ninguém contava era a reação do príncipe. Ele ficou extremamente chateado por sua irmã e seu noivo agirem dessa forma, sem o consultar.

Todos esperavam pelo príncipe, porém não era uma cerimônia, na verdade não havia nenhum convidado, somente Relena e Treize e alguns poucos nobres.

Quatre estava carregando uma bandeja com bebidas, que servia aos pouquíssimos convidados.

Zechs acabara de chegar ao recinto e ficara bem chateado ao constatar o que estava acontecendo ali. Era o seu casamento e ninguém o havia avisado.

"Então quer dizer que vou casar hoje?" – Ele falou chateado. "Bom, acho que preciso de uma bebida." – Ele falou ficando irônico. "Você!" – Chamou Quatre que trazia a bandeja de bebidas e se apossou de duas taças. "Ou será vocês que precisam de uma bebida?" – Ele se aproximou de Relena e Treize e sem denotas jogou o conteúdo no rosto deles.

A cena foi imprevisível. Foi bem na frente de todos os serviçais.

"Não caso. Se considere um homem livre, Kushrenada. Nosso noivado acabou!" – ele gritou jogando em Treize a aliança e saindo.

O furacão Zechs havia passado por ali. Relena se deixou tombar no trono tentando arrumar os cabelos agora melados pela bebida.

"Maldição." – ela socou o braço do trono vasculhando com seus temidos olhos um alvo para sua raiva. Viu Quatre com a maldita bandeja. "Seu vadio! Venha aqui!" – ela gritou.

O loirinho veio submisso. A rainha era extremamente assustadora. Ela o fez ajoelhar no chão para limpar a bebida. A mulher sorriu pisando nas costas do rapaz que agora limpava humilhado o chão sob os olhos de todos.

Wufei estava distante fazendo alguma coisa tola para provocar riso nos poucos convidados, ele viu quando seu amigo fora humilhado. Teria feito algo, mas viu alguém se aproximar da rainha. Era Trowa, o tal soldado.

Trowa não suportara ver Relena humilhando o pobre loirinho. Seu lindo loirinho. Ele não pensou enquanto se aproximava e esmurrou forte a mulher pelas costas.
Relena fora pega de surpresa e caiu de joelhos com a dor do soco.

Tudo agora tinha que ser bem rápido. Trowa agarrou o menino pela mão e correu para dentro dos jardins sendo agora seguidos por muito soldados.

Os rapazes fugitivos entraram pela cozinha e sumiram em alguma das muitas passagens. Na sala de jantar Relena fora ajudada por Treize. Ela chorava por causa do soco extremamente forte que acertara suas costas. A mulher se queixava de dores muito fortes, assim Treize se viu obrigado a chamar o médico real.

Mais uma vez os planos de Relena iam por água abaixo.

Algum tempo depois não havia mais nenhum dos poucos convidados. Wufei aproveitou para sondar e acabou descobrindo que tanto Quatre quanto Trowa estavam em péssimos lençóis, afinal o soco havia quebrado duas costelas da rainha que agora gritava com Zechs e Treize a amparando no quarto enquanto o médico fazia o que podia.

O bobo da corte achou que seria uma ótima hora para visitar a masmorra, talvez conseguisse ajudar aquela mulher.


Quatre e Trowa usaram um caminho secreto e agora estavam fora das dependências do reino. Ali ninguém os incomodariam, ao menos por essa noite, afinal os soldados levariam um tempo para chegar no local sem passagens secretas. Era um riacho que daria passagem ao rio central.

"Porque me ajudou?" – Quatre falou quando se sentou nas pedras.

"Não sei. Eu... apenas odiei vê-la te humilhando." – Trowa falou.

"Hum... você não sabe de nada. Relena matou minha família. É assim que ela age com quem fica no caminho dela. E é isso que ela vai fazer conosco..." – Quatre falou.

"Sei... não tenho medo dela." – Trowa retirou a farda real a jogando no riacho, cuspindo em seguida com uma espécie de asco.

"Você não é um soldado, não é?" – Quatre observou.

Ele estava certo Trowa não era um dos soldados de Relena. "Eu estou aqui, assim como vocês. Um dos muitos aliados na luta contra ela e toda sua maldade." – ele falou sentando-se ao lado do rapaz. "Estamos juntos nessa, garoto." – sorriu.

