- The Avenger's Flower -
Capítulo VII
xx Senseless xx
Finalmente havia chegado.
Dezembro. Época de festa e alegria, de dar e receber, de passar com quem você gosta. A época mais feliz do ano. A comemoração do nascimento daquele que se se sacrificou por todos. Comemoração da harmonia e gratidão. Comemoração...
Plaft!
... Da guerra anual de bolas de neve.
"E mais uma vez, pelo terceeeiro ano seguido...!" Naruto fazia suspense e puxava as palavras, falando de um jeito bem lento e intrigante. "O tiiiime sete é o vencedooooor!"
Naruto começou uma dança estranha, que se confundia com um ritual de acasalamento de animais gordos e moles.
Era a melhor época do ano.
"Adoro o Natal..." Sorriu Ino, abraçando carinhosamente o braço direito de Shikamaru, que apenas sorria para o céu.
"Pensei que odiasse." Respondeu Shikamaru, voltando seu olhar para a loira.
"Não depois do que houve."
A melhor.
x-x-x-x
"Ohayo, Tsunade-sama." Bateu de leve na porta, entrando sem esperar uma resposta, assim como fazia todas as manhãs. "Animada com o Natal?"
"É uma boa época..." Sorriu Tsunade, perdida em lembranças. "E quanto a você? Como vai passar o Natal esse ano, Sakura-chan?"
Sakura pensou por um instante, após dirigir-se até a mesa da Hokage e sentar-se. Nos últimos três anos havia passado os Natais no hospital de Konoha ou em missão, não querendo muito comemorar, por assim dizer. Esse Natal queria que fosse diferente. Não queria ficar sozinha. Não mais. Não queria ficar presa às lembranças, à memória. Apenas queria sentir o espírito natalino e sorrir. Com seus amigos. Como seus amigos.
"Vai ser meu primeiro Natal sem minha mãe..." Pensou Sakura em voz alta, entristecendo por dentro, porém sem mostrar muito por fora. "Todo Natal ela fazia algo especial para mim. Especialmente quando comíamos todos juntos, em volta da mesa."
Tsunade nada disse, apenas fez um esforço para tentar lembrar-se de sua mãe.
Não conseguiu.
"Eu acho que quero algo assim, sabe?" Sakura parecia sem graça. "Do tipo todos em volta da mesa... um grande pernil, muitos amigos juntos... Algo do gênero sabe? Eu sinto falta disso...".
"Eu também."
Ficaram caladas por alguns minutos, cada uma perdida em suas próprias memórias. Cada uma presa em seu próprio passado manchado de sangue e dor. Cada uma com seus próprios receios e arrependimentos.
"Queria ter passado mais natais com minha mãe..." Disse Sakura, sem lágrima alguma nos olhos, porém com uma pitada de tristeza em sua voz, agora presa em sua garganta. "Eu... queria..."
"Então vamos." Disse Tsunade, levantando-se de supetão. "Vamos fazer o melhor Natal de sua vida, Sakura-chan. Vamos reunir todos os gennins, os senseis, seus amigos... Convide-os todos para cá. Vamos passar um Natal feliz, Sakura. Em memória aos velhos tempos de felicidade."
"H-hontou ka?" Sakura parecia que iria explodir de tanta felicidade. Levantou-se em um salto e jogou-se nos braços de sua mestra. "Arigatou, Tsunade-sama! Arigatou gozaimasu!"
"Não há de quê, Sakura..." Passou uma mão sobre o topo da cabeça da menina. "Não há de quê."
Era tudo sua culpa...
x-x-x-x
O resto do dia Sakura passou nas ruas, fazendo compras. Enquanto andava de uma loja a outra, convidava todos aqueles que encontrava. Todos que conhecia e confiava, pelo menos.
"Iruka-sensei..." Lembrou-se de seu sensei dos velhos tempos de academia e sorriu, indo correndo com as compras nas mãos até a velha e grande academia ninja. Passara alguns dos melhores momentos por ali.
Sorriu.
Lembrou-se do dia que Naruto e Sasuke acidentalmente se beijaram.
"Como eu era idiota..." Sorriu Sakura, lembrando-se que ficara brava por aquilo. Era criança e era feliz. Tinha seus pais. Não tinha amigos, mas era feliz. Pensando bem, não voltaria àqueles tempos. Se pudesse escolher, voltaria aos tempos do time 7. Lá tinha amigos, família e tudo que realmente importava para ela. Muitas coisas haviam acontecido desde então... Grandes e dolorosas trocas foram feitas. Grandes perdas e grandes ganhos foram conquistados. Mas pelo menos sabia que tinha seus amigos.
Mas não tinha mais sua mãe...
