Meu filho é minha vida


Prólogo


1x2 – 5x2


Aquele era mais um dia ensolarado e movimentando. Eram assim que os dias daquele rapaz começavam: agitados.

Duo Maxwell estava ao fogão mexendo rapidamente os ovos. Um rádio de pilha ao lado do fogão tocava alguma melodia, que o jovem nem mesmo conseguiu processar, fazia tempo que não parava para curtir uma balada romântica, como gostava de fazer.

Ele varreu os olhos pela cozinha pequena e abafada, o relógio de parede marcava os ponteiros de morango para as horas e bananas para os minutos, legendados por minúsculos números. Eram 6:45 da manhã, estava atrasado mais uma vez. Ele acabou se queimando na frigideira deixando sair um palavrão por seus lábios.

Sempre em um ritmo frenético ele jogou os ovos no prato já disposto à mesa, abrindo a geladeira trouxe a jarra de suco de laranja no exato momento que as torradas saltavam do aparelho.

Duo suspirou cansado jogando de lado o avental e soltando os cabelos enormes, antes presos num coque.

-O café está pronto, meu amor! – Duo gritou indo para a sala arrumando os longos fios de cabelo castanhos numa trança, nesse momento teve que tomar cuidado quando escorregou num carrinho de brinquedo largado de forma displicente ao chão.

Uma correria desenfreada veio do corredor. Os passos se aproximaram furiosos e em seguida Duo foi atacado por pequenos braços que circularam sua cintura de forma alegre.

-Uau! O que o pai fez hoje para merecer um abração desses e um sorrisão tão gostoso? – Duo se abaixou beijando o rosto do menino com tanto carinho e alegria.

-Háa... Pai! Eu num gosto... – o garoto se desvencilhou do beijo de Duo limpando o local e indo emburrado para a cozinha.

-Ohh... Cara! – Duo ficou apenas olhando o filho sair da sala e seus olhos ganharam uma conotação de preocupação. Odiava se sentir assim, mas era inevitável, toda vez que olhava seu garoto. Adan tinha cinco anos, era inteligente e divertido às vezes, mas Duo até hoje sentia muita dificuldade com aquela criança. –Ai, meu Deus! Paciência! – o rapaz gemeu girando seus olhos seguindo para a cozinha.

Adan estava olhando ermo para a pequena janela, não havia tocado na comida e agora o relógio de parede marcava 7 horas da manhã.

-Meu querido, você precisa tomar seu café da manhã... O papai ainda tem que te levar para a escola e ir trabalhar. – Duo pediu quase numa súplica se aproximando do garoto, mas esse parecia não estar o ouvindo. –Filhão! Papai está falando. – agora o jovem de longa trança estalava os dedos diante dos olhos azuis claros do garoto. –Por favor, Adan! – estava ficando impaciente quando sacolejou a criança com certa força, mais do que devia ser usada num menino de cinco anos.

-NÃOOOO! – Adan irrompeu num grito surdo se debatendo nos braços de Duo. Era como se estivesse em um mundo particular de sonhos e tivesse sido removido com brutalidade para uma realidade na qual não gostaria de estar.

-Tudo, bem! Sou eu! Sou eu! – Duo o segurou firme, sem protelar obrigando o menino a manter contato visual consigo, os olhos azuis nos violeta. Era difícil manter Adan o olhando por muito tempo, o garoto odiava olhar nos olhos das pessoas, mas Duo sempre conseguia isso.

-Pai... – o menino o abraçou trêmulo.

Duo suspirou cansado. Eram agora 7:15 da manhã.

-Vamos! Você come uma maçã no caminho. – ele sorriu puxando o filho pela cozinha. –Vamos, meu amor! Lembra da maratona? O cara tem correr bem muitão? – sentiu-se tão idiota, mas era uma linguagem simples que seu filho podia entender.

Assim era mais um dia. O jovem rapaz, olhos violetas grandes e vivos, sorriso claro e sincero, corpo esbelto, corria pela calçada movimentada fazendo balançar ao vento uma longa trança castanha clara, arrastando pela mão um menino gordinho de olhos também grandes na cor azul clara, de ralos cabelos marrons claros, iguais aos seus.

