CAPITULO 2

Aly suspirou de alivio quando entrou no seu quarto. Seu dormitório ficava na última porta do corredor a esquerda, quarto 13. As paredes eram creme claro e o teto branco, o piso era de madeira e por um segundo se perguntou se entraria farpas em seus pés se andasse descalça naquele chão. O quarto não era muito grande nem muito pequeno, estava na medida certa para acomodar suas pessoas e tinha duas camas, dois guarda-roupa, duas escrivaninhas e duas mesinhas de cabeceira e um banheiro. Era obvio que apenas uma única pessoa vivia nele, enquanto um lado estava organizado sistematicamente, com a cama impecável sem nenhum pertence pessoal o outro era claramente ocupado.

O guarda-roupa estava entreaberto com uma toalha estendida na porta, se podia ver algumas pilhas de roupas. Na escrivaninha tinha cadernos e livros empilhados com lápis e canetas espalhada por ela. Na mesinha de cabeceira ficava um abajur branco com pequenos adesivos coloridos, com uma pequena caixinha preta. Os lenções da cama, onde era possível ver alguns sapatos embaixo, eram azul-claro e o cobertor amarotado no final dela tinha a estampa de um arco-íris, perto dos travesseiros brancos tinha um ursinho de pelúcia que descansava perto a parede.

Não foi uma tarefa fácil achar seu quarto. Aly sabia que a Yancy Academy era um internato, mas não sabia quem ou o que quer que tenha a colocado naquele ônibus tinha feito sua matricula para ficar naquela escola legalmente. De acordo com a secretaria da escola, Cecilia Whiter, tinha iniciado sua matricula no início daquele ano, e sua colega de quarto, Jasmine Wilson, tinha sido retirada da escola a alguns meses pelos pais, mesmo não parecendo muito certa de como responder as suas perguntas. Sempre acabando com os olhos vidrados e sonhadores, como se não estivesse completamente acordada. E foi quando notou que quem quer que fosse a divindade que a trouxe estava mexendo com a nevoa para faze-la parecer tão real quanto possível.

No papel que Cecilia tinha dado para ela continha as informações que não conseguia lembrar.

Calliope Phaenna Fido da Silva Coelho.

Esse era seu nome, ela tinha treze anos, tinha um laudo de dislexia e TDAH, seu aniversário era dia 21 de dezembro e era órfã. O nome de sua mãe não estava listado apenas seu pai, Arthur Paris da Silva Coelho. Dizia que tinha dupla cidadania, Brasileira e Americana, algo que não sabia se estava certo ou não, a única coisa que vinha em sua mente quando lembrava a casa era a chuva, o cheiro da terra molhada, o som das gotas quando caia nas folhas das arvores, a sensação de limpeza no ar então sabia que morou perto de uma floresta.

Suas notas eram razoáveis, não muito acima da média e nem abaixo dela. Olhou para sua foto ao lado de suas notas – a qual nunca tinha tirado – era estranho não saber como se parecia. Então estudou atentamente sua própria imagem.

Naquele momento ela soube o porquê de Nancy tê-la chamado de malhada. Seus olhos se fixaram no rosto em formato de coração e começou estudar nas manchas brancas leitosas em sua pele de morena. Uma grande que a lembrava de uma queimadura começava da ponta de sua raiz e descia passando por uma parte de seus olhos até a uma de suas bochechas creias e fofas que provavelmente pareceriam convidativas a qualquer vovó para aperta-las, a mancha cobrindo até mesmo sua orelha esquerda as outras eram pequenos pontos embaixo de seus olhos de corça que ficavam atrás de óculos de aro redondos. Seus cabelos longos pretos cacheados estavam trançados e descansavam em seu ombro escondendo levemente a mancha branca que descia pelo pescoço.

Ela parecia normal, apenas uma garota com vitiligo levemente acima do peso, com óculos sorrindo para a câmera.

Desviando os olhos da foto deixou a folha em cima da escrivaninha antes de pegar um caderno e começar a folheá-lo. Não conseguia ler direito as palavras, sua letra parecia um longo rabisco quase ilegível – sua letra não era assim – porém, conseguiu identificar seu horário escolar e algumas anotações de matemática.

Fechando o caderno foi até a mesinha de cabeceira e pegou a pequena caixinha preta era com a tampa arredondada e pequenos entalhes em dourado amarada a uma corda preta. Quando abriu o fecho soube que era uma bussola, o interior da tampa mostrava um céu noturno e o ponteiro vermelho que deveria apontar o Norte não parava de rodar, como se não soubesse a qual direção deveria apontar. A bussola era bonita e parecia antiga e desgastada, e claramente não era normal.

