Aproveitem e espero que vocês amem.


III - HERE COMES THE PAIN

Todos a olharam admirados, como se a estivessem vendo pela primeira vez. Harry estava impressionado, o que quer que Snape tenha falado fez Hermione tentar lutar, e isso já era suficiente. Se Snape que a odiava podia lutar por ela, ele também lutaria.

- Infelizmente Hermione, isso não funciona assim – disse Arthur – Devido as suas últimas ações...

- Arthur... - disse Harry ao ver que Snape estava pronto para retrucar – Ela não irá, é definitivo. Se há uma chance de ela melhorar, ninguém a tirará daqui! Eu não me importo com as regras, eu me importo com a família, e Hermione é família, eu quero vê-la bem, e o seu filho também iria querer.

- Harry...

- Isso não é negociável... Eu não me importo! - Harry disse, dispensando Arthur - Você pode ir, logo estarei com você. Prof. Dumbledore, se puder abrir a conexão para o Ministro.

- Certamente – um gesto despreocupado com as mãos em direção a lareira e o fogo verde reacendeu.

Arthur, junto com os aurores, saiu de lá sem outra palavra, ele não entraria em uma guerra com Harry Potter, o último que fez isso, tinha a alma presa na espada de griffindor até hoje. Ele fez menção de falar com Hermione, mas Harry e Snape automaticamente bloquearam seu caminho. Sendo assim, Arthur caminhou derrotado para a lareira junto com os aurores.

- Você cuidará dela? - perguntou Harry.

- Sim – assentiu o mestre de poções.

- Você a salvará?! - perguntou o menino que sobreviveu, os olhos verdes marejados.

- Farei o meu melhor – prometeu Snape, desconfortável.

Harry olhou para Hermione, as lágrimas rolavam pelo rosto dela, ele tentou se aproximar, mas ela se encolheu.

- Sei que você não está pronta para mim. Mas eu sempre estarei aqui, quando você quiser, para o que precisar, você sabe onde me achar para conversar! Eu te amo, Hermione.

A castanha balançou a cabeça, um fraco sorriso aparecendo no seu rosto em direção ao amigo.

- Sobre a curatela, não há necessidade – disse Harry – No entanto acredito que o melhor seria restringir o uso da varinha – Hermione ia protestar – Pelo menos por enquanto, Mione. Você sabe que tem um longo caminho pela frente.

- Se não há mais nada – disse Snape sua cabeça estava doendo. Pela janela do escritório de Dumbledore, a noite já clareava anunciando o novo dia – Creio que devemos ir Srta. Granger.

- Para as masmorras?! - falou se direcionando para a porta.

- Não! Para minha casa! - disse Snape resoluto – Eu não trabalho mais aqui, pensei que a Srta. Soubesse. – Ele se voltou para Alvo – Estarei esperando você e Minerva hoje mais tarde, para iniciarmos.

- Até lá, Severus.

- Doc – convocou Snape, o elfo apareceu imediatamente – Diga a senhorita Granger a localização da Prince Country House.

Aquilo surpreendeu Hermione, poucos bruxos considerariam confiar o segredo de suas casas a algum Elfo, apesar de ser uma ideia completamente brilhante devido à natureza leal das criaturas, os pequenos seres ainda eram vistos com menosprezo. O elfo fez um sinal com o dedo chamando-a para que Hermione se abaixasse e sussurrou no ouvido dela:

- Prince Country House fica na área rural de Hogsmead – o elfo desaparatou em seguida.

- Primeiro, a Srta. – convidou Snape indicando a lareira.

Hermione andou até as chamas, sua mão pegando uma grande quantidade de pó de flú, sentindo-o escorrer por entre os dedos. Quando deu por si reapareceu em uma ampla sala, e imediatamente sua mente registrou a quantidade exorbitante de livros que ocupavam as prateleiras, assim como a poltrona de couro negro ao canto. Mas seus passos a levaram inconscientemente para as amplas janelas da sala, os primeiros raios de sol adentravam o local, do outro lado do vidro, além da cerca, ela viu quilômetros de pasto, o capim dourado, devido o outono, parecia ouro líquido no sol da manhã, a copa das árvores balançava, os tons verdes misturados ao marrom, e Hermione fechou os olhos como se pudesse sentir o vento.

