Umbral do Inferno


VII – Olhos azuis turquesa: meu raio de esperança


Recadinho de algum poeta que sabia das coisas: "...apaixone-se ao menos uma vez.."


"Tudo vai ficar bem."

Naquela noite Duo dormiu com a dor da perda de sua família, exterminada em L2, mas essas palavras lhe foram ditas com tanta verdade e a elas ele se agarrou como quem se apega a um último fio de esperança.

Seus sonhos foram carregados naquela noite de um peso ruim. Havia sempre alguém se separando dele... Vozes tristes. Lamentações.

Quando o dia raiou em L1 ele se levantou. Não havia Sol naquela manhã, o céu estava nublado como o próprio coração de Duo. Ele tocou o vidro embaçado da janela com a ponta dos dedos.

"Duo?" – a voz grave de Heero o fez olhar para trás. O líder estava em uma poltrona do outro lado da sala e pelo visto havia dormido ali, encolhido.

"Heero." – o jovem lhe sorriu indo em sua direção.

"A noite não foi boa, né?" – os olhos azuis turquesa de Heero vasculharam a face do outro rapaz vendo os traços de uma noite mal dormida.

"Péssima." – Duo lhe sorriu sincero. "O que eu faria sem você?" – agora ele estava ali. Abaixado aos pés da poltrona de Heero o olhando com aqueles faróis violetas vivos. E aquele olhar congelado e cheio de significados. Lá fora o mundo parecia ruir aos pouco sob o peso da dinastia Peacecraft, mas agora naquele momento, para o escravo só havia os olhos misteriosos do jovem líder.

Heero abriu a boca, mas sons não vieram. Ele protelou entre um querer entender o motivo de ser mirado daquela forma... Tão... Doce e tão devotada, mas não perguntou. Duo havia entrado em seu coração e agora, nesse exato momento, não fez importância para Yui se como um amigo ou até mais que isso, era apenas sentimento, coisa que há tanto tempo ele não conseguia sentir.

"Você me faz..." – o jovem de olhos azuis turquesa piscou em certo momento quebrando o contato os violetas belos. "Querer acertar em tudo... querer ser uma pessoa melhor." – ele falou tocando o rosto pálido do rapaz a sua frente.

Duo lhe sorriu de uma forma que parecia o nascer do Sol em um dia nublado.

"Eu..." – o que o rapaz de tranças podia falar nesse momento? Nada inteligente veio a sua mente. Ele estava ali, de frente ao homem mais fantástico que podia existir. Apenas agradeceu a Deus por estar livre das escuras e dolorosas saletas do palácio de Relena e por estar ali junto de Heero. "Eu... aprecio muito estar ao seu lado." – finalmente Duo falou projetando num reflexo o corpo para frente, perdendo o espaço de seus rostos.

"Você pode ficar do meu lado para o resto da vida." – as palavras quase saltaram da boca de Yui incontidas. Mas era seu coração quem falava.

"Sério?" – Duo sorriu. O que significava afinal?

"Depois que tudo isso passar..." – agora Heero estava tão perto do rosto do belo escravo, seus dedos grossos se enrolavam em uma mecha de cabelo marrom dourada que fugia da longa trança. "Eu queria que ficasse... aqui." – Yui falou. Talvez tivesse que dizer que gostaria que Duo ficasse ao lado dele quando tudo aquilo passasse, mas não usou essas palavras, temia o peso que elas podiam ter.

"Heero..." – Duo sorriu numa felicidade impar. Era como estivesse tido à beira do precipício fundo do desespero. Chorou implorando ao seu Deus que lhe levasse do sofrimento enquanto esteve nas mãos de Zechs, mas agora, depois de ter perdido quase tudo, ele encontrou Heero e o simples fato de estar ali, tão próximo dele lhe dava a impressão de que o mundo e vida podiam lhe reparar de todas aquelas dores.

Estavam tão próximos e nenhum nem o outro tinha mais palavras para gastar naquele momento, por isso fizeram a única coisa sensata. Fecharam lentamente seus olhos, deixando por um momento as dores e as preocupações, esquecendo se existia ou não um mundo lá fora e se beijaram.

E que beijo repleto de significados e sensações e sentimentos e vida.

Os lábios de Heero sugaram o quente e macio da boca de Duo, sentindo com a língua todo o carinho que o rapaz estava lhe dando naquele beijo.