Por que não consigo parar de sentir falta dela? Por que essa dor simplesmente não vai embora? É tudo tão... Vazio...
"Sakura!" Iruka-sensei.
"Aah!" Sakura sorriu, de olhos fechados. Iruka se encontrava à porta da academia, alguns metros a sua frente. Aproveitou para limpar os olhos sem que o antigo sensei visse, e logo em seguida caminhou até o mesmo, ainda carregando as compras. "Ohayo, Iruka-sensei."
"Ohayo, Sakura." Iruka sorriu, sua cicatriz cortando o rosto contorcendo-se. "Como vai?"
"Muito bem." Mentiu, mostrando um sorriso simples. Nem falso, nem verdadeiro. Apenas um sorriso. "Os treinos com a Godaime vão muito bem, já sei bastante sobre antídotos, até. A Godaime disse que eu estou adiantada."
"Que bom." Iruka abriu espaço para a garota entrar, que prontamente obedeceu. Iruka entrou logo após, fechando a porta atrás de si. "Mas não foi isso que quis dizer."
Andaram por um longo corredor com piso de cimento por todo o seu comprimento, e várias portas cortando suas paredes, tanto do lado esquerdo quanto do direito. Seguiram por um caminho conhecido por Sakura, até a antiga sala de aula. Pararam à porta, olhando um para o outro.
"Sabe, Sakura..." Iruka colocou uma mão sobre o ombro direito dela, olhando-a carinhosamente. "Eu perdi meus pais menor que você... Devia ter a idade do Sasuke quando perdeu os próprios..."
Sakura desviou o olhar.
"Eu..." Iruka sentiu um nó na garganta, porém continuou. "Eu aprendi a não sentir ressentimentos... Na verdade nunca os senti. Apenas... Sakura, meus pais foram mortos pela Kyuubi. Eu... Você não imagina o quanto eu gosto de Naruto. Eu o adoro como um parente, como um irmão!"
"Você não quer..." Sakura olhou novamente para os olhos de Iruka. "Comparar Naruto com Itachi, quer? Quero dizer, ele era grande o suficiente para... para ter consciência de seus atos! Deus, que tipo de pessoa mata os próprios pais...?"
"Sakura..." Iruka suspirou, cansado. "O que eu quero dizer é que... o que Sasuke está fazendo é errado, Sakura. Vingança é um sentimento desprezível. Olhe só para você; teve sua mãe assassinada e não está atrás de vingança. Seu pai a abandonou e nem por isso está sendo fria e matando qualquer um."
"Sasuke não está matando qualquer um." Retorquiu Sakura, sentindo-se desconfortável. "Ele nunca matou ninguém."
"Tem certeza?"
"Tenho."
"Está bem." Iruka tirou a mão do ombro da garota e suspirou novamente, olhando para a porta. "Apenas lembre-se do seu amor por Sasuke. Nunca se esqueça também do seu amor por sua mãe. Prometa-me que nunca se esquecerá dela."
"Eu nunca me esqueceria dela." Afirmou Sakura, com uma segurança que espantou até ela mesma. "Nem em um bilhão de anos."
"Bom." Iruka sorriu, agora olhando para ela. "Sabe Sakura... eu me lembro do dia que você entrou para a academia. Você era pequenininha, e vinha de mãos dadas com sua mãe. Se lembra que vocês brigavam direto? Você parecia até uma adolescente, mesmo daquele tamanhinho apenas."
Sakura riu baixo, fazendo esforço para lembrar-se de quando entrou na academia. Não conseguiu lembrar-se dos detalhes, mas lembrava de ter sido trazida por sua mãe. Estava brava com ela, mas não se lembrava por quê.
"Por que eu estava brava com ela mesmo?" Perguntou Sakura, perdida em memórias. "Eu lembro de estar muito emburrada com algo que minha mãe tinha feito... Algo do gênero."
"Você estava brava com ela..." Iruka sorriu. "... porque você queria que seu pai te trouxesse no primeiro dia da academia. E não sua mãe."
"Mesmo?" Sakura espantou-se. Lembrava-se de quando pequena brigar bastante com sua mãe, mas não se lembrava de ter seu pai como preferido. Lembrava-se de brigar bastante com sua mãe, e por isso Sasuke a achava fútil. Deus, como ela era fútil...
"Mesmo." Iruka riu da expressão dela. "Está vendo como após um tempo alguém que achamos chata pode acabar virando nossa pessoa favorita no mundo? E como a sua pessoa favorita pode acabar... te traindo?"
"Naruto virou meu melhor amigo. Minha pessoa favorita." Sorriu Sakura. "E Sasuke apenas me trouxe dor."