Tinha a mesma sensação da caneta, como se gritasse que estava viva. Procurou e não encontrou nada que a fizesse se transformar em uma arma, então era outra coisa. O que quer que fosse a bussola Aly estava certa que era mágica.

Ao abrir a gaveta tudo que encontrou foi um medalhão dourado em formato de estrela, era pequeno e flano com uma corrente, quando o abril se viu olhando para uma pequena pedra preciosa, cristalina e reluzente. Uma música tocou do medalhão, calma e suave, ele era como uma pequena caixinha de música.

As lagrimas vieram e antes que percebesse, foi como se algo tivesse se quebrado. A tristeza e melancolia a invadiram sem nenhum aviso, e quando notou já estava deitada segurando o medalhão contra o peito enquanto ouvia a música. Não entendia porque sentia tanta tristeza, tanta dor, ou mesmo porque se recusava a parar de ouvir. Estava se torturando e nada disso importava, foi quando soube que aquele medalhão provavelmente era a coisa mais importante para ela.


Após aquelas 24 horas estressantes, Aly continuou seguindo o ritmo daquela nova vida – que não pediu – e conseguiu adquirir uma rotinha naqueles poucos dias. Acordaria ainda com a lua ainda no céu, antes do nascer do sol, nunca lembrava o que sonhava porem não duvidaria que não sonhava com nada. Ainda assim, não conseguiria dormir mais acabaria estudando seus cadernos e anotações tentando desvendar os garranchos que era sua antiga letra e se distrairia com a bussola e o medalhão antes de dormir novamente, acordaria e iria para a aula.

Seus professores pareciam notar sua mudança, mas nunca comentaram nada, e nem seus colegas – aparentemente não tinha amigos – ainda assim, tenta não se intimidar pelos olhares que recebia as vezes do corpo discente, e era difícil fazer se era pela sua mudança, ou pela sua fala, mesmo entendo inglês, sua pronuncia nunca parecia a certa, sempre contia um forte sotaque. O que acabou ajudando era um violão que estava escondido embaixo de sua cama – o qual tocava constantemente – e o que tinha se tornado seu inferno pessoal, a biblioteca – parece que todos correm de livros, e não pode culpa-los.

Sabia que gostava de ler, só pela curiosidade que sempre lhe dava quando via a capa de um livro que parecia particularmente interessante, era tão deprimente não conseguir ler, parecia que as letras estravam travando uma guerra uma contra as outras, e as poucas coisas que podia ler eram alguns textos em latim e grego de livros para a aula de Quíron, enquanto os livros de outras matérias que precisava entender rapidamente era como uma batalha já perdida, as anotações apenas ajudava a se manter firme perante as "lições de casa".

Era tarde e estava a caminho da biblioteca logo após sua aula do Sr. Wood, professor de ciências, muitos dos seus colegas evitavam aquele corredor, o que significava que sempre estava sozinha naquele local. Naquele momento seu rosto estava enterrado em um livro que tinha praticamente pintado com o marca-texto, identificando o que sabia e o que não sabia pelas cores.

— Srta. Coelho. — Ao som da voz, Aly pulou agarrando com força o livro que quase deixa cair, e quando ela se virou, respirou fundo tentando acalmar seu coração enquanto passa a mão pelo cabelo. — Poderia matar outra pessoa do coração, Sr. Bunner.

O professor de barba desalinhada estava sentado em sua cadeira de rodas olhando para ela com diversão enquanto sorria levemente – embora nas primeiras vezes tenha quase o chamado de Quíron, se acostuma a o seu pseudônimo.

— Me desculpe. — Pede, e ela sabe que ele não está nem um pouco arrependido.

— Tudo bem, o que o senhor precisa?

— Sempre tão direta, Srta. Coelho.

— O que posso dizer? É um dom.

— Eu gostaria de falar com você sobre o trabalho que me entregou ontem.

— Oh... — Instantaneamente, Aly começou a entrar em pânico enquanto vários pensamentos passaram por sua mente. — Se for sobre a parte de Prometeu, juro que tentei responder o melhor que pude, não consegui entender muito bem a pergunta. Ou mesmo com sobre Athena, era só isso me lembrava. E sobre a maça dourada da discórdia eu sei que faltou alguma coisa.