Quando finalmente se separaram havia nos olhos de cada um a expressão de felicidade que não estava ali antes, seus olhares se fitaram com carinho, como se aquele amor nascente e precioso fosse seu segredo de agora em diante.

Não trocaram mais palavras, apenas sorrisos cúmplices e fidelíssimos.


Ao desenrolar daquele dia Heero teve algumas reuniões com Trowa, Wufei e Quatre. Eles tentavam agora traçar alguns planos, afinal seu esquema havia sido desbaratinado quando tiveram que fugir do palácio. Mas de certo que ele não conseguiu se prender concentrado em muita coisa, ele lembrava apenas do toque macio dos lábios de Duo aos seus.

Yui girou sua cadeira olhando pela janela da sala e as vozes conspirantes de Trowa, Wufei e Quatre ficaram distantes, num quase sussurrar sem importância. O Sol havia saído finalmente e ele se viu no beijo trocado com o escravo de trança. Automaticamente o líder apalpou os próprios lábios fechando delicadamente seus olhos, e era como se pudesse sentir o gosto doce e quente daquela boca na sua novamente.

"Heero! Ohh!" – Quatre o chamou quando notaram que ele havia se perdido da conversa. "Acaso está prestando atenção?" – o loiro estava intrigado, a expressão que via nos olhos de seu líder, bem podia estar enganado, mas ele estava apaixonado.

"Não. Não ouvi nada." – Heero se levantou rápido.

"Algum problema?" – Trowa não entendeu.

"Nenhum... eu... apenas... o Sol lá fora." – Yui apontou débil para a janela.

"É Yui. É Sol." – Wufei girou os olhos numa fiel expressão de monotonia.

"Não!" – Heero bateu com as palmas das mãos na mesa chamando para toda a atenção. "Não é apenas o Sol..." – ele completou. "Esse dia... pode ser o último..." – desistindo de tentar explicar alguma coisa ele saiu praticamente correndo da sala deixando para trás três rapazes confusos.

"Que deu nele?" – Wufei gemeu dando de ombros.

Quatre não falou, mas sorriu significativo. Talvez o que tivesse dado em Heero fosse somente o arrebatador sentimento do amor.


Duo estava lá fora da fortaleza. O dia nascera nublado, tala qual seu coração estava claro agora.
Olhando o céu ensolarado o escravo podia sentir o peito cheio de um sentimento renovado. Esperança. Aquele beijo com Yui, acima de tudo, havia lhe enchido o peito de esperança em um futuro claro e menos doloroso.

Heero vinha correndo, talvez fugido das obrigações de um líder em uma rebelião contra nobres poderosos. Ele se aproximou de Duo se jogando na grama bem ao seu lado.

"Heero!" – Duo se assustou. "Que foi?"

"Estava lá dentro naquelas reuniões... quando vi o Sol aqui fora. Daí lembrei de você" – ele falou sincero.

"Bom, vindo de você... eu devo considerar a comparação com o Sol um grande elogio." – Duo sorriu divertido.

"Baka." – Yui sorriu tão largamente quanto não fazia há tempos.

"Como?" – a expressão de Duo foi divertida e intrigada.

"Esquece..." – o outro rapaz falou. "Vem comigo!" – Heero não era realmente o mesmo homem. Numa explosão calorosa e um sorriso infantil se levantou puxando Duo no processo. "Vem! Tem um lugar que eu quero te mostrar." – animado como nunca esteve ele correu com Duo ao seu encalço.


No palácio de Relena. O príncipe parecia ter se acertado com seu novo, Treize.

Zechs deu a última olhada no imenso espelho. Conferiu com certo prazer se estava tudo a seu gosto. As vestes de acordo com sua realeza.

"Você está perfeito, como sempre." – Treize gemeu lhe dando um sorriso lascivo da cama de casal.

"Obrigado..." – o belo loiro sorriu em retorno. Haviam tido uma ótima noite, apesar dos pesares. Tinham problemas, mas na cama se entendiam muito bem. "Não vai levantar? Já é quase tarde." – o príncipe completou.

"Está tão bom aqui, na sua cama." – Treize gemeu. "Está mais animado hoje. Eu acho que uma noite como a de ontem te fez bem. Viu como eu me garanto no meu taco?" – ele brincou.

"Hum..." – Zechs o avaliou por um segundo. "Tenho certeza que o dia vai ser bem melhor que a noite... Um dia longe de você..." – ele deixou um beijo ao ar antes de sair do quarto. Ao caminhar pelos corredores estava muito animado. Sorria até, mas aqueles corredores viviam sempre abarrotados de criados.

