Capítulo II
Acordei com a voz de Lena na secretária eletrônica:
"Ginny, atende a porcaria desse telefone! Estou muito aflita! Draco não dormiu em casa essa noite. Será que ele morreu? Oh meu Deus! Viúva antes de se casar! Amiga, acorda! E me liga!"
Sentei na cama e minha cabeça denunciou o quanto eu tinha bebido na noite passada. Flashes da noite anterior tomaram conta da minha mente: Draco e eu no bar, Draco e eu no táxi, Draco me beijando, Draco sem blusa me beijando.
Ai meu Deus, não podia ter sido verdade. Apalpei o lado esquerdo da cama e realmente tinha alguém deitado lá. Arrisquei:
"Draco?"
"Hummm..."- falou sonolento.
"Draco, já é manhã. A Lena está te procurando."- falei me cobrindo, enquanto Draco se levantava e se vestia apressado.
"E ela sabe que eu estou aqui?"- disse nervoso.
"Claro que não. Você vai dizer?"- falei aflita.
"Não. Vou dizer que estava com o Zabine, ok?"- disse indo até a porta.-"Eu ligo para você depois."- disse enfim saindo.
Peguei o telefone e retornei a ligação de Lena:
"Gi, o Draco sumiu!"- falou chorosa.
"Amiga, talvez não aconteceu nada."- eu disse me sentindo muito mal.
"Como você sabe?"
Senti o coração acelerar.
"Eu não sei. Estou apenas fazendo uma suposição."- eu disse nervosamente.
E se ela descobrisse? E se a nossa amizade de sei lá quantos anos acabasse por causa de um erro, por causa de uma fraqueza?
"Espera, Gi. Acho que ele chegou!"- fez uma pausa e logo em seguida completou- "Ele chegou amiga. Depois te ligo. Beijo."- disse desligando logo em seguida.
Tentei esquecer o que tinha acontecido tomando banho com água bem gelada. Fiquei muito tempo debaixo do chuveiro, na esperança de que eu morresse afogada, mas infelizmente isso não aconteceu. Então, resolvi encarar a realidade, saí do banheiro, me vesti e dispensei o café da manhã, ainda estava muito enjoada e minha cabeça latejava.
Tomei um remédio e me deitei um pouco, mas o melhor teria sido se eu não tivesse dormido logo em seguida. Os sonhos que eu tive de Lena descobrindo a besteira que eu fiz e logo depois me matando só pioraram a minha dor de cabeça.
Assim que acordei liguei para Lena e ela atendeu, toda feliz:
"Alô."
"E aí, Lena, tudo bem?"- eu disse tentando ser casual.
"Oi amiga!"- disse muito feliz-"Tudo ótimo! O Draco estava com o Zabine e tudo já está certo."
"Que bom!- eu falei um pouco mais aliviada.
"Então, eu e o Draco vamos te pegar as 21h, certo?"
Nós tínhamos combinado de jantar, mas é claro que isso foi antes de ontem, por isso...
"Lena, não vai dar...não estou me sentindo bem..."
"Não diz isso, Gi! Você prometeu!"- falou com voz de choro.
"Sim, eu sei...mas não estou legal..."
"Olha, eu e o Draco vamos agora para o cinema. Quando nós sairmos, eu te ligo, ok?"- disse desligando sem esperar minha resposta.
Deitei-me novamente. Então eles iam para o cinema, né? Pensar nos dois se agarrando no escuro fez meu coração apertar. Mas no que estava pensando? Lena era minha melhor amiga e esse sentimento não fazia sentido.
Peguei o telefone de novo e disquei o número do celular de Lena. Estava desligado. Provavelmente já estava no cinema. Deixei um recado na secretária eletrônica e fui dormir de novo. Quer dizer, tentar dormir de novo...
Pensei em tudo que eu e Lena já vivemos. Quase trinta anos de amizade é muito tempo! São trinta anos de alegrias juntas, diversão, companheirismo e principalmente, de Lena sendo a melhor de tudo. E talvez, por isso, eu me sentisse assim...com um pouco de raiva dela e de Draco...
Veja, era o meu aniversário, pior, meu trigésimo aniversário e eu estava sozinha em casa, sem ninguém... e isso não poderia ser mais triste. Então, o tal aperto no coração era por causa disso...por sentir falta de ter alguém...não tinha nada a ver com o "acontecimento" da noite passada.
Conformada com a minha conclusão...adormeci.
!D/G!
Acordei no dia seguinte sem vontade de ir para o trabalho. Isso acontecia todos os dias quando eu lembrava do meu chefe. Não era á toa que ninguém queria trabalhar com ele. Além de chato, era mal educado e antipático. Além disso, o escritório todo era chato, eu sempre gostei da área criminal, mas acabei trabalhando com a área cível.
Cheguei no escritório e assim como esperava, minha secretária eletrônica estava cheia de recados de Dexter, todos perguntando sobre uns relatórios, nenhum para dizer "feliz aniversário". Depois de ouvir todos eles, o último recado realmente me surpreendeu.
"Ginny, aqui é o Draco. Eu preciso falar com você, mas agora não posso ligar para seu número residencial. Por favor, amanhã, quando tiver tempo, me ligue."
Meu coração disparou. Por que, como qualquer outro homem, ele apenas ignorava o que aconteceu? Quando ele me disse que depois falaria comigo eu não levei a sério, aliás ninguém levaria nessas situações. Respirei fundo e pensei no que fazer. Nenhuma idéia vinha à minha cabeça.