Snape a viu, envolta na capa preta banhada pela luz do sol da manhã, ele sabia muito bem a sensação de liberdade que a vista de sua sala trazia. Ele olhou para a menina, ela estava com os olhos fechados como se aproveitasse a sensação do sol aquecendo sua pele, e não pôde sentir outra coisa senão simpatia por ela. Ela sempre foi um estorvo durante seus anos em Hogwarts, um tempo que ele pensou ter deixado no passado, mas de alguma forma ela voltou para sua vida. Snape se perguntou se um dia seu passado o deixaria em paz.

- Srta. Granger – ele chamou, a voz não mais que um sussurro, fazendo-a virar e olhá-lo instantaneamente.

- Desculpe – ofereceu, não queria parecer invasiva - É bonito.

- Sim, é - ele afirmou, tentando livrar sua voz do sarcasmo habitual – Por favor, se puder me seguir.

Ele a levou até os fundos, em direção a casa de hóspedes, pelo menos inicialmente aquele seria um arranjo apropriado. A casa era um pouco menor, mas igualmente confortável e iluminada. Snape havia avisado os elfos sobre a visita, eles haviam feito o seu melhor para deixá-la confortável. Ele olhou discretamente para as mãos de Hermione, as quais estavam firmemente presas uma à outra, em um sinal claro de ansiedade.

– Granger, o que virá a seguir, não será fácil! Mas eu creio que sua insolente coragem grifinória irá conseguir fazê-la superar.

O fato de Snape está tentando encorajá-la, mesmo que do jeito dele, a deixou um pouco menos ansiosa. Hermione entrou na pequena cozinha, o cheiro de pão fresco encheu o ar, fazendo seu estomago reclamar ruidosamente, ela não recordava a última vez que havia feito uma refeição de verdade.

- Você pode chamar o elfo, Flink se precisar de algo – disse Snape, decidido a não fazer nenhum comentário depreciativo – Coma. O quarto fica lá em cima, se quiser descansar. Mandarei a primeira rodada de poções tão logo termine de prepará-las.


- Obrigada, Severus – agradeceu quando ele contou o que havia acontecido em Hogwarts.

- Vi que vocês se divertiram – disse ele desconversando, se referindo as paredes do quarto de Melissa, que agora estavam pintadas com tinta vermelha e dourada brilhante.

- Melissa, queria redecorar – riu discretamente.

- Minerva, se puder trazer algumas mudas de roupa para ela – pediu Snape.

- Claro que sim! - disse caminhando para a sala – O que mais precisar, é só chamar. Obrigada mais uma vez, Severus. Você está salvando a vida da menina.

- Ainda não me agradeça - disse Snape.


- Pai... - chamou Melissa sacudindo Snape, fazendo-o murmurar algo inteligível - Pai...

- Melissa...

- Nós estamos atrasados. – Ela o sacudiu de novo.

Parecia que ele havia deitado fazia apenas alguns minutos. Ele havia enviado as poções para Hermione e resolveu deitar apenas dez minutos, quando teria que acordar novamente para poder reiniciar sua rotina. Mas afinal o que havia de rotineiro em ter uma heroína de guerra usuária de poção ilícita em sua casa? O sol que entrou pela janela o cegou momentaneamente, enquanto Melissa continuou a pular sob a cama.

- Vamos... - puxou – Tiago está me esperando.

- Oh, claro – xingou, sentia falta da sua vida de doze horas atrás quando seu maior problema era o filho do Potter.


Hermione comeu devagar, preocupada que a ingestão súbita de alimento a fizesse vomitar, para sua alegria o caldo de feijão e o pão se assentaram bem no estômago faminto. Não demorou para o elfo trazer as poções que Snape dissera, ela as tomou de um só gole. Ela não queria decepcionar Rony, Harry ou ela mesma novamente, faria o que fosse preciso.

Ela levou as mãos a cabeça, o zumbido no seu cérebro que parecia nunca parar, mesmo antes de tomar a Utrem Gaudium, voltou com força total, ela gostaria de poder tomar algo para não o escutar. Hermione foi até o quarto, havia um robe simples em seda preta, que ela vestiu achando mais confortável que a capa de Snape. Não demorou para a sua mente ficar nublada pelo cansaço e acontecimentos das últimas horas, e não demorou a dormir.