Um mais descuidado carregava uma bandeja com sucos e acabara por grande distração esbarrando com o príncipe. Automaticamente um soldado interveio esmurrando o criado com raiva.

"Ora... veja por onde anda!" – falava fustigando o pobre homem.

"Deixe... deixe... está tudo bem..." – Zechs bateu a roupa. "Estou tão bem humorado hoje que vou ser bonzinho... apenas... vinte chibatadas." – ele pensou um pouco fazendo uma cara divertida. "Está bem... cinqüenta chibatas nesse bastardo." – se corrigiu.

"Um dia... o senhor vai pagar muito caro." – O homem saiu sendo arrastado sob as risadas de Zechs. De fato estava de bom humor.

"Acaso essa alegria toda tem nome?" – Noin acabara de se aproximar, como se saída das trevas dos corredores.

"Deus." – Zechs encenou uma exagerada cara de surpresa. "Às vezes acho que você é algum ser das sombras... quando menos se espera você sai de algum buraco."

"Sei..." – a moça lhe olhou intrigada "Está feliz, mas que o normal." – ela comentou.

"Tem nome e sobrenome." – sorriu. "Duo Maxwell..." – tenho certeza que ele volta aqui para minhas mãos como um cachorrinho com o rabo entre as pernas.

"E... que lhe dá essa certeza?" – a moça sorriu alargando seus curiosos olhos azuis.

"Um velho leproso que mandei meus homens trazerem de L2... leprosos. Que nojo!" – o príncipe gemeu fatigado. "Veja que esse maldito velho sobreviveu ao massacre... tanta gente com mais oportunidade acabou sucumbindo para ele viver, mas amanhã vou corrigir esse erro lastimável. Depois que atrair o Duozinho até aqui, pretendo matar esse velho maldito, na frente dele..." – agora o semblante do loiro havia tocado um ponto cruel.

"Como acha que o garoto vai saber que esse velho está sob seu poder?" – eles caminharam pelos corredores.

"Meus homens vão espalhar cartazes pelas vilas... vou promover um julgamento nada justo, é claro desse maldito velho. E Duo virá até mim desesperado para resgatar o pai leproso." – ele sorriu.


De volta a L1 Duo jamais imaginaria o que Zechs estava pretendendo. E até era melhor que ainda não soubesse de nada, pois nessa tarde ele ia ser muito feliz. Ele, em apenas uma tarde entenderia que é preciso apenas uma hora ao lado da pessoa que se ama para uma vida inteira fazer sentindo.

O lugar que Heero lhe levara era até difícil de imaginar que podia existir em L1. Estava no alto de uma chapada que talvez fosse o local mais bonito que Duo já havia visto na vida. O vento movia seus cabelos com uma delicadeza gostosa, e a sensação de estar ali era de como os humanos e seus problemas e suas ambições ficassem pequenininhos perto da obra gigantesca da natureza.
Dali eles viam L1 do alto, num verde de vida maravilhoso.

"É... maravilhoso!" – o trançado gritou abrindo os braços como se pudesse voar, ou mesmo sentir o vento que soprava. "Estou livre aqui." – ele gemeu sendo tocado de emoção.

"Sabia que ia gostar..." – Heero segurou a mão do outro rapaz o puxando para si. "É o meu lugar preferido. Venho aqui quando preciso pensar..." – explicou.

"Obrigado, Hee." – Duo gemeu sentindo as lágrimas. Para alguém que estava confinado numa prisão escura sentir a natureza daquela forma era marca profunda. "Acho que depois de vir aqui nesse lugar nunca mais vou esquecer o que é liberdade... o que é se sentir livre. É sentir a natureza e sentir que somos parte dela..." – o escravo falou poético.

Heero sorriu. Duo estava feliz, lhe bastava isso. E agora sabia que estava mesmo gostando do menino. Porque sabia que nesse momento lhe era suficiente saber que o trançado estava feliz. Assim ele estava feliz também.

"Vou trazer sempre comigo esse lugar... como um estigma de liberdade." – Duo falou emocionado.

"Sabe o que mais amo em você?" – Heero passou seu braço pela cintura fina e bem traçada do rapaz estreitando o espaço entre os dois corpos. "Intensidade." – ele falou o beijando.