"Yare..." Iruka olhou novamente para a porta. "Eu tenho que dar uma aula agora, Sakura. Não quer me dar uma ajudinha?"
"Eu adoraria." Sakura sorriu, seguindo Iruka enquanto este fazia seu caminho para dentro da sala de aula. Pôde reconhecer alguns garotos de relance, como Konohamaru, o neto do Terceiro, e seus dois amigos, o menino catarrento e a menina de cabelos estranhos. Sorriu, lembrando-se de seus tempos de academia.
Pensando bem, não voltaria no tempo se tivesse a chance.
Apenas viveria o presente.
Porque Deus escreve certo por linhas tortas.
x-x-x-x
O resto da tarde Sakura passou na companhia de Iruka, aproveitando a boa companhia. Embora ele fosse um sensei, ele ainda era jovem, era apenas uns seis ou sete anos mais velho que ela. Sakura se surpreendia. Era incrível como parecemos conhecer uma pessoa de verdade, até que um dia você amadurece e tem uma conversa de verdade com essa pessoa. Ela parece uma pessoa nova, um novo amigo.
"Muito obrigada pelo ramen, Iruka-sensei!" Sakura sorriu, depositando a vasilha vazia de ramen sobre o balcão do Ichiraku. "Fico muito feliz de ter passado perto da academia. Sem querer ofender, mas eu não sabia que você era tão legal."
"Acontece." Iruka sorriu, depositando sua vasilha sobre a mesa também. "Quando você não tiver o que fazer, pode dar uma passada por lá. Ficarei feliz em te mostrar o resto da academia. A parte que os estudantes não podem ir."
"Hontou ka?" Sakura sorriu. "E o que tem lá dentro?"
"Muitas coisas..." Iruka olhou para o céu com um sorriso. "Uma biblioteca de livros de jutsus, muito útil... Algumas armas, essas coisas. Quando você virar chunnin vai entender melhor. Se bem que eu acho que você já tem o nível de um chunnin há tempos."
"Obrigada..." Sakura corou, envergonhada. "Ah é! Que idiota eu sou! Quase me esqueço! Eu fui na academia para convidá-lo para passar o natal conosco."
"Mesmo?"
"Sim! Véspera e Natal lá na Tsunade-sama." Sakura sorriu, os olhos brilhando. "Convidei todos os gennins e pessoas que eu conheço. Sem contar os senseis... Enfim, todos vão! Espero que você também vá, Iruka-sensei!"
Sakura levantou-se, depositando um beijo na bochecha direita do sensei e então saindo. O chunnin depositou uma mão sobre a bochecha e acenou um tchau para a gennin, que retribuiu, sorrindo.
"Que bom..." Iruka sorriu, colocando o dinheiro sobre o balcão e então seguindo na direção oposta da que Sakura fora. "...que você está bem... por enquanto..."
Então entristeceu.
x-x-x-x
Era noite.
Bocejou. Abriu os olhos e percebeu que seu dedo indicador direito se encontrava contra a terra, rabiscando-a. Olhou para o chão e percebeu que o que rabiscara formara uma palavra. Sakura. Sentia falta de Konoha, de Naruto, Kakashi... Sabia desde o início que sentiria, mas agora era tarde demais. Por mais que desejasse voltar para Konoha, seu desejo de vingança era maior. Era vingança o que ele queria, sim! Mas sentia falta do braço terno de sua Sakura...
"Quem está aí?" Levantou-se da terra seca de supetão, ouvindo um barulho e algo se aproximando. "É... você?"
"Sou eu." Aquela voz...
"..." Por incrível que parecesse, não seguiu seu impulso. Não o atacou. Apenas ficou parado, olhando para o chão. "Não cansa disso?"
"Do poder?"
"É."
"Não."
"Não sente falta?"
"..." Nada foi respondido.
"Por quê?" Estava triste, mas sua voz saiu fria. Passou uma mão pelos cabelos negros e olhou para frente friamente. "Por poder?"
"Sim." Respondeu a voz. "Agora sou eu quem pergunta. O que você fez nela?"
"Você sabe." Respondeu Sasuke, desviando o olhar. "Eu só não queria vê-la sofrer."
"Você é fraco."
"Não sou!" Respondeu furiosamente. "Você que é! Você é covarde! Você os matou e desapareceu! Você não tem sentimentos! Você não sabe amar!"
"Amor é apenas uma fraqueza." E então ele sumiu.
Sasuke olhou para o céu e suspirou pesado. Estava frio. O inverno já havia chegado. Como sempre, desde que seus pais morreram, iria passar o natal sozinho. Só houve um natal após a morte deles que não passou sozinho. O que ele passou com Sakura, Naruto e Kakashi.
x-x-x-x
"Você não adora o natal, Sasuke-kun?" Perguntou Sakura, sorrindo alegremente. "Eu adoro a neve e as árvores de natal. São tão incríveis... Você não acha, Sasuke-kun?"