Hermione acordou horas depois com a mão quente de Snape sacudindo delicadamente seu ombro despido, imediatamente ela se retraiu como se tivesse sido queimada, fazendo-o recolhe sua mão.

- Você não estava acordando – ele se desculpou, enquanto ela arrumava a alça do robe fechando-o fortemente em torno de si.

- Tudo bem! - disse sentando-se na cama, os pés descalços no piso frio de mármore.

- Alvo e Minerva virão hoje para iniciarmos a primeira etapa do seu tratamento – disse ele – Mas antes disso, preciso lançar em você a poção de expurgo novamente, apenas para retirar qualquer resíduo de poção do seu estômago - ela o olhava incerta – Acho melhor irmos ao banheiro, para evitar acidentes.

Hermione levantou-se da cama, o contraste do robe negro com a pele pálida, dava a ela um aspecto ainda mais macilento e fantasmagórico, fazendo Snape engolir em seco. Ele não se lembrava de estar tão ruim quanto ela.

Quando a última onda de náusea fez o corpo de Hermione se dobrar em direção a privada. Snape convocou um pano quente, e entregou a ela para limpar o rosto.

- Hoje a noite iremos iniciar o processo, Srta. Granger. Iniciaremos com uma rodada de poções durante alguns dias que vai nos ajudar a separar a Utrem Gaudium do seu organismo. Esse processo é incomodo – ele suspirou – para dizer o mínimo. Seu corpo está acostumado com a presença da droga no seu organismo. Então, seu progresso depende do tipo de ligação que a poção fez com seu organismo, pode durar algumas horas ou alguns dias. Não posso te dar nenhuma poção analgésica, nem nada que haja no seu sistema nervoso central – e por que ela estava com o olhar distante, continuou - Você compreende?!

- Sim, senhor!

- Bom ... o elfo trará comida para você. Alimente-se bem, beba todo o líquido que conseguir.

Ela não disse nada, Snape não sabia se a mesma estava ouvindo. Enquanto saiu em direção a casa principal, ele não podia parar de pensar que havia algo estranhamente errado com a garota.


Snape já estava no laboratório preparando um novo lote de poções para Hermione. O tratamento que ele criou era dividido em três etapas: corpo, mente e magia. E o tempo dependeria exclusivamente de como Hermione iria reagir, se conseguiria suportar o que estava por vir. A poção tinha como principal objetivo, escravizar. Dessa forma, ela se ligava intimamente em cada célula, lembrança, e principalmente ao núcleo mágico de quem usasse. Era uma como se fosse um parasita se alimentando de Hermione, e ao se sentir ameaçado preferia matar o hospedeiro do que deixá-lo.

- Mestre Snape, temos um intruso – chamou a voz do elfo Bashful ecoando – Ela está andando ao redor da propriedade e chamou seu nome.

Snape largou o que estava fazendo, não era estranho algum trouxa perdido andar por lá, mas geralmente o feitiço anti-trouxas resolvia o problema rapidamente. Ele foi até a sala e pela janela, viu Gina sentada debaixo de uma árvore. Ele bufou exasperado. "Já não bastava a Granger, agora sua casa seria um covil de grifinórios"

- Ginevra – ele chamou, fazendo-a retorcer o nariz ao ouvir o nome - Não me lembro de ter a convidado.

- Afinal, Harry estava certo – disse ela – Era só uma questão de tempo até você aparecer, professor.

- A que devo sua presença...?!

- Harry me disse o que o senhor está fazendo por Hermione – Snape não queria agradecimentos, por isso já estava pronto para cortá-la quando ela continuou – Sei que ela terá que ficar com você por um tempo. Se o senhor precisar, Melissa pode ficar conosco, Thiago não para de falar nela...

- Não será necessário... - cortou, e continuou a contragosto - Agradeço a preocupação, apesar do gosto duvidoso que Melissa tem para amizades.

- Vocês são bem-vindos - Gina sorriu, imaginando o quanto Snape deveria estar bravo com o fato de Melissa está grudada com um Potter – E professor, se for possível, quando Hermione estiver melhor, o Senhor nos permitiria vê-la?!

- Uma coisa de cada vez, Ginevra – chamou só porque sabia que a irritava – Agora se me der licença tenho um lote de poção me aguardando.

