PARTE II
(APARTAMENTO DA CHARLOTTE)
Charlotte entrou no apartamento, colocou a bolsa no sofá. Foi para a cozinha, bebeu um gole d'água e seguiu até o quarto.
— Harry?
— Oi Char.
— O que você está fazendo aqui?
— Deitado...
— Na minha cama?
— Na nossa cama.
— Nossa desde quando?
— Desde quando você me aceitou como seu namorado.
— Harry, Harry...
Ele levanta, segue até a namorada. Envolve suas mãos na cintura dela, que tenta evitar, mas acaba cedendo.Eles caem sobre a cama e transam ferozmente, a ponto de tornarem-se um só.
(APARTAMENTO DA CARRIE - noite)
Depois de um estressante dia, era a vez de uma boa festa. Coloquei meu chapéu creme, com um laço rosa, meu manolo's blanhick rosa, com pequenas pedras de diamantes e um xale lindo, estampado que comprei na mesma loja do vestido... e do sutiã. Suspirei, sacudi o corpo, me olhei no espelho e procurei meditar.
...
Cheguei na igreja. Aparentemente lotada. Procurei sentar à frente, para ter uma vista melhor. O altar estava todo decorado com rosas vermelhas e cravos brancos. A mãe de Sarah veio me cumprimentar com beijos no rosto.
— Carrie Bradshaw?
— Olá, Steffany, tudo bem?
— Tudo ótimo! Estou tão emocionada.
— Pois é...
— A Sarah está linda.
— Imagino.
— Mas você também está maravilhosa!
— Obrigada! É um Donna Karan.
— Uau...
A mulher colocou sua mão em meu ombro e deixou aparecer o enorme anel de diamantes. Na certa queria mostrá-lo para mim, reparei com o olhar desviado e ela acenou para o fundo da igreja. Despediu-se de mim e foi até o padrinho do noivo. Sentei no banco. Olhei mais uma vez a igreja. Até que a Steffany volta, e acompanhada...
— Carrie, deixe eu te apresentar, esse é o...
— Big?
— Oi, Carrie! - cumprimentou, estendendo a mão direita para mim.
— Vocês já se conhecem? - perguntou Steffany, espantada.
— Sim. - respondi.
— Pois é, a Carrie foi uma antiga namo...
— Amiga! Sim, nos conhecemos há uns anos atrás.
— Ah sim. - disse a mulher, com um brilho nos olhos. - Bom, vou deixar vocês sozinho, tenho que cumprimentar os outros convidados, logo a Sarah chega.
A mulher saiu toda contente e saltitante. Fiquei parada, perplexa, olhando para baixo. Não tinha coragem de erguer meu rosto e encarar o Big. Ele, puxou a conversa:
— Quem diria, não?
— É...
— Nós dois, nos reencontrando depois daquela transa em...
— Não. Por favor, não...
— Ah sim...
— Mas então você é o padrinho do noivo?
— Pois é, conheço o Ryan há um tempão. Amigos de infância.
— Deveria ter suspeitado...
— Como?
— Ah, nada.
— Hum... bom, deixa eu ir, porque a noiva acabou de chegar com a madrinha.
A marcha nupcial
começou a tocar, nem deu tempo para eu me sentar e logo olhei
aquela madrinha morena, de sobrancelhas finas, olhos claros, andar de
modelo, seguindo para o altar. A encarei, e depois olhei para meu
vestido: Estávamos iguais!
O corte, a cor... só
poderia ser da mesma marca. Eu e minha mania de comprar vestidos em
loja. Costureiras estão pra aí para que? Claro que é
para fazer modelos únicos. Cobri meu decote com o xale,
respirei fundo, esperei a noiva entrar e sentei no banco. Procurei
olhar pouco para a madrinha, que agora me encarava furiosamente. E eu
acabei perdendo meu modelo único e o Big para ela...
(APARTAMENTO DA MIRANDA)
Miranda estava esperando Steve na cama, ela com uma camisola creme, curta e de alças, e ele que estava saindo do banho, apenas com uma toalha enrolada na cintura, com a intenção de esconder seus órgãos sexuais. Ela, fez sinal para que ele fosse para a cama.
— Vem, Steve... - disse, com a voz sexy.
— Já vou, deixa eu pegar um copo de leite.
— Leite? Steve, leite?
— É, espanta o sono...
— Hungf!
Ele foi até a cozinha, abriu a geladeira, pegou o leite, colocou no copo e começou a beber. Ela o seguiu e ficou parada na porta. Steve virou-se para checar o barulho que a mãe de seu filho fez e a toalha que o cobria enroscou na cadeira e acabou caindo no chão. Miranda arregalou os olhos:
— Ah, sim... okay! Eu não estou mais aqui. - Miranda deu as costas e foi para o quarto reclamando. Foi a vez dele de ir atrás.
— Porque ficou constrangida? Nunca me viu nu?
— Não daquela maneira...
— Que maneira? - perguntou, encostando os lábios no pescoço da Miranda.
— Não sei, parece que "ele" estava me olhando...
— Ele?
— É, seu pênis...
— Ele te assusta? - perguntou, afastando o rosto do pescoço da mulher e com um tom irônico.
— Não! Claro que não. Mas sei lá, perdi o tesão.
— Perdeu? Miranda, o que você tem?
— Nada. - enquanto respondia, Steve puxava a alça de sua camisola para baixo, com a intenção de eliminar mais um obstáculo para chegar aos finalmente. - Steve, não. Por favor. Chega.
— Miranda... - disse, deixando a camisola de lado e indo para o banheiro.