Quatre apenas o olhou aliviado. Afinal já se encontrava muito interessado naquele falso soldado e seria um problema se apaixonar por um inimigo. Ainda sem saber ao certo que seria de agora em diante Quatre também sorriu.

Aquele sorriso cheio de significados foi para Trowa um sinal verde. O rapaz se aproximou do menino a seu lado tocando suas coxas e sentindo como eram grossas e gostosas de passar a mão. Quatre o olhou corado mas o desejo que sentiu por aquele homem desde o primeiro dia que se viram era muito grande. Beijaram-se de forma gostosa, naquele beijo decidiram que iam ficar por ali até amanhecer quando decidiriam para onde fugir.

Já Wufei havia conseguido entrar nas masmorras após fazer alguns números fajutos para o guarda solitário. Mas ele tinha pouco tempo, era só Relena estar bem de novo para Zechs voltar ali para torturar alguém.

O bobo da corte caminhou em silêncio apenas iluminando os passos com uma fraca tocha. Não lhe foi difícil achar o pequenino buraco que Sally estava. Wufei sacou uma katana que trazia sempre escondida sob as largas roupas de bobo da corte e em um único e certeiro golpe destruiu o pesado cadeado que trancava aquela porta, dando mostras que o papel estúpido de bobo da corte era muito diferente de sua verdadeira personalidade. Rápido ele entrou vendo que o estado da mulher era péssimo, teria que agir muito rápido. Cobrindo o corpo dela com sua veste larga a carregou até a saída. O guarda não lhe foi problema, afinal o rapaz em questão possuía mais técnica do que sempre demonstrou.

Saindo à noite carregando Sally Wufei buscou pelas muitas passagens secretas escondidas no palácio. Ele ia fugir com a mulher e rezava para que Trowa e Quatre tivessem conseguido escapar também. Entre os rebeldes havia alguns acertos, um dos tais era se algo desse errado e eles precisassem fugir em conjunto deviam se encontrar ao por do Sol nas margens do riacho, devido a esse ser um local de difícil acesso, pois somente quem conhecesse as passagens secretas sabia como chegar ali sem correr riscos, e no normal apenas quem as conheciam era os rebeldes, eles havia as construído sem que a família real desconfiasse. Wufei ia para o riacho.


Nas margens do rio Trowa e Quatre, esperariam o Sol se pôr para fugir, mas agora estavam mais interessados em outra coisa. Beijavam-se, iluminados pela luz prata da lua. Talvez não fosse o melhor momento para aquilo, mas tanto o loiro quanto Trowa se rederam ao desejo que os latejava nos falos quando um estava próximo do outro, e vendo que seria o certo a fazer ambos se entregaram a um doce prazer.


Relena estava agora descansando sobre algumas dúzias de almofadas. Zechs e Treize estavam com ela que finalmente havia pegado no sono. A idéia de ela própria perseguir o maldito soldado havia se ido quando a dor a tomou de uma forma que apenas os soníferos que Treize lhe dera a acalmou.

"Já reparou como coisas estranhas têm acontecido bem debaixo de nossos narizes?" – Treize falou sentando numa poltrona. "Alguns furtos de coisas sem valor material, como armas frias, o sumiço de seu vadio, agora isso... e é interessante como essas pessoas somem... no meio do nada." – ele observou.

"Seja mais objetivo." – Zechs o olhou.

"Hn. Ninguém pode sumir como fumaça no ar. E... acho que se você fosse esperto saberia disso. O vagabundo sumiu e você nem desconfiou que pode estar havendo algum tipo de motim dentro de seus territórios." – Treize explicou.

"A cadela! Aquela maldita cadela deve saber de algo." – o loiro saiu deixando Treize sem nada entender.

"Espera!" – Foi em vão ele gritar, Zechs já havia ido. "Quem será essa tal cadela? Será que ele já arranjou uma outra amante? Parecia tão interessando no maldito vadio." – Ele comentou consigo mesmo.

Zechs constatou que a mulher havia sumido. Após perceber que o guarda estava morto.


A noite da família Peacecraft não foi boa. Relena gemia de dor sobre a cama devido as duas costelas quebradas. Zechs passou a noite atrás de pistas dos fugitivos com Treize em seu encalço.


Em L1 o dia nascia

Heero acordou como sempre com os primeiros raios de Sol tocando sua cama. Ele não lembrava de ter adormecido, mas estava em sua cama. Dormira ali mesmo abraçado ao corpo do menino. Alguma coisa nos sentimentos de Heero já tratava o desconhecido garoto como sendo sua posse, a vontade de cuidar, de protegê-lo estava fazendo Heero se portar como um idiota, afinal dormira abraçado ao garoto no simples pensamento de sentir se alguém se aproximasse daquele corpo novamente.