— Não é sobre isso. Seu trabalho está espetacular. Apesar que no próximo preferiria que não chame o rei dos deuses de rainha do drama.

— Oh. Então do que seria. — Perguntou, ignorante o pedido.

— Eu estava tentando fazer uma proposta. Eu gostaria que você fosse tutora de Percy pelas próximas semanas.

Isso pegou a garota desprevenida. E piscou lentamente olhando para o sorriso amigável de Quíron, e quis rir.

— Desculpa, mas... tem certeza? — Perguntou, escolhendo as palavras. — Eu razoável em ciência, matemática eu me mantenho a os trancos e barrancos, e em inglês eu sou desastre. Todo mundo sabe disso, e até mesmo você deve achar engraçado minha pronuncia. As únicas coisas que sou boa e em sua aula e em artes, a qual Percy não faz.

— Não se preocupe, são apenas algumas coisas que eu acho que ele precise de ajudar. Tenho certeza que pode lidar com isso.

Aly suspirou e se contenta em apenas assentir, antes de voltar para seu caminho. Sabe que poderia ter recusado e que ele não poderia obriga-la e ainda assim, concordou.

No dia seguinte, após a aula da Sra. Petit, sua professora de artes, lá estava ela, com todas as suas anotações de todas as aulas que fazia na mesa que sempre usava, não muito longe da porta e próxima as estantes dos livros de ficção e esperou. Não se sabe quanto tempo esperou, mas ainda acaba adormecendo na mesa.

Quando acorda é apenas para ver Percy entrar na biblioteca, e sabe logo de cara que ele está com raiva. Sua postura está rígida e seus punhos cerados, sua mandíbula está fechada com força, e ainda nada disso a alertou. O que realmente a avisa de sua ira são seus olhos. Dizem que os olhos são a janela da alma e ele poderia ser a prova viva, era tão fácil ver o que sentia. Eles mudavam constantemente ao longo dos dias, e naquele momento não era o desumano azul profundo que tinha se acostumado, eram um azul escuro e cinza e ao olha-lo só pode ver uma tempestade tão cruel e violenta, como nos vídeos e na TV.

E assiste enquanto o garoto batia seus livros na mesa onde estava sentada e se senta, o barulho quase acorda o Sr. Smith, o velho bibliotecário, que deveria estão em seu decimo sono. Olhou para o relógio acima da porta. Percy estava quase duas horas atrasado, mas não cometa depois de tudo tinha tirado um bom cochilo. Ele não a olha, na verdade parecia estar olhando para nada no momento.

— Oi? — Bocejou, enquanto descansa seu queixo na mão. Sua voz parece ecoar no silencio da biblioteca onde são apenas eles e o Sr. Smith. Os olhos do menino se movem para encontrar os dela e por segundos se encaram

— Oi. — Responde, sua voz está carregada de irritação, antes de retornar à capa do livro de ciência. Aly suspira pesadamente.

— Eu vou estão dando aulas para você.

— Eu sei. — Diz ainda sem olhar para cima, com um tom mais profundo de irritação.

Tenta não se importar, mesmo que lhe doa um pouco. Não consegue lembrar de alguém falando com ela naquele tom antes, mas também, todas suas lembranças são sensações distantes e intuitivas.

— Qual o problema? — Perguntou, apoiando a bochecha na mão. Percy não respondeu, parecendo muito chocado com a pergunta, porem mesmo esse conhecimento não parou a irritação de Aly. — Olha, se não quiser falar tudo bem, então eu vou falar. Acha mesmo que só você tem problemas? Eu também tenho problemas, não tenho uma noite de sono decente já não sei a quantos dias, as matérias estão me deixando louca porque não consigo entender quase nada, e não vou nem comentar sobre os olhares que recebo. Estou estressa, irritada e cansada. E ainda por cima de tudo isso, eu não consigo- — Aly parou não terminado a sentença, sua voz tinha começado a aumentar gradativamente enquanto falava até começar a beirar o grito, respirou fundo e esfregou o rosto em suas mãos como se isso pudesse lhe aclamar ou mesmo dar algum tipo de conforto — Olha, se é por causa da Sr. Burner ter pedido para te ajudar a estudar, não precisamos se você não quiser, se é desconfortável ficar perto de mim tudo bem. Não precisamos conversar e nem nos olharmos.

Antes que Percy pudessem dizer mais alguma coisa, uma campainha tocou por toda a escola sinalizando o toque de recolher. Aly rapidamente se levantou e pegando seus livros e os enfiou na bolsa. A garota saiu rapidamente da biblioteca, ainda podendo ver o rosto chocado e confuso de Percy pela explosão dela.