Era sempre assim.

-Senhor Maxwell. Acho que o senhor precisa aprender o significado da palavra disciplina. – a diretora os recepcionou na porta do colégio com uma expressão rigorosa.

-Desculpe, Senhorita Noin. O Adan me atrasou de novo. – Duo deu seu melhor sorriso pondo o lindo garoto em sua frente.

-Coisa, feia senhor Maxwell, usar o coitadinho para ocultar seus erros. Não sei quem é a criança aqui. – ela o recriminou.

-Desculpe, senhorita. Não vai se repetir. – ele gemeu olhando o relógio, seu olhos violetas imploravam que ela entrasse logo com seu filho e o deixasse correr para o metrô.

-A professora de seu filho, precisa falar com urgência com o senhor há uma semana. – a moça comentou séria.

-Eu sei. Hoje, quando eu o buscar. – Duo se apressou. –Eu juro. – fez uma expressão engraçada e bela ao mesmo tempo.

-Certo, mas, a senhorita Relena está muito preocupada com o Adan. Ela precisa falar sério com o senhor. – a moça falou fazendo o garoto entrar.

-Eiii! – Duo o chamou com uma expressão doce nos olhos. –E meu beijo? – sorriu para o filho abrindo os braços.

-Não gosto. – o garoto entrou correndo.

-Ahhh... Ao menos ele lhe respondeu. Está progredindo. – a moça sorriu penalizada da decepção do jovem e belo pai.


Somente às 9:00 da manhã Duo jogou sua pasta sobre sua mesa e se jogou pesado sobre a cadeira giratória. Suspirou vencido por um desgaste fatídico.

-Merda, Duo! Atrasado de novo? – uma voz o tirou do seu sossego de momento.

-Desculpe... – ele falou automático.

-Não! – o homem bateu com a mão sobre a mesma de Duo fazendo uma pequena bandeira de seu time de basquete tremer. –Chega! Você não é um maldito adolescente irresponsável que está se atrasando para a aula da faculdade, Maxwell. Isso aqui é a vida real.

O rapaz trançado não respondeu.

-Tenho uma merda de um caso parado esperando um detetive de merda que não consegue ser pai e policial ao mesmo tempo. Um cara que se acha o gostoso da repartição e nem consegue ensinar o filho retardado a amarrar os próprios cadarços. – o homem falou debochado.

Duo perdeu o foco. Ele encarou de súbito os olhos azuis do rapaz a sua frente se levantando para medir forças com os olhos. O homem a sua frente, era seu chefe. Era belo. Alto e bem formado de corpo, os cabelos longos e loiros lhe dava um ar de alguém jovial.

Mas Duo e ele não se suportavam, essa era a verdade. Desde a época da faculdade, eram rivais, e por uma obra daquelas que o destino gosta de fazer, os dois caíram na mesma delegacia quando resolveram optar pela área e para o azar de Duo o rapaz loiro, filho de influente família havia sido promovido, e agora era seu chefe. Mas nesse momento o trançado não viu nada que o impedisse de socar a cara daquele maldito loiro.

-Nunca mais ouse falar do meu filho. – Duo gemeu frio como um insano.

-Desculpe, Maxwell, mas ele é menos retardado que o pai... Coitado teve a quem puxar. – o novo deboche fez Duo acertar o rosto do homem a sua frente o fazendo cair pesado sobre as poltronas da sala apertada.

-Eu mato você, Zechs! – Duo gritou quando foi contido.

-Você vai se fuder, Maxwell. Eu estava esperando por isso. – o loiro se levantou acariciando o queixo. Ele trouxe a mão diante dos olhos vendo a cor vermelha de seu sangue. –Fora! De hoje em diante você vai para as ruas... E espero que uma bala acerte sua coluna estúpida! – o loiro falou se retirando.

