DISCLAIMER: Jo Rowling, minha "ídola", é dona de Harry Potter. Não eu. Quem me dera.


O panfleto dizia Rua das Alfazemas Lilases, número trezentos e doze, Londres. A plaquinha pregada no muro da padaria à frente deles dizia "Rua das Alfazemas Lilases", eles estavam em Londres, mas não se via o número trezentos e doze em lugar algum. E olha que eles tinham virado a rua de cabeça pra baixo, não literalmente.

'Ué…' disse Sirius, inteligentemente, olhando a plaquinha.

'Isso é tão estranho,' murmurou Remus, checando o panfleto pela quinta vez em dois minutos. 'Devia estar em algum lugar aqui perto.'

'Defina "aqui perto",' retrucou Sirius, pegando o panfleto ele mesmo e começando a analisá-lo. 'Eu devia saber, se quiser que uma coisa seja bem feita, faça você mesmo.'

'Você está absurdamente convencido pra quem nem devia estar aqui,' resmungou Remus.

'Com licença, senhor,' dizia James, já dentro da padaria, para o trouxa rechonchudo e barbudo do outro lado do balcão.

'Fale, moleque,' grunhiu ele, simpático. Tinha um sotaque engraçado, que não dava pra definir. Remus olhou para ele e se lembrou de uma beterraba, não só pela cor, mas pelo formato também.

'Sabe nos dizer onde fica…'

Quatro segundos antes, Sirius tivera a grande idéia de olhar o verso do panfleto. Havia algo escrito em tinta laranja e borrada. Cutucou Remus e mostrou a ele.

No beco entre a livraria Versátil e a loja de discos É Nóis na Fita. Não comente com os trouxas.

Remus percebeu o que James estava fazendo.

'… o número…'

'QUIETO, JAMES!' gritou ele, irrompendo na padaria e dando um tabefe na nuca do outro. James caiu em cima de um saco de batatas aberto, causando um pequeno estrondo de batatas rolando.

O padeiro-beterraba piscou duas vezes antes de entender o que se passava em seu estabelecimento. E resolveu apenas assistir – os dias eram sempre tão iguais, qualquer distração era bem-vinda.

'Enlouqueceu?' gritou James de volta, irritadíssimo no meio daquele monte de tubérculos. 'Eu estava pedindo uma informação—"

Sirius pegou um brioche de cima do balcão e enfiou-o na boca de James, fazendo-o cair de novo. 'Onde já se viu um homem pedir informações? Você não honra as calças que veste?'

James cuspiu o brioche em cima duns tomates ali perto. 'E você prefere rodar a cidade inteira atrás do endereço!'

'É melhor do que me humilhar desse jeito tão grotesco!'

'Você é um fresco!'

'E você é um fresco grotesco!'

'Desculpe-nos por qualquer coisa, senhor,' disse Remus, agitado, quando os dois tinham ido discutir do lado de fora da padaria. 'Quanto custa aquele brioche?'

'Ah, não se incomode,' disse o padeiro, rindo e tossindo ao mesmo tempo. 'Fica como pagamento pelo pequeno show de vocês.'


O beco entre a loja de discos e a livraria era estreito, escuro e muito, muito sujo. Cheirava a alguma coisa morta e em estado de decomposição, com um toque de óleo de fígado de bacalhau. Os três bruxos, recém-graduados e recém-adultos, que não pareciam nem uma coisa e nem outra, se entreolharam.

Remus fez um meneio com a mão, indicando o beco horroroso. 'As visitas primeiro.'

'Oh, não, não, meu caro amigo,' disse James, 'não poderíamos tirar-lhe a honra de ser o primeiro a entrar. Seria egoísmo de nossa parte.'

'A etiqueta manda que as damas vão na frente,' disse Sirius, com as mãos nos bolsos. 'Por isso, vão indo vocês dois, eu fico na retaguarda.'

'Eu é que não entro nessa podridão toda!' berrou Remus. 'Vocês quiseram vir comigo? Pois arquem com as conseqüências!'

'Ninguém nos avisou que o encontro seria num bueiro!' retorquiu James, ao que Sirius confirmou vigorosamente com a cabeça.

Um rato cinzento e gordo saiu correndo da escuridão do beco.

Uma barata maior do que o rato saiu atrás dele.

Sirius fez cara de nojo profundo. 'Em que roubada você nos meteu, hein, senhor Lupin?'

'Ninguém meteu ninguém em nada aqui, vocês vieram porque quiseram.'

'Ahn… crianças, estamos começando a atrair olhares…' disse James, sem-graça, olhando para os lados.

Alguns transeuntes sem mais o que fazer haviam parado, no meio da rua, para assistir aos três amigos debatendo se iam entrar ou não num beco tenebroso. Um guarda inglês vinha caminhando na direção deles, com passadas largas e cara de mau.