Duo fechou os olhos passando suas mãos atrás da nunca de Yui acariciando aqueles cabelos revoltos enquanto sua língua invadia a boca quente daquele lindo homem e precisaram de fôlego quando se separaram.

Heero voltou a beijar aquela boca, como se precisasse daquele toque macio dos lábios de Duo para viver. Como era gostoso estar assim como ele. Como era bom. E em pensar que havia levado tanto tempo para descobrir como era bom amar.

Imbuídos naquele carinho e cuidado de tocar e de sentir não deram conta que a tarde avançava.

Aos beijos eles se tocaram cada vez mais de forma ousada. Íntimos. Logo o contato foi ficando mais rigoroso e as peles bem sensíveis e exigentes.

Yui removeu delicadamente a blusa de Duo o admirando com extrema devoção e carinho. A pele macia e pálida pedia muda para ser acariciada, beijada sentida. O par de róseos mamilos parecia saltar pedindo atenção.

"Ohh, Heero." – Duo gemeu quando a boca carinhosa de Yui chupou a pele sensível de seu pescoço num toque gostoso e demorado e lento.

"Duo..." – as mãos grandes de Heero tocavam com cuidado a pele de seu belo amante, querendo sentir mais e mais. Não era preciso pressa. Eles queriam sentir um ao outro.

Arqueando o corpo Duo gemeu quando a boca de Heero se fechou contra seu mamilo direito com aquela língua áspera mexendo com o minúsculo ponto de carne até esse ficar rijo.

"Arrr..." – rouco e delicado o trançado gemeu apertando os olhos numa quase infantil expressão. Sua mão espalmou o peito forte de Heero lhe abrindo as vestes buscando os mamilos com as pontas dos dedos.

Estavam já tão excitados quando num brusco movimento suas ereções se esbarram os fazendo gemer baixo. Estava tão excitados que Duo foi o primeiro a tomar a decisão final. Ele havia decido que naquela tarde. Ali naquele lugar lindo se entregaria a Heero Yui de corpo e alma.

Heero era seu primeiro amor e seria seu primeiro e único homem. Sem poder mais suportar tamanha excitação o trançado o beijou com impaciência o arrastando para a grama onde rolaram imersos num mundo de prazer.

As mãos tocavam cada pedaço de corpo quando as roupas foram removidas deixando a mostra seus sexos urgentes.

Debaixo dos mais variados carinhos eles viajaram naquele mundo fechado de prazer e amor, até Duo se sentir tomado por Yui e gemer apaixonado entendendo que estava completo agora tendo aquele homem dentro de si.

"Duooo." – Heero gemeu entrelaçando seus dedos grossos aos de Duo de forma firme e segura buscando a luz daquele olhar violeta lindo e viu tanta verdade, tanto carinho nas profundezas daqueles olhos.

"Arr... Heero... Eu te amo." – Duo confessou quando sentiu Yui se mover com tanto cuidado e carinho dentro de si.

Naquela tarde eles alcançaram o gozo juntos, levados juntos para um mundo confortante de amor e prazer... Um entorpecimento mágico depois do ápice.

Quando o Sol arriscou ir embora, naquela tarde se despedindo do casal de amantes eles já eram sem dúvidas os mais felizes seres do mundo.

Deitados na grama, mãos enlaçadas, corpos suados, e corações cheios de amor eles se deixaram largados tendo apenas um ao outro e a natureza como sua observadora.


Para outro casal as coisas pareciam se acertar, embora o futuro ainda fosse uma incógnita. Quatre e Trowa, que haviam começa errado agora se julgavam apaixonados. Na verdade a química acontecera com eles desde o primeiro dia que se esbarraram nos corredores do palácio.

Com a saída confusa de Yui da reunião não havia mais sentindo continuá-la. Assim Wufei, havia ido ficar com Sally Pô, a rebelde enferma, e o os outros dois decidiram aproveitar a tarde na vila de L1.

Eles caminhavam apenas conhecendo a vila, que tão normal como qualquer outra havia pessoas transitando, crianças e uma série de diversas barracas vendendo o que a pessoa sonhasse encontrar por ali.

Quatre foi chamado à atenção por um cartaz grande, os dizeres ali convidam o grande público para ir ao palácio de Relena assistir o julgamento e execução do um dos sobreviventes de L2. O nome o chamou atenção: Maxwell.

"Espera Trowa." – ele falou baixo segurando o rapaz. "Veja, aquilo!" – se aproximou do poste contendo o convite.