- Claro, senhor.


Snape havia colocado Melissa pra dormir, e ela só parou de falar como a escola e Thiago, claro, fora divertido, quando ele contou a ela sua história preferida, a Batalha de Hogwarts. Ele estava esgotado, também precisava de uma longa noite de sono, mas teria que se contentar com a poção restaurativa.

Agora ele estava sentado junto a Minerva e Dumbledore, na pequena sala de estar da casa auxiliar, esperando o horário exato para iniciar a primeira etapa para recuperação da Granger.

O relógio na parede soou o primeiro badalo, era 01 da manhã, estava na hora. Quando subiam as escadas, Snape escutou Hermione ofegar. Eles entraram pela porta do quarto, ela já estava coberta de suor, o robe de seda grudado na pele, ela os fitou com olhos suplicantes, seu peito arfando em um ritmo descompassado. Snape jogou o feitiço de visualização de aura sob Hermione, e a luz espectral dourada iluminou a todos, ele sabia que aquilo era falso, aquela era a cor da aura de alguém saudável, Hermione estava muito longe disso.

Ele lançou outro encantamento, sua mão revestida por uma luz brilhante, quando a usou para transpassar a aura dourada, imediatamente um redemoinho de cor negra se apresentou, ele olhou para Alvo e Minerva a compreensão chegou a todos. A anos atrás quando Dumbledore realizou o feitiço na aura dele, a cor verde lama da poção se apresentou, assim como o cinza da magia negra presente na marca, mas nunca tinha visto a cor negra daquele jeito! Snape estremeceu ao pensar se a menina conseguiria sobreviver àquela noite.

O corpo...

Minerva segurou a mão trêmula de Hermione entre as suas, a castanha tentava ao máximo controlar os tremores que passavam pelo seu corpo, sua pele pinicava como se mil insetos andassem sobre ela, seus dentes estavam batendo ruidosamente um de contra o outro, ela travou a mandíbula quando o primeiro golpe de dor a atingiu fazendo-a gemer, estava resignada a fazer isso dar certo. Cada pequena célula do seu corpo magro pedia por mais um pouco de poção, a respiração difícil e descompassada quando cada nova onda de dor a atingia.

Ela iria suportar... precisava suportar. Minutos se transformaram em horas enquanto o corpo dela convulsionava em dor, todos os seus músculos pareciam estar sendo repuxados por pinças, já não conseguia controlar seus gritos enquanto Minerva massageava os músculos castigados, quando mais uma onda de dor a atingia. Snape posicionou a varinha sobre o corpo magro, sua mão reluzindo agitou a névoa espectral da áurea de Hermione, alguns pequenos pontos azuis começaram a surgir, ele, entoou um feitiço e o corpo dela relaxou. Hermione suspirou de alívio, a colcha de cama molhada pelo suor e esforço, ela finalmente conseguiu respirar livremente, ela procurou os olhos negros para agradecer o que quer que ele tenha feito por ela, quando a sensação sob sua pele aumentou. Os insetos pareciam caminhar por todo o corpo dela, e Hermione jurava que podia sentir suas patas e mordidas debaixo da pele. Olhando para o braço, racionalmente ela sabia que não havia nada lá, suas mãos começaram a esfregar o local, e logo ela estava usando as unhas e a boca para tentar parar a sensação persistente.

Momentos depois, os braços dela estavam cheio de lacerações causado pelas unhas, Dumbledore e Minerva tentavam contê-la o melhor que podiam enquanto Snape e Pomfrey, que foi chamada a mando de Snape por um dos elfos, fechavam as feridas com Dítamno, definitivamente uma infecção era a última coisa que precisavam. Hermione achou que seus pulmões não iriam aguentar, tamanho o esforço que fazia para tentar respirar, ela não conseguia se concentrar em nada mais do que a dor que sentia. Mais uma vez Snape agitou sua aura, com os olhos entreabertos ela viu que a fumaça negra diminuiu, e até havia alguns poucos tons de amarelo. E mais uma vez a dor parou, seu cérebro sabia que aquilo não era real, que aquele momento de paz era causado pela Utrem, mostrando a ela quem estava no controle. Snape rapidamente levou água para Hermione, que sorveu em pequenos goles, sua garganta e seu lábios estavam ressecados, ela tossiu e engasgou quando a próxima onda a atingiu.