(VESTIÁRIO FEMININO - CLUBE DE TENIS)
Enquanto Miranda
estava passando por momentos ruins no sexo, Samantha estava
desfrutando-se de uma nova carne, da qual jamais havia provado. O
clube já estava fechado, mas o professor deu um jeito de pegar
as chaves com o zelador.
Sam nunca pensou que um professor de
tenis, que segurava uma raquete para rebater bolas, fosse capaz de
fazer loucuras na cama, quer dizer, no piso frio do vestiário
feminino.
— Ei, volte aqui.
— Não posso, querido. Tenho que trabalhar amanhã.
— Mas amanhã é domingo.
— O que é que tem?
— Domingo não é dia de trabalhar...
— Você que pensa. Trabalho de segunda a segunda. - disse para o professor, se achando a maior profissional.
— Ah, mas pelo menos deixa eu gozar mais uma vez...
— Mais uma? - falou, olhando para o espelho e retocando a maquiagem.
— É...
— Querido, eu não tou pra engolir porra...
— Mas não é oral.
— Então... piorou.
Ah, essa era a Samantha que eu conhecia, de tanto transar com a mesma pessoa durante duas horas, já nem estava mais sentindo a vagina. Agora deu de recusar sexo, só porque tem a quem chupar...
(IGREJA)
O casamento chegou ao fim, e acho que a minha cara e maquiagem também. Nunca chorei tanto, acho que foi uma mistura de emoção com desespero, mas sei que as lágrimas escorriam em meu rosto, a ponto de eu não ter mais espaço no meu lenço para enxugá-las.
— Carrie?
— Ah, oi Big! - disse, enxugando as lágrimas com a mão.
— Por favor, pegue. - tirou um lenço branco do bolso e entregou para mim.
— Obrigada.
— Então, vai com quem a festa?
— Com o taxista.
— Hum...
— ...
— Eu não te ofereço carona, porque o padrinho leva a madrinha e...
Parei. Respirei e olhei para ele:
— Você é namorado dela?
— Não.
— Amante?
— Não.
— Amigo?
— Pode ser...
— Como pode ser?
— Eu não a conheço.
— Não?
Conhecer o Big ela não conhecia, mas a minha grife, bem que ela gostava...
— É. Ela é uma amiga de infância da Sarah, nem o Ryan a conhece direito.
— Pelo jeito a Sarah também não te conhece direito...
— É.
— Bom vou indo, a gente se vê.
— Está certo.
Abaixei a cabeça e sai, cheguei à porta e fui surpreendida pelo Big ao meu lado:
— Só mais uma coisa, depois da meia noite, quando todos estiverem bêbados a ponto de não reparar na situação, você aceitaria dançar comigo?
— Se você não ficar bêbado e ainda tiver música... quem sabe?
Senti-me tão orgulhosa de mim mesma por essa tirada. Chamei o primeiro táxi e entrei.
— Ah, por favor, avenida 7.
O taxista me levou até o local. Enquanto andava meu coração parecia disparar e o que eu mais desejava era que essa meia noite chegasse logo.
...
Eu de táxi e o Big em um carro preto, na moda e em alta velocidade. Com uma companhia de vestido rosa...
— Big?
— Hum... - respondeu, com a mão no volante e concentrado na rua.
— Você tem namorada?
— N-não.
— Rolo?
— N-n-não.
— Paquera?
— Isso até um padre tem.
— Um padre? - perguntou, passando a mão sobre o peitoral coberto por uma camisa branca dele.
— Sim.
— Como sabe?
— Sou um bom observador.
— Sério? - sussurrou, com os lábios da orelha dele.
— É-é.
— E você me observou?
— Como não observaria?
O Big perdeu o controle do carro e para evitar um acidente freou bruscamente. Ela, meio assustada caiu com a cabeça no colo dele. Os dois se entregaram ali mesmo.
(FESTA DO CASAMENTO)
Enquanto eles brincavam no carro, eu aceitava as brincadeiras de um rapaz, que pareceu olhar para mim a cerimônia toda.
— Ah, não, não. - neguei.
— Porque não?
— É que eu não sei dançar.
— Não sabe? Mentira...
— Mentira mesmo, dançar eu sei. É que eu estou esperando alguém.
— Esperando?
— Sim. - respondi, olhando para o relógio.
— Mas você estava desacompanhada na igreja.
— E quem disse que estou esperando companhia?
— Geralmente esperamos por isso.
— Hum...
O rapaz saiu, e meu olhar o perdeu no meio dos casais que dançavam alegremente num circulo vazio, que fizeram entre as mesas.
Olhei mais uma vez pro
relógio e comecei a procurar o Big entre as pessoas, onze
horas, onze e meia e logo meia noite. Olhei novamente e todos estavam
embebedados, mas nada do Big.
Logo o relógio anunciou meia
noite e meia e quando eu olhei para trás...
— Big?
— Carrie?
— Quem é
essa? - perguntou a madrinha, que adora roubar modelos e homens.
Ele
estava beijando ela. E eu me senti a mais pateta das mulheres por
mais uma vez ter acreditado nele. Não quis acreditar que
aquela transa passada haveria de ter sido um adeus.
Preferi ir
embora. Enquanto saía pelo portão, o rapaz jovem que
uma vez me convidou para dançar, insistiu em seu convite.
Olhei para o Big feliz com a ladra e decidi aceitar o convite.
Fomos
para a pista de dança e começamos a nos entregar a
música e a sensualidade que depositávamos um no outro
foi o suficiente para ele me roubar um beijo.
Notei que o Big não
tirava os olhos da gente. Me senti uma puta ao entregar meus lábios
a um desconhecido, mas não dei muita bola para isso, qualquer
Cosmopolitain resolveria o problema. Eu consegui me divertir...
FIM