'Rum,' fez o guarda, emparelhando com o trio. 'Que significa isso?'

'Quê?' disse Sirius, pego de surpresa.

'Não compreendo sua pergunta, senhor oficial de polícia,' disse Remus, muito educadamente.

'Que é que os senhores estavam pensando em fazer aí dentro, hein?' disse o guarda. Seu nome era Gilbert, ele tinha um metro e noventa, um bigode castanho, dois cachorros ferozes em casa, e uma avó que achava que era uma pomba. O problema era quando ela resolvia fazer suas necessidades fisiológicas na cabeça dos outros.

'Nós…' balbuciou James, pensando furiosamente numa desculpa. A única coisa que vinha em sua cabeça era 'íamos nos drogar escondidos', mas era melhor não falar uma coisa dessas.

'Estávamos comentando como a cidade está jogada às baratas, literalmente,' disse Sirius, num estalo. 'É evidente que todos nós queremos nossas ruas limpas e não-fétidas. O governo deveria zelar por nossa capital! Se a cidade mais importante da Inglaterra está nessas condições, que dirá o resto do país!'

As pessoas que estavam escutando prontamente concordaram com Sirius. Era disso que eles precisavam nos jovens de hoje em dia: que eles fossem determinados, críticos e envolvidos com o que acontecia no mundo, e não aqueles hippies e skinheads que se via por todos os lados.

(Pobres pessoas iludidas – Sirius só queria saber de sua moto de estimação.)

Logo já estavam comentando com quem estivesse por perto, falando como aquilo era um absurdo, um disparate, como os governantes não direcionavam o dinheiro para algo importante como a higiene pública e como no tempo deles não era daquele jeito.

Dali a pouco, um zunzum intenso já havia se instalado naquela rua. O guarda Gilbert estava tontinho com a multidão que parecia achar que ele era o culpado e discutiam com ele também. Olhou para os lados, pronto a dar um passa-fora naquele jovenzinho convencido.

Mas os três já haviam sumido.


No fim beco havia um latão de lixo, algumas sacolas de lixo e lixo espalhado pelo chão. Nada muito agradável ou que saltasse à vista, portanto. E mesmo que saltasse, eles não veriam, de tão escuro que estava aquele lugar.

'Pois eu acho que isso é uma bela peça que pregaram em você, Remus, meu chapa,' resmungou James, afastando uma mosca do tamanho de um passarinho, e brilhante como um peixe-lanterna, com um soco.

'Acho que esse beco é um ecossistema à parte,' comentou Remus, sem lhe dar atenção. 'Os biólogos trouxas iriam adorar.'

'Eu disse que a gente devia pedir informação,' continuou James, enfático.

'Você tem passado tempo demais com a senhorita Evans, James!' exclamou Sirius, exasperado. 'Isso de pedir informação nunca nem passava pela sua cabeça antigamente, você era um autêntico macho, mas essa garota tem uma péssima influência sobre você. Recomponha-se!'

James revirou os olhos, mesmo que o outro não pudesse vê-lo naquele breu. 'Você é um belo dum careta, Sirius.'

Sirius entrou em pânico. 'Um careta! Ele me chamou de careta! Remus, Reminhus, olha só pro nosso menino! Anos e anos preparando-o para honrar o sangue maroto, e é assim que ele nos retribui? Fale alguma coisa, Remus!'

Remus, por sua vez, estava quieto, tapando o nariz com a manga do casaco (o cheiro ali não era muito legal), examinando cuidadosamente a parede no fundo do beco. Acendeu sua varinha o mínimo possível, para não alarmar os trouxas logo ali fora (apesar de que ninguém estava mais lembrando do beco a essa altura). Ficou bem uns três minutos andando para lá e para cá, com os olhos estreitos e examinadores.

Sirius e James até pararam de discutir, só para assisti-lo em seu comportamento anormal.

E, de repente, Remus soltou um "yes!" triunfal e encostou a ponta da varinha em um dos tijolos imundos. A parede girou, o chão rodou junto com ela, carregando os três marotos que nem sequer tiveram tempo de protestar.

Lá fora, a multidão enlouquecida gritava por justiça social.


Yay! Terminei esse capítulo! Não entendo por que demorei tanto para escrevê-lo, foi só eu parar na frente do computador que veio tudo numa enxurrada. 0.o"

(O Sirius tá estressado hoje, né? Não sei o que deu nele.)

E aí? Gostaram? Amaram? Detestaram? Acharam muito curto? Deixem um review! Me faz um bem danado ver que tem gente que se importa comigo o suficiente para comentar minha fic… (snif) Chantagem emocional também vale nessas horas…

> Zu