Lembranças


XIV – Fim ou recomeço?


Duo estava feliz é claro. Havia voltado para casa. Ou talvez nunca tenha ido de fato há lugar algum? E se fosse tudo um sonho?
E se Heero Yui fosse um sonho? Se aquele mundo, onde tudo parecia possível fosse um sonho? O certo era que naquele momento Duo Maxwell, um adolescente de 16 anos não conseguiria saber o que era real ou fantasia nesse momento.

A sua cabeça pesava, seu pai havia ido para casa, afinal era já tarde da noite. Uma enfermeira bondosa entrou no quarto sorrindo. Era a hora dos remédios.

-Olá, Jovem... Hora do remédio. – a moça sorriu.

-Tem certeza que precisa? Eu estou bem. – Duo gemeu olhando o conteúdo da bandeja.

-Você vai dormir melhor. – ela sorriu tomando o braço alvo o rapaz e lhe injetando a droga.

Ele viu quando a porta se fechou e o quarto caiu em um forte silêncio convidando o sono. Seus olhos pesaram levemente quando sua cabeça se aconchegou no travesseiro macio.


Longe dali

Heero Yui agora sentado no alto da colina em seu templo podia ver como finalmente as coisas caminhavam bem, sem ameaças. Aquele seu mundo estava lindo, mudado para algo melhor, ele agora como o Deus supremo ficava contente com isso.

Sentado na alta colina ele pensava em quanto tempo havia se passado. A subterra já não existia mais e seu poder havia reestruturado tudo a sua volta.
Wufei e Zechs estavam vivos e felizes, agora ajudavam Heero comandando o crescimento de uma vila onde antes ficava a morada do senhor Sombras.

Outro que o poder do salvador havia trazido a vida era Quatre, que agora também o ajudava arquitetando as formas de naturalizar o planeta, uma vez que o rapaz loiro estava muito entendido no manejo dos poderes que Natal havia lhe deixado, bom, a vida de Natal havia mesmo sido esvaída e agora ele, junto com escarlate eram as mais belas estrelas no céu, o vestido já não existia mais, uma vez que Heero decidiu que o lugar de estralas eram brilhando no manto belo do céu.

Trowa também tivera a chance de voltar à vida, mas não permaneceu ao lado de Yui, ele decidiu viajar pelos mundos atrás do conquistador, mas sempre voltava para ver Quatre.

O vento soprou e Heero olhou para o céu, para o horizonte, de todas as pessoas a única que havia perdido de vez era Duo. Não podia simplesmente usar sua força sobre um corpo físico que estava na terra... Não podia fazer muito pelo garoto, a não ser sentir saudades.

-De novo? – Ávila se aproximou, ele agora era o braço direito de Yui, e seu protetor pessoal.

-Apenas pensando... – Heero resmungou.

-Ele... Deve estar bem. – o guerreiro falou.

-Então porque nunca veio me visitar? – Yui se levantou chateado.

-Heero. Espera! – o guerreiro ainda tentou, mas Heero amava Duo e isso era doloroso. Amar e saber que se é amado, mas estar distantes da pessoa... –Eles tinham tanto carinho a se darem... – Ávila comentou pensando como estaria Duo.


Na Terra. Duo havia voltado a sua vida habitual, mas quando saiu da enfermaria descobrira que conservava os estranhos dons, e tão igual à antes não estava sabendo como lidar com isso. Não queria sentir as dores dos outros. Porque ele não podia ser um garoto normal? Aliado a tudo isso havia a saudade arrebatadora de Heero e dos amigos que fizera naquele estranho mundo.

Ele estava diferente agora. Seus olhos violetas já não tinham o mesmo brilho que antes. Jaziam vidrados em algum ponto, quando não opacos e suplicantes.

Já passavam das dez horas da noite quando o garoto trançado chegou em casa naquele dia.

-Duo? Meu Deus! – o pai lhe recebeu à porta. Estava trêmulo de tanta preocupação. –Numa cidade como essa você me sai às sete da manhã para ir a escola e só volta agora, sem me dar um maldito telefonema? – o pai gritou nervoso.

-Eu... Esqueci. – Duo falou bobo e fraco, sem por seus olhos nos do pai.

-Espera! – o homem alto e jovem estava cansado dos problemas com o filho. Ele o tomou com vigor pelo braço. –Onde você esteve? Porque não atendeu o celular? – o pai gritou.

-Eu... Estava por ai. – Duo o olhou brevemente. –Eu não tenho mais celular. – falou simples. –Agora, me solta. Por favor! Estou exausto. – gemeu.