"Eu odeio o natal." Como sempre, Sasuke fora frio para com a garota, que se calou na hora.
"Sasuke-teme!" Naruto levantou-se de sua cadeira de supetão, pegando Sasuke pela gola da camisa, muito nervoso. "Como ousa falar assim com a Sakura-chan?"
"NARUTO-BAKA!" Sakura imediatamente levantou-se também, afastando o loiro de Sasuke. Naruto a olhou aborrecido, voltando para seu lugar de braços cruzados. Sakura acalmou-se e se sentou também, olhando de relance para Sasuke.
"Yo, minna." Kakashi se aproximou sorrindo, não usando suas usuais roupas de jounnin. Ele usava uma camisa de manga comprida negra de gola alta e um par de calças de mesma cor.
"ESTÁ ATRASADO!" Naruto e Sakura imediatamente se levantaram novamente, olhando ameaçadoramente para o sensei. Sasuke se limitava a apenas olhá-lo tediosamente.
"Yare yare, foi por um bom motivo, eu juro." Kakashi os olhava sorrindo. "Eu encontrei um filhote de cachorro machucado e tive de levá-lo aos Inuzukas para que eles dessem uma..."
"MENTIRA!" Naruto nem ao menos esperou que o sensei terminasse, já apontando um dedo ameaçadoramente para o mesmo. Sasuke usava uma camisa de gola alta também, de manga comprida. A gola cobria sua boca, então ninguém viu, mas o rapaz possuía um pequeno sorriso nos lábios, enquanto seus companheiros brigavam e riam entre si. Iria sentir falta disso. E sabia disso.
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Sakura, Tsunade e Naruto passaram a semana inteira planejando a grande festa. Sakura estava muito animada, e Naruto ainda mais, como de costume. O rapaz ajudava na comida, e Sakura na decoração. Além dos convidados de Sakura - os que ela fazia questão que comparecessem - Tsunade chamou a Konoha inteira para comemorar, porém em um festival nas ruas de Konoha. Três dias antes da véspera, diversas pessoas já haviam comprado suas barraquinhas, e as mulheres já tinham seus kimonos escolhidos. Porém Sakura era uma exceção.
"Eu compro o meu amanhã." Disse pela enésima vez, sob o olhar duro da Hokage.
"Yare, Sakura..." Tsunade a olhou de rabo de olho. "Não se usa kimono usado em natal! Você tem que comprar o seu o quanto antes, se não vão acabar todos os bonitos... Quer que eu adiante sua mesada?"
"Iie, não precisa." Sakura coçou de leve o pescoço, meio desconfortável. "Na verdade eu não achei nada que me agrade..."
"Pois dê mais uma olhada." Disse a Hokage sorrindo. "Chame o Naruto, ele está logo ali na outra sala, sem fazer nada. Acabou de cumprir uma missão rank D, está apenas esperando sua recompensa."
"Ok, ok..." Sakura suspirou. "Fala pra ele me encontrar na loja de armas em trinta minutos. Eu tenho que comprar umas shurikens novas..."
x-x-x-x
De fora da loja, Sakura pôde avistar TenTen, Lee e Neji. Os dois primeiros muito animados, enquanto o último apenas se encontrava emburrado em um canto. Do lado de fora, perto da porta, estava Gai, rodando uma kunai no dedo. Ao avistá-la, o homem foi cumprimentá-la. A seu jeito estranho, mas foi.
"GOOD MORNING, SAKURA-SAN!" Gai jogou a kunai para o alto, deu um mortal de costas e abriu sua bolsa de kunais, onde a que se encontrava no céu pousou. Sakura sentiu uma gota escorrer pela sua testa, enquanto ela ria nervosamente.
"Ohayo, Gai-sensei." Sakura acenou de leve e entrou na loja, assustada com o grande e brilhante sorriso do jounnin. Abriu a porta, fazendo o sininho sobre a mesma balançar. Os únicos quatro habitantes do aposento viraram-se para ver quem havia entrado. Imediatamente Lee, TenTen e o atendente deram bom dia, e Neji apenas acenou a cabeça.
"Ohayo, minna." Sakura sorriu e se aproximou das shurikens, perto de TenTen e Neji.
"Você não adora o natal, Neji-kun?" Perguntou TenTen a Neji, que se encontrava ao seu lado de braços cruzados. Sakura apenas olhava as shurikens, porém ouvia a conversa, acidentalmente.