"Deve ser... o pai do Duo, mas porque isso estaria aqui em L1?" – Trowa observou inseguro. Será que sabiam alguma coisa do paradeiro do escravo?

"Isso?" – uma mulher gorda passou comentando. "Foi pregado em todas as vilas da redondeza..." – deu de ombros. "Que importa, eles fazem isso todos os dias..." – e saiu arrastando os pés e suas sacas de milho.

"Deus. Será que Zechs e Relena têm tanta influencia assim?" – Quatre comentou.

"Por isso precisamos derrotá-los." – o ex-soldado falou com raiva.


Ainda em L1 Heero finalmente trouxe Duo de volta. Quando se aproximavam da fortaleza Yui sorriu olhando para o menino que vinha a seu lado com uma expressão linda de carinho no rosto.

"Duo, aquele lugar. É o nosso segredo, tá?" – ele perguntou macio.

Talvez aquilo que Heero tivesse visto naqueles olhos violetas de Duo fosse um toque de desapontamento, afinal eles tinham se tocado de uma forma mágica nessa tarde e talvez fosse um pedido egoísta que escondessem aquilo.

"Claro." – o escravo consentiu triste. Yui era o líder de uma resistência, um homem respeitado naquele lugar. Não seria mesmo interessante para ele ser associado com um escravo fugitivo. – "Eu posso entender." – completou.

"Que bom, sabia que você entenderia. Aquele lugar é sagrado para mim. Por isso te levei lá." – Yui falou, mas ele buscou a mão de Duo e quando achou seus dedos se entrelaçaram aos do rapaz com firmeza.

"Heero?" – o que significava aquilo? Yui queria manter-se reservado...

"Nosso segredo é que existe aquele lugar... não que eu amo você." – ele falou simples e até um pouco frio no seu tom normal, mas foi o suficiente para fazer brotar nos lábios de Duo um bonito sorriso. Estava realmente feliz como nunca imaginou que estaria em algum momento.

Na porta da fortaleza com semblantes carregados estavam Quatre, Trowa e Wufei. Ansiosos, estiveram esperando por Yui.

Quando o líder se aproximou viu que semblantes carregados os amigos traziam, estavam preocupados.

"O que há?" – ele quis saber apertando entre seus dedos os do namorado.

Trowa e os demais vasculharam discretamente às mãos dos rapazes a sua frente e constataram que Duo e Heero estavam juntos, pela forma que se tocavam, íntima.

"Problemas, Heero. Temos que nos reunir." – Trowa estava tenso. Seus olhos verdes pararam em Duo e Yui notou que aquele problema levava o nome de Duo.

"Certamente." – ele meneou com a cabeça. "Duo, vá para o meu quarto. Falaremos depois." – pediu suavemente ao escravo fazendo um discreto carinho em sua mão.

"Certo, Hee..." – mas que prontamente Duo sorriu. "Quer dizer. Heero." – ele completou, mas os rapazes já haviam percebido a intimidade doce entre os dois. Esperaram Duo se afastar para que pudesse falar.

"O que aconteceu? Duo corre algum perigo?" – Yui os encarou frio.

"É melhor falarmos na sala. Lá dentro." – Wufei falou abafado e preocupado.

Na sala de reunião alguns minutos mais tarde Heero ficou sabendo do convite. Era o pai de Duo. Zechs estava querendo atrair para si o escravo.

"Merda!" – Yui bateu com o punho sobre a mesa com raiva. Ele havia tido Duo naquela tarde e sabia que aquele garoto era uma pessoa muito especial. Delicada ao máximo que alguém pode ser, lindo e valente como só ele. Sua obrigação era protegê-lo de Zechs de qualquer maneira. "Duo não pode saber disso de forma alguma." – ele vociferou.

"Certo. Yui eu sei que você quer... proteger... seu..." – Wufei começou, mas o que afinal Duo era de Heero? "Seu... namorado?" – ele olhou o líder com um semblante estranho. "Mas nossa causa tem que vir antes... Não pode deixar que um garoto bonito encha sua cabeça e te tire das responsabilidades." – o bobo da corte o encarou com seus olhos negros.

"Do que está falando?" – Heero pareceu sofrer uma terrível injustiça.

"Heero, o menino tem seus encantos. Ele é lindo, mas não se deixe atrapalhar." – Trowa fez coro ao bobo da corte, por mais desagradável que pudesse ser concordar com ele. "Está vidrado numa bundinha redonda, mas ainda precisa se portar como um líder..." – o ex-soldado completou.