-Duo. Filho. Você nunca mentiu pra mim antes. O que está havendo? Para quem deu seu celular? – era uma série de perguntas sem resposta. Vencido ele soltou o braço do rapaz que saiu correndo para o quarto. Teve até o ímpeto de ia atrás, mas uma mulher o parou o olhando de forma benevolente.

-Treize. Deixe-o. – ela gemeu.

-Já não sei mais o que fazer com ele. Desde que teve aquela ausência lá no museu e ficou em coma que ele não é o mesmo. Une, eu sinto que estou perdendo meu filho. – ele falou vencido.

-Tente ter mais paciência. O Duo é um bom menino...

-Bom, menino? Ele passa os dias trancado no quarto, some de vez em quando, não temos um dialogo sequer. Eu realmente não sei quem é esse estranho que vive na minha casa! – ele gritou chateado.

No quarto Duo chorava encolhido ao canto da parede, com uma trouxinha, no chão frio. Ouvia os gritos de seu pai.

Se ao menos Heero estivesse ali... Mas já fazia tanto tempo. E agora rapaz eraum líder em seu mundo, já nem devia se lembrar de um humano idiota.

Chorando Duo abriu a mochila e retirou uma pequena caixinha. Ali estava a resposta para o que o menino fizera com o celular. Estava naquela caixinha que ele abriu e engoliu com ânsia três ou quatro pílulas. Insatisfeito ele tomou todo o conteúdo.

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Um novo dia podia trazer uma nova chance para Treize se aproximar de seu filho. O homem alto e jovem de cabelos curtos num caramelo atraente entrou no quarto buscando por seu filho... Mas não o viu sobre a cama. Estreitando os olhos ele viu o menino largado ao chão.

Seu coração falhou numa batida, Duo estava largado no chão.

-Não! – Treize correu até o garoto com um imenso pesar. – Porque criança? Porque? – abraçou aquele corpo mole do pobre filho. –É minha culpa... Minha culpa... – ele chorou.


No mundo que Duo ajudara a salvar tempos atrás Heero estava sozinho em silêncio às margens gramadas e floridas de um lago de águas verdes musgo.

Suas vestes claras arrastavam sobre a grama quando um coelho se aproximou ganhando um breve carinho de Heero.

Ele era a imagem da desolação total. Mantinha seu mundo com pulso forte, mas o sorriso já não lhe era claro e os olhos de um forte azul turquesa soavam como tristes. Ele queria Duo, por mais impossível que aquilo pudesse parecer.

-Heero? – Trowa se aproximou. Sentando calmamente ao lado do quase Deus.

-Não sabia que tinha voltado. – Yui comentou sem lhe dar muita importância.

-Cheguei hoje de um lugar interessante para você...

-É? – Yui saltou o animal felpudoeesse se afastou indo cheirar as flores.

-Se eu falar naterra dos humanos, faz diferença? – Trowa comentou distraído.

-Duo? – os olhos azuis se acenderam em um instante.

-Sinto, mas a ameaça paira sobre esse lugar. O conquistador levou Duo consigo e dentro de pouco tempo o corpoda criança ametistana Terra vai se destruir... – Trowa explicou sempre com cautela.

-O que o conquistador quer afinal? Porque logo o Duo?

-Não está claro ainda o queele quer, Yui. Mas está com o Duo. Tudo indica que é você quem ele busca. Usar a criança humana é a forma mais fácil de te atingir. Acho que... – Trowa o olhou. – Acho que o conquistador aprendeu alguma coisa... Acho que aprendeu a amar.

-Como disse? – Yui o encarou sem entender.

-Ele está apaixonado por você, Heero. Ao menos foi o que ouvi nas minhas peregrinações. Pretender matar Duo e ficar com você. – Trowa comentou. – Às vezes me perguntou senão é uma mulher. – ele sorriu da graça que não tinha lá muita graça.

-Eu amo o Duomais que tudo, e só descanso quando o trouxer com vida e saúde, ou para o pai dele na Terra ou para meus braços me ajudando a governar esse lugar.

-Certo. E os outros? – o caçador perguntou.

-Eu vou sozinho, Trowa. Não posso arriscar perder meu mundo. Quando eu sair isso se tornará um caos completo. Vou precisar ser rápido para salvar o Duo e voltar... Os demais devem ficar aqui e manter o clima e as instabilidades que correrão quando eu estiver distante. – Heero falou se levantando. Ele olhou para o horizonte.

-Duo, Minha vida. Vou salva-lo.


tsc.tsc.tsc...

À pedidos... segue a saga com direito a final feliz... Tá bom assim? (beijos)

De coração. A força de vocês é quente e verdadeira. Valeu.

Hina