-Que merda estão olhando? O desgraçado ofendeu meu garoto! – Duo gritou para as pessoas que pararam o que estava fazendo, desabando sobre a cadeira numa expressão de derrota.

-Voltem a seus trabalhos. O palhaço de plantão já deu seu show. – um rapaz alto e forte comentou dispersando os olhares. –Parabéns, Maxwell, finalmente você vai saber como é foda a vida de um detetive nessa nossa cidade... Bem vindo à realidade. – Treize falou provocando.

-Obrigado Treize. Você é mesmo meu amigo. – Duo girou os olhos com ironia.


A manhã daquele dia quente havia sido horrível. A pior possível. Duo havia mais uma vez se atrasado, tomara uma bronca da diretora, acertara a cara de seu chefe e fora rebaixado de função. O que mais estava faltando para aquele dia?

Faltava conhecer o novo parceiro. Duo suspirou se dirigindo para o estacionamento.

-Viatura... 24. – ele estreitou os olhos. –Que merda... – comentou achando graça daquele número.

-Está atrasando três minutos. – uma voz fria e lenta se dirigiu a Duo quando esse se aproximou da viatura 24. –Não trabalho em dupla, mas recebi um pedido especial de Zechs e resolvi acatar, mas odeio ter parceiro.

-Olá, para você também. – Duo gemeu entrando no carro.

-Não somos, amigos. Não te conheço e não quero conhecer. – o rapaz falou frio.

-Certo. – Duo suspirou.

-Nesse carro quem manda sou eu. Eu sou o responsável pelas operações... Você apenas recebe ordens aqui. Não vou protelar em um segundo entre arriscar sua vida de merda e arriscar a missão.

-Certo... Eu mereço. – Duo gemeu baixo. – Sou Duo Maxwell. – ele falou encarando o rapaz ao seu lado.

-Sou... Chang Wufei. – o homem se apresentou dando partida no carro.

Duo sentiu um calafrio no estômago. Aquele homem parecia o odiar. Ele era até bonito, forte mantinha um cabelo negro e liso preso atrás da nuca, os olhos puxados encerrados numa pele amarelada, mas o semblante sério e fechado deixava qualquer um assustado. Era o típico policial durão que Duo tanto desgostava.

-Você é chinês? – Duo resolveu quebrar o gelo. Se iam trabalhar juntos não teria mal e conversarem um pouco.

-Sou. – Wufei gemeu.

-Ahh... Legal. Eu sou americano. Tenho um filho, sabia? – ele sorriu divertido demais. Falar ou pensar em seu filho sempre lhe trazia essa reação. Era o seu grande presente de Deus, mas Wufei nem mesmo lhe deu atenção. –Ahhh... Sei lidar com esse tipo de comportamento. Eu passo as noites falando sozinho mesmo, meu filho parece não me ouvir, ele me ignora na maior parte do tempo, assim como você está fazendo... – Duo se se encostou ao banco do carona relaxando um pouco. Ele adorava falar... Isso o deixava bem.

Quando a viatura circulou por quase uma hora Wufei parou bruscamente o carro olhando no fundo dos olhos de Duo.

Sua expressão de raiva foi quebrada pela surpresa ao ver olhos tão bonitos de uma cor tão bonita, mas ele se manteve firme.

-Abra essa maldita boca outra vez e eu mato você. – ele gemeu tenso.

-Claro... Certo... – Duo não soube o motivo, mas achou a atitude do parceiro engraçada. – Eu tenho um palpito, Wu. Eu acho que vamos nos dar muito bem. – ele sorriu.

O carro seguiu permitido pelo sinal que se abriu.

-Do que você me chamou?

De fato aquela nova parceria prometia. Um policial engraçado e falante formando par com um fechado e durão.


Historinha, historinha.

Lá vem nova jornada... Duo precisa ser feliz... Quem sabe se um cara legal, doce e leve entrar na sua vidinha?
Veremos... hehehehe... Valeu gente, por essa super força... agora está a vida sobre as pernas de novo. Está tudo bem.

Dando beijos.

Hina