"Eu odeio o natal." Disse Neji friamente, de olhos fechados. TenTen o olhou tristemente e calou-se na mesma hora. Sakura parou de olhar para as shurikens e sentiu algo de familiar naquele diálogo. Tivera um parecido com o único natal que passara com Sasuke e o time sete. Sorriu tristemente e então olhou para Lee, ao seu lado. Ele olhava para umas armas de taijutsu.
"Não se preocupe, Sakura-san." Disse Lee, sorrindo. "Ele é sempre assim."
"Me lembra alguém que eu conheço." Divertiu-se Sakura. Os dois falavam baixo, para os outros habitantes do local não os escutarem.
"SAKURA-CHAN!" Naruto entrou no local sorrindo. Sakura notou dois rasgados na camisa laranja do rapaz, então sorriu. Naruto se esforçava muito. "Ohayo, minna-san!"
Naruto se aproximou do grupo, sorrindo. Seu hitaite estava um pouco frouxo, deixando sua franja loira cair por toda a sua testa. Um pouco atrás do rapaz, se encontrava uma tímida Hinata, completamente corada. Neji os olhou de relance e então fechou os olhos novamente.
"Yo, Naruto, Hinata." Sakura sorriu e foi em direção ao casal. Ouviu Lee e TenTen darem bom dia aos recém chegados, e isso somente a levou a conclusão que Neji era como Sasuke. E TenTen como ela.
"Vamos indo, Sakura-chan?" Perguntou Naruto, que se encontrava agora ao lado de Hinata. Eles realmente faziam um bonito casal. Eram duas pessoas que admirava muito.
x-x-x-x
Estava muito frio.
Infelizmente, havia saído de casa sem seu casaco, apenas com uma camisa de baixo negra e seu usual par de calças azul marinho. Havia decidido treinar na floresta hoje, para variar. Havia dito ao seu pai que queria treinar em um local diferente, mas a verdade era que queria ficar perto de alguém.
Ofegou, cansada, e sentou-se no chão. Estava treinando ali havia três horas e ele ainda não havia aparecido para treinar. É claro que não haviam combinado nada, mas sabia que ele sempre treinava ali. Sabia porque o observava
"Está frio..." Sentiu-se triste por não vê-lo. Por não tê-lo. "Onde está... Naruto-kun?"
"Oi, Hinata." Virou-se de supetão ao escutar aquela voz. "Eu estou aqui."
Naruto estava diferente. Não se encontrava com seu costumeiro ar sorridente e saltitante. Não parecia triste, apenas sério, sereno. Sua franja loira caía por todo seu hitaite, denunciando que estava na época do garoto cortar o cabelo.
"N-naruto-kun!" Hinata imediatamente levantou-se, corada desde o dedão do pé até o último fio de cabelo. Naruto se aproximou, olhando-a intrigado. Por que diabos ela sempre corava na sua frente? Será que ela era assim com todo mundo? Com Kiba ela não era, pelo que constou das missões que realizaram juntos, dois anos atrás.
"Ano, Hinata-chan..." Naruto olhou para o céu. Estava da cor dos olhos de Hinata. "Por que... Por que você me observa treinando?"
"..." Hinata corou ainda mais. Não sabia que Naruto tinha conhecimento que ela o espionava. "Você sabia...?"
"Eu estou mais forte, Hinata-chan." Dessa vez ele sorriu, ajeitando seu Hitaite na testa. Hinata quase sorriu. Era aquilo que mais a encantava nele. Essa mágica no seu olhar, o modo como ele ficava feliz com as coisas mais simples. "Mas você ainda não me respondeu."
"Você nunca me notou, Naruto-kun..." Hinata olhou para o chão, agora menos corada. "Mas eu sempre... Eu sempre te admirei. Mesmo quando ninguém acreditava em você, eu acreditava. Mesmo quando sua Sakura não acreditava em você ainda, eu sempre acreditei."
"Você nunca... Nem ao menos tentou falar comigo?" Perguntou um Naruto surpreso, olhando-a de perto.
"Eu sempre tive vergonha..." Admitiu com vergonha. "Tinha medo de você me ignorar, ou algo do tipo. Eu tinha vergonha..."
"Você não deveria se sentir envergonhada de seus sentimentos!" Naruto havia se surpreendido ainda mais. "Eu nunca tive vergonha de meus sentimentos, nunca escondi nada."
"Eu percebi. Por isso te admiro." Hinata estava muito corada agora. "O jeito como sempre demonstra seus sentimentos pela Sakura-chan. Gostaria de poder fazer o mesmo com a pessoa que eu amo."
"Por que não tenta?"
"Ele gosta de outra."
"Ele te disse isso?" Perguntou Naruto surpreso. Hinata era mesmo muito bonita. Não merecia que alguém fizesse isso com ela. Se ela gostasse dele, não a trataria desse jeito. Pelo menos era o que pensava.