Não era bobagem de Yui. Ele sofrera um intensivo treinamento militar quando jovem, e uma das coisas que aprendeu foi quando estivesse em batalha e a noite chegasse, teria que dormir fortemente abraçado a mantimentos, mochilas de provisões e armamentos, assim se algum inimigo tentasse pegá-los poderia sentir e acordar e quando veio o sono na noite passada o soldado nato instintivamente abraçara forte o precioso corpo junto ao seu. Foi mesmo uma questão de instinto seu ato, mas agora, uma vez acordado, ele gostou do contato quente que era ter outra pessoa na cama numa manhã ensolarada. Ele sorriu apertando de foram delicada Duo a si, passando a mão pelo corpo, mamilos, coxas... Não ousou lhe tocar o falo, afinal Heero era já um homem, mas talvez aquela vida de soldado, aquela luta contra Relena, o tivessem privado de certas malícias. O que estava sentindo por aquele estranho era algo similar a um grande carinho, como se Duo fosse um irmão que nunca tivera, é claro que não podia negar a atração pelo corpo ao seu lado, mas ainda assim seu primeiro sentimento foi de proteção e carinho em relação ao rapaz.

Duo se vendo num abraço carinhoso se moveu escondendo o rosto no peito de Yui, como se ali fosse o lugar ideal para dormir.

Heero, pego de surpresa sorriu ajeitando o menino em seus braços, o trazendo mais para perto de si e só agora sentindo algo estranho no seu baixo ventre, o movimento que Duo fizera fez seu corpo menor se apertar contra a parte baixa de Yui.

Heero pela primeira vez havia sido tocado por tantas sensações boas e todas despertadas por uma única pessoa, aquele desconhecido menino que caiu nu em seu colo.

"Hn..." – Duo gemeu. Estava despertando. Confuso se viu acordando em um lugar cheiroso e macio, ali era bem confortável e morno, tão diferente do frio fétido de sua prisão. Também não havia o medo e pânico de ser humilhado e espancado a qualquer momento, era diferente, ele sentia uma estranha sensação de proteção.

Seus olhos se abriram lentamente e ele se moveu ao sentir o corpo a qual estava abraçado.

Heero notou que seu pequenino hóspede despertava. Notou a tensão no corpo menor e o acariciou tentando mostrar ao menino que enquanto estivesse em seus braços nada de mal lhe aconteceria. Ele viu quando os olhos, enormes o encaravam de forma curiosa. Eram de estranha cor, algo entre um azul e violeta, Heero não sabia ao certo, talvez mais para o violeta. Era lindo. Yui o olhou nos olhos.

Duo acordara nos braços daquele homem e lembrara que era o mesmo que o havia dado fuga. Seu coração se tranqüilizou, alguma coisa lhe fazia ter certeza que nos braços daquele homem estaria sempre seguro. Seus olhos lhe diziam isso, uns olhos azuis profundos lhe diziam que ali nenhum mal lhe tocaria e Duo sorriu inocente, mas logo seu sorriso se foi ao sentir as muitas dores que lhe atacavam o corpo como facas afiadas.

"Tudo bem?" – Heero quis saber.

"Estou muito... ferido." – Duo falou o olhando.

"Eu sei, mas vai passar." – Yui sorriu de uma forma que nunca fazia. "Vem. Vamos tomar um banho... Limpar esses ferimentos direito. Cuidar dessas dores." – Ele falou ajudando o menino a se levantar e agindo de uma forma tão doce e gentil que nem ele mesmo acreditava que podia fazer. Quando Duo com muito esforço entrou na banheira logo a coloração da água ganhou uma tonalidade rósea devido aos muitos ferimentos em seu corpo. Heero não pode deixar de odiar o miserável que poderia ter feito uma crueldade daquelas com uma criatura tão linda.

"Você pode me ajudar? As minhas costas queimam de tanta dor." – Duo falou. De alguma forma não se sentia envergonhado ao ficar nu na frente daquele homem, era tão certo estar despido diante dele, assim o jovem sentia.

Heero não perdeu tempo em jogar a água delicadamente naquelas costas de pele sensível. Duo lhe deu total acesso puxando os longos cabelos para frente do corpo.