Aly quase tinha se arrependeu de sua explosão com Percy na tarde seguinte. Ele tinha chegada dentro da hora, e pediu desculpas por ter sido um idiota. Foi como uma página em branco para eles e com forme os poucos dias passavam seu relacionamento tinha passado de conhecidos para quase amigos – achava ela – mesmo assim, tinha algo que a incomodava.

O garoto favava muito, não que ele fosse um tagarela ou que sai voz fosse irritante era as perguntava que ele fazia. Esse era um problema, era algo que a fazia se lembrar constantemente do fato que não tinha lembranças. Algumas perguntas eram simples de responder, vinham automaticamente como sua cor favorita, e outras exigiam um longo momento de pausa como sua comedia predileta, e muitos ela simplesmente não tinha resposta, já que não tinha nenhuma lembrança de seus pais.

Mesmo assim tentou responder o quer conseguia tentando não mentir. Não tinha uma cor favorita, adorava coisas coloridas como o arco-íris que tinha maioria de suas camisas, ela tinha duas comidas favoritas cervo asado com legumes ou feijoada feita de javali, adorava chocolate amargo, gostava de maça verde e no frio gostava de segurar uma caneca fumegante, adora sorvete de frutas vermelhas e sabia tocar violão, e era só isso era o que sabia. O ela própria não sabia sobre si que teve que ser lhe dito.

Não tinha pais, portanto, foi criada no sistema de Foster Care, e ela própria não sabe se isso era verdade ou simplesmente a nevoa sendo manipulada. E se pergunta se está mentindo se simplesmente não pode lembrava da verdade. Pelo olhar que Percy tinha lhe dado um o rápido pedido de desculpas, se sentia culpado por trazer um assunto delicado e não pergunta mais. O que é um alivio.

Os próximos dias de tutoria de Percy foram muito parecidos com os primeiros: Aly tentaria fazer o menino estudar, e de alguma forma ele transformando a coisa toda em um conversa fiada. Ele perguntaria coisa que ela tentaria responder o melhor possível enquanto ela própria lhe faria perguntas ou conversariam de tudo e nada ao mesmo tempo. Muitas vezes o último.

Era quinta-feira e Aly estava esgotada, o Sr. Nicoll tinha passado tanta lição que sua mente parecia que iria explodir, imaginou que Percy sentia o mesmo porque, em vez de se sentar na messa perto das janelas que dividiam, ele estava deitado no meio do chão acarpetado da biblioteca, de costas, braços e pernas abertos. Se sentando no chão deitou e ao seu lado e fechou os olhos.

— O que você acha do espaço? — Percy perguntou abruptamente,

Fez um barulho para confirmar que estava ouvindo a pergunta e se recusou a abrir os olhos. Esta não era uma ocorrência incomum entre eles, Percy ou ela própria costumava preencher o silêncio com perguntas que variavam de incrivelmente pessoais a estranhamente aleatórias.

— Eu não tenho certeza do que acho do espaço, ele está lá simples assim. Mas gosto de ver as estrelas e a lua. — Sua voz é suave e sonolenta — Gosto de pensar que até na morte são bonitas elas podem se transformam em anãs brancas.

— Eles não se transformam em buracos negros?

— Elas podem se transformar em buracos negros Percy, mas depende da massa da estrela. De pendendo do tamanho, sua morte pode ser vista na terra, e são tão fortes que podem afetar a vida dos planetas ao redor delas

— Fodidas estrelas — Percy diz.

Aly ri levemente, sempre era engraçado quando ouvia Percy xingar. Era algo que nunca entendeu nos livros, Percy por mais que fosse uma criança viveu com um dor piores espécimes da humanidade e em ares de periferia, sem comentar sua louca vida. Nos livros, pelo que pode se lembrar a única vez que ele chegou perto de usar qualquer forma de xingamento foi em "A Maldição dos Titãs", e mesmo isso foi apenas um jogo de palavras.

Aly a lembrança dos livros a enche de pavor, mas logo abaixo das espirais de pavor agitavam-se as pequenas asas de excitação. A curiosidade que a enche de excitação que sente por esse mundo, para a oportunidade de ver tudo, tanto o lindo quanto o horrível. Alector deixou uma grande impressão nela, embora a imagem de seu sorriso tão largo e cheio de dentes que provavelmente estaria gravado para sempre em sua mente.