"Eu posso ver. Ele está sempre atrás dela..."
"Mas ele disse isso?"
"Não... não exatamente."
"Então não desista!" Naruto sentiu o coração partir ao dizer essas palavras. Não queria que Hinata ficasse com outro. Ela era tão pequena e frágil... Ele queria apenas abraçá-la, e protegê-la de tudo e de todos. "Diga a ele o que você sente. Qualquer cara seria sortudo em tê-la como namorada, Hinata-chan. Sabe o que eu acho? Eu acho que você..."
Mas Naruto fora interrompido no meio de sua sentença por uma extremamente vermelha Hinata, que calou sua boca com a sua própria. Sentiu suas bochechas queimarem e seu coração bater mais forte, ao sentir o corpo da Hyuuga se encostar ao seu. Abriu os olhos para checar que não estava sonhando ou alucinando, e ao ver os olhos fechados da garota ele fechou os próprios. Colocou uma mão na bochecha esquerda dela e a outra em sua cintura, puxando-a para mais perto. Mesmo após o beijo terminar, eles continuaram abraçados. Apenas abraçados, cada um sentindo o coração do outro batendo mais forte, como em uma aposta de quem estava mais feliz, ou mais convencido de que tudo não passava de um sonho.
"Está... quente..." Hinata sorriu. "...agora..."
"Sim..." Naruto sorriu, de olhos fechados. "E se depender de mim, sempre estará."
Porque não precisava ser um gênio para perceber que pertenciam um ao outro.
x-x-x-x
"Este é muito bonito." Disse Hinata timidamente, apontando para um kimono azul marinho na vitrine de uma loja. Sakura tirou sua atenção de seus pés e olhou para a vitrine que a Hyuuga havia apontado. Sorriu imediatamente.
"Esse é a sua cara, Hinata-chan!" Sakura sorriu, imediatamente imaginando a garota vestida com o objeto de suas atenções. O kimono era azul marinho, bem discreto, mas também muito elegante. Ao lado tinha o desenho de um dragão em prateado, enquanto na cintura havia um lenço vermelho, fazendo com que as curvas do manequim se acentuassem. Hinata se encontrava completamente corada, olhando para o chão.
"Eu não trouxe dinheiro, quem sabe mais tarde..."
Então Naruto sorriu.
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Sakura chegou em casa cansada. Deixou suas sandálias de Konoha sobre o tapete de entrada e jogou a sacola com kunais novas que carregava em cima do sofá. Sua bolsa de kunais - sempre presa à perna, como qualquer outro shinobi - se encontrava recarregada, o que fez a garota sorrir. Quando pequena era sua mãe que sempre comprava seu material ninja. Ela sempre havia sido uma ótima mãe. Pena que fora perceber isso tarde demais.
"Tadaima..." Suspirou, lembrando-se que não tinha mais quem cumprimentar ao chegar em casa. "Okaeri, Sakura-chan..."
Sakura mordeu o lábio inferior pensativa. Não havia achado nenhum kimono que parecesse certo nela. Não ia a esse tipo de festas havia anos, e desde a última vez seu corpo havia mudado muito. Havia adquirido curvas - que quando criança não tinha -, seios, massa muscular e até certo charme diferente. Ainda parecia meio menina, mas uma menina com corpo de mulher. Seus malditos olhos a davam esse ar encantador. Malditos olhos do seu pai.
"Itai, itai!" Esfregou os olhos, sentindo-os arder novamente. Que diabos teria Sasuke feito a seus olhos! "Kuso..."
Calçou seu par de pantufas e andou lentamente até a escada de madeira, coberta por um carpete vermelho exatamente no meio dos degraus. Sua casa era simples, porém elegante. Sua mãe tinha um ótimo gosto, além de tudo. Era simples e elegante ao mesmo tempo. Era grande e pequena. Era perfeita.
Andou até o fim do corredor e virou a direita, entrando no antigo quarto de seus pais. Era na cama deles que dormia, agora. Lembrava-se que cada um deitava de um lado, sua mãe na direita e seu pai na esquerda. Sakura deitava-se do lado direito. Tinha nojo de qualquer coisa relacionada ao homem que um dia chamara de pai. Do lado da parte de sua mãe havia o guarda roupa, e do seu pai um criado mudo. Dirigiu-se ao guarda roupa e o abriu, sentindo uma estranha sensação. Dentro havia as costumeiras roupas de sua mãe e seu uniforme jounnin. Também havia algo dentro de um plástico, daqueles que se guarda roupa de gala, para não amassa-la.