Yui não saberia dizer o que lhe deu naquele momento, mas ele sem palavras beijou delicadamente o pescoço, fazendo aquela pele branca se arrepiar com o contato, mas ele não parou, e nem Duo tomou qualquer iniciativa que o fizesse parar. Nisso Heero continuou a beijar suavemente o pescoço por trás, próximo a nuca, chupando levemente também. Era estranho estar agindo dessa forma, mas de repente vendo aquela parte exposta teve vontade de provar o gosto que o rapaz tinha.

Sua língua lambeu aquela parte com carinho sentindo o gosto de pele macia, até que fez contato com um metal. Era uma correntinha prateada.

"Minha cruz. A única coisa que restou para lembrar da minha família." – Duo falou triste ao notar que Yui se interessara pela bijuteria em seu pescoço.

"Os malditos Peacecraft te arrancaram de seus pais? É típico daquele tarado." – Heero falou com raiva, se referia a Zechs.

"Meu pai meu vendeu por algumas moedas." – Duo respondeu. "A bijuteria foi a única coisa que restou deles, porque até as lembranças eu quero apagar da minha cabeça." – o menino falou em tom ferido. Não perdoava ao pai por tê-lo vendido como um prostituto barato.

"Eu... sinto muito." – Heero falou realmente triste com tudo aquilo.

"Tudo bem. Ele apenas me vendeu como um prostituto. Nunca devo ter tido muito valor para eles mesmo." – Duo falou com mágoa.

"Não diga... isso. Alguém como você. Com seus olhos, essa pele... esse jeito de príncipe... é claro que foi difícil para seu pai vendê-lo." – Heero falou voltando a beijar o pescoço de Duo. Eles ficaram assim durante todo o banho, em silêncio.

Devidamente tratado. Duo desceu as escadas de mãos dadas a Heero. Seus passos ainda eram vacilantes, mas a mão de Yui o guiava com tanta segurança.

Todos os olharam quando sentaram a mesa, principalmente o detalhe das mãos entrelaçadas. Heero sentou-se e sorriu embaraçado para os demais rebeldes que tomavam seu café numa enorme mesa. O sorriso de Yui quebrou aquele clima de silencio que havia se formado com sua chegada. Logo a mesa estava barulhenta novamente.

Mas sempre que possível um ou outro rebelde dava uma boa olhada na moça que havia descido as escadas de mãos dadas com Heero. Era lindíssima, apesar de estar um pouco abatida, mas era a mulher mais bonita daquela colônia, sem exageros.

Duo notava os olhares sempre si. Sua trança estava caída sobre seus ombros e seus olhos violetas voltados para um ponto qualquer da mesa.

"Não ligue. Eles só estão te achando a moça mais bonita que já viram." – uma delicada voz feminina se dirigiu a ele. "Heero não sabe como cuidar de uma garota... ele não devia ter te dado essas roupas de homem e nem trançado seus cabelos úmidos. Eles são tão lindos... assim como você é linda." – Era Hilde, uma rebelde, que falava sem parar. Na verdade estava apenas querendo deixar a moça mais à vontade.

"Hilde. É claro que sei cuidar de meninas. Mas ele é um garoto. O nome dele é Duo e ficará aqui com agente... e não. Não somos namorados." – Heero falou diante a amiga cortando qualquer assunto futuro.

"Um garoto? Ohhh... sinto muito. Sinto muito mesmo. Mas... Heero tem mesmo ótimo gosto." – Ela sorriu. "Seu namorado é lindo..." – Completou implicante.

"Não... não somos namorados. O senhor Yui apenas me ajudou." – Duo falou.

"Não me chame assim... é apenas Heero!" – Yui sem pensar segurou firme nas mãos do rapaz o fazendo corar e fazendo todos a mesa os olharem curiosos.

"Ahhh... voltem a comer!" – Yui gritou embaraçado. Em seguida sorriu. Parecia que havia nascido uma grande amizade ele pensou. Afinal nunca simpatizava com estranhos como com Duo.


Comentários-

-Wufei deve ser de circo... fico pensando de onde ele tirou aquela espada...

-Relena.. tadenhaaa... teve o que mereceu.. e vai ter mais ainda.. XD

-Bom.. Heero deve ter algum problema... sei lá.. o cara me fica beijando o pescoço do Duo.. tendo tanta coisa melhor para fazer com o lindinhooo...

Valeu gente... valeu mesmo pelas sinceras opniões.. beijos!

(Hina)