Eu não possuo nenhum dos personagens e nem a série...
------------------------------------------------------------------------
Capítulo 1: De Volta De Onde Não Deveria Ter Saído
Durante todo aquele ano eu achava que ele estava apaixonado por mim. Mas, por alguma razão que nunca serei capaz de explicar, havia algo de diferente na nossa relação. Talvez diferenças, problemas pessoais, eu não sei. Ele sempre foi do tipo mais cerebral e eu, do emocional. E então ele foi para a África sem me avisar. Ele voltou mas já não era a mesma coisa. Então ele voltou para a África e conheceu a Kem. Mas ele não sabia que ele havia deixado uma vida crescendo dentro de mim. No começo, eu não queria aceitar a idéia de ser mãe e de ficar 'presa' a ele para sempre. Mas quando a Rachel nasceu, eu mudei. Eu descobri que amava aquela criança mais que tudo, mesmo sendo filha dele. E a partir daquele dia, eu prometi a mim mesma que nunca contaria a ela quem era o pai. Pelo bem dela e meu também. Eu não agüentaria ter que dividir minha filha com alguém que amei – e odiei – por tanto tempo.
Foi então que ele voltou da África. Eles haviam dado um tempo. Haviam acabado de perder um filho. Eu fiquei sensibilizada por saber que ele achava que não seria capaz de ser pai de novo. Ele não sabia que já era pai. Mas eu estava determinada a não dizer a ela – e a ele – que eles eram pai e filha. Eu sabia que não podia evitar que eles se vissem. Então eu tinha que inventar algo.
"Eu sinto muito pela perda".
"Não sinta. Não era para ser dessa vez".
"Sabe, pode contar comigo" – eu disse, apesar de não dizer para valer.
"Obrigado. Eu... soube que teve uma filha. Parabéns".
Foi aí que eu percebi que tinha que fazer algo, já que não estava disposta a falar a verdade.
"Sim. O nome dela é Rachel. Ela tem 2 anos".
"Aposto que é linda. E o pai?".
Eu tive que inventar uma desculpa rapidamente.
"Oh... ele não sabe que ela existe. Na verdade, ele foi embora antes de saber que estava grávida".
"Sinto muito".
"Tudo bem. Você gostaria de conhecê-la?".
"Sim, posso?".
"Claro. Agora?".
"Ok".
Então nós fomos até minha casa no jeep dele. De repente, eu me dei conta do que estava fazendo, mas era tarde demais.
"Rachel, mamãe está em casa. Desça aqui. Há alguém que quer te conhecer".
Ela rapidamente desceu as escadas, ansiosa para saber quem era.
"Querida, este é John Carter".
"Oi, prazer em te conhecer".
Ela se escondeu atrás de mim.
"Desculpe, ela está assustada. Tudo bem, querida. Ele é só um amigo da mamãe".
"Oi" – disse ela timidamente – "Você é o cara da África?".
"Sim, ele é. Sinto muito por isso".
"Sem problemas".
"Mamãe tem que ir agora. Eu volto mais tarde".
"Tchau" – ela me deu um beijo na bochecha.
"Sua filha é linda. É uma pena o pai nem se interessar por ela".
"É, mas é melhor assim. Ele só foi uma coisa do passado. Não representa mais nada para mim".
Eu quero tanto dizer a ela que eu e a Kem não estamos mais juntos. Que foi por ela que eu voltei para onde não deveria ter saído. Que ela sempre foi a mulher que eu amei durante todo esse tempo. Que eu não conseguia parar de pensar nela. Mas aparentemente ela seguiu em frente. É isso que eu devia fazer. Mas eu não sei se vou ser capaz. É muito doloroso. Se ao menos Rachel fosse minha filha, seria mais fácil.
"Tudo que eu queria era um filho para criar, brincar. Eu sinto falta disso".
"Você pode ter isso".
"Você acha? Lucy tinha engravidado de mim e ela morreu esfaqueada. Kem perdeu meu filho. Eu não sei se sirvo para ser pai".
"Claro que serve. É só uma fase. Vai passar logo".
"Espero que sim".
Minhas opiniões mudaram um pouco. Mas ainda estava determinada a não contar. Sabe-se lá o que ele vai querer fazer a respeito. E ficamos lá conversando.