"Nani?" O retirou do guarda roupa e notou um bilhete pregado na parte superior direita. Depositou a roupa sobre a cama e pegou o papel, esquecendo-se por um momento da roupa.
"Para combinar com seus olhos.", estava escrito no papel.
Deixou o papel de lado, estranhando. Pegou o plástico e abriu o zíper que cortava o centro na vertical. Por um momento se assustou, arregalando os olhos surpresa. Era um kimono. Um lindo kimono vermelho, com detalhes dourados. Era perfeito. Era lindo, mas discreto. Era discreto, mas insinuante. Era simples, mas elegante.
"Meus... Olhos?" Sakura examinou o kimono com cuidado, atenta a qualquer armadilha. O jogou na cama, olhou, olhou e olhou mais um pouco. Parecia perfeitamente normal. Verificou se não era algum tipo de genjutsu e finalmente convenceu-se. Não era falso. Era verdadeiro. E exatamente do seu tamanho.
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Subiu as escadas apressada. Estava atrasada e não tinha um kimono novo para usar. Ótimo, teria de usar um velho.
"Kuso..." Suspirou e parou no topo da escada. Pegou ar e foi até o seu quarto, dessa vez andando, sob o olhar reprovador de seu pai. Passou em frente à porta do quarto de seu primo e pensou em bater, mas desistiu assim que o mesmo a abriu por si só.
"Hinata-sama..." Neji segurava a maçaneta da porta, já vestido. Ele usava um longo kimono negro aberto na frente com largas calças acinzentadas e uma faixa preta frouxa na frente. Estava muito bonito mesmo. "Deixaram isso para você."
Neji entrou novamente dentro do quarto e voltou com um embrulho nas mãos, com um papel dobrado em cima. Ele colocou o embrulho sobre as mãos da Hyuuga e acenou de leve a cabeça, dando um meio sorriso.
"Ele gosta de você, Hinata." Então ele entrou, fechando a porta atrás de si. Uma confusa Hinata pegou o embrulho e dirigiu-se ao seu quarto, ainda sob o olhar de seu pai, que agora sorria. Como eram um clã, se qualquer um estivesse namorando, eles tinham de saber. Naruto era um rapaz sem família e sem bens materiais. Ele não tinha nada, mas era um bom ninja. E queria ser um Hokage. Por mais doido que parecesse, ele acreditava que ele conseguia. Ninguém acreditava no Yondaime, e ele virou Hokage. Não havia acreditado nele, mas não cometeria o mesmo erro agora. Faria o máximo possível para que sua filha fosse feliz ao lado de um Hokage.
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Bateu na porta, sorrindo alegremente. Segurava em suas mãos um buquê de flores lilases, as favoritas de Hinata. Passou a mão sobre sua cabeleira loira, cada vez mais arrepiada. Ouviu alguém andar do outro lado da parede, e, ao ver a porta se abrindo, constatou que era o pai de Hinata.
"Ela já vem, Naruto-san." Então ele sorriu. Ao seu lado se encontrava a irmã de Hinata, sorrindo. Ela estava mais alta e mais bonita desde a última vez que havia visto-a, no chunnin shiken.
"Hyuuga-sama..." Naruto se sentiu desconfortável por não saber o nome do pai de sua namorada, então o chamou o mais respeitosamente possível. "Eu realmente gosto... Eu realmente gosto da Hinata-chan... Eu sei que o senhor provavelmente pensa que eu..."
"Naruto-san." O homem depositou suas mãos sobre os ombros do rapaz, sorrindo-lhe de leve. "Eu acredito que possa ser um Hokage, um dia. Eu acredito que possa dar uma vida digna a minha filha. Somente não a machuque."
"Eu..." Naruto parecia surpreso pelas palavras do homem. Sentiu o coração bater mais rápido e uma felicidade enorme subir pela sua garganta, provocando um nó na mesma. "Arigatou gozaimasu!"
Sentiu as lágrimas invadirem seus brilhantes olhos azuis. Nunca alguém havia dito que acreditava nele. Pelo menos não ninguém que não o conhecesse bem. Nunca alguém além de seus amigos disse que acreditava que ele poderia ser alguém na vida.
"Eu nunca machucarei a Hinata!" Naruto limpou as lágrimas rapidamente, ficando feliz novamente. "Ela é a pessoa que eu mais amo no mundo."
"Ela também é uma das pessoas que eu mais amo no mundo." O homem sorriu, depositando uma mão sobre a cabeça de sua outra filha, que ainda se encontrava timidamente ao lado do pai. "Cuide dela."
"Otoo-san!" Ouviram passos na escada, e então Hinata apareceu na porta, radiante. Todos os habitantes do aposento pararam para admirá-la. Estava linda. Usava um lindo kimono azul marinho, com o desenho de um dragão prateado ao lado. Em sua cintura havia uma faixa vermelha, não muito apertada, somente o suficiente para mostrar que a Hyuuga não era mais uma garotinha.
