Capítulo IV
-Bom dia – ele disse as minhas costas, sentando-se a mesa.
-Oi. O café logo estará pronto.
-Isso é ótimo. Mas você deveria ter me acordado.
-Oh. Desculpe-me – sorri. – Mas você estava tão pacífico e inocente dormindo... não quis perturbá-lo. Você tem alguma coisa para fazer hoje? – perguntou dividindo os ovos mexidos que fizera em dois pratos.
-Não exatamente. E você?
-Acho que vou preparar algumas poções.
-Certo. Então quer distância de mim, não é?
-Se você quiser ficar... – toquei seu cabelo – mas não quero que me atrapalhe, você consegue ficar quieto?
-Bom, nunca se sabe, nós podemos tentar.
-Pelo jeito seu horror a poções passou.
-Desde o dia em que uma mudou e salvou minha vida – ele deu uma piscadela.
-Sorte a sua, Potter – disse sorrindo enquanto comia.
Quinze minutos depois, expulsei Harry do laboratório. Ele não conseguia ficar quieto, não me deixando quieta também. Quero dizer, ele aprende muito rápido os pontos fracos das pessoas... O que é ruim, apenas para mim – se você olhar do ponto de vista profissional. -, já que eu tenho diversos desses pontos. E acho que Harry, nesses quinze minutos, descobriu mais alguns deles...
Ele decidiu ir para sua casa, e voltar mais à noite, o que foi um alívio para mim. A porta da sala bateu, não acredito que ele mentiu para mim. Tirei o avental e me dirigi para a sala.
-Harry eu não acredito que
-Merlim. Isso é assustador! – Gina estava na minha frente. – É como se eu tivesse uma irmã gêmea – ela disse me rodeando.
-O que você está fazendo aqui? – consegui dizer. – Você só deveria voltar daqui a quatro dias!
-Ah. Pensei em você, não achei certo que 'ficasse nessa'.
-Ah sim.
-É. Não achei certo me divertir e você estar aqui com Harry, fazendo sabe-se lá o que.
-Me poupe dos comentários sórdidos.
Massageei meu pescoço e franzindo a testa me dirigi ao laboratório. Procurei um "antídoto" para a poção e bebi.
Havia voltado a ser Hermione Granger.
-Obrigado por pensar em mim – me forcei a dizer. – Harry vem hoje a noite falar comig- com você.
-Certo.
-E como foram os três dias?
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Estava no sofá em posição de lótus, lendo um livro. Enquanto Gina estava contando pela milésima vez sobre o quando haviam sido divertidos aqueles dias. Não abri a boca para retrucar ou lhe dar lições de moral, não me atrevi. Estava muito mais interessada em recordar meus dias , e se quer saber, duvido muito que Gina tenha se divertido mais que eu, e descoberto coisas como eu. Como, por exemplo, que eu estive, todo esse tempo, apaixonada por Harry...
A campainha soou e eu, sem querer, estremeci, fechando, com mais força do que queria, meu livro.
-Deixa que abro.
Minhas mãos suavam e tremiam ligeiramente quando abri a porta. Meu coração disparando. E lá estava Harry que não conseguiu disfarçar a surpresa em me encontrar em casa.
-Oi! – ele falou sorrindo por fim.
-Olá Harry – disse baixando meus olhos por um segundo. E então senti seus braços me apertarem como nunca tinham feito, a não ser quando estive como Gina. E, fechando meus olhos, o abracei também com a mesma força. Sentindo-o mais uma vez.
-Eu senti tanta saudade de você – murmurou em meu ouvido – quis tanto te ver quando esteve como... Eu senti tanta saudade!
-Senti sua falta também, meu amigo – e nunca me doeu tanto dizer algo como esse tão forçado "meu amigo".
Ele abriu a boca, mas não disse nada. Gina estava vindo em nossa direção. – Harry. Vem entra – ela disse segurando sua mão, lhe puxando para a sala. – Se você não se importar, nós poderíamos ficar aqui, com a Mione. Ela chegou hoje e ainda tenho tanto para conversar com ela.
-É claro que não ligo. Eu também quero saber de tudo. Então, Mione, preparada para me contar tudo?
-Não há nada demais. É sempre tudo muito igual – disse voltando minha posição inicial.
-Tenho certeza, então, que Gina tem algo a me contar!
-O que seria? – ela perguntou me cedendo uma taça com Martini, assim como tinha posto para ela e Harry.
-Ah. Não sei – ele gesticulou sorrindo. – Conseguiu terminar a poção corretamente, mesmo eu lhe importunando? Quer dizer, você me expulsou do laboratório, por que mesmo? Ah. Aquele truquezinho – ele lhe deu uma piscadela. Me engasguei com a bebida, sentindo minhas bochechas ganharem cor. O "truquezinho", como poderia me esquecer? Algo com as mãos dele no meu corpo enquanto eu tentava fazer a poção do morto-vivo.
-E-eu consegui sim – Gina disse me olhando de lado. – Você está bem, Mione? – perguntou preocupada.
-Ó-ótima. Tudo bem – disse gesticulando muito. – Se não se incomodam... Vou me retirar.
-Mas já? – Harry perguntou.
-Você não sabe quanto vou cansativa minha viagem. Nós ainda teremos muito tempo para conversar Harry – retruquei lhe estalando um beijo no rosto e outro no de Gina. – Tenham uma boa noite.
-Você também, Mi – Gina respondeu.
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(continua)
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