Abriu os olhos lentamente e olhou para o teto. Seus pensamentos voltaram para os livros que contavam a história do garoto ao seu lado. A guerra iria estourar e se pergunta o que poderia mudar, quantas vidas poderia salvar, ela amou esse mundo muito antes de vive-lo. Se mudasse as coisas? Se salvasse as pessoas? Será que perderiam a guerra? Será que poderia viver sabendo que teve a chance de poder parar tantas mortes, tanta dor e tristeza e não fez nada. Mal nota quando lagrimas descem levemente pelos cantos dos olhos e molham o carpete.

— Eu nunca agradeci. — A voz de Percy a assusta um pouco, percebendo que ele mais uma vez quebrado o silêncio que se instalou.

A morena faz um som como se não compreendesse a declaração do garoto fazendo. Sua cabeça virou na direção dele e seus olhares se encontraram, e mais uma vez como em tantas outras vezes o mar esmeralda refletido em seus olhos a faz se perder, como um marinheiro à deriva.

— Você sabe, por me salvar, ou algo assim. Da Sra. Dodds. Apenas...obrigado, eu acho... — o garoto esclareceu e desviou o olhar. A leve vermelhidão em suas bochechas e visível. Algo quente e doce começar a florescer no centro de seu peito. E embora ele tivesse desviado os olhos, ela estava com um largo sorriso.

— De nada — ela disse, calorosamente voltando a fechar os olhos e aproveitar o sol que se infiltrava pela janela.

— Eu só estou feliz em saber que não sou totalmente maluco, sabe? O que você acha que era essa coisa? — Percy virou a cabeça para encarar Aly novamente, com curiosidade. A garota franziu o cenho e balançou a cabeça um pouco.

— Um monstro, obviamente. Eu nunca tinha vista nada parecido. — Não era uma mentira, porem ainda não era toda a verdade. — O que você acha que aconteceu para fazer todo mundo esquecer a Sra. Dodds? — Era uma pergunta válida, mesmo que ela própria soubesse a resposta.

— Não sei, mas com minha sorte, nós dois poderíamos ter alucinado a coisa toda. — O menino soltou um suspiro profundo então e seu rosto ficou cansado, isso o fez parecer muito mais velho do que era.

Foi na quele momento que acabou lembrando-se que neste momento ele se achava louco. Esse pensamento faz seu estomago se tornar pesado. Ela apertou os lábios, se sentando e olhou diretamente para ele com seus olhos de caleidoscópio.

— Então você acha que eu sou louca? — Pergunta enquanto assiste atentamente os olhos de Percy se arregalarem.

— Eu-Quero dizer, claro que não — Percy balbuciou, balançando a cabeça rapidamente. Aly arqueia uma sobrancelha e cruza os braços sobre o peito com um sorriso malicioso.

— Então isso significa que você também não é louco. Eu sei o que vi, e você viu a mesma coisa. Nós dois não podemos estar errados. — Sua voz era forte e uniforme, colocando toda sua confiança e certeza em casa palavra. — A menos que nós dois estejamos tomando remédios que não sabíamos que estávamos tomando, estamos perfeitamente sãos.

Percy piscou lentamente três vezes para ela levemente atordoado antes de se sentar, sua boca levemente aberta antes que muito lentamente começasse a assentir. Ele passou a mão por seus cachos de ébano, balançando a cabeça o tempo todo.

— Sim — ele murmurou — Sim, você está certo.

A maneira como fala fez Aly pensar que ele estava tentando se convencer de suas próprias palavras. Algo no interior de seu estomago se contorce quando ela percebe que esta era provavelmente a primeira vez que alguém se incomodava em dizer a Percy que ele não era um maluco completo.

Dominada por uma emoção que é impossível nomear, a morena avançou de joelhos, ficando o mais próximo dele possível. Colocou a mão em seu ombro e foi quando seus olhos se encontraram, e desta vez nenhum deles desviou o olhar.

— Você não é louco, Perseu Jackson. — E foi quando ela o puxou para um abraço.

As mãos do menino seguram com forca sua camisa como se ela fosse sua tabua de seguranças, e Aly pode ouvir os leves soluços que ele não pode segurar e simplesmente começa a cantarolar aquela mesma música que muitas vezes se pegou ouvindo que lhe trazia tanto conforto quando tristeza.

E mesmo quando se acalma não se separam, ainda ficam abraçados enquanto Aly continua deixando a melodia encher o silencia da biblioteca naquela tarde.