"Hina-ta..." A irmã da garota ficou a contemplá-la, radiante. "Você está linda!"
"A-arigatou..." Hinata corou furiosamente, olhando para o chão.
"Hinata-chan..." Naruto sorriu. "Ficou ótimo..."
"Muito obrigada pelo kimono, Naruto-kun..." Hinata estava completamente corada agora, ao sentir o loiro pegar suas mãos. As mãos dele eram quentes... "Domo arigatou..."
"Naruto-san que lhe comprou o kimono?" O senhor Hyuuga parecia surpreso. "Mas não foi muito caro?"
"Eu estava juntando um dinheiro..." Sorriu Naruto. "Mas eu queria que a Hinata ficasse feliz. Então se ela está feliz, valeu a pena, ne? Bem, já vamos. A gente se encontra mais tarde, na festa. Ja ne."
Então Naruto e Hinata saíram andando, se mãos dadas. Naruto falou alguma coisa, e Hinata riu baixinho. Logo se afastaram o suficiente para que o homem percebesse que fez a certa escolha ao acreditar no loiro.
"Espero que você encontre um Naruto da vida pra você um dia, filha."
"Quem sabe?" Então entraram.
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Apressou-se pelo caminho até a porta, segurando a barra do kimono para não arrastá-lo no chão. Naruto, Hinata, Shikamaru, Ino e Kiba viriam buscá-la, e na festa se encontrariam com os outros. Havia pedido para Kiba acompanhá-la, pois não se sentia a vontade na frente de dois casais, apenas sobrando. Abriu a porta, apressada, e deu de cara com um assustado Kiba.
"O-oi, Sakura-chan..." Cumprimentou Kiba, corado. "Você está... Você está linda!"
"Arigatou gozaimasu." Sakura corou de leve, abrindo espaço pro rapaz entrar. "Você também está muito elegante..."
De fato Kiba estava lindo. Ele usava um longo kimono azul com calças largas acinzentadas e seu hitaite de Konoha no braço forte. Akamaru se encontrava ao seu lado, batendo o rabo animadamente. Queria ter se apaixonado por Kiba. Ele era um bom rapaz, bonito e de bom coração. Não era que nem Sasuke, que estava sempre de mal humor e era frio. Mesmo que fosse lindo.
"Eu vou pegar algumas coisas que prometi trazer para a Tsunade-sama e então nós esperamos pelos outros, ok?" Sorriu Sakura, mais feliz que nunca.
"Ah... Souka..." Kiba sorriu de volta, olhando nos olhos da garota. Havia algo de estranho neles. Não eram os brilhantes olhos de Sakura, iguais aos de seu pai e com o brilho dos da mãe. Eram inexpressivos, mesmo que pudesse ver claramente que ela estava feliz. Seus olhos estavam frios.
Sakura sumiu pela porta, deixando Kiba e Akamaru sozinhos. Logo em seguida Akamaru levantou-se, abanando o rabo animadamente. O cão latiu duas vezes, fazendo Kiba sorrir.
"Sakura! Alguém chegou!" Logo em seguida Akamaru parou de bater o rabo e seus latidos deixaram de ser de alegria. Pareciam furiosos, ofensivos. Kiba se levantou em um salto e olhou para trás, de onde Sakura iria sair a qualquer minuto. "Sakura! Não saia daí! Fuja!"
"O quê?" Sakura assustou-se, fazendo exatamente o contrário do ordenado. Saiu pela porta, aparecendo ao lado de Kiba, que a empurrou de volta. Sakura sentiu medo nos olhos de Kiba e não conseguiu de mover. O que estava acontecendo afinal? Akamaru latia como nunca agora, até que alguém bateu delicadamente na porta.
"Q-quem é?" Kiba perguntou, já segurando uma kunai nas mãos, com Akamaru ao seu lado. Ele respirava ofegante, mesmo sem ter feito nenhum movimento brusco.
"Eu..." A porta foi aberta, sem autorização, e então uma mão sorrateira passou pela maçaneta, do lado de fora, como se sentisse prazer em ver a ânsia de ambos os ocupantes do local. A porta se abriu lentamente, e então o suposto inimigo apareceu, inexpressivo.
"Você!" Um nó se formou na sua garganta e Sakura caiu de joelhos no chão, indefesa.
N/A: Taam-daaam XD quem será o inimigo:O
Descubram no próximo capítulo 8D
And by the way XD gomen o atraso x.x eu andei meio aérea esses tempos, mas acho ke já melhorei XD
Cya \o.
