Lembranças
Au-Fantasia-Romance
1x2
Prólogo
O museu ficava no centro da cidade de Los Angeles, a maior cidade do estado da Califórnia nos Estados Unidos.
O ambiente silencioso e polido foi tomado de assalto por um barulhento grupo de jovens rapazes. O professor vinha à frente da turma que falava excitada com as gravuras nas paredes e no teto decorado com riqueza de detalhes.
Os rapazes seguiam em fila indiana, vestiam uma impecável calça de linho negra, uma camisa branca de tecido e um paletó verde musgo escuro, fechado até o pescoço com botões dourados e decorados. No peito esquerdo vinha o emblema do Internato católico, Saint Samon, um importante reformatório para moços.
-Rapazes. Sabem que é preciso manter silencio e não tocar em nada. Não saiam da fila para nada. –eram as instruções do professor.
Aparentemente os jovens rapazes seguiam as regras da visita ao museu, senão fosse pelo o último participante da fila. Esse parecia ter sérios problemas em seguir ordens e alguns dos professores daquele colégio suspeitavam até que aquele rapaz não conhecia palavras como regras, ordens, leis, etc.
Era talvez o mais baixo de todos os rapazes daquela fila, excêntrico, ele passava balançando uma imensa trança marrom-dourada que se movia de forma bonita abaixo de seu traseiro arredondado. Esse jovem se movia eletricamente, bem como sorria gostoso e alto. Seu sorriso parecia querer ofuscar o Sol de tão brilhante e sincero que era.
Ao menos dessa vez o jovem de trança pareceu tentar se manter longe de confusão, mas ao grupo passar em um corredor estreito ele viu um brilho estranho, sabia que não devia nunca desviar da fila, mas o brilho violeta pareceu o chamar aquele corredor.
Ele havia se voltado para trás apenas para se certificar que a estranha luz violeta voltaria a piscar atrás de si no corredor e quando se voltara para seguir adiante o grupo havia virado num outro corredor e agora ele via sua passagem interceptada por um grupo de turistas altos e russos que sorriam e falavam animados tirando fotografias instantâneas de tudo que viam pela frente.
Quando finalmente o corredor estava livre o jovem de trança se viu completamente perdido. Ele rodopiou em torno do corpo e sua atenção foi chamada pelo brilho violeta novamente. Uma vez que havia se perdido mesmo do grupo ele caminhou de forma insegura até o local.
-Exposição de objetos místicos. – ele leu em letras decoradas e douradas. Havia uma série de estranhos amuletos e pêndulos e pedras das mais estranhas formas e cores. –Que será isso afinal? – Duo se perguntou estendendo os dedos para tocar a jóia.
-Rapazinho. – um homem mulato alto vestido de terno escuro se aproximou.
-Eu, não ia fazer nada demais. – o garoto gaguejou.
-Escute, Duo Maxwell é melhor você não tocar em nada por aqui enquanto não tiver melhorado essa sua... – o homem o olhou de cima abaixo procurando uma palavra certa. –Essa sua especialidade.
-C-como você sabe o meu nome. – Duo levantou a sobrancelha fazendo uma expressão engraçada. –E da minha... Especialidade? – ele olhou para as próprias mãos perplexo.
-Escute aqui, pequena ametista – o homem se aproximou do menino se abaixando próximo a ele como se prestasse uma reverência.
O garoto o piscou confuso. Como era belo aquele menino. O rosto tinha um bonito e delicado formato de coração com uma pele cremosa e clara, os olhos eram grandes e de uma cor bem anormal, eram violetas, como a ametista que brilhara momentos atrás. Ele curvou os lábios num biquinho tímido e contrariado olhando aquele homem estranho prostrado a sua frente.
-Você sabe?– Duo falou vagamente. –Minha pequena ametista... Era assim que ela me chamava. – o rapaz olhou o chão com seus grandes olhos ganhando um brilho molhado, sempre era emocionante tocar naquele assunto.
-Desculpe, nunca foi minha intenção fazê-lo chorar. – aquele homem enorme mantinha-se agachado na frente daquela linda criança. É que eu conheço bem mais sobre você do que você imagina. – ele sorriu limpando com a ponta dos dedos longos uma lágrima que caía dos olhos violetas de Duo.
-É que você sabe sobre o apelido que minha mãe me chamava, sabe sobre meus poderes. Sabe meu nome. – Duo balbuciou entregue àquelas mãos grandes.
-Pequena ametista quando toca um objeto é capaz de viajar na história dele. É capaz de romper as barreiras do tempo, passado e futuro... Dimensões... –a voz grave daquele homem soprou aos ouvidos do jovem de forma enigmática.
Os olhos do menino fecharam cansados por um segundo e quando ele voltou a abri-los estava sozinho na saleta. Ele olhou assustado para os lados, porém, não havia mais ninguém ali.
-Meu Deus... – Duo se voltou para a jóia que piscava agora mais intensa. Ele se cercou de uma pura curiosidade. O rapaz tinha uma estranha especialidade, alguns chamavam de dom, suas mãos macias tocavam um objeto, ou pessoa e ele podia sentir tudo sobre o objeto.
Ele descobrira isso há doze anos atrás, quando era apenas um garotinho. Sua mãe havia morrido em um violento acidente de carro, mas ele com então cinco anos apenas ficara sabendo que sua mãe havia partido para uma viagem longa e sem volta, mas seu pai estava extremamente abalado e choroso, Duo sabia que alguma coisa terrível havia acontecido, mas ninguém lhe falava nada. Ele entrara no quarto de seus pais, havia sobre a cama o pingente que sua mãe sempre usava. Sentia tanta saudade dela. Ao tocar a jóia ele sentiu. Daí em diante ele passou por uma onda de sentimentos, sua mãe fora extremamente feliz usando aquela jóia, vários flashes de seus momentos importantes passaram em sua cabeça como um filme rápido, porém teve algo que o chocou e talvez para o resto da vida. Havia encerrando a lista de lembranças um terrível acidente. Duo vira diante de seus olhos a morte de sua mãe com riqueza de detalhes, ele podia sentir tudo como ele própria havia sentido e talvez com maior intensidade ainda.
Quando o pai o havia encontrado ele estava trêmulo largado em um canto, estava em choque.
-Ele sabia tanto sobre mim. – o jovem falou finalmente tocando o amuleto que brilhava.
O estranho brilho violeta tomou o ambiente com uma intensidade grave. O rapaz sentiu uma onda de calor tomar cada pedaço de seu corpo, depois ouviu uma confusão de vozes, como se fosse uma reza aguda. Cheiros e odores mais confusos ainda... Gostos... Confusão era a única coisa que ele sentia como se tragado para um turbilhão em cores violentas e pequenas explosões... Em fim o silencio o tragou definitivamente.
Prólogo curtinho de uma fic grandona...
beijos,
Hina