- Queima – Hermione disse, quando a onda de calor pareceu incendiá-la de dentro para fora, correndo em suas veias, inundando seu corpo. Ela olhou para as mãos e se surpreendeu pela pele não estar derretendo. E ela soltou um grito agourento que parecia rasgar sua garganta - FAÇA PARAR... ESTÁ QUEIMANDO...

- ALVO – gritou Snape, fazendo o bruxo mais velho agitar a varinha sob o corpo dela enquanto um feitiço refrigerador tentava trazer algum alívio.

- ME DEIXE MORRER – Hermione gritou, já parecia que ela estava nisso a horas, as lágrimas caiam pelo seu rosto, seu corpo agitado em desespero enquanto era contido por Minerva e Dumbledore - Faça parar, eu faço qualquer coisa... Por favor, professor – disse olhando para Snape – Me ajude... - ela soluçava entre gritos.

- Severus... ela não vai aguentar – disse Dumbledore com urgência.

- Nós não temos escolha, Alvo. Não há mais volta. Vamos acabar com isso.

Os três se posicionaram ao redor da cama de Hermione, as varinhas unidas formaram um triângulo sobre seu corpo, Snape nunca tinha visto algo assim! Tentando focar no desafio à sua frente, em um acordo mudo, eles falaram em uníssono:

- Diáspasi Somatós

Hermione julgou que não era possível gritar mais alto, ela queria morrer, se deixar levar, deveria haver algum lugar onde a dor não poderia lhe alcançar, o sussurro permanente no seu ouvido a estava enlouquecendo. Imediatamente uma ferida se abriu no antebraço direito, como se uma faca invisível cortasse a pele. Os dentes de Hermione mordiam os lábios tão fortemente que abriram rasgos correspondentes.

- Alvo – falou Snape, chamando o bruxo mais velho de volta para ação - Você sabe o que fazer.

O feitiço compartimentava a áurea de Hermione deixando os bruxos trabalharem por área, enquanto o restante não era alterado, eles dividiram em quatro partes. A áurea era apenas a representação do que acontecia dentro do corpo dela. Dumbledore apontou a varinha para os membros inferiores, isolando a primeira aquela área, suas mãos mexendo ao redor da aura de Hermione, lutando para separar a cor verde e negra do restante, ele ficou assim por cerca de 20 minutos, suor se concentrando na cabeça calva, Hermione se debatia sobre a cama enquanto mais feridas apareciam. Pomfrey monitorava os sinais vitais, enquanto Minerva usava seu próprio núcleo de magia para alimentar a magia de Alvo, enquanto Snape tentava conter as feridas, e ainda que não pudesse controlar a dor, ao menos poderia tentar fechá-las o mais rápido possível, diminuindo a perda de sangue de Hermione.

Quando finalmente a primeira área adquiriu um tom azul claro, Hermione estremeceu, o rosto suado pelo esforço. Quando o relógio badalou a terceira hora, Dumbledore parou, a área estava em um tom de amarelo, pela experiência não poderiam trabalhar mais de uma hora em cada área. Eles retiraram o feitiço momentaneamente, a cor verde e negra das outras três áreas tentou avançar pela área limpa, mas não teve sucesso sem sucesso, estava funcionando.

- Hermione, respire – chamou Minerva tentando manter a mulher na cama focada – Olhe para mim... - Hermione continuava se debatendo sobre a cama.

- Beba a poção Granger – disse Snape abrindo a boca dela sem delicadeza e derramando a poção. A quantidade de sangue que ela deixava sob os lençóis não poderia ser um bom presságio.

- O coração dela, Severus... - chamou Pomfrey - Não vai aguentar...

- Granger olhe para mim – ordenou Severus segurando-a pelo rosto, os olhos desesperados desfocados – você não pode desmaiar, está me ouvindo... GRANGER! – gritou quando ela pareceu não reagir... – Nós precisamos fazer isso. Vamos fazer isso juntos, eu prometo. - Ele se voltou para Dumbledore, Minerva e Pomfrey que pareciam estar desgastados devido ao uso de sua magia de forma contínua - Trabalhem ao mesmo tempo, vamos acabar com isso...

- Mas Severus... A dor será...

- Ela não aguentará de qualquer maneira – ele disse sério - Eu vou proteger a mente dela o melhor que puder...

- Mas isso fará você...

- Eu sei. - Ele arregaçou a manga da blusa branca que usava – Vamos... Juntos.

"Diáspasi Somatós"

Hermione gritou mais alto, ela não queria mais lutar. Ela se entregaria e finalmente encontraria Rony. Foi quando ela sentiu mãos firmes apertando seu rosto.

- OLHE PARA MIM, GRANGER – gritou Snape, ele não precisava disso para usar Legilimens, mas quanto mais forte fosse a conexão, melhor ele conseguiria protegê-la. Ela não reagiu – HERMIONE...

Os olhos castanhos encontraram os olhos negros, e imediatamente Snape se viu dentro da mente dela. E ficou surpreso pela imagem a sua frente, que mais parecia ser uma grande área de destruição, de alguma forma a mente de Hermione parecia uma cidade grande presa em um cenário de guerra pós-apocalíptica. Um vento forte soprava, impedindo-o de caminhar, a terra seca entrava em suas narinas, e havia um cheiro persistente de decomposição... Ele já havia entrado na mente de muitas pessoas, mas nada comparado com isso. Apenas um prédio continuava de pé, apesar de algumas rachaduras já visíveis na estrutura. E ele não pode deixar de sorrir quando percebeu que era uma biblioteca, era óbvio que a Sabe-Tudo organizaria seus pensamentos metodicamente. Na porta do prédio, havia uma menina que ele reconheceu como a representação de Hermione mais nova, ela parecia exausta, mas protegia o lugar usando as próprias mãos. Ele caminhou com dificuldade, quanto mais se aproximava, destroços começaram a se desgarrar, Merlim sabe de onde, e vir em direção a ele. Snape olhou para a camisa branca que usava, e a viu tingida de sangue e soube que seu corpo físico já estava sofrendo pela ligação.

Ele caminhou, um passo de cada vez, varinha em riste... Algo não estava certo, foi quando o sussurro começou... Primeiro baixinho, e isso fez Snape arrepiar... Até se tornar um som ensurdecedor, foi quando ele olhou para o horizonte e avistou as grandes nuvens negras encobrindo a cidade, enquanto uma névoa densa arrastava tudo o que tocava no chão.

- O que diabos... - a marca negra pulsou em reconhecimento, aquilo era magia negra. O reconhecimento dessa informação fez Snape arregalar os olhos em surpresa.

A menina correu, abrindo os braços na frente da biblioteca, imediatamente uma luz dourada saiu das pequenas nãos, e criou uma barreira de proteção ao redor do lugar. A escuridão parecia viva quando rastejou em direção a Snape, ele tentou fugir o melhor que pode, e concentrou seus esforços para chegar ao prédio que ele sabia que era o único lugar seguro. Quando ele chegou próximo, a menina o ameaçou.

- Você não deveria estar aqui – havia um corte na bochecha dela.

- Deixe-me entrar, Granger – falou assustado quando a névoa negra continuava avançando, a visibilidade ficando prejudicada – Eu quero ajudá-la.

- Ela nos disse que ninguém deveria entrar – disse a Hermione mais nova – Tenho que protegê-la, só sobrou eu.

Era apenas uma criança, a Hermione de 6 anos na sua frente parecia tão valente quanto ele lembrava da sua versão maior na escola.

- Você sabe quem eu sou?! - perguntou.

- Sim, nós sabemos – disse ela - Você a fez chorar...

Snape estava confuso, ele só poderia imaginar que tipo de coisas aconteceram para que Hermione tivesse que se utilizar de guardiões para proteger sua mente. Normalmente quando alguém usava oclumência, criava barreiras físicas, que variavam de espelhos, paredes, lagos... Mas para personificar alguém era necessário um alto nível de magia e, e geralmente é utilizado para ataques contínuos, e ela parecia ter mais de um...

- Eu sei – disse Snape – Mas quando ela estava em perigo, eu sempre ajudei. Ela está em perigo agora... Eu quero ajudá-la, ajudar vocês...

- Mentiroso – ela disse, mas Snape viu o olhar vacilando. O vento parecia cada vez mais forte, a camisa dele estava ensopada do que ele sabia ser o seu próprio sangue – Ela disse que ninguém pode... A gente não pode confiar em vocês...

- Eu posso ajudar – disse ele – Snape baixou o colarinho da blusa, as marcas verdes ainda eram visíveis no seu pescoço mesmo depois de todo aquele tempo.

Snape viu o olhar de ponderação e surpresa da menina, quando o escudo vacilou deixando-o passar. Do lado de dentro não havia vento, apenas um clima ameno. Ele ofereceu a mão para menina, ela estremeceu quando concordou, e assim que suas mãos se uniram o escudo brilhou mais forte, isolando o caos do lado de fora.

- Onde estão os outros? – ele perguntou.

- Se foram... - respondeu sombriamente - Só sobrou eu - ela não precisava dizer que a escuridão havia levado os outros.

- Eu preciso entrar na biblioteca, você me ajuda?! - ele perguntou com o tom de voz mais calmo que conseguiu, agachando-se para ficar na altura dela – Preciso encontrar um livro, você é boa com livros certo? - A menina sorriu para ele, de repente feliz em ajudar, puxando-o pela mão.

Snape sabia que a conexão estava estabelecida, ao ver a nuvem negra encobrindo-os sem contanto conseguir tocar na biblioteca, a parede de proteção antes trêmula agora parecia mais forte, sua própria magia alimentando as proteções de Hermione. Mas ele precisava saber o que era aquilo, de onde vinha aquela magia.

- Qual livro você quer? - perguntou enquanto andava por diversos corredores enfileirados, com livros organizados que pareciam seguir uma lógica própria de organização.

- Você ouve o sussurro?! - ele perguntou gentilmente, sem tentar parecer ansioso, sua respiração já estava ofegante, suas mãos tremiam fracamente.

Snape esperava que Alvo estivesse tendo mais sucesso do lado de fora, pois algo bateu sobre as proteções fazendo o prédio estremecer, e uma das rachaduras no teto se abrir um pouquinho mais, seu corpo estava se desgastando.

- Claro – ela falou triste - Está nos deixando malucas... Antes a gente não escutava aqui dentro, mas agora parece estar em todo lugar.

- Você sabe o que é? - ele perguntou, ela imediatamente balançou a cabeça.

- Coisas ruins acontecem quando o sussurro vem – disse baixinho.

- Você lembra quando começou? Pode me mostrar? - perguntou esperançoso.

- Eu não posso ir até lá - ela roeu uma unha em claro sinal de ansiedade – Elas não deixam...

- Tudo bem. – disse consolando-a - Você não precisa ir, pode trazer o livro aqui?!

- Não posso usar magia – ela disse como se fosse óbvio - Mas você pode ir, é nesse corredor – ela apontou para a placa onde lia-se "Sessão Proibida: A história por trás da batalha" - Ouvi elas conversando – confidenciou a menina como se contasse uma travessura – Foi na casa do menino doninha, foi aquela senhora com todo aquele cabelo preto.

Snape engoliu em seco, ele sabia que Harry, Rony e Hermione haviam estado na Mansão Malfoy, e que Belatrix esteve com eles, o que diabos tinha acontecido?! Quando avançou no corredor, Snape fixou seu pensamento nessa informação, quando um dos livros mais a frente brilhou. Ele correu até lá, no início do corredor, a pequena Hermione o olhava com antecipação, mordendo os lábios no que ele sabia ser um hábito que a menina levou até a vida adulta. Quando ele tocou no livro, imediatamente foi sugado para a memória daquele dia.

Quando Snape retornou das memórias, ainda estava um pouco nauseado pelo sadismo de Belatrix. Mas agora ele sabia exatamente o que precisava ser feito.


- Alvo, ele está fraco – disse Pomfrey enquanto tentava trabalhar o mais rápido possível, ao ver o suor denso no rosto de Snape, enquanto mais e mais marcas se abriam na pele do homem que parecia alheio a tudo.

- Estamos quase lá...


- Onde você está indo?! - ela perguntou ao vê-lo correr em direção a saída.

- Eu preciso ir – disse ele para a menina.

- Você vai me deixar sozinha?! - ela perguntou fazendo beicinho, o que fez Snape lembrar de Melissa.

- Eu volto – ele disse agachando novamente, ele podia sentir o medo que ela sentia – Mas eu preciso ir, preciso ajudá-la, ajudar vocês... - a menina parecia desolada – Eu vou voltar, posso trazer as outras – aquilo pareceu animá-la.

- Você promete? - ela perguntou esperançosa.

- Sim, eu prometo, pequena – ele disse – Eu não quebro minhas promessas.

Ela o abraçou agarrando-o pelo pescoço, os pequenos olhos lacrimejantes. Snape sentiu a onda de gratidão que emanava dela, e isso o fez abraça-la automaticamente, o pequeno corpo tremendo, tentando conter as lágrimas.

- Não demore – ela sussurrou – Eu estou cansada.

A última imagem que Snape teve foi da menina encarando-o com lágrimas escorrendo pelo rosto infantil, enquanto ela tirava forças da esperança que ele lhe dera, os braços abertos protegendo a biblioteca. Naquele momento, ele sabia que não quebraria sua promessa para a pequena leoa.


- Olhe a cicatriz Alvo – disse Snape assim que voltou, fazendo os gritos de Hermione retornarem. Ele sentia dores em mais partes do que ele julgava possível, sua pele cada vez mais pálida enquanto perdia sangue pelas feridas infligidas à Hermione. Ele rasgou a manga do roupão que ela vestia. Eles ofegaram, claro que Snape se lembraria se tivesse visto a cicatriz antes, mas Hermione deveria jogar algum tipo de feitiço de ocultação sem varinha sobre elas. Porque agora, enquanto a magia negra lutava para tomar a mente de Hermione, que já estava fragilizada pelo uso da poção, a cicatriz deixada por Belatrix brilhava vermelho sangue, como estivesse fresca, veias pulsantes se expandiam dela em direção ao coração de Hermione.

- Nós precisamos de Potter – ele chamou Doc – Chame, Harry Potter. Mande-o trazer a espada.

Snape derramou mais um frasco de poção de reposição sanguínea pela garganta de Hermione, que agora apresentava além das lacerações, hematomas por todo o corpo. Não demorou mais que um minuto para Harry chegar, ainda vestido com o seu pijama de flanela.

- Corte-a – disse Snape indicando a cicatriz no braço, deixando o garoto confuso – EU MANDEI CORTAR.

Assim que a lâmina tocou na pele dela e a primeira gota de sangue foi derramada sob a espada, a magia negra reconheceu a alma de Voldemort presente na lâmina, e regrediu buscando se unir a sua forma maior. O corpo inteiro de Hermione sacudia, seus olhos rolaram deixando apenas as orbitas brancas a mostra, quando ela convulsionou. Snape tentou manter a boca dela aberta, para evitar que ela mordesse a própria língua. Eles olharam espantados enquanto as veias vermelhas dilatadas regrediam lentamente, e logo a substância negra que parecia ter vida própria se grudou a espada – o coração dela parou.

- AGORA, POTTER – gritou Snape.

HARRY sibilou algo em língua de cobra, e logo a magia negra foi selada na espada.

- POMFREY – Snape gritou, quando Hermione desmaiou. A medibruxa agitou a varinha sobre ela. "ENERVATE".

Hermione recobrou a consciência a tempo de ver os pequenos olhos negros a observando da porta, e vagamente escutou:

- Pai...

Snape olhou para Melissa parada na porta, os olhos negros fitando-o assustada. Snape tentou alcançá-la, mas não foi possível, logo tudo ficou escuro.


NA:

Uau, será que estamos indo a algum lugar? Que capítulo difícil! Estou com muita pena da Hermione, espero que ela melhore logo. E que Severus possa ajudá-la.

O título se refere a letra de música da banda trouxa Slayer ( trash metal) e literalmente quer dizer, lá vem a dor! Então vocês podem imaginar!

No momento tenho algumas outras fanfics em andamento, se você ainda não conhece, fique a vontade para dar uma passada por lá!! Corujas com reviews são sempre bem-vindas. Me diga o que acharam?!

Notas da beta: Genteee eu estou chocada, que maconha doida foi essa que a Mione tomou? Os zé droguinha da minha cidade vão ficar doidos querendo skskskksskksksksks O Sevie e os outros foram incríveis na missão de tentar ajudar nossa guerreira, e eu estou só o meme da Nazaré tentado processar tudo que aconteceu... chocadissima e ansiosa AAAAAA