"Duo é..." – o que dizer? As palavras morreram na garganta de Yui.

"Vocês são idiotas, ou o quê?" – Quatre falou trêmulo o olhando com raiva. "O garoto não é nenhum leviano. Que mal há em querer ser feliz?" – agora ele quase gritava. "Diga-me! É crime se apaixonar?" – ele silenciou a sala. Seus olhos azuis varreram cada um ali. "E você Heero trate de conseguir assumir o que sente. Se achar que não vale apena amar, então nem tente começar..." – o loiro o olhou feio. "Eu... vou ver como Duo está." – ele saiu da sala deixando para trás três rapazes mundos.

"Que droga deu nesse pirralho?" – Wufei se sentou.

"Não sabia que era tão... invocado." – Trowa também sentou.

"Ele tem razão." – Heero falou sério. "Todos temos o direito à felicidade, é por isso que lutamos... não sei em qual ponto me esqueci disso, mas vou vencer essa maldita família e ser feliz." – ele olhou os outros dois mas seguiu em frente. "Vou ser feliz ao lado do Duo." – finalmente conseguiu admitir o que sentia.

"Desculpa, Heero." – Trowa falou envergonhado. "Apenas temos que traçar nossos planos."

"Eu sei disso." – ele consentiu.


O trançado fez como lhe foi pedido. Ele caminhou feliz pelos corredores da base. Estava realmente feliz, podia sentir ainda em seu corpo o cheiro másculo de Heero bem como ainda trazia em sua boca o gosto doce da outra boca.

Sorrindo sozinho ele se se encostou à parede tocando os lábios com a ponta dos dedos, sorrindo feito bobo. Podia sair gritando o nome de Yui pelos cantos.

Estava tão distraído que nada pode fazer quando uma mão forte tampou sua boca o puxando para um canto reservado naquele corredor atrás de uma estátua de busto feminino.

Aquela mão percorreu o corpo do rapaz com certa volúpia, em seguida uma voz arrastada e grave falou rente a seu ouvido similar a um sopro ameaçador.

"E então, gostosinho." – Duo tentou se mover mas a um mínimo movimento seu corpo foi pressionado mais ainda contra aquele corpo estranho e ele pode sentir o hálito quente daquele homem. "Sabia que um velho leproso vai ser julgado amanhã por Zechs?" – aquele homem parecia divertido ao falar.

Duo não teve palavras. Estava apavorado demais. Seu estômago queimava ansioso, bem como suas pernas tremiam ligeiramente. Ele fechou firmes os olhos contendo uma sensação ruim.

"Amanhã de manhã, Zechs vai julgar seu velho pai. Bom, ele deve escolher um instrumento de tortura bem cruel... quem sabe o desviscerar?" – ele soprou ao pé do ouvido do menino. "Talvez o velhote mereça, ele te vendeu como uma prostituta para o nobre príncipe. Acho que você vai se vingar dele de deixar..."

"Nãooo." – o escravo queria soar ameaçador, mas a verdade era que estava com medo, apavorado e sua voz saiu um fiapo delicado e frágil.

"Porque não vai até lá?" – o homem voltou a falar.

"Quem é você? O que quer?" – as lágrimas encheram os olhos violetas de Duo.

"Você conhece... mas é uma surpresa..." – a voz falou e Duo foi empurrado com força ganhando o chão num baque seco.

Quando voltou a atenção ao local estava tão vazio quanto antes, porém agora, que tinha aquela terrível informação de nada interessava quem era ou não o dono da voz misteriosa. Duo conhecia Zechs e sua tirania e sabia que aquilo não era mentira.

"Eu sinto, muito Hee... mas eu vou ter que ir e sem você saber. Eu sinto muito." – ele gemeu vencido ao chão. Quando finalmente havia encontra a felicidade ele ia novamente se entregar a Zechs.


Ahhh... A imagem descrita sobre a chapada... Nossa, é a mais linda coisa que meus olhos pequenininhos já viram.
A sensação de estar de braços abertos ali é como se você fizesse parte daquela plenitude... lindo, perfeito, forte, humano e natural.
Faz entender que pouco vale a vida sem esses bons momentos... É a chapada do Veadeiros, fui recentemente.
Ahhh... sim.. sim... está apaixonada é muito bom tbm... XD.. (suspeita...) eu estou nesse momento.

Bom.. Umbral chega a refa final...

Beijos (feliz)

Hina