A única coisa em que eu pensava era em como eu e Draco nos conhecemos. Foi na Universidade, na matéria de Direito Tributário. Nós odiávamos o professor, o Sr. Thaler, era um homem chato e amargurado que sempre fazia um dos alunos chorar. Então, como uma forma de combater o malvado professor, nos unimos e passávamos as aulas falando mal dele e praguejando.
Lembrei a forma que as garotas olhavam Draco, ele sempre foi o cara mais bonito da sala. Mas por mais incrível do que possa parecer, eu não era interessada nele. Na primeira vez que o vi, bonito daquele jeito, já o descartei e me convenci de que sua perfeição era nojenta.
Lena, na primeira vez que o viu, quis logo ser apresentada a ele. Naquela época, ela estava começando a carreira como relações públicas (o mesmo trabalho que tem hoje) de uma grande empresa. Eu os apresentei e alguns dias depois os dois começaram a namorar. Eles eram perfeitos juntos, eram bonitos e quase da mesma altura...eram o par perfeito...
Então, pensando nisso tudo eu cheguei a conclusão de que o conheci antes e por isso mesmo, se eu estivesse me apaixonando por Draco (o que era quase impossível), não era errado. Eu o conheci primeiro e Lena depois o tomou de mim.
Deus, mas no que eu estava pensando? Tudo estava errado! Lena não tomou nada de mim! Eu que errei. E o pior de tudo é que eu vou ser a madrinha do casamento dos dois. Mas como? Eu não sei se vou poder depois de tudo o que está acontecendo.
Afastei esses pensamentos e tentei me concentrar somente no trabalho. Até que consegui. Fiz alguns relatórios e no final do dia tomei a decisão. Peguei o telefone, disquei o número de Draco e depois de chamar uma vez, ele atendeu:
"Draco Malfoy."
"Oi, Draco."
"Ginny!"- ele disse um pouco alegre demais-"Que bom que ligou! Pensei que não ia ligar mais."
"Bem...é que estava ocupada."
"Sei..."
"Pois é...".
Então o assunto morreu...
"Ginny, como você está?"- disse em tom de confidência.
"Como estou?"- eu disse, minha voz trêmula, meu rosto em chamas...
"Sim...o que você acha que aconteceu sábado?"- ele sussurrou.
"Não entendo..."
"Você sente culpa?"
"Claro! Muita! E você?"
"Sim...de uma certa forma..nunca traí a Lena...foi a primeira vez."
"Certo."
"Você acredita em mim, Ginny?".
"Claro..."- eu disse, querendo acreditar.
"Eu sinto culpa...por você ser amiga de Lena...mas ao mesmo tempo..."
"Ao mesmo tempo o quê?"
"Isso foi errado, mas a culpa que eu sinto não é muita...é quase nada...Você me acha um canalha?"
"Não sei, Draco... nós erramos...não posso te julgar, eu também errei."
"Eu sei...mas eu sou mais culpado."
"Não. Nós dois somos culpados. Bebemos demais e deu nisso."- eu disse torcendo para que isso fosse o suficiente.
"Para sua informação...eu não estava tão bêbado. Eu sabia o que estava fazendo. Eu fiz consciente. Não foi premeditado, não planejei nada, apesar de já ter pensado em fazer várias vezes."
Quê? Quando? Deus, isso foi antes de Lena?
"Mas eu estou consciente de que isso não vai acontecer mais, certo?"- ele disse esperançoso.
"Certo. Nunca mais. Foi um erro."- eu disse.
"Tudo bem. Mas eu não me arrependo."
Não falo nada. Não posso, estou chocada demais.
"Ginny, sinto muito, mas acho que eu deveria dizer o que eu sinto."- ele disse.
"Ok, mas devemos seguir em frente e esquecer aquela noite."- eu digo pondo fim a conversa.
Desliguei o telefone e fui para a casa. No caminho, flashes da noite de sábado voltaram à minha cabeça. Desvio o pensamento, mas não esqueço totalmente essas lembranças, talvez, um dia, eu queira lembrar delas.
!D/G!
Dias depois, Lena me pediu para ir comprar biquíni com ela. Realmente eu odiava isso. Afinal, Lena tinha um corpo perfeito e eu sou cheinha. Mesmo assim concordei e fomos comprar a tal peça de roupa. Lena escolheu vários biquínis, mas eu preferi um maiô comportado. Não queria ninguém olhando minhas gordurinhas.
A verdade é que muita gente ia olhar meu corpo, inclusive Draco. Nós íamos passar o fim de semana em uma casa na praia. "Nós" corresponde a: Lena e Draco, Vanessa, Kathy, Zabine e Eu. Sempre passávamos os fins de semana do verão nessa casa. Eu quis desistir, por motivos óbvios, mas Lena, como sempre me convenceu.
Quando voltávamos para casa, Lena começou:
"Ginny, você sabia que o Zabine gosta de você?"
"Quê?"
"Sim. Ele fez perguntas ao Draco sobre você, mas eu e o Draco apostamos."
"Em quê?"- eu disse sem entender.
"Draco disse que você não ia aceitar sair com Zabine e eu disse que você aceitaria. Então, amiga?"
"Por que eu não aceitaria?"
"Sei lá...o Zabine não faz seu tipo..."
"Por que?"- eu disse indignada.
"Ele é muito largado. Você é séria demais para ele."
"Sei."- eu disse com raiva.
Se Draco pensava que ia ganhar essa aposta estava muito enganado.
!D/G!
Nota da Autora: Gente, desculpem...a NC é no próximo capítulo...eu errei... :( Nao tô muito bem...por isso, nao vou responder reviews! Agradeço o carinho e nao se preocupem, o proximo capitulo será 1.000 vezes melhor! Desculpem pelo erro...
Beijos,
